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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O grande feito do Sporting

"Há razões para sportinguistas exultarem e benfiquistas estarem tristes. Para se compreender a dimensão do feito alcançado pelo Sporting, ao eliminar o Benfica da Taça de Portugal com arbitragem de Jorge Sousa, é preciso situar no tempo e na história os dois emblemas. Foi uma equipa que leva três do Skenderbeu que eliminou uma equipa que se apura para os oitavos da Champions antes da última jornada. Têm razão os sportinguistas para regozijo e devem corar de vergonha os benfiquistas por perderem com o Sporting de Esgaio, Tobias Figueiredo e João Pereira.
Mesmo que a época do Sporting tenha acabado, e espero sinceramente que não, ficará na memória dos leões aquela vez em que eliminaram o Benfica da Taça. Também é assim quando se vai a Gondomar e nos falam de feito idêntico. Desta vez, só é mais banal, porque nos últimos anos foi quase sempre Jorge Sousa a assinar o mesmo feito. Mas o Benfica não tem desculpas e resta-me dar os parabéns ao Sporting. Como nestas linhas já tinha previsto, foi sem surpresa que o Benfica se apurou na Champions e segue junto dos melhores. Sempre podemos dizer que nunca alguém foi tão longe na Champions (6000 km). Gostei muito de ver Jiménez de volta aos golos e Pizzi no meio-campo. No Benfica uma boa prova europeia não pode, nem chega, para desviar o clube do objectivo de vencer títulos. O Campeonato e a Taça da Liga são por isso o nosso futuro essencial. Queremos vencer estas provas e só assim teremos uma boa época, porque no Benfica há o culto da exigência.
O voleibol lidera, o basquetebol lidera, o hóquei lidera, o futsal lidera e a pergunta dos sócios é sobre o andebol. Exigência e insatisfação para ser sempre melhores. Em Braga, vai ser mais difícil que em Alvalade e em Astana. Por muitas razões, e a primeira é o valor do SC Braga. A nomeação de Hugo Miguel é uma provocação. Preferia Octávio Machado a apitar o jogo, é mais isento."

Sílvio Cervan, in A Bola

Complicómetro !!!

Vestmannaeyjar 26 - 28 Benfica
(14-13)

Momentos inacreditáveis, com erros infantis, principalmente na 1.ª parte, com jogadores isolados aos 6 metros a tentarem assistências, passes artísticos completamente disparatados... a defenderem com os olhos, enfim, um rol de disparates!!! E só não saímos a perder por 10 ao intervalo, porque o Mitrevski entrou em modo Muro!!! Tudo isto, contra uma equipa, com um plantel de sub-19 na sua maioria!!!
Com o passar do tempo, fomos melhorando (devagar), percebemos como até não era complicado marcar, já que os Islandeses não usaram muito o físico na defesa, mas continuávamos a não conseguir defender com eficácia... Muito sinceramente, não compreendi, a opção por não defender individualmente o Sverrisson: o ataque do IBV era ele, e o Pivot!!!
Mau jogo do Pais e também do Belone. Bom jogo do Uelington, do Tiago (precisou de aquecer), do Davide, do Rony e até do Vrgoc (foi pena o golo bem anulado nos últimos segundos!!!)... e talvez o melhor jogo do Mitrevski! O Lima e o Borrágan foram importantes na defesa nos últimos minutos...

Será difícil fazer pior amanhã, além disso o conhecimento que obtemos hoje, será seguramente importante para o jogo de amanhã: não cometer turnovers parvos; marcar o 9; fechar no Pivot; e atacar simples, com penetrações e muito cuidado com os passes laterais, porque eles fecham muito no meio, e deixam os Pontas sozinhos...!!!

Nota final: eu sei que esta é a competição mais pobre da EHF, mas não haverá árbitros um bocadinho melhores?!!!

Se só se tratasse do desempenho...

"Rui Vitória disse, no final da partida disputada em Alvalade, e com razão, reconheça-se, que "basta! Têm de respeitar o Benfica". No entanto, este desabafo peca por tardio, uma vez que poderia ter sido feito no Algarve, após a supertaça, em Aveiro, no rescaldo da partida frente ao Arouca, ou na Luz, depois do Moreirense e Sporting. Se a estas arbitragens desfavoráveis ao Benfica, acrescentarmos os benefícios ao Sporting (nos três dérbis e, pelo menos, Tondela, Nacional, Estoril e Arouca), torna-se evidente que a estratégia de guerrilha montada ao Benfica, bem como as jogadas nos bastidores do futebol empreendidas no último defeso, estão a resultar.
É certo que a nossa equipa está aquém das expectativas e urge perceber e corrigir as razões do seu desempenho. Sou coerente e reafirmo que concordo com o rumo traçado, o qual acredito que nos trará benefícios a médio prazo. Os desaires no imediato, ao invés de motivarem uma inversão da estratégia ou soluções de recurso dispendiosas e porventura ineficazes, deverão antes ser analisados para que possamos compreender o que necessitamos de melhorar.
Mas sejamos claros, o Benfica é o alvo a abater. Pelos vistos, as estratégias "à anos 90" mantêm-se válidas no século XXI, persistindo algo, no nosso futebol, que julgava erradicado: A arbitragem permanece frágil e permeável às pressões e à percepção de onde reside o poder. A insídia, a calúnia, a difamação e alguma comunicação social conivente continuam a ter a capacidade de marcar e evitar golos, além de conferir impunidade a futebolistas talhados para as artes marciais. As razões da má época até ao momento não se esgotam nas nossas carências..."

João Tomaz, in O Benfica

Em nome da justiça

"Para o Benfica, perder é sempre mau. Perder com o Sporting, pior ainda. Perder três vezes com o Sporting, deixa-nos profundamente frustrados e magoados.
Na hora de fazer uma análise, a frustração e a mágoa não são boas conselheiras. E, a frio, há muita matéria a ter em conta antes de avançar com qualquer acusação extemporânea e injusta. Centremo-nos no jogo de sábado. O Benfica perdeu em Alvalade, após prolongamento, com o líder do Campeonato, frente a um treinador que conhece muito bem as nossas forças e fraquezas, com uma arbitragem infeliz (para ser brando), tendo os jogadores lutado até à exaustão por um resultado diferente. Pergunto eu: será uma derrota desta natureza, e nestas circunstâncias, motivo para, de um momento para outro, colocar tudo em causa? Não creio.
Há que reconhecer que o plantel "encarnado" revela hoje carências que só o mercado pode solucionar. Rui Vitória tem feito os possíveis, mas perante um adversário que tão bem as conhece, torna-se muito difícil disfarçá-las.
O meio-campo e as faixas laterais da nossa equipa têm pouco a ver com os tempos de Maxi Pereira, Fábio Coentrão, Matic ou Enzo Perez. A verdade é que, por vários motivos, ainda não foi possível dar ao novo treinador as condições de que dispôs o anterior. Acredito que isso venha a acontecer, e ainda a tempo de alcançar o principal objectivo da temporada: o Tricampeonato. Em Janeiro teremos Nélson Semedo e Salvio. E talvez mais alguém.
Para já, há que apoiar incondicionalmente estes jogadores, e este técnico, que estão a trabalhar seriamente para que os resultados apareçam.
O balanço far-se-á no fim."

Luís Fialho, in O Benfica

Tomba-gigantes


"A quarta eliminatória da Taça de Portugal teve uma surpresa. O Bicampeão Nacional de Futebol foi eliminado, após prolongamento, por uma equipa inferior. Inferior em quase tudo, menos no apoio que tem recebido esta época por parte das equipas de arbitragens. Até podem dizer que isto é mau perder, mas não. O SL Benfica é superior em tudo ao Sporting CP e não são as três derrotas em três jogos com a formação do Campo Grande que me fazem mudar de opinião.
Vamos a exemplos. Em termos de títulos conquistados na modalidade, não há dúvidas quanto à superioridade do Benfica. Historial europeu, número de adeptos, saúde financeira, estádio, modalidades, canal de televisão ou redes sociais, idem - não há comparação possível. Outro campo em que o Glorioso é claramente superior é o do número de críticos e antagonistas. Não há equipa em Portugal mais atacada. Os anti-Benfica fazem parte do segundo clube com mais adeptos no nosso País e não há dia que passe sem que lancem mais um boato, uma suspeição ou um ataque cobarde. Também aí somos gigantes. E até no nosso universo se multiplicam os detractores, sinal de que esta é uma democracia que funciona. Há lugar para todas as opiniões, até para a minha quando digo que há Benfiquistas obcecados com o copo vazio, que colocaram um alvo na direcção e no treinador e não descansam enquanto não os virem fora do Clube. E qual é a solução? Voltar aos anos 1990, não ter dinheiro para pagar a electricidade e a água e apoiar um qualquer candidato que só fala aos jornais na ressaca das derrotas? Ganhem juízo.
Aconteceu Taça no passado fim de semana. E agora há que seguir em frente."


Ricardo Santos, in O Benfica

Setenta e três anos

"Mal se tinha se fixado e desenvolvia ainda no século XVI, a primeira tecnologia da imprensa, a sociedade dos homens já generalizava esse novo conceito de escrever e publicar para outros lerem, tomarem conhecimento e conservarem as notícias, os dados e as opiniões. Como se dessa maneira pudessem prender a si a efemeridade dos dias... Hoje sabemos que esse esforço primacial de expansão e partilha do conhecimento e do pensamento individual, constituiu a génese e a matriz de tudo o resto com que, centenas de anos mais tarde, até os tempos viriam a captar os próprios homens.
Os jornais nunca mais deixariam de corresponder a esse generoso impulso da partilha da informação que cinco séculos depois assumiria tantas e tão surpreendentes declinações que hoje estão diante de nós, em cada um dos nossos mais comuns momentos de vida. Assim foi também com o nosso jornal O BENFICA que há setenta e três anos, começou por representar a primeira sede para a compilação dos factos, do registo das personagens e da síntese das circunstâncias que à medida dos tempos, foram acrescentando os marcos da história centenária do SPORT LISBOA E BENFICA.
A esse formato original criado pela mão de nobres Benfiquistas dirigidos por José Magalhães Godinho - um notável consócio e cidadão, a cuja memória e glorioso exemplo me orgulho de prestar esta simples homenagem - puderam outros muito ilustres companheiros dar constante sequência, ao longo das décadas, por forma a que nestas páginas sempre se honrassem os critérios da verdade e do rigor.
O jornalismo que dedicadamente cumprimos ao longo dos setenta e três anos da história d'O BENFICA produziu frutos porventura inimagináveis no início. Hoje, felizmente não estamos sós nesta notável galáxia de Comunicação vermelha em que, com os nossos irmãos mais novos - o site e as plataformas interactivas e a BTV - todos contribuímos nos nossos diversos campos de acção e com as mais adequadas ferramentas e linguagens próprias, para levar sempre e cada vez mais longe uma ideia eterna e única, tão agregadora e universal como nenhuma outra pode ser:
E PLURIBUS UNUM."

José Nuno Martins, in O Benfica

José de Sousa Esteves (1919-2015)

"Um dos Benfiquistas mais notáveis faleceu aos 96 anos, com 83 de associado, desde 1933. O professor liceal de educação física que se tornou uma referência pedagógica para gerações de alunos influenciando positivamente as suas vidas, teve grande destaque no Benfica entre meados dos anos 50 e a década de 70. Foi uma actividade consistente e inovadora, com muito valor e importância, mas acerca dela escreveremos numa das próximas edições deste semanário.
Falecido em 17 de Novembro, teve uma vida profissional profícua sempre em prol da educação física aplicada aos jovens de uma forma equilibrada e atractiva de modo a interessá-los e formar a sua personalidade. Este entendimento integral da educação, responsabilizando o Poder pela sua existência, nos anos 60, levou-o desde muito cedo a ter consciência cívica e ser um cidadão incómodo. Enquanto desenvolvia no Clube as suas ideias aproveitando a liberdade e grandeza do Benfica, estruturava o seu pensamento, publicando um livro inovador na sociologia desportiva, "O Desporto e as Estruturas Sociais" (editora Prelo; 1.ª edição em 1967) e participando no 3.º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em Abril de 1973, com a tese: "Sobre a promoção desportiva nacional". Um congresso que foi reprimido com uma carga policial brutal. Cidadão de causas nunca procurou protagonismo, preferindo exercer a sua cidadania activa no dia-a-dia, passando despercebido. Mas este seu modo de ser não pode impedir que fique registada a sua importância e o seu exemplo como ser humano de excelência, em profissionalismo e urbanidade.
Obrigado, Zé Esteves!"

Alberto Miguéns, in O Benfica