Últimas indefectivações
sexta-feira, 29 de setembro de 2023
50
E vão 50 jogos de águia ao peito para Aursnes e Bah. Vê a entrevista ▶ https://t.co/dZHKp8iY1P pic.twitter.com/n43Btw74N9
— SL Benfica (@SLBenfica) September 27, 2023
Critério: porrada no Rafa!!!
"É a Liga Batatoon, meus senhores. Onde duas faltas grosseiras para cartão amarelo nem assinaladas são sequer. Como é que explicam isto? Mas alguém quer consumir este produto completamente adulterado? Bem fizeram a França, o Brasil e os EUA. Transmitir esta farsa para quê e para quem? Estão a matar o futebol em Portugal e ninguém parece interessado em saber. Desde que se garanta a sobrevivência do Porto, está tudo bem. Essa é a grande prioridade, custe o que custar. Esquecem-se é que a médio prazo, se continuarem com esta farsa, está tudo falido e sem mama. Continuamos sem perceber o silêncio do Benfica como maior e mais importante instituição desportiva do País perante tudo o que se está a passar."
O júri ainda não se decidiu sobre este Benfica
"«Senhoras e senhores, levantem-se por favor para o Meritíssimo Juiz.»
Imediatamente a sala toda se levanta, num respeito protocolar à entrada do juiz que preside ao julgamento do Benfica 2023/24. Um caso que se renova todos os anos, mas que atrai sempre a atenção de todo o país.
«Podem-se sentar», informa de forma pausada o magistrado, já com muitos anos disto. «Bom, depois de mais uma sessão ontem em Portimão, estão o acusado e demais partes de volta à comarca de Lisboa. Ao longo deste julgamento já foram apresentadas várias provas e evidências, pelo que hoje será dada a palavra aos senhores advogados de defesa e acusação. Peço aos prezados elementos do júri que oiçam com atenção e mantenham um espírito crítico porque a justiça em Portugal é muito famosa por ser rápida e temos um veredito a tomar. Tem a palavra o senhor advogado da acusação. Faça favor, doutor...»
«Muito obrigado Vossa Excelência. Prometo ser breve, na medida do possível, até porque parece-me que o caso deste ano é muito simples. E acredito que os prezados cidadãos que prestam o dever cívico de serem júri neste caso concordarão comigo. Vamos ao cerne da questão: O Benfica deste ano está mais fraco que o ano passado. E os sinais são preocupantes. Senão vejamos: é uma equipa que perdeu Grimaldo, Enzo e Gonçalo Ramos, três jogadores fundamentais do ano passado. O senhor treinador Roger Schmidt só anda a causar problemas no balneário com o que diz e com o que roda ou não roda os jogadores. As mulheres de Morato e David Neres reclamam, Vlachodimos deu um basta.
E agora tem o Benfica na baliza um guarda-redes que pode ter muito potencial, mas está claramente nervoso e pensem, caros jurados, que se aproxima só o FC Porto (e a seguir o Inter). Aursnes anda a rodar pelas laterais, em vez de estar no meio-campo. António Silva e Bah parece que pioraram e Kokcü não faz esquecer o mago argentino dos 120 milhões. O senhor treinador não se decide entre João Neves e Florentino. Também não parece saber lidar com a estrela intocável Di Maria, que já disse que não gosta de ser substituído (mesmo havendo um Neres no banco). E os reforços? Jurasek deu más sensações, Bernat não se estreia e Arthur Cabral parece completamente desfasado da realidade (e talvez com uns quilinhos a mais? Não quero especular numa sala de tribunal).
Este Benfica perdeu na 1ª jornada do campeonato, perdeu na 1ª jornada da Liga dos Campeões, leva sete golos sofridos em seis jornadas e ainda não teve um só jogo convincente fora de casa. Senhor Doutor Juiz, caras testemunhas, o veredito só pode ser um: 'este Benfica 23/24 não presta e não vai ser campeão. Ponham as emoções de lado, encarem a realidade que vos entra nos olhos e a decisão só pode ser uma: Buuhhhh! Abaixo este Benfica!»
«Silêncio! Ordem na sala!», grita o juiz, após a comoção geral, batendo repetidamente no martelo. «Tem agora a palavra o senhor advogado de defesa.»
«Muito obrigado, Vossa Excelência. Caros elementos do júri... já não é a primeira vez que defendo o arguido Benfica e pelo que reconheço das vossas caras também não é a primeira vez que se encontram nesse banco. E digam-me lá se não tiveram uma sensação de déjà vu ao ouvir o meu colega ainda agora mesmo? Não teremos todos nós já aprendido a lição? Continuaremos a ouvir estes velhos do Restelo que desconfiam de tudo e de todos? Que veem sinais negativos e do apocalipse em todo o lado? Ajudam o Benfica ao assobiar Trubin? Ao clamar por "Neres, Neres" aos ouvidos de Roger Schmidt? Ao resmungar e não cantar pelo Benfica no estádio? Peço-vos um favor...respirem fundo.
Este Benfica já venceu o FC Porto este ano, com uma exibição convincente na 2ª parte, ganhou cinco dos seis jogos do campeonato, esmagou o Vitória de Guimarães por 4-0 e só perdeu dois jogos porque ficou reduzido a dez elementos. Foram daquelas situações que acontecem uma em cada mil vezes! Trubin vai ser muito melhor que Vlachodimos, Aursnes joga bem em todo o lado, Kokcü vai continuar a crescer a cada jogo que passa e João Neves é uma delícia. Criticar Di Maria? Uma vedeta que regressou a "mi casa" e que já leva 5 golos esta época! Arthur Cabral precisa de tempo, mas entretanto há Musa! Prezados elementos do júri, Roger Schmidt deixou-vos ficar mal o ano passado? Rui Costa deixou-vos ficar mal o ano passado? Estes jogadores deixaram-vos ficar mal o ano passado? Calma! Confiança! Este Benfica tem muita qualidade e é o melhor grupo de jogadores em Portugal. E por isso, o veredito só pode ser um: "Sííííííííííí! Viva este Benfica!»
(Nova confusão na sala de audiências)
«Ordem na sala! Repito, ordem na sala! O público tem que se comportar na minha sala de audiência ou haverá julgamento à porta fechada! Bom, encerro as alegações dos senhores advogados e peço ao júri que se retire para refletir sobre a decisão a tomar. Se se mantiverem num impasse, encontramo-nos daqui a uns dias. Provavelmente após o jogo com o FC Porto.»
(As câmaras de TV viram-se para os repórteres)
«E como acabaram de acompanhar, caros telespectadores, bateu o juiz o martelo de madeira com imensa força, dando por encerrada mais uma sessão. A procissão segue no adro e temos informações que o júri ainda não tomou uma decisão. Continuaremos a acompanhar este julgamento com a máxima atenção, com atualizações de hora a hora. É tudo por aqui de momento, devolvemos a emissão à régie...»"
O padrão
"No final da importante vitória do Benfica em Portimão, pré-clássico e pós derrota na Champions, o técnico dos encarnados referiu-se à forma como o jogo decorreu, reconhecendo que, nesta época, o Benfica entra normalmente a dominar, chega rapidamente à vantagem, mas desperdiça oportunidades para, de seguida, sofrer um golo e complicar o que parecia fácil e estar resolvido. Tem sido uma espécie de padrão. Concluiu Schmidt que a equipa esteve bem, mas que tem de ser: “mais inteligente”.
Com efeito, já tido sido assim em Barcelos e em Vizela, tendo o Benfica em qualquer um destes jogos deixado encurtar uma vantagem de dois golos.
Em Portimão, mais uma vez, depois de várias ocasiões para matar o jogo, a equipa foi perdendo intensidade e complicando as coisas. Neste caso, não fosse Trubin ter defendido a grande penalidade (bem assinalada) podiam ter-se complicado mesmo. Uma defesa muito importante, sobretudo depois da entrada menos feliz do jovem guarda redes no jogo da Champions.
O padrão desta época tem sido este: melhores exibições, do que resultados.
Já o principal adversário do Benfica tem o padrão exatamente oposto. Não joga quase nada durante 90 minutos, chega ao final do jogo empatado ou mesmo a perder e resolve os jogos ao minuto 95, ou ao 112,… num momento de inspiração ou num golpe de sorte que os árbitros esperam, demoradamente, que aconteça. Melhores resultados, do que exibições.
Para já, isto diz-nos pouco em relação ao título e não se aplica ao Clássico. É outro jogo, com outros padrões. Mas, depois da Supertaça, será também um interessante tira-teimas."
Kokçu, o grande líder
"Em quase 40 anos que levo a acompanhar Feyenoord e Ajax no campeonato e nos jogos internacionais como jornalista desportivo, vi muitos capitães. Mas nunca vi um capitão de 20 anos com tanta coragem e bravura em campo como Orkun Kokçu.
Este talentoso médio não tem sido o melhor orador, mas tem sido um dos mais dinâmicos e determinados jogadores no relvado, além de muitas vezes decisivos para a equipa dele.
Foi também por essa razão que o novo treinador do Feyenoord, o superofensivo Arne Slot, imediatamente decidiu entregar a braçadeira de capitão a um jogador com apenas 20 anos. Slot, porém, causou surpresa, porque media, adeptos e rivais do clube de Roterdão não viam, então, um grande líder em Kokçu.
Eu, no entanto, compreendi a decisão. Talvez porque tinha uma vantagem e já seguia Orkun Kokçu desde os 13 anos, na academia do Feyenoord. Lá, um dos scouts, disse-me bem cedo, num sábado de manhã, enquanto víamos jogos das camadas jovens, que o Feyenoord tinha conseguido contratar um talento especial. Um médio que joga qualquer bola, qualquer bola no jogo, do primeiro ao último minuto, para a frente, pensa e executa para a frente. Por outras palavras, um jogador que tem na cabeça o mais fundamental dos pensamentos ofensivos. Nunca Orkun Kokçu quis jogar a bola para trás ou pensar defensivamente. Jogador tão incrivelmente ofensivo jamais tinha sido visto na academia em muitos anos.
Como jornalista, ficamos curiosos e começamos a prestar mais atenção a um talento. E também assisti ao momento em que ele se mostrou preparado para a estreia na equipa principal do Feyenoord. Kokçu tinha 17 anos e ainda era jogador da academia quando foi chamado para um jogo do campeonato, num dia frio de dezembro, fora com o FC Emmen, em relva artificial. Não eram, seguramente, condições mais apropriadas, mas logo marcou com 17 anos e o capitão do Feyenoord nessa altura, Jordy Clasie (mais tarde do Southampton e agora do AZ), disse imediatamente. «É um grande talento e espero que fique já com a equipa. Pode tornar-se um jogador fantástico.»
Kokçu desenvolveu-se rapidamente e continuou a pensar ofensivamente, no estilo do futebol total neerlandês de Johan Cruyff e do ícone do Feyenoord Wim Jansen, que jogou na Laranja Mecânica de Johan Cruyff no Mundial de 1974 e que foi treinador na academia do Feyenoord quando Kokçu lá treinou e jogou. Ele tornou-se uma joia para o clube e, juntamente com o treinador Arne Slot, promoveu a transformação do Feyenoord, que, num instante, ascendeu ao topo do futebol. Sob a liderança de Kokçu.
O Feyenoord disparou como um cometa com Kokçu como o maestro até à final da Liga Conferência contra a Roma de José Mourinho. Um ano mais tarde, Kokçu tornou o Feyenoord campeão e foi votado o futebolista do ano da Eredivisie. Grandes prémios, grandes momentos na sua progressão.
E vou mencionar, ainda, o momento especial por que ele foi o homem com mais caráter e mentalidade nos Países Baixos nos últimos anos. Kokçu participou em 50 jogos na época passada, incluindo clube e seleção. A sua melhor exibição aconteceu a 13 de abril de 2023, contra, outra vez, a Roma de José Mourinho. Perante 50 mil espectadores em Roterdão, Kokçu jogou ao mais alto nível. Pensou dois passos à frente de qualquer adversário e de qualquer dos companheiros. Foi o grande maestro de uma orquestra que dificilmente o poderia manter. Os seus passes foram magníficos, a sua capacidade de correr gigantestca e a sua visão fenomenal.
Outros grandes futebolistas exibem-se assim, às vezes, a nível europeu. Mas Kokçu fez aquele jogo a meio do Ramadão. Estava a fazer jejum. Não tinha comido ou bebido durante todo o dia. Todos sabemos que é nessas alturas que uma pessoa perde a clareza. Poucos líquidos e pouca comida torna-nos fracos. Mas Kokçu manteve-se o grande líder, dando o tom e fixando o volume da sua orquestra. E o Feyenoord ganhou nessa noite.
Espero que continue a crescer de forma consistente num jogador mais importante e decisivo no Benfica, desde que a equipa tenha um estilo de jogo ofensivo."
O clássico mistério do século
"A atitude pode ser uma importante estratégia de sucesso e poucos a usam como o FC Porto
Em vésperas de clássico na Luz, todos os analistas de futebol se debruçam sobre o mistério do século: o que faz o Benfica diminuir-se e, às vezes, até, eclipsar-se, tornando-se uma equipa vulgar, quando joga na sua casa contra o FC Porto?
A maioria chega à conclusão que é um género de bloqueio psicológico coletivo. Nasce fora dos balneários, na insegurança do adepto comum e contamina tudo o resto, de dirigentes a jogadores, de treinadores a técnicos de equipamentos. Fica registado para a posterioridade a curiosa expressão de «medo cénico». Na verdade, qualquer equipa que entre em campo condicionada pelo medo de perder, o mais certo é que perca. É um fenómeno muito comum nas equipas pequenas quando jogam com equipa grandes e contra jogadores de renome. Antigamente, havia também uma expressão significativa que falava do peso das camisolas. No jogo, no adversário e nos árbitros.
É importante pensar que a questão da atitude também pode funcionar como uma estratégia de sucesso. Uma equipa que chega a território adversário e consegue impor-se desde o primeiro minuto, assustando o opositor e causando-lhe dúvida e apreensão, é uma equipa, desde logo, em vantagem. O FC Porto sabe disso e, por isso, não se limita a preparar o jogo com uma semana de antecedência. O FC Porto prepara o jogo da Luz desde sempre, porque, dizem alguns, faz parte do seu ADN e dizem outros faz parte da sua natureza. Quando vem à Luz, o FC Porto, enquanto entidade identitária de uma região e de uma representação antisistema centralizado é um exército treinado no limite da fé, da autoconfiança e do sofrimento.
Ora, o Benfica não pode, nem deve usar as mesmas armas psicológicas. Seria ridículo o Benfica defender o sul contra o norte e ter perante este ou qualquer jogo uma atitude própria de um guerreiro japonês da segunda guerra mundial, para quem a derrota era uma desonra de morte. O Benfica tem outra cultura. Não é melhor, nem pior, é uma cultura nacional (até já foi internacional) e, por isso, uma cultura diferente. É uma cultura que deve obrigar a sentir, em vez de um intimidante medo cénico, uma incentivante superioridade cénica. E isso é algo que não se consegue trabalhar numa semana ou numa época e que se vai consolidando com vitórias."
Uma validação da proposta de análise qualitativa e o todo… sempre diferente da soma das partes. O exemplo do Benfica com Di María, Neres e… Rafa.
"“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do género humano. E por isso não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por vós”.
(John Donne)
No passado mês de Agosto decidimos finalmente publicar uma proposta de análise qualitativa ao jogo de Futebol, que já vínhamos a desenvolver há alguns anos. Como descrito nesse momento, a mesma pode ser efectuada ao todo (equipa) ou a uma das “partes” (jogadores). Sendo qualitativa, também contemplará a relação infra-equipa e a interação com os adversários, e sendo assim, o termo “partes” acaba por se revelar desadequado. Mas não vamos por aí. No entanto, só procurando compreender essas relações e interações conseguiremos nos aproximar de uma ideia mais real de algo tão complexo como o comportamento táctico em jogo. E relembramos… não o táctico como mais um “factor” do jogo. O verdadeiro táctico enquanto supra-dimensão e que se manifesta pelos comportamentos em jogo da equipa e dos seus jogadores, emergindo da interacção da dimensão técnica, da física-energética, da psicológica-mental e das complementares.
Como exemplo abordámos os jogos que Ángel di María realizou nos jogos de preparação do Benfica. Pelos momentos do jogo chegámos a taxas de eficácia de:
- Organização Ofensiva: 61%
- Transição Defensiva: 58%
- Organização Defensiva: 75%
- Transição Ofensiva: 78%
Ampliando a escala da análise aos sub-momentos do jogo, o argentino registou as seguintes taxas de eficácia:
- Construção: 73%
- Criação: 44%
- Finalização: 23%
- Reacção à perda: 75%
- Recuperação defensiva: 15%
- Defesa do contra-ataque: Não foram registadas acções neste sub-momento
- Impedir a construção: 75%
- Impedir a criação: Não foram registadas acções neste sub-momento
- Impedir a finalização: Não foram registadas acções neste sub-momento
- Reacção ao ganho: 82%
- Contra-ataque: 80%
- Valorização da posse de bola: Não foram registadas acções neste sub-momento
No intencionalmente breve comentário à análise, procurando abstermo-nos de explicar estes números, escrevemos que “as principais qualidades do Argentino estão intactas. Quer ao nível dos recursos que evidencia, quer em Transição e Organização Ofensiva, mostrando-se ainda particularmente preparado para a Ideia de Jogo de Roger Schmidt e nomeadamente ao papel ofensivo que terá, que poderá potenciar as suas qualidades pelos corredores laterais e central”. Parece-nos factual que a análise vai ao encontro do que Di María tem apresentado em competição. Como também nos parece factual que as debilidades que mostra e que têm afectado a equipa e as decisões de Roger Schmidt na escolha do onze também estejam relacionadas com a grande debilidade que apresentou: o momento de Transição Defensiva, em particular, o sub-momento de Recuperação Defensiva. Tal sub-momento apresentou uma taxa de 15% de eficácia nos jogos de treino analisados…
Se um jogador apresentar esta debilidade numa equipa, tal já se torna um problema nos momentos de Transição e Organização Defensiva, contudo, não decisivo e escamoteável na organização geral da equipa. Se em vez que um forem dois ou mesmo três jogadores com debilidades idênticas, já terão efeitos nefastos na mesma perante adversários que as explorem. David Neres, à imagem de Di María, independentemente da sua fenomenal qualidade ofensiva, apresenta os mesmos problemas em Recuperação Defensiva que o argentino. Tal também foi referido noutro artigo sobre as escolhas de Schmidt em determinado momento da época passada. Se bem que estando a jogar noutra função, podemos ainda acrescentar Rafa…
No programa Futebol Total no Canal 11 da passada Terça-Feira, numa brilhante análise, o Pedro não só chegou às mesmas conclusões como explicou tacticamente os porquês destas consequências negativas na equipa. Se uma equipa defender sistematicamente em GR+7 já se torna muito perigoso, que é o que sucede regularmente no Benfica quando João Mário ou Aursnes actuam como “Médios-Laterais”, defendendo em GR+6 torna-se negativamente decisivo contra adversários que atraiam os médios a um dos corredores (nomeadamente aos laterais) para depois explorarem os desequilíbrios criados nos outros corredores.
Se naquele momento, não nos precipitámos em conclusões e deixámos espaço para que Di María actuasse de forma diferente em competições oficiais, a realidade é que isso não aconteceu. Vamos ser sinceros… como seria expectável. Criou-se a ideia no trabalho com as equipas que “o jogo é o espelho do treino”. Se nos parece lógico o conceito, podemos acrescentar que também a competição poderá ser o espelho dos jogos de treino. Os hábitos, o entrosamento e o jogo de qualidade também se criam aí, pois caso contrário não faria sentido serem realizados. Uma vez mais… estamos perante um fenómeno complexo de extrema sensibilidade às condições iniciais. Os jogos de treino, como os treinos no período preparatório, são condições iniciais absolutamente decisivas para o que a equipa e os jogadores irão realizar semanas mais tarde em competição.
Será que mostrar estas análises, em vídeo e depois as taxas de eficácia iria ajudar jogadores como Di María e Neres a crescerem nas suas debilidades? Não temos resposta para isto pois, como o professor Silveira Ramos transmitia nas suas aulas, “cada ser humano é um universo de estudo”. Desta forma, não existindo receitas, pode ser sempre uma ferramenta e um recurso, tal como escrevemos atrás.
“(…) este modelo também pode ser aplicado a cada jogador à luz da sua actuação individual, tendo por base exactamente as mesmas acções e lógica estrutural de análise. Isto permitirá que a equipa técnica potencie o desenvolvimento individual, ou noutro contexto, que o jogador se consciencialize dos seus erros, lacunas e qualidades, e partir daí, preferencialmente no contexto do clube, mas caso o nível de rendimento em que actua não lhe permita essa possibilidade, que recorra a auxilio de técnicos especializados tendo por objectivo o seu crescimento individual.”
Ainda sobre o todo complexo que é o jogo, a informação resultante da análise qualitativa e a análise do Pedro Bouças mostram também, uma vez mais, que o todo não é a soma das partes. O todo é sempre diferente da soma das partes. Para melhor ou para pior. Por muita qualidade individual que Di María e Neres tenham na grande maioria dos sub-momentos do jogo, as suas enormes debilidades actuais em apenas num deles provoca um “efeito borboleta” com grande potencialidade corrosiva no todo. Como foi referido, a equipa até ficará mais fraca nos momentos ofensivos porque, potencialmente, terá menos tempo a bola pois ao defender com menos jogadores, irá recuperá-la menos vezes. A excepção poderá ser uma fenomenal eficiência e eficácia nos sub-momentos de Transição Ofensiva. Deste modo, quando os dois, mais Rafa, coabitam no mesmo onze, esse todo será mesmo… potencialmente inferior à soma das partes…
“É da problemática da complexidade
a natureza do que é nela interacção,
esfacelar tal realidade
é o que promove a mono explicação.”
(Vítor Frade, 2014)"
Chove e não molha
"O que começou como mera busca por proteção tornou-se algo estupidamente recorrente. Tão natural como a luz do dia. Hoje, toda e qualquer crítica quase sempre surge de mãos dadas com um elogio. Um morde e assopra muitas vezes inútil e desnecessário.
O receio (ou medo?) constante de ser perseguido ou até coagido, especialmente com a anarquia desenfreada das redes sociais, nos obrigou, mesmo no jornalismo esportivo, a assumir um papel de equilibrista, quando, na verdade, a nossa função é ser analista.
É raro estarmos completamente desprendidos no momento de uma simples e construtiva opinião. No futebol português, a preocupação é ainda maior, visto a rivalidade ser reduzida entre três grandes clubes. Na véspera de um clássico, então, a inquietação é ensurdecedora.
Antes de condenarmos uma atitude disciplinar de Sérgio Conceição, destacamos prontamente, por exemplo, sua autenticidade e personalidade forte. Uma clara simulação de Taremi é dividida com suspiros sobre seu caráter e qualidade técnica.
Quando discutimos uma contratação falhada do Benfica, fazemos primeiro todo um balanço positivo do mercado no geral. Se António Silva e Trubin têm um erro gritante, automaticamente reforçamos que são jovens e estão em crescimento.
Se Ruben Amorim eventualmente escorrega no discurso, vem logo à tona todo aquele histórico praticamente perfeito do plano de vista comunicacional. As várias quedas forçadas de Paulinho são ofuscadas pela sua entrega tática no ataque.
Ninguém é totalmente imparcial, tampouco unânime. É preciso, sim, ser sempre independente e honesto. Mais do que isso, ser coerente para não ter a obrigação constante de juntar crítica e elogio no mesmo comentário. A tarefa não é nada simples. É ingrata. E eu falo por mim."
O ridículo ‘keffiyeh’ de Cristiano
"Ingenuidade minha. Ao assistir ao sports washing desavergonhado do regime saudita, e ao êxodo de futebolistas europeus e sul-americanos em direção aos impuros petrodólares, assumi que o regime adotasse medidas e comportamentos mais civilizados.
Assumi, por exemplo, que as execuções em massa de prisioneiros deixassem de acontecer. Assassínios cruéis, parte deles de sabre e decapitação, uma ignomínia. Uma barbárie na Idade Média, uma barbárie no século XXI.
Em 2023, anota a Human Rights Watch no mais recente relatório, 100 cidadãos sauditas morreram às ordens do estado do príncipe Mohammed bin Salman.
Há relatos perturbadores, basta visitar o site da organização e lê-los. Um professor acabou no corredor da morte por se mostrar contrário às políticas do regente. Através de... tweets.
A vítima tinha nome: Muhammad al-Ghamdi. E tinha filhos, familiares e amigos.
Mais afortunada foi Manal al-Gafiri, uma menina (sim, menina) de 17 anos. Também por responsabilidade de «tweets hereges» e «conspiração contra o governo», Manal teve a sorte de ser poupada à lâmina da espada.
Viverá os próximos 18 anos numa prisão.
Ao mesmo tempo, provavelmente num universo paralelo, um tal de Cristiano Ronaldo traja-se à boa moda saudita, enfia o keffiyeh na cabeça, empunha uma orgulhosa espada e sorri para as câmaras.
É o Dia Nacional da Arábia Saudita, e uma das mais influentes figuras do planeta acha boa ideia celebrar o regime criminoso de bin Salman.
Como bem lembrou a jornalista Fernanda Câncio nas páginas do Diário de Notícias, em 2017 Cristiano foi um dos signatários de uma petição contra um juiz, na sequência de uma decisão polémica e injusta sobre um processo de violência doméstica.
«A violência doméstica é um problema muito grave. As vítimas merecem ser tratadas de forma digna e justa.»
Seis anos depois, o mesmo Cristiano esquece as convicções, agita espadas, celebra a vida num país que promove a morte.
É usado como bandeira de um governo anacrónico, onde ainda se condena o adultério e a homossexualidade, e olha altivo em direção à câmara.
Volto e voltarei a este tema as vezes necessárias. Respeitaria mais, infinitamente mais, se Cristiano fosse um cidadão comum, incapaz de cumprir os compromissos financeiros ao final do mês. Mas, um bilionário, um homem com dinheiro para dez vidas a desempenhar este papel?
«Custa-me ver uma figura que é ídolo para tanta gente a vender-se assim.»
É exatamente isto que afirma o Luís Rocha Rodrigues, diretor de informação do zerozero. É uma vergonha assistir à passagem de Cristiano para o lado negro da força.
PS: podia ter colocado o nome de Jorge Jesus e dos outros que alinham nesta brincadeira perigosa chamada liga saudita, mas do treinador pouco ou nada já esperava. De Cristiano, reconheço, sempre achei ter o coração no lugar certo. Uma desilusão."
Modos de vida!!!
"𝗙𝗲𝗿𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗠𝗲𝗻𝗱𝗲𝘀: «𝘋𝘰𝘱𝘪𝘯𝘨 𝘦𝘴𝘵𝘳𝘢𝘨𝘰𝘶 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘷𝘪𝘥𝘢»
«Havia jogos em que entrávamos no balneário e perguntávamos: onde está o milho? 𝗔𝗽𝗮𝗿𝗲𝗰𝗶𝗮 𝗼 𝗺𝗮𝘀𝘀𝗮𝗴𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺𝗮 𝗯𝗮𝗻𝗱𝗲𝗷𝗮 𝗿𝗲𝗰𝗵𝗲𝗮𝗱𝗮 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝗿𝗶𝗻𝗴𝗮𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗱𝗮𝗿 𝗮 𝗰𝗮𝗱𝗮 𝘂𝗺. Parecíamos galinhas de volta do prato, à espera da vez !
Era uma pequena vacina, do tamanho de uma meia unha, chamada Pervitin. 𝗘𝘀𝗽𝗲𝘁𝗮𝘃𝗮𝗺-𝗻𝗼𝘀 𝗮𝗾𝘂𝗶𝗹𝗼 𝗻𝗼 𝗯𝗿𝗮𝗰̧𝗼 𝗲 𝗱𝗮𝘃𝗮 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝗿 𝗲 𝘀𝗮𝗹𝘁𝗮𝗿 𝗾𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼 𝗷𝗼𝗴𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝗴𝘂𝗶𝗱𝗮.
O jogador é tratado como uma máquina. Éramos carne para canhão. É como se tivéssemos uma faca apontada: Ou fazes isto ou não jogas.
Quando chegava a um clube havia muitos medicamentos e nem sempre era informado do que andava a tomar. Havia clubes que nos davam cápsulas sem qualquer nomenclatura ou a marca do medicamento. Hoje o controlo é mais apertado e os clubes não arriscam tanto.
𝗛𝗮𝘃𝗶𝗮 𝘂𝗺 𝗺𝗮𝘀𝘀𝗮𝗴𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝘀𝗲 𝗴𝗮𝗯𝗮𝘃𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝘁𝗶𝗻𝗵𝗮 𝘂𝗺𝗮 𝗽𝗲𝘀𝘀𝗼𝗮 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗼𝗹𝗮𝗱𝗮 𝗻𝗼 𝗖𝗲𝗻𝘁𝗿𝗼 𝗡𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗔𝗻𝘁𝗶-𝗗𝗼𝗽𝗶𝗻𝗴 𝗲 𝘀𝗮𝗯𝗶𝗮 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲 𝗰𝗼𝗺 𝗮𝗻𝘁𝗲𝗰𝗲𝗱𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗲𝗺 𝗾𝘂𝗲 𝗷𝗼𝗴𝗼𝘀 𝗲𝗿𝗮𝗺 𝗳𝗲𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗼𝘀 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗼𝗹𝗼𝘀. 𝗗𝗮𝘃𝗮-𝗻𝗼𝘀 𝗼 𝗱𝗼𝗽𝗶𝗻𝗴, 𝗱𝗶𝘇𝗲𝗻𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗱𝗮𝘃𝗮 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗳𝗼𝗿𝗰̧𝗮 𝗻𝗼 𝗰𝗮𝗺𝗽𝗼. 𝗘 𝗲𝗿𝗮 𝘃𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲.
Nunca contei á minha mulher mas ela sabia. Uma pessoa que me conhecia há tantos anos sabia que eu não fazia mal a ninguém e naqueles dias ficava completamente alterado. Nem com a minha filha mais velha queria falar.
Estraguei a minha vida particular com o doping. Era fácil que ela percebesse, até porque o cheiro do meu corpo quando estava dopado era mau. A droga saía por todos os poros.»
𝗙𝗲𝗿𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗠𝗲𝗻𝗱𝗲𝘀, na sua biografia 𝐽𝑜𝑔𝑜 𝑆𝑢𝑗𝑜."
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