Últimas indefectivações

terça-feira, 12 de março de 2019

"Lixado" escreve-se com F maiúsculo

"Querem honestidade total? Ontem saí da Luz como se tivesse levado um murro no estômago e a achar que estava tudo perdido. Senti-me traído, desiludido… basicamente como se tivesse passado por uma noite de sexo à bruta, mas não no bom sentido.
Quem não quer estar sujeito a este tipo de desilusões mais vale deixar de ver futebol porque acreditem: isto vai voltar a acontecer e ainda vamos sofrer muito até ao final do campeonato.
A minha costela de adepto tolda-me qualquer sentido lógico e esta foi a minha primeira reacção depois de ter visto a equipa desperdiçar uma vantagem de 2 golos frente a um adversário que apenas se preocupou em defender (e bem). Foi um resultado absolutamente injusto, e esses são os mais difíceis de aceitar, mas acima de tudo ficou a ideia que fomos nós próprios a entregar o ouro ao bandido… e isso não pode acontecer.
Mas depois passam algumas horas e o cérebro recupera alguma da capacidade de raciocínio que separa os homens dos andrades. Se analisarmos friamente o encontro verificamos que este empate se deveu exclusivamente a 2 erros individuais. A equipa não jogou mal (o que não significa que tenha jogado bem), não demonstrou falta de empenho ou sequer frescura. Não, o problema foram 2 erros individuais absolutamente incríveis e difíceis de entender numa fase destas. De qualquer modo, isto não significa que devemos crucificar o Vlachodimos e o Rúben porque, infelizmente para a nossa saúde mental, isto são coisas que acontecem. Quem não quer estar sujeito a este tipo de desilusões mais vale deixar de ver futebol porque acreditem: isto vai voltar a acontecer e ainda vamos sofrer muito até ao final do campeonato. A grande diferença entre os campeões e os outros é, para além obviamente da qualidade, a maneira como se reage aos momentos adversos e se transforma a desilusão em energia positiva, raiva, motivação, fé no pau… o que quiserem.
Por tudo isto este título tem de ser nosso, mas é necessário que exista um compromisso inabalável de todos no clube e não é tempo para as fanfarronices do costume.
Querem um exemplo? Não vão gostar de o ler, mas cá vai: o Porto perdeu duas vezes connosco neste campeonato e das duas saíram mais fortes. Uma com uma série impressionante de vitórias que os catapultou para o primeiro lugar e outra com uma boa vitória frente à Roma na Champions League. Isto significa que o Porto é melhor que nós? Não, obviamente que não, mas temos de saber reagir a este momento negativo e arrancar definitivamente para um título mais que justo. O Benfica é a melhor equipa, não tem tido qualquer ajuda dos árbitros, pelo contrário, e sofre ataques de todo o lado… e mesmo assim vamos na frente. Por tudo isto este título tem de ser nosso, mas é necessário que exista um compromisso inabalável de todos no clube e não é tempo para as fanfarronices do costume. Nada de “reservados” nem tretas do género, é tempo de ganhar, ganhar, ganhar e depois ganhar ainda mais! Nada mais interessa.
Quinta-feira há mais. Para além de uma vitória concludente, espero que o ambiente no estádio seja melhor porque ontem foi tudo muito fraquinho e raramente houve grandes manifestações de apoio. Se eles falharam em campo, nós falhámos na bancada.
Todos temos de fazer mais e melhor pelo nosso clube. Vamos a isso!"

Sabe quem é? O soco e os pontapés - Eusébio

"Contra o Belenenses, o livre apontado à cabeça do defesa; E contra o Belenenses, o «pior chuto da sua vida»...

1. Era o tempo em que atenção por Lisboa era o seu Taunus 17 M, o Taunus amarelo a que sinaleiros abriam passagem como se fosse estrela a cruzar os céus, resplandecente - e a estrela era ele. Do estrangeiro, inundavam-no de cartas. Revelara paixão escondida: o jazz (e que se não fosse futebolista talvez fosse bailarino), que gostava de Sofia Loren e de Charlton Heston - e do Benfica - Sporting que era a rivalidade entre Simone de Oliveira e Madalena Iglésias fugia, sorrateiro, como fugia dos defesas que lhe iam no encalço, em campo (às vezes rudes...)
2. Nesse ano de 1967, a PUMA fizera chuteiras em sua homenagem - e, para ele, em exclusivo, criou as primeiras chuteiras com nove pitons (o normal eram 10) - criando-as para que se adaptassem melhor ao seu corpo massacrado depois da terceira operação ao joelho: «Foram as botas que marcaram a minha carreira, incrível como me facilitavam o equilíbrio em campo».
3. Vivia cada vez mais no pavor de que o seu menisco, o seu joelho, se transformassem no seu calcanhar de Aquiles - por isso, fez o que ninguém imaginaria que fosse capaz: contra o Leixões, Gentil atacou-lhe a perna esquerda a pés juntos, a ideia com que ficou foi o poderia ter despachado outra vez para o estaleiro - e, de dor a remoer-se-lhe, viu autocarro do Leixões preparado para a viagem, entrou, viu Gentil ao fundo e, sempalavra, espetou-lhe um soco. O outro, comprometido, nem pestanejou.
4. Furibundo assim furibundo, vira-se numa outra tarde contra o Belenenses. A Manuel Rodrigues deu-lhe para entrar em jogo de picardia com frase que foi largando, provocatória: «Vai mas é apra a tua terra...» (e diz que lhe juntou o que se imagina...)
5. Depois, pensando que assim o poderia abalar ainda mais, disse pior o Rodrigues - e ele, ao ouvi-lo, fartou-se do desconchavo - e vingou-se: num livre, vendo Rodrigues na barreira, não apontou à baliza, apontou à cabeça dele. A bola saiu-lhe em fogo do pé - e acertando na cabeça do defesa, ele que caiu redondo, inanimado, na relva. Tiveram de o levar ao hospital - e, à noite, ele foi lá enfermaria, pedir-lhe desculpa pela «pastilha» (porque ele era assim - e não, não precisava...)
6. Em Maio de 67, a revisa Flama fez manchete com o «pior chuto» da sua vida e nessa tarde voltou o Belenenses a estar em jogo com o Benfica, na tarde que era de festa por mais um título - e acabou em escaramuça...
7. Lá, na Luz, Artur Glória, taberneiro do Casal Ventoso que fora treinador de boxe, saltou a vedação e, por dentro do sururu, correu em direcção a ele, que, sem saber se era para o abraçar ou se para o agredir, se defendeu puxando a perna direita ao ar. A perna enfeixou-se no peito de Glória - que a Jorge Schnitzer o contou: «Tive medo que me tivesse inutilizado para toda a vida. O que não percebo é como anda por aí a dizer que eu já lhe pedi desculpa. Ele é que ma pediu. Só queria felicitá-lo, fez-me aquilo. A sua sorte foi eu ter desmaiado. Porque, senão, tinha-o defeito, estava cego, não sabia se ele o tinha feito por mal ou não...»
8. Foi com Fernando Riera que o Benfica ganhou esse título de 1966-1967 com três pontos de vantagem sobre a Académica de Mário Wilson. E que ele voltou a ganhar a Bola de Prata com mais 6 golos do que Artur Jorge. E também foi nesse ano que chuva inclemente inundou Lisboa sem fim (e não só), estimando-se que tenham morrido mais de 800 pessoas que viviam em barracas. Ficaram, porém, os jornais proibidos pela Censura de falar no número de vítimas - e Portugal também se afundou: perdendo com a Bulgária, ficou fora do Euro 68. Antes, ele dissera-o: «O meu sonho agora é ser campeão da Europa...»
9. Aluna que, vinda do fundo da sua rebeldia, se atrevesse a entrar no liceu de minissaia e sem meias podia ser expulsa por «acto obsceno». Estudante da Faculdade de Letras apanhada pelo polícia de giro a fumar na paragem do Campo Grande podia ser multada em 20 escudos (pelo menos) porque em vigor estava portaria que considerava «atentado ao pudor mulher fumar na via pública». E ele só continuava no Benfica porque o fiasco do Itália no Mundial (eliminado pela Coreia que ele estraçalhara) o impedira de ir para o Inter num negócio que envolveria 90 mil contos (que agora seriam mais de 27 milhões de euros...)"

António Simões, in A Bola

Confiança

"A primeira das 10 finais que faltavam disputar não correu da forma que todos os benfiquistas desejavam. O dérbi com o Belenenses foi um jogo atípico numa daquelas noites que acontecem de muitos em muitos anos, quando o erro e o azar decidem bater à porta ao mesmo tempo.
Foi essa dupla circunstância a impedir que o Benfica somasse a 10.ª vitória consecutiva – que, aliás, fez por merecer. Já sabíamos que nos aguardavam muitos obstáculos pelo caminho. O perigo está sempre à espreita e o jogo de ontem confirmou-o em absoluto. É preciso continuar em permanente estado de alerta e lembrar os princípios definidos para se ter sucesso: “Humildade, concentração, ambição e confiança”.
Todos conhecemos a receita e é importante que assim continuemos, sem desvios. O Benfica está hoje no lugar em que todos queriam estar. É líder e não depende de mais ninguém, a não ser de si próprio e da qualidade do seu futebol, para fazer da Reconquista uma realidade.
Foi essa qualidade que nos permitiu chegar até aqui. Em Março, a 9 jornadas do fim, o Benfica está no caminho certo. “A nossa confiança está naquilo que trabalhamos. Olho para a tarefa e para o trabalho”, repetiu ontem Bruno Lage. É assim que o percurso irá continuar a ser feito: treino a treino, jogo a jogo. Com toda a confiança.
As grandes vitórias fazem-se com muitos passos. Uns grandes, outros mais curtos. Mas todos os passos contam para que se concretizem as grandes caminhadas.
Numa noite de emoções fortes – que foi da alegria à ansiedade em breves minutos – seria injusto não destacar o fantástico comportamento dos adeptos! Enorme apoio do início até ao fim e, em particular, na fase mais delicada. A onda vermelha não deixa ninguém caminhar sozinho!"

Os cuidados a ter com João Félix

"Aquilo que não podem os benfiquistas exigir a um miúdo de 19 anos que será o primeiro teste à promessa da aposta na formação feita por Vieira

João Félix é (não pode negá-lo quem for capaz de colocar as clubites de lado e olhar para o futebol com a imparcialidade com que ele merece ser olhado) um fenómeno. Não sei se, aos 19 anos, é uma mistura de Rui Costa e Kaká, como disse Jorge Jesus. Sei que tem, por trás daquela cara de miúdo que nos faz perguntar se não devia, ainda, estar a jogar nos juniores, um talento fora do comum. Sei que consegue, pela forma como corre, como passa e como define, entusiasmar quem gosta de bola. E sei que pode, de facto, chegar muito longe. Mas sei, também, que tem apenas 19 anos. Embora revele, já, uma maturidade acima da média, não podem (os benfiquistas e não só) pedir-lhe que carregue, sozinho, uma equipa como o Benfica às costas. Ouvi, depois da derrota das águias em Zagreb, quem dissesse que os miúdos tinham entrado, na partida com o Dínamo, «de salto alto». Por miúdos referiam-se, não é preciso ser especialmente brilhante para percebê-lo, a João Félix, que teve - tal como teve toda a equipa - uma tarde para esquecer. É, parece-me, injusto. Primeiro porque estão, ao dizê-lo assim, a colocar-lhe um rótulo de vedeta (no sentido mais perverso da palavra) que João Félix não fez, pelo menos até agora, por merecer. Segundo porque estão a exigir a um miúdo que tem, convém não esquecer, apenas uns meses de ribalta que resolva, sozinho e em todos os jogos, os problemas que a equipa não consegue resolver. Não há, convenhamos, muitos jogadores no mundo que consigam ganhar jogos sozinhos. São, até, muito poucos. E nenhum deles o fazia com apenas 19 anos. Pedir que João Félix o faça é o pior que se lhe pode fazer. É claro que quando mais alto se sobe maiores são as expectativas. Faz parte. Mas convém que se tenha - os benfiquistas em especial - a noção de que não se pode, nunca, pedir a um jogador tão jovem que faça, sempre, tudo bem. Mesmo que esse jogador se chame João Félix.

João Félix será, também, o primeiro grande teste ao projecto de um Benfica europeu com base na formação do Seixal aos sete ventos apregoado por Vieira. É normal que os grandes tubarões não larguem o Estádio da Luz, prontos para perceber o que vale, efectivamente, aquele que será a maior promessa do futebol português para os próximos anos. Será, também, normal que um deles (ou vários, até...) percam a cabeça e se cheguem à frente com os 120 milhões de euros necessários para levar João Félix sem grandes conversas - é muito, sim, mas como está o futebol não é impossível. Há, pois, duas questões que colocarão à prova quão sério leva o presidente do Benfica a promessa de segurar pelo maior número de anos possível os principais talentos do Seixal:
1 - Conseguirá Luís Filipe Vieira resistir às propostas que, decerto, lhe chegarão e que, mesmo não batendo a cláusula de rescisão, serão certamente suficientes para pulverizar o recorde de maior transferência do futebol português?
2 - Mais importante, talvez: conseguirá o presidente encarnado convencer João Félix a ficar pelo menos mais um ano no Benfica, o que envolverá, sempre, um substancial aumento de ordenado que pelo menos o compense pelo que perderá a nível financeiro se preferir permanecer na Luz?
Vieira disse, há não muito tempo, que estava o Benfica em condições de responder sim às duas perguntas. Veremos daqui a uns meses se é mesmo assim.


Tem o Benfica a seu favor - partindo do princípio que tem primeiro, lá está, os pressupostos financeiros, necessários para consegui-lo - um argumento que pode pesar na decisão de João Félix, que também terá, convém lembrar, uma palavra importante a dizer acerca do seu futuro: exemplos de jogadores a quem se apontava grande futuro e que viram a carreira estagnar por terem dado um passo maior do que a perna. O caso mais evidente é o de Renato Sanches, que depois de um ano de sonho na Luz - que culminou com a conquista do título de campeão europeu pela Selecção Nacional em França - se mudou, também com 19 anos, para o Bayern, com os resultados que se sabem. Não quer isto dizer, atenção, que o mesmo acontecerá com João Félix se deixar já o Benfica. Cada caso é um caso e pode ter Félix argumentos, futebolísticos e não só, que lhe permitam lidar melhor com uma mudança tão drástica em fase tão prematura. Mas o caso de Renato Sanches - e de muitos outros jovens jogadores portugueses - deve fazer pensar bem aqueles que têm a função de cuidar da carreira de futebolísticas que, jogando como homens, não passam de miúdos. O dinheiro não é tudo. E, se crescerem de forma sustentada, acabará sempre por chegar, eventualmente com mais felicidade. Isto vale para João Félix e para todos os outros miúdos que vão aparecer, no Benfica ou noutro clube qualquer. Nem sempre o caminho mais rápido é o melhor para se chegar ao destino."


Ricardo Quaresma, in A Bola

Cadomblé do Vata

"1. Inacreditável, ainda estou em choque com os 2 pontos mais mal perdidos da história... preferia que o Mozer me entrasse a pés juntos na testa com chuteiras de pitons de alumínio, a ver o SLB oferecer um empate desta forma.
2. Já tenho saudades da greve cirúrgica dos enfermeiros... era da forma que tinham adiado para o Verão, as lobotomias que esta semana fizeram ao Odysseas e ao Dias.
3. Foi a típica jogatana em que tudo correu mal... é que nem uma cruz podemos meter em cima do jogo, porque o Belenenses não deixa utilizar os símbolos deles.
4. Desde que se começou a falar no interesse da Juventus, o rendimento do Rúben Dias parece o Titanic depois de se enfaixar contra o iceberg... digam-lhe já que é inegociável, porque estou-nos a ver perder um campeonato só porque ele não quer sair do SLB.
5. Já vamos numa sequência de 3 jogos seguidos sem ganhar ao Belém por culpa própria... dizemos aos jogadores que isto é um derby e eles pensam logo que é fácil."

ue Vlachodimos tenha passado a noite em claro, todo ele suores frios, a sofrer com o seu erro até às 6 da manhã

"Vlachodimos
Dizem que o não nos mata torna-nos mais forte. Espero por isso que Vlachodimos tenha passado a noite em claro, todo ele suores frios, a sofrer com o seu erro até às 6 da manhã e agora já a pé, apostado em lidar de frente com o infortúnio bizarro de um golpe de vista que nos deixou cegos. Que chegue ao Seixal esta tarde e dê 10 voltas ao campo, de joelhos, preferencialmente sobre gravilha. Falamos depois disso.

André Almeida
Passou boa parte da noite a deambular estranhamente por outros terrenos, mas, no meio de toda esta depressão, torna-se difícil apreciar o reencontro de André Almeida com o único homem nesta vida que alguma vez lhe engraxou as chuteiras. Mais um jogo, mais uma assistência para Jonas. O nosso almeidinhos continua a decidir jogos, contra tudo e contra todos, incluindo benfiquistas.

Rúben Dias
tinha ameaçado em Zagreb e agora chegou a confirmação. Ruben Dias está imparável. Ontem voltou melhorar a sua melhor marca pessoal na travessia céu-inferno, ao fazer um passe para Vlachodimos tão nefasto, mas tão nefasto que obrigou a dona de uma casa de alterne em Vale de Santarém a afirmar que o marcador do golo do empate nada tinha a ver consigo. Felizmente para nós, o rapaz já mostrou ter arcaboiço para isto e muito mais.

Ferro
Mais um passo seguro na sua evolução. Continua a mostrar que é possível dançar ballet num moshpit, conjugando elegância e capacidade de antecipação nas doses certas para se furtar à condição impiedosa do centralão e assim se fazer um Senhor Central.

Grimaldo
Comer, dormir, cruzar de forma previsível, repetir. A construção ofensiva da equipa apresentou ontem menos soluções e Grimaldo foi dos que mais sentiu o peso das ausências, alternando entre tarefas defensivas no corredor mais activo do adversário e algumas combinações desinspiradas que terminaram quase sempre comigo a roer as unhas.

Florentino
Continua a realizar exibições monstruosas com um cavalheirismo pouco habitual naquela zona do terreno. Os adversários não sabem se hão-de guardar a bola, sair a jogar ou simplesmente entregar a bola a Florentino, um menino que acertou 30 desarmes em 32 tentativas. Que continue assim, ele e nós, rumo ao 37.

Samaris
Devido à ausência de Gabriel, Bruno Lage optou por um meio-campo em que Florentino seria o músculo e Samaris o cérebro, o que foi um pouco como colocar Maria Vieira no lugar de Meryl Streep. Ainda assim, o grego desunhou-se para organizar o ataque com o brilhantismo do colega brasileiro e entregou-se ao jogo até marcar um golo com a ajuda de Nuno Coelho e, acreditava ele, matar de vez um jogo que parecia enguiçado. Infelizmente mal teve tempo para se recompor dos festejos.

Pizzi
Procurou o apoio dos amigos Almeida e Félix para construir no flanco mais aberto, tentou por tudo criar desequilíbrios por dentro, mas a verdade é que a coisa não carburou tanto como tem sido habitual. No final do jogo o seu corpo pareceu pedir descanso, mas como diz a conhecida canção dos Beastie Boys: no stop 'till Moreira de Cónegos.

Rafa
Provocou os maiores desequilíbrios na primeira parte, mas sempre com aquela estrelinha de vice-campeão na hora de rematar à baliza. (Rafa tem respondido aos críticos com golos, portanto resolvi experimentar).

João Félix
Eis a nova condição de João Félix: lidar com a expectativa de milhões de indivíduos que se habituaram a ganhar por meia dúzia nos últimos meses e por isso se sentem desapontados, quiçá à beira do suicídio, quando a sua equipa empata em casa. O miúdo nem fez necessariamente um mau jogo. Simplesmente não marcou nenhum golo só ao alcance dos predestinados e não participou em nenhum lance que resultasse em golo de colegas. João Félix saberá que, não sendo isso uma tragédia ou motivo para questionar o seu enormíssimo valor, é o suficiente para deixar os benfiquistas ansiosos nesta manhã de terça feira. Felizmente é de feitio, e não vai mudar. Bora João.

Jonas
Foi então que, no exacto momento em que o meu coração suplicava pelo regresso de Seferovic, Jonas recebeu como só ele no coração da área e com, a eficaz simplicidade dos génios, tornou suas as palavras de Mark Twain e explicou que os rumores da sua morte eram manifestamente exagerados. Longa vida a rei Jonas.

Zivkovic
Não é fácil conduzir uma equipa à vitória quando os dez colegas em seu redor estão a jogar de mãos na cabeça, ainda incrédulos com o que se estava a passar.

Jota
Teve a seu favor a grande vantagem de não ser Franco Cervi, o que lhe permitiu realizar acções positivas nos poucos minutos em campo."

Um problema de visão periférica

"Foram dois erros, dois fracos golpes de vista que roubaram dois pontos a um Benfica que partiu muita pedra para conseguir marcar ao Belenenses, para depois deitar tudo a perder de forma quase bizarra. O 2-2 na Luz significa que a equipa de Bruno Lage deixa de estar sozinha na frente da tabela. Agora, ali ao lado, no ângulo morto, está o FC Porto, com os mesmos pontos

pontos que se perdem com inteira justiça, outros se perdem quando não se merecia. E depois também há os que se perdem de forma bizarra e esta segunda-feira o Benfica perdeu dois pontos de maneira um tanto quanto esotérica, com dois erros individuais que vão muito provavelmente tirar o sono a Vlachodimos e Rúben Dias.
Dois erros que deram dois golos a um Belenenses SAD desprovido de cruz de cristo, numa altura em que o Benfica parecia ter o jogo controlado, após 55 minutos a picar pedra na hiper-povoada área do adversário e dois golos que surgiram depois de muito por ali garimpar.
E eram dois golos que pareciam mais ou menos definitivos, não fosse a visão periférica do Benfica estar um tanto quanto embaciada.
Falhou o golpe de vista de Vlachodimos aos 68’, após um livre tenso de Diogo Viana ao qual o grego respondeu de mãos levantadas, como quem diz “esta vai fora”. Não foi, entrou rente ao poste direito e Vlachodimos voltou a levantar as mãos, mas para pedir desculpas.
E não mais que dois minutos depois falharam as contas de Rúben Dias, que ao atrasar para Vlachodimos permitiu uma ultrapassagem pela direita de Kikas, que só precisou de rematar fora do alcance do internacional helénico para fazer um empate inesperado, pela forma como foi entregue pelo Benfica que assim, em qualquer coisa como 120 segundos, deu cabo de uma vantagem que tanto esforço tinha dado a construir.
Porque o Belenenses SAD vinha de novo escudo na camisola, mas com a qualidade de sempre. A equipa de Silas, que está farta de roubar pontos aos primeiros esta época, joga bem: os seus jogadores sabem sair a jogar, sabem posicionar-se, sabem começar, construir e acabar uma jogada. Sabem também guardar a bola. E tentaram tudo isso nos momentos em que a pressão do Benfica falhava. E quando não dava, defenderam bem, com precisão cirúrgica, com Gonçalo Silva, Sasso e Eduardo sempre preparados para limpar aquele último passe que sempre faltou aos encarnados na 1.ª parte - em que também, diga-se, houve pouco Pizzi, ou melhor, Pizzi insuficiente, a perder bolas imperdíveis, a passar mal bolas que tinham todas as condições para serem bem passadas. E sem o seu pensador, como se viu em Zagreb, o Benfica não passa tão bem.
A 2.ª parte voltou a trazer um Benfica a jogar batalha naval no tabuleiro do adversário, mas foi apenas aos 55 minutos que o Belenenses deu meio espaço a Jonas. E com meio espaço, Jonas é capaz de construir um arranha-céus: o brasileiro recebeu o cruzamento de André Almeida com o peito e depois, naquele espacinho de nada, rematou para a baliza de Muriel.
Menos de 10 minutos depois, Samaris rematou à entrada da área após um canto, com a bola a bater em Nuno Coelho e talvez em André Almeida antes de enganar o mais velho dos irmãos Becker.
Ficou então 2-0, o Benfica jogava bem e o Belenenses SAD estava meio desaparecido.
Ninguém esperava então essa improbabilidade que são dois jogadores fazerem dois erros crassos de avaliação e que esses dois erros dessem dois golos. Mas deram e a partir daí, dos 70 minutos, o Benfica não conseguiu responder com objectividade. Teve bola, sim, mas raramente criou perigo, excepção para um remate de cabeça de Jonas aos 81’. O Belenenses voltou a ser organizado e certinho porque depois de sofrer aqueles dois e marcar aqueles dois, ninguém lhe ia tirar aquele ponto.
Depois da derrota em Zagreb, o Benfica voltou a tropeçar, agora num jogo importante, contra uma equipa difícil. E tudo de forma muito bizarra, com dois erros estranhos. É claro que nisto dos tropeções não há erros bonitos ou feios, há erros, e os problemas de visão periférica do Benfica fazem com que a equipa de Bruno Lage volte a não poder olhar em frente. Porque agora, ali ao lado, no ângulo morto, está o FC Porto, com os mesmos pontos na tabela."

Chama Imensa... pré-Belém...

Das joias do Ajax à bijuteria do PSG

"A última campanha da Champions confirmou que o PSG é um clube construído sobre uma fantasia: tem mais milhões do que estrutura, planificação e memórias. O reverso de um despretensioso Ajax que acabou com o reinado branco do Real sem nunca negociar o seu estilo e a sua juvenilidade. É como se os holandeses oferecessem joias preciosas numa loja de bijuterias. Ao invés, o PSG atrai craques sedentos de gordos salários, mas não disfarça a falta de carácter – confirmou-o perante um United privado de 11 dos seus melhores jogadores. Parece ter tudo o que garante o brilho, mas, na hora H, revela-se um autêntico pechisbeque.
Pelo terceiro ano consecutivo, o PSG estatelou-se nos "oitavos". Sendo que foi a segunda vez que foi vítima de uma "cambalhota" inaudita na eliminatória: há dois anos tinha batido, em Paris, o Barcelona por 4-0, mas perdeu por 6-1 na Catalunha. E a prova de que Paris não é uma capital do futebol surgiu agora (vitória em Old Trafford por 0-2 e derrota no Parque dos Príncipes por 1-3), num fiasco frente ao United que o "L’ Équipe" rotulou de "cataclismo lamentável". E o editorial do diário foi ainda mais castigador: "Os futebolistas do PSG têm as características mentais dos bebés e as pernas dos octogenários". Talvez uma crítica subliminar a Neymar, que regressou do carnaval do Brasil (onde era suposto estar a curar mais uma lesão) para assistir do camarote ao entrudo provocado pelo Manchester. Buffon, que deu uma frangalhada num lance em que demorou um século a levantar-se, também ficou com as orelhas a arder.
Mas as maiores críticas nem foram para os jogadores e o treinador Thomas Tuchel. Todo o edifício do clube está a ser questionado, a começar pela política de um clube comprado há oito anos pelo Emir Tamim ben Hamad Al Thani, monarca absolutista do Qatar que nomeou Nasser Al-Khelaifi seu braço direito em Paris. Desta feita, não tem tanto a ver com a acusação de "dopagem financeira" (através de patrocínios inflacionados por empresas do Qatar), mas com o investimento desmesurado numa constelação de estrelas que se passeia internamente, mas se amedronta frente aos melhores. 
Ora, o Emir tinha prometido colocar o PSG no patamar mais alto. E foi nesse pressuposto que, desde 2011, o PSG investiu 1.184,1 milhões de euros em reforços (como vendeu num total de 336,54 milhões, o balanço é negativo em 852,65 milhões). Só Neymar e Mbappé custaram mais de 400 daqueles milhões. Mas não houve dinheiro ou vontade para comprar o médio centro reclamado por Tuchel, obrigado a adaptar o central Marquinhos, principalmente após Rabiot se recusar a renovar e ser ostracizado. Resultado: o principal alvo das críticas tem sido o diretor desportivo Antero Henrique. O português não satisfez a vontade de Tuchel de ter o holandês De Jong (um relógio com botas que o Barça comprou ao Ajax por 86 milhões de euros), emprestou Lo Celso ao Bétis e contratou Leandro Paredes (45 milhões de euros), que Tuchel não pedira e que, provavelmente por isso, é suplente. Fundado apenas em 1970, o PSG (tal como Paris) nunca teve grandes raízes futebolísticas. Mas isso nota-se ainda mais desde que a sua equipa é fabricada a golpes de petrodólares…
O Ajax, por seu lado, usou o seu talento juvenil para derrubar o clube mais laureado, terminando a "cambalhota" na eliminatória frente ao arrogante Real com uma equipa com uma média de idades de 23 anos (tal como o United frente ao PSG). "Esta vitória foi a certificação da filosofia do futebol holandês e do Ajax", rejubilou o treinador Ten Hag. E com razão: o Ajax só gasta 28 milhões com a equipa principal, a segunda e a juvenil e afastou um Real que investe 630 milhões só nas vedetas. Mas sabe criar hábitos de futebol ofensivo aos 250 jogadores que crescem nos múltiplos campos do moderno centro de treino De Toekomst ("O futuro"), onde é aplicado o Sistema TIPS (acrónimo de Technique, Intelligence, Personality e Speed). Nos últimos dez anos, o Ajax encaixou 281 milhões de euros com 24 vendas de jogadores. Esta política não lhe permite ter sempre equipas competitivas (não ganha a Eredivise há quatro épocas). Mas as mais recentes fornadas destilam classe e estão ao nível do Ajax de Rinus Michels e Cruijff (tricampeão europeu nos anos 70) e do que também ergueu a "orelhuda" em 95.

Cinco estrelas - Zidane regressa com mais autoridade
Oito meses depois, Zidane volta a tomar conta do Real. A época está perdida, mas o francês tem agora a força reivindicativa que lhe faltou no passado, apesar do "triplete" de Champions. Resta saber se Florentino Pérez aceitou deixar de querer ser também director desportivo…

Quatro estrelas - Monchi troca Roma por Londres
Criticado pelo insucesso desportivo da Roma, o director desportivo espanhol Monchi (que tão boas apostas e negócios fez no Sevilha) enfrentou os adeptos mais pressurosos no aeroporto e, à chegada a Itália, bateu com a porta. Vai para o Arsenal, onde lhe darão tempo e os seus méritos serão valorizados.

Três estrelas - Igualdade de género com receitas díspares?
As 28 jogadoras da selecção feminina dos EUA apresentaram uma queixa nos tribunais, reclamando da "discriminação de género". A três meses do Mundial, exigem igualdade salarial e condições de trabalho iguais à selecção masculina. O problema são as diferentes receitas…

Duas estrelas - Ultras à moda de Paris
Não foi tão grave como em Alcochete, longe disso, mas a prova de que os ultras estragam as claques surgiu também em França: o treino do PSG (que fora mudado para o estádio já como medida cautelar) foi interrompido por 500 adeptos insatisfeitos.

Uma estrela - O Qatar comprou mesmo a FIFA
O The Times revelou as provas do que já era óbvio: o Qatar pagou, de forma encapotada (inflacionando contratos televisivos), 780 milhões de euros para garantir a organização do Mundial de 2022 naquele país asiático. Blatter e os seus homens de mão gostavam mais de dinheiro do que de futebol."

Marley e Ajax: como uma canção alegre inspira o futebol positivo

"«Don’t worry about a thing, ‘cause every little thing is gonna be all right.»
Three Little Birds é um tema alegre, icónico e, por estes dias, tornou-se quase profético para o Ajax. 
O clube de Amesterdão não se preocupou com a derrota em casa por 1-2, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, e tudo correu bem, em Madrid, com uma reviravolta por 4-1 que valeu ao histórico clube holandês o apuramento para os quartos, 16 anos depois.
Se milhares adeptos do Ajax cantaram em tom jocoso nas bancadas do Santiago Bernabéu «Always Look on the Bright Side of Life», dos Monty Python, o verdadeiro hino adotado por eles nos últimos anos tem sido Three Little Birds, de Bob Marley: uma canção alegre que contagia o futebol positivo que o clube é famoso por cultivar.
Neste Plateia, contamos-lhe a origem dessa conexão entre Marley e o grande clube de Amesterdão. Aproveitamos também para dar-lhe a conhecer duas novidades: um recente documentário sobre o Superclássico do futebol argentino, publicado aqui na íntegra, e um novo livro sobre o FC Porto. 
Fique com as sugestões para ver, ouvir e ler futebol.

Ouvir: Three Little Birds
Autores: Bob Marley
Género: reggae
País: Jamaica
Duração: 3:00 minutos
Gravado em 1977 e lançado em Setembro de 1980, pela editora Tuff Gong, o tema escrito e cantado por Bob Marley, com os Wailers, foi adoptado como uma espécie de hino para os adeptos do Ajax nos últimos anos.
A culpa foi de Ali Yassine, antigo speaker e DJ do estádio do Cardiff City, que, em 2008, no final de um particular de pré-época entre o clube galês e o Ajax, em 2008, que terminou empatado, fez ecoar nos altifalantes o tema de Marley.
«Então, eles começaram a dançar, a cantar, a bater palmas ao ritmo da canção», recorda Yassine numa reportagem da Bleacher Report.
Após aquele primeiro momento, em Cardiff, a ligação foi espontânea e alastrou-se para a Arena de Amesterdão, onde na época passada Ky-Mani Marley, filho de Bob Marley, interpretou ao vivo o tema à em dia de jogo.


Don't worry about a thing,
'Cause every little thing
is gonna be all right.
Sayin',don't worry about a thing
'Cause every little thing
is gonna be all right.
Rise up this morning
Smile with the rising sun
Three little birds
It's by my doortep
Singin' sweet songs
of melodies pure and true Sayin',
"This is my message to you",uh,uh
Sayin' don't worry about a thing
'Cause every little thing
is gonna be all right.
Sayin' don't worry about a thing
'Cause every little thing
is gonna be all right
Rise up this morning
Smile with the rising sun
Three little birds
It's by my doorstep
Singin' sweet songs
Of melodies pure and true
Sayin', "This is my message to you" uh, uh
Singin' don't worry about a thing,
worry about a thing, oh!
Every little thing
is gonna be all right.
Don't worry!
Singin' don't worry about a thing"
I won't worry!
'Cause every little is thing gonna be all right.
Singin' don't worry about a thing,
'Cause every little thing
is gonna be all right
I won't worry!
Singin'don't worry about a thing,
'Cause every little thing is gonna be all right.
Singin' don't worry about a thing, oh no!
'Cause every little thing is gonna be all right!

Ver: «The Biggest Game of All Time»
Género: documentário
Produção: Copa 90
País: Reino Unido / Argentina
Duração: 56 minutos
«Imaginem um Barcelona-Real Madrid na final da Liga dos Campeões… Vezes 100!», sintetiza na apresentação um jornalista argentino.
Aquando da final da Taça Libertadores entre River Plate e Boca Juniors, apresentámos cinco documentários sobre os rivais do Superclássico.
Desta vez, exibimos um retrato sobre esses dias de paixão e fervor em Buenos Aires e disponibilizamos na íntegra o recente documentário da Copa 90 sobre a decisão da grande prova sul-americana de clubes.
Neste episódio especial de «Derby Days», apresentado como habitualmente por Eli Mengem, vamos ao âmago de Buenos Aires para perceber como uma rivalidade de bairro se tornou no maior clássico do futebol mundial.
«The Biggest Game of All Time»: esta versão de Xeneízes versus Millonarios vale mesmo a pena ver.
(...)"

A ética no desporto

"Mais do que uma actividade, o desporto tornou-se um estilo de vida, uma forma de estar e também de parecer. Expressão da nossa civilização, ele alinha o passo com o progresso pela performance e o recorde, mas também é um momento de convivialidade e de partilha, que a civilização individualista tende a esquecer. Ele incarna a recusa de uma civilização muito urbanizada, pela evasão de espaços naturais. Como já vimos noutros artigos, escritos no jornal “A Bola”, realidade desportiva é diversa e variada, segundo as finalidades e os modos de prática adoptados pelos indivíduos.
Que uso se faz da noção de ética na retórica desportiva? Qual é o seu papel? A ética tem o mesmo sentido que a moral, que significa, etimologicamente, o conjunto dos costumes. Ela define um ideal de bem por um conjunto de valores que, sob a forma de regras, servem para guiar e prescrever as condutas dos indivíduos. Concebido em torno de valores de justiça e de igualdade, o desporto assenta em dois princípios fundamentais que são as regras e o respeito das mesmas.
O cumprimento dos valores morais traduz uma disposição durável, que chamamos de virtude. O fair-play (habitus inglês adquirido pela educação dos colégios a partir da regra do self-control, de reserva e de distanciação: a razão deve ter a primazia sobre a emoção), o respeito, a integridade são uma realidade em si mesmo. Os valores pertencem a uma categoria mais abrangente, que compreendem regras jurídicas e as regras morais. As regras jurídicas (os regulamentos, as leis) participam numa regulação do corpo social. Elas têm por objectivo tratar das relações entre as pessoas e também as relações entre as pessoas e as coisas. Elas têm a ver com um certo tipo de domínios (segurança, manutenção da ordem, protecção dos bens, garantia dos contratos, definição de normas, etc.), cuja transgressão pode incomodar a sociedade. O constrangimento moral assenta sobre a boa vontade, que tem a sua fonte na interioridade da consciência pessoal. Ela revela, literalmente, do for intérieur (para o interior) por oposição ao for extérieur (para o exterior), que representa a autoridade da justiça humana.
Coubertin está certamente na origem dos valores actuais do desporto, se bem que estes evoluíram muito. Ele via no desporto moderno um meio de atingir um ideal humano. O ideal se prossegue com a fórmula mens sana in corpore sano, um espírito são num corpo são, emprestado à Antiguidade Romana e, particularmente, à décima sátira de Juvenal (por volta de 360 a.C.). Coubertin modificará em mens fervida in corpore lacertoso, traduzido por “um espírito ardente num corpo musculado”.
O fair-play, o jogo franco e a lealdade são os traços maiores do sportsman, que respeita as regras do jogo. Depois vem a combatividade, que se assimila à coragem, à tenacidade, à resistência, segundo a conceção darwinista do “struggle for life” (lutar pela vida). A combatividade leva à “liberdade do excesso”, que permite o recorde.
O desporto é o garante da ligação social, porque os atletas não só têm que respeitar as regras, como são, muitas vezes, obrigados a jogar juntos, a se confrontarem em conjunto, a se apoiarem mutuamente, e de se entreajudarem para pretender a vitória.
A ética no desporto surge, especificamente, sobre a forma de princípios, de valores, de proibições difundidas, essencialmente, pelo CIO – Comité Olímpico Internacional, no seio da Carta Olímpica. Muitos dos códigos estabelecidos pelas federações se inscrevem na continuidade do CIO, para promover os valores olímpicos. Estes valores do desporto constituem, para a humanidade, um ideal suposto incarnar uma verdadeira filosofia sob a forma de um estilo de vida. A Carta Olímpica é acompanhada de um código ético, cuja primeira edição data de 1999.
Um outro traço da ética do desporto é a referência à integridade. Este valor, que remete para a honestidade e imparcialidade, tem a ver, sobretudo, com os membros do CIO que têm a responsabilidade da organização dos JO – Jogos Olímpicos. Ela procura prevenir contra a corrupção. O código é um dos pilares de referência última, de todas as práticas desportivas, sejam elas federativas, profissionais, nacionais ou internacionais.
O modelo imperativo da ética considera que a moralidade se exprime na prática por princípios que os indivíduos devem respeitar de forma formal. É o filósofo alemão Kant (1785 [1984]) que está na origem desta concepção imperativa do dever, que chamamos de ética deontológica (do grego deon, que significa dever). O dever e a obrigação não têm uma origem externa da lei, mas de um atributo do sujeito moral. A Carta Olímpica e o Código Ético do Movimento Olímpico inscrevem-se nesta concepção imperativa.
Na Éthique à Nicomaque, de Aristóteles, faz-se referência à ética da virtude. A pessoa virtuosa tem o sentimento de bem fazer, de fazer com prazer e sinceridade numa acção benéfica para o próximo. É uma acção emocional e racional, que confere a quem o exprime um estatuto estimável e exemplar. A dopagem, a batota, a corrupção, as discriminações, etc. são as derivas últimas do desporto. Existe, assim, uma “plasticidade” ética do desporto.
Em algumas décadas, o universo de virtudes descompõe-se. O desporto livrou-se do lirismo das virtudes e, na actualidade, responde a uma lógica pós-moralista, narcísica e espectacular. A idade moralista terminou. É o desporto-moda que prevalece. O desporto virtuoso metamorfoseou-se numa esfera reciclada pela lógica da mercantilização e da diferenciação marginal."

Retrospectiva histórica das competições intercontinentais de clubes

"A Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) deu início, em 1966, na cidade de Madrid, a uma competição intercontinental entre equipas masculinas dos clubes campeões dos continentes europeu e americano tendo sido designada por “Copa Intercontinental de Clubes de Basquetebol Masculino”. Nela participaram as formações europeias do Ignis de Varese (Itália) e do Real Madrid (Espanha), assim como, do Corinthians (Brasil) e do Chicago Jamaco Saints (USA) em representação do continente americano. O vencedor do troféu foi a equipa do Ignis de Varese que na final derrotou os brasileiros do Corinthians, tendo ficado na 3º posição o Real Madrid que levou de vencida os norte americanos do Chicago Saints.
Nos três anos seguintes a equipa norte americana Akron Goodyear Wingfoots arrecadou os 3 títulos vencendo na final as equipas do Ignis Varese, em Varese-1967 (Itália), do Real Madrid, em Philadelphia-1968 (USA) e dos checos do Spartak ZJS Brno, em Macon-1969 (USA). Os italianos do Simmenthal de Milão foram terceiros classificados em 67 e 68 e os brasileiros do Sírio ocuparam identica posição em 69. As formações do Corinthians (Brasil), Botafogo (Brasil) e Real Madrid (Espanha) ocuparam a derradeira posição no torneio dos referidos anos. No ano de 1970, com o regresso da competição à Europa, a Ignis Varese (a jogar em casa e sem a presença dos norte americanos) recuperou o título intercontinental vencendo na final os espanhóis do Real Madrid, enquanto o Corinthians assegurava a terceira posição em detrimento do Slavia de Praga (Checoslováquia).
Entretanto, em 1971 e 1972, a prova intercontinental de clubes não se realizou, tendo sido reatada no ano seguinte (1973) com uma nova designação “Copa Intercontinental William Jones” em homenagem ao britânico Renato William Jones, um dos fundadores da Federação Internacional de Basquetebol Amador (1932) e o primeiro dirigente a exercer o cargo de Secretário Geral da FIBA (até 1976). Foi um dos grandes responsáveis pela promoção da modalidade a nível internacional e à sua introdução nos Jogos Olímpicos tendo sido, pelo exemplar desempenho das suas funções, eleito para o “Basketball Hall of Fame” (Springfield-USA) e para o “FIBA Hall of Fame” (Genebra-Suiça). Nesse mesmo ano (1973), o torneio foi organizado na cidade de S. Paulo (Brasil) com o triunfo final da equipa italiana do Ignis de Varese sobre a equipa brasileira do Sírio, tendo ficado na terceira posição a formação dos Vaqueros de Bayamon (Porto Rico) e por último a do Jugoplastika (Jugoslávia). Nos 14 anos seguintes, ou seja, até 1987, esta competição entre os clubes campeões europeus e americanos realizou-se em diversas cidades dos dois continentes com as seguintes classificações:
CIDADE DO MÉXICO-1974:
1º Maryland Terrapins (USA),
2º Ignis Varese (Itália),
3º Vila Nova (Brasil)
4º Real Madrid (Espanha);

CANTÚ-1975 (Itália):
1º Forst Cantú (Itália),
2º Amazonas Franca (Brasil),
3º Real Madrid (Espanha)
4º Penn Quakers (USA);

BUENOS AIRES-1976 (Argentina):
1º Real Madrid (Espanha),
2º Mobilgirgi Varese (Itália),
3º Obras Sanitarias (Argentina)
4º Amazonas Franca (Brasil);

MADRID-1977 (Espanha):
1º Real Madrid (Espanha),
2º Mobilgirgi Varese (Itália),
3º Maccabi Tel Aviv (Israel)
4º Atletica Francana (Brasil);

BUENOS AIRES-1978 (Argentina):
1º Real Madrid (Espanha),
2º Obras Sanitárias (Argentina),
3º Sírio (Brasil)
4º Mobilgirgi Varese (Itália);

S. PAULO-1979 (Brasil):
1º Sirio (Brasil),
2º Bosna (Jugoslávia),
3º Emerson Varese (Itália)
4º Piratas de Quebradillas (Porto Rico);

SARAJEVO-1980 (Jugoslávia):
1º Maccabi Tel Aviv (Israel),
2º Atletica Francana (Brasil),
3º Bosna (Jugoslávia)
Real Madrid (Espanha);

S. PAULO-1981 (Brasil):
1º Real Madrid (Espanha),
2º Obras Sanitarias (Argentina),
3º Sirio (Brasil)
4º Mobilgirgi Varese (Itália);

DEN BOSCH-1982 (Holanda):
1º Forst Cantú (Itália),
2º Nashua EBBC (Holanda),
3º Maccabi Tel Aviv (Israel)
4º Air Force Falcons (USA);

BUENOS AIRES-1983 (Argentina):
1º Obras Sanitarias (Argentina),
2º Jollycolombani Cantú (Itália),
3º Penarol (Uruguai)
4º Monte Líbano (Brasil);

S. PAULO-1984 (Brasil):
1º Banco di Roma Virtus (Itália),
2º Obras Sanitarias (Argentina),
3º Sirio (Brasil)
4º FC Barcelona (Espanha);

BARCELONA-1985 (Espanha):
1º FC Barcelona (Espanha),
2º Monte Líbano (Brasil),
3º Cibona (Jugoslávia)
4º San Andres (Argentina);

BUENOS AIRES-1986 (Argentina):
1º Zalgiris Kaunas (USSR),
2º Ferro Carril (Argentina),
3º Cibona (Jugoslávia)
4º Corinthians (Brasil);

MILÃO-1987 (Itália):
1º Tracer Milão (Itália),
2º FC Barcelona (Espanha),
3º Cibona (Jugoslávia)
4º Maccabi Tel Aviv (Israel).

Contudo, a partir de 1987 esta prova deixou de ser organizada pela FIBA pelo que, em sua substituição, surgiu uma outra competição intercontinental destinada aos clubes campeões continentais, mas tendo como principal objectivo uma aproximação à liga profissional norte americana, a National Basketball Association. O então comissário da NBA, David Stern, foi um dos grandes impulsionadores desta ideia, porque a mesma vinha de encontro ao seu pensamento, ou seja, organizar um torneio anual entre as melhores equipas internacionais com a participação de uma equipa de topo da NBA . Agarrou no projecto e, de imediato, conseguiu encontrar um patrocinador de envergadura (empresa McDonald´s) para o indispensável financiamento do torneio. Foi assim que apareceu o “McDonald´s Championship”. A competição ao não ser organizada pela FIBA não podia ser oficialmente reconhecida. No entanto, essa situação não impediu que a prova, de carácter amistoso, se efectuasse anualmente (entre 1987 e 1991) e, posteriormente, de dois em dois anos (1991 a 1999). Face às diferenças existentes entre as regras do jogo na FIBA e na NBA houve necessidade de se fazer alguns ajustamentos para que todos se entendessem durante a competição. Este torneio com a participação das principais equipas da NBA teve uma ampla divulgação na comunicação social a nível internacional tendo prestado, deste modo, um contributo fundamental na implementação do basquetebol profissional em diversas regiões do planeta.

CIDADES, DATAS, RESULTADOS E CLASSIFICAÇÕES:
MILWAUKEE-1987 (USA) MECCA Arena (capacidade: 12.700) - Resultados: Milwaukee Bucks-123 Tracer Milão-111; União Soviética-135 Tracer Milão-108; Milwaukee Bucks-127 União Soviética-100.
Classificação:
1º Milwaukee Bucks (NBA),
2º Selecção (União Soviética),
3º Tracer Milão (Itália).

MADRID-1988 (Espanha) Palacio de los Deportes (capacidade: 15.000) - Resultados (meias finais): Real Madrid-108 Scavolini Pesaro-96; Boston-113 Jugoslavia-85; (3º e 4º): Jugoslavia-100 Scavolini Pesaro-91; (final): Boston-111 Real Madrid-96.
Classificação:
1º Boston Celtics (NBA),
2º Real Madrid (Espanha
3º Selecção (Jugoslávia)
4º Scavolini Pesaro (Itália).

ROMA-1989 (Itália) PalaEUR (capacidade 11.500) - Resultados (meias finais): Jugoplastika-102 Philips Milão-97; Denver Nuggets-137 Barcelona-103; (3º e 4º) Philips Milão-136 Barcelona-104; (final): Denver-135 Jugoplastika-129.
Classificação:
1º Denver Nuggets (NBA),
2º Jugoplastika (Jugoslavia),
3º Philips Milão (Itália)
4º FC Barcelona (Espanha).

BARCELONA-1990 (Espanha) Palau Sant Jordi (capacidade: 17.000) - Resultados (meias finais): Pop 84 Split-102 Barcelona-97; New York Knicks-119 Scavolini Pesaro-115; (3º e 4º) Barcelona-106 Scavolini Pesaro-105; (final): New York-117 Pop 84 Split-101.
Classificação:
1º New York Knicks (NBA),
2º Pop 84 Split (Croácia),
3º FC Barcelona (Espanha)
4º Scavolini Pesaro (Itália).

PARIS-1991 (França) Palais Omnisports de Paris-Bercy (capacidade: 20.300) - Resultados (meias finais): Juventude Badalona-117 Slobodna Dalmacija-86; Los Angeles Lakers-132 Limoges CSP-101; (3º e 4º): Limoges CSP-105 Slobodna Dalmacija-91; (final): Los Angeles Lakers-116 Juventude Badalona-114.
Classificação:
1º Los Angeles Lakers (NBA),
2º Juventude Badalona (Espanha),
3º Limoges CSP (França)
4º Slobodna Dalmacija (Croácia).

MUNIQUE-1993 (Alemanha) Pavilhão Olímpico (capacidade: 15.500) - Resultados (eliminatória preliminar): Virtus Bolonha-129 All Star Franca-88; Real Madrid-85 Bayer 04 Leverkusen-75; (5º e 6º): All Star Franca-104 Bayer 04 Leverkussen-97; (meias finais): Virtus Bolonha-101 Limoges CSP-85; Phoenix Suns-145 Real Madrid-115; (3º e 4º): Real Madrid-123 Limoges CSP-119; (final): Phoenix Suns-112 Virtus Bolonha-90.
Classificação:
1º Phoenix Suns (NBA),
2º Virtus Bolonha (Itália),
3º Real Madrid (Espanha),
4º Limoges CSP (França),
5º All Star Franca (Brasil)
6º Bayer 04 Leverkussen (Alemanha).

LONDRES-1995 (Inglaterra) Londres Arena (capacidade: 15.000) - Resultados (eliminatória preliminar): Virtus Bolonha-112 Maccabi Tel Aviv-103; Real Madrid-99 Sheffield Sharks-71; (5º e 6º): Maccabi Tel Aviv-107 Sheffield Sharks-89; (meias finais): Virtus Bolonha-102 Real Madrid-96; Houston Rockets-116 Perth Wildcats-72; (3º e 4º): Perth Wildcats-93 Real Madrid-86; (final): Houston Rockets-126 Virtus Bolonha-112.
Classificação:
1º Houston Rockets (NBA),
2º Virtus Bolonha (Itália),
3º Perth Wildcats (Austrália),
4º Real Madrid (Espanha),
5º Maccabi Tel Aviv (Israel)
6º Sheffield Sharks (Inglaterra).

PARIS-1997 (França) Palais Omnisports Paris-Bercy (capacidade: 20.300) - Resultados (eliminatória preliminar): Atenas-87 Benetton Treviso-78; PSG Racing-97 FC Barcelona-84; (meias finais): Olympiacos-89 Atenas-86; Chicago Bulls-89 PSG Racing-82; (5º e 6º): Benetton Treviso-106 FC Barcelona-103; (3º e 4º): Atenas Cordoba-88 PSG Racing-78; (final): Chicago Bulls-104 Olympiacos-78.
Classificação:
1º Chicago Bulls (NBA),
2º Olympiacos Pireu (Grécia),
3º Atenas Cordoba (Argentina),
4º PSG Racing (França),
5º Benetton Treviso (Itália)
6º FC Barcelona (Espanha).

MILÃO-1999 (Itália) Fila Forum Assago (capacidade: 12.700) - Resultados (eliminatória preliminar): Vasco Gama- 90 Adelaide 36ers-79; Varese Roosters-98 Sagesse Hekmeh-88; (meias finais): Vasco Gama-92 Zalgiris Kaunas-86; San Antonio Spurs-96 Varese Roosters-86; (5º e 6º): Adelaide 36ers-91 Sagesse Hekmeh-84; (3º e 4º): Zalgiris Kaunas-97 Varese Roosters-78; (final): San Antonio-103 Vasco Gama-68.
Classificação:
1º San Antonio Spurs (NBA),
2º Vasco Gama (Brasil),
3º Zalgiris Kaunas (Lituânia),
4º Varese Roosters (Itália),
5º Adelaide 36ers (Nova Zelândia)
6º Sagesse Hekmeh (Líbano).

Como se pode verificar, as equipas da NBA foram sempre as vencedoras do “McDonald´s Championship” devido à experiência adquirida a um nível competitivo mais elevado. No entanto, em algumas situações encontraram forte oposição de algumas formações de outras paragens que, ao longo dos anos, foram progressivamente evoluindo no contexto internacional. Por outro lado, a capacidade de recrutamento dos melhores jogadores oriundos das universidades norte americanas e, não só, foi sempre uma prioridade e uma mais valia das equipas da NBA. Nestes confrontos os jogadores que mais se distinguiram pelas suas actuações foram, naturalmente, eleitos como Most Valuable Player (MVP) e todos eles são nomes sobejamente conhecidos da liga profissional norte americana. Quem segue o campeonato da NBA, há mais tempo, deve recordar-se concerteza destes excelentes executantes do jogo da “Bola ao Cesto” que nos entraram em casa, através do pequeno ecran, há já muitas décadas.

Most Valuable Player (MVP) do McDonald´s Championship 1987- Terry Cummings (Milwaukee Bucks); 1988- Larry Bird (Boston Celtics); 1989- Walter Davis (Denver Nuggets); 1990- Patrick Ewing (New York Knicks); 1991- Magic Johnson (Los Angeles Lakers); 1993- Charles Barkley (Phoenix Suns); 1995- Clyde Drexler (Houston Rockets); 1997- Michael Jordan (Chicago Bulls); 1999- Tim Duncan (San Antonio Spurs), são apenas uma pequena amostra dos muitos talentos que jogaram nas diversas equipas da NBA e que tivemos a oportunidade de ver actuar (ao vivo e em jogos televisionados).
Entretanto, a FIBA, face ao êxito alcançado a nível internacional pelo “McDonald´s Championship” entendeu reatar, em 1996, a “Copa Intercontinental William Jones” com a participação de apenas duas equipas, a do Panathinaikos de Atenas (Grécia) (campeão europeu) e a do Olímpia (Argentina) (campeão sul americano) na disputa do título, à melhor de 3 jogos. No primeiro encontro realizado no Pavilhão do Newell´s Old Boys (7.000 espectadores) na cidade de Rosário (Argentina) verificou-se a vitória do Olimpia por 89-83. Uma semana depois, decorreu o segundo jogo no Pavilhão Olímpico (20.000 espectadores) na cidade de Atenas (Grécia) com o resultado favorável ao Panathinaikos por 83-78. Deste modo, foi necessário recorrer a um terceiro jogo para se encontrar o vencedor do torneio, tendo os gregos do Panathinaikos levado a melhor sobre os argentinos do Olimpia por 101-76 e, assim, conquistado o título de campeão intercontinental.
Esta tentativa, por intermédio da FIBA, não alcançou o êxito desejado porque uma competição, deste quilate, que deve ter prestígio à escala mundial não pode englobar apenas duas equipas, nem ser limitada a representações da Europa e da América do Sul. Este tipo de competição não permite organizar um modelo competitivo atraente para os adeptos dos clubes, dos entusiastas da modalidade e com impacto na comunicação social. Será sempre um modelo votado ao fracasso como se veio a verificar. Em consequência, esta prova oficial foi arrumada numa gaveta da federação internacional até que, em 2013 (17 anos depois ), por força de um acordo celebrado entre a Euroliga, a FIBA Américas e a FIBA foi possível recuperar, uma vez mais, o respectivo torneio que foi disputado entre o vencedor da Euroliga e o campeão da Liga das Américas. Contudo, para que o acordo se concretizasse a FIBA comprometeu-se em aumentar no ano seguinte (2014) o número de equipas participantes com a inclusão dos clubes campeões dos continentes africano e asiático, do campeão da NBL em representação da Oceania e uma equipa de topo da NBA. Como esta intenção não passou das palavras e, com a agravante de na época de 2015/16, a FIBA Europa e a Euroliga terem entrado em conflito de interesses, o representante europeu passou a ser o vencedor da Liga dos Campeões (3º nível das competições europeias) cuja organização é da responsabilidade da FIBA Europa. Por outro lado, a designação oficial da prova deixou de ter como referência a figura prestigiosa de “William Jones” e passou a ser conhecida por “FIBA Intercontinental Cup”.

FIBA INTERCONTINENTAL CUP
S.PAULO-2013 (Brasil) - Pavilhão Desportos José Correia (capacidade: 4.500 espectadores) - Participantes: Pinheiros Sky (campeão sul americano) e Olympiacos Pireu (campeão Euroliga) - Resultados: (1ª mão) Pinheiros-70 Olympiacos-81; (2ª mão) Olympiacos- 86 Pinheiros-69. 
Classificação:
1º Olympiacos Pireu (Grécia) 2 vitórias/167 pontos marcados,
2º Pinheiros Sky (Brasil) 2 derrotas/139 pontos marcados.

RIO DE JANEIRO-2014 (Brasil) – HSBC Arena (capacidade: 18.000) – Participantes: Flamengo (campeão da liga FIBA Americas) e Maccabi Tel Aviv (campeão da Euroliga) – Resultados: (1ª mão) Flamengo-66 Maccabi-69; (2ª mão) Flamengo-90 Maccabi-77.
Classificação:
1º - Flamengo (Brasil) 1 vitória/156 pontos marcados,
2º Maccabi (Israel) 1 vitória/146 pontos marcados.

S.PAULO-2015 (Brasil) Pavilhão Desportos Ibirapuera (5.500 espectadores). Participantes: Real Madrid (campeão da Euroliga) e Bauru (campeão da liga FIBA Americas) – Resultados: (1ª mão) Bauru-91 Real Madrid-90; (2ª mão) Real Madrid-91 Bauru-79.
Classificação:
1º Real Madrid (Espanha) 1 vitória/181 pontos marcados,
2º Bauru (Brasil) 1 vitória/170 pontos marcados.

FRANKFURT-2016 (Alemanha) Fraport Arena (capacidade: 5.002 pessoas). Participantes: Guaros de Lara (campeão da liga FIBA Americas) e Frankfurt Skyliners (vencedor do FIBA Europa Cup) – Resultado (final): Fraport Skyliners-69 Guaros de Lara-74.
Classificação: 1º Guaros de Lara (Venezuela),
2º Fraport Skyliners (Alemanha).

LA LAGUNA-2017 (Canarias/Espanha) Pavilhão Santiago Martin/Tenerife (Capacidade: 5.100) Participantes: Iberostar Tenerife (vencedor do FIBA Champions League) e Guaros de Lara (campeão da liga FIBA Americas) – Resultado (final): Iberostar Tenerife-76 Guaros de Lara-71.
Classificação: 1º Iberostar Tenerife (Espanha),
2º Guaros de Lara (Venezuela).

RIO DE JANEIRO-2019 (Brasil) Arena Carioca (RioJaneiro) (6.000 pessoas). Participantes: San Lorenzo (campeão liga FIBA Americas), AEK Atenas (vencedor liga campeões FIBA Europa), Austin Spurs (NBA G League) e Flamengo (anfitrião). Resultados: (meias finais) San Lorenzo-64 AEK Atenas-86; Flamengo-90 Austin Spurs-58; (3º e 4º) San Lorenzo-77 Austin Spurs-59; (final) AEK Atenas-86 Flamengo-70.
Classificação:
1º AEK Atenas (Grécia),
2º Flamengo Rio Janeiro (Brasil),
3º San Lorenzo (Argentina)
4º Austin Spurs ( NBA G League/ liga de desenvolvimento).

Sendo esta competição uma prova oficial da FIBA, com um novo nome (FIBA Intercontinental Cup), direccionada aos clubes campeões dos 5 continentes, já era tempo da instituição máxima do basquetebol (FIBA) demonstrar alguma capacidade de organização para não se andar a brincar aos torneios intercontinentais, entre apenas dois continentes (Europa e América), com permanentes alterações do sistema competitivo e, anos a fio, de interrupção deste quadro competitivo."

Benfiquismo (MCXIX)

As 'Finais' de 2016, terminaram no Tri !!!

Vermelhão: Auto-sabotagem !!!

Benfica 2 - 2 Belenenses


Surreal, dificilmente alguém poderá encontrar na história do Benfica, um momento idêntico ao que passou esta noite na Luz: a vencer, por 2-0, um jogo muito complicado, em 3 minutos, com dois erros individuais infantis, oferecemos o 2-2...!!! Para quem gosta das 'teorias' conspirativas da sorte e do azar, no último jogo que o Jonas tinha sido titular na Liga, 'marcámos' dois auto-golos!!! Hoje foi parecido...! Aliás, creio que se tivessem sido auto-golos, teria sido menos frustrante...!!!
Estava com muito receio deste jogo, o Belenenses tem sido uma das melhores equipas da Liga (ao 'lado' do Moreirense), tem princípios de jogo, e normalmente aproveita muito bem o contra-ataque. Com o Benfica super-carregado de jogos, com pouco tempo de preparação para este jogo, com algumas ausências importantes - o Gabriel tem sido quase sempre o melhor em campo nas últimas jornadas... -, tudo se estava a compor para uma noite complicada...
Pessoalmente, até fiquei surpreendido com a nossa qualidade de jogo! A escolha do Florentino para o lugar do Gabriel 'deu-nos' o meio-campo! Perdemos criatividade e velocidade no passe, mas nunca permitimos ao Belém sair rápido, algo que eles fazem bem... Inicialmente, não foi uma exibição avassaladora, faltou alguma velocidade, mas dentro do contexto da sucessão de jogos e viagens, era expectável que assim fosse... E só não marcámos mais cedo, porque tivemos mal no remate... porque construímos várias oportunidades.
No início do 2.º tempo, colocámos um pouco mais de intensidade, e os golos apareceram, quase 'naturalmente'!!! Jogo parecia decidido... mas depois, veio o descalabro!!!
Reagimos relativamente bem... mas as poucas opções no banco, atrasaram as mudanças... e quando chegámos aos últimos minutos faltou discernimento!!!

Isto até pode ser contra-intuitivo... defender esta posição hoje, mas dentro de todas as contrariedades, com destaque para o desgaste, hoje não 'perdemos' o jogo, porque a equipa está a jogar 'bem': organizada, solidária... e mesmo num dia onde 'quase' tudo corre mal (e com muita juventude que 'facilmente' podia ter perdido a cabeça!), consegue criar oportunidades suficientes para golear o adversário!!!
Absurdas as declarações do aziado Lagarto do Belém... Tiveram posse de bola, na zona dos Centrais... Nada fizeram para marcar um golo sequer!!! A 'festa' dos pastéis, só é compreensível no cenário da Mala!!!
Os destaques, infelizmente, têm que ser negativos: o Ody não pode confiar no golpe de vista naquela situação... e o Rúben não pode errar daquela forma...
Pela positiva, individualmente não houve grandes destaque, a equipa esteve 'equilibrada', mas o Ferro, o Félix e o Tino voltaram a demonstrar muita qualidade...
O Jonas voltou bem, as combinações com o Pizzi não 'saíram' pois o Belém povoou a zona central... fomos 'empurrados' para os cruzamentos, e sem o Gabriel para fazer os passes verticais... houve 'menos' bola no meio... Mas mesmo assim, o Jonas esteve melhor do que eu estava à espera!
Enquanto ontem, os Corruptos, em ressaca da Amarelinha, tiveram o Soares Dias e o Vasco Santos, como rede de segurança, nós levámos com um Capela intratável: eu até posso dar o desconto no penalty do Zakaria, mas o do Licá é penalty claríssimo... Mas onde se viu premeditação, foi nos Cartões: o retardamento da expulsão do Eduardo foi a prova da intenção: corrupto... A expulsão no último lance, foi só para 'matar' mais alguns minutos!!! Tanto foi assim, que no livre que se seguiu... o medo do Benfica marcar o 3-2 foi tão grande, que com a bola ainda no ar, marcou logo falta ofensiva!!!
O Malheiro no VAR, além do penalty, ainda tinha a obrigação de intervir no lance do 2.º golo do Belenenses: tudo começa, curiosamente no penalty do Licá; que depois dá lançamento lateral; e esse lançamento foi mal efectuado, como foram todos os lançamentos efectuados pelo defesa direito do Belenenses... o facto do Rúben ter tocado na bola, é irrelevante, porque é um corte mal efectuado, a jogada inicia-se no lançamento...
A prioridade já era o Campeonato antes de jogo, mas com este resultado, o jogo de Quinta, ainda é mais 'secundário'!!! Dói dizer isto, eu sei que a Europa dá prestígio e dinheiro, mas neste momento o jogo de Domingo em Moreira de Cónegos é uma autêntica final da Champions!!!
Se ninguém recuperar das lesões, para Quinta, jogava: Odysseas; Corchia, Dias, Ferro, Yuri; Tino (Samaris), Gabriel, Zivko, Cervi; Jota, Jonas!

A margem de erro foi-se!!! Como o 'sistema' está montado, se o Benfica ficar 'atrás' dos Corruptos, nada irá fazer os Corruptos perder pontos, nada!!! Nem que os apitadeiros peguem na bola à mão, e metam-na dentro da baliza!!! A única 'arma' que nós temos neste momento, é o facto de dependermos exclusivamente dos nossos jogos...