Últimas indefectivações

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O que Fejsa dá e que só ele consegue dar

"- Até que ponto a ausência de Fejsa está a afectar a qualidade geral do futebol do Benfica?
Afecta em dimensão semelhante ao que acontece quando o Real Madrid não tem Casemiro ou quando o FC Porto não tem Danilo. Há jogadores que têm características tão raras e tão específicas, que é nas ausências que se tornam mais notados.

- Faz sentido concluir que Fejsa é o jogador mais influente da equipa?
É o mais importante para atingir o equilíbrio defensivo. Só a partir dessa condição – de maior segurança e conforto – é possível elaborar, construir e procurar desequilíbrios no último terço sem temer o que possa acontecer após a perda de bola.

- Não há plano B?
Haver, há. Mas não há nenhum plano B que seja o ideal. Para a ideia preferencial de Rui Vitória – que passa por envolver o maior número possível de jogadores no processo ofensivo, com os laterais muito subidos –, um 6 como Fejsa é uma espécie de seguro de vida. Samaris e Filipe Augusto têm um perfil muito diferente. De tal maneira que o grego até pode ser central e o brasileiro até pode ser 8. Fejsa, esse, é que só pode ser aquilo que é.

- O que se perdeu desde a lesão de Jardel?
Perdeu-se o central com melhor saída de bola, o mais rápido em campo aberto e aquele que permite ter a linha defensiva mais adiantada. Nesse jogo com o Rio Ave, aliás, o Benfica sofreu o golo (Lisandro, na própria baliza) já sem Jardel em campo. Até esse dia, a época do tetracampeão era 100% vitoriosa: 4 jogos/4 vitórias. Para além dos resultados, há ainda uma questão lateral que não é insignificante: sem Jardel (e também sem Fejsa!), Luisão fica demasiado exposto e à mercê de duelos individuais, num contexto que naturalmente não o favorece.

- Lisandro López foi substituído nos últimos dois jogos. Sinal de desconfiança?
Se não é, parece. Mas se lembrarmos que foram Samaris e André Almeida a terminar a central com Portimonense e CSKA, respectivamente, essa sensação ainda sai reforçada.

- Alguns observadores vêm dizendo, nos últimos dois anos, que o maior problema do Benfica de Rui Vitória é a ausência de um processo de jogo. Será?
Não. Nenhum treinador português – a trabalhar em Portugal ou no estrangeiro – venceu tantos jogos nos últimos dois anos quanto Rui Vitória. Só Leonardo Jardim se aproxima e, mesmo assim, tem menos seis vitórias. Um registo destes é impossível de alcançar sem um processo de jogo definido, trabalhado e desenvolvido. Mesmo treinadores de outras nacionalidades que tenham mais de 81 vitórias desde o início de 2015/16… não é fácil descobrir.

- Houve falhas na construção deste plantel?
Provavelmente, sim. A renovação até estaria facilitada porque se soube demasiado cedo que Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf estavam de saída. Houve alguns erros de análise difíceis de entender. Pedro Pereira, por exemplo, estava a trabalhar com o plantel principal desde Janeiro e só perto do fecho de mercado se percebeu que ainda não estava preparado para lutar pelo lugar que Nélson Semedo deixou em aberto. O mesmo se passou com Hermes, embora aqui com menor impacto na planificação, porque o titular da época passada (Grimaldo) iria continuar.

- E Bruno Varela? Está à altura da herança de Ederson?
Não está ele e dificilmente poderia estar alguém, porque Ederson é um caso à parte – talvez já entre os 3 melhores guarda-redes do Mundo. A situação de Bruno Varela é interessante: não é ele o problema do Benfica, mas também ainda não é a solução.

- O que se deve esperar dos outros dois guarda-redes?
O ideal, para Rui Vitória, seria que se concretizassem duas impossibilidades: no caso de Júlio César, que o tempo andasse para trás; no caso de Svilar, que o tempo andasse para a frente.

- Jonas foi substituído com jogo empatado (1-1). Porquê?
Só se percebe a substituição se o brasileiro estivesse limitado do ponto de vista físico. Aliás, terá sido também essa a razão por que fez uma exibição tão desinspirada. Na época passada, nunca foi substituído com o jogo empatado. Já agora, o elevado número de lesões também é um tema que merece reflexão: não estarão a ser em demasia?

- Há razões para alarme?
Não. Na primeira época de Rui Vitória na Luz (2015/16) a equipa chegou a Novembro ainda à procura da melhor definição. Estamos em Setembro."

Ippon de uma vida

"Nunca falei com Célio Dias, mas sou sua amiga virtual. Uma vez, talvez um pouco antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro do ano passado, enviei-lhe um pedido de amizade pelo Facebook, que aceitou. De então para cá comecei a seguir as suas publicações, apenas acessíveis aos amigos, os virtuais e os outros, e acompanhei, quase em directo, a sequência de publicações que o judoca do Benfica fez nos últimos dias. Com preocupação, diga-se.
O Célio tem vindo a mostrar de há alguns meses a esta parte, talvez logo depois dos Jogos Olímpicos, um desequilíbrio emocional crescente. Certamente tinha expectativas elevadas para a competição, mas foi eliminado ao primeiro combate por um atleta do Benin e regressou a casa triste, humilhado, frustrado. Prometeu reerguer-se mas nunca o fez. Refugiou-se nos livros, na filosofia, só que o seu discurso foi ficando cada vez mais confuso, incoerente. E preocupante.
Há poucos dias, já depois de ter sido 9.º no Campeonato do Mundo, em Budapeste, fez uma série de ‘posts’ em que deu asas à revolta e não poupou ninguém: o Benfica, o Comité Olímpico, a Federação, a família, os amigos, os conhecidos. Usou palavras pouco simpáticas, fez ameaças, considerações sobre a sua vida pessoal, sobre a vida pessoal de outras pessoas… A realidade é que entrou numa espiral depressiva preocupante e precisa de ajuda. Urgente!
O que o terá levado a este alarmante estado de espírito só o próprio e os que lhe são mais chegados podem saber. Terá sido a pressão dos resultados? Problemas pessoais, familiares ou de saúde?
O Célio tem apenas 24 anos e está internado. Torcemos para que recupere depressa. A boa notícia é que o atleta e a sua família não têm de lidar com tudo isto sozinhos. O Benfica não o abandonou – renovou-lhe inclusivamente o contrato há pouco tempo ; o Comité Olímpico e a Federação acompanham de perto a situação e os amigos mais chegados, mesmo tendo estado na sua ‘mira virtual’, vão certamente perdoar-lhe os devaneios e ajudá-lo neste combate, decerto o mais importante da sua vida. Que ganhe por ippon e que regresse em força, pois gostaríamos de o ver nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

O ténis nacional pode viver este fim de semana um dos seus melhores momentos de sempre: se vencer a Alemanha, Portugal apura-se pela primeira vez na história para o Grupo Mundial da Taça Davis!
A Alemanha traz Boris Becker (na qualidade de director técnico nacional), mas não conta com os irmãos Zverev nem com Philip Kohlschreiber. Continua a ser uma equipa forte, é um facto, mas não deixa também de ser teoricamente mais acessível. Amanhã, sábado e domingo todos os caminhos vão dar ao Jamor!"

Mourinho

"Mourinho recusou cumprimentar Mark Hughes, no final do jogo entre o Stoke City e o Manchester United. Mark Hughes não compreendeu a recusa de José Mourinho. Estes ingleses têm a mania da superioridade e não aceitam que um treinador português seja dos melhores do mundo.
Durante o jogo empurrou Mourinho, por ele ter entrado na sua área técnica, o pior de tudo, insultou-o dizendo "vai-te f*** ". Para além disso, passou o jogo a pedir ao árbitro para expulsar o José Mourinho. Mark Hughes é que deveria ter sido expulso e sancionado.
Não estando contente, no final do jogo, a televisão captou o mal-educado Mark Hughes a insultar, de novo, Mourinho: "olhem só aquela cara de cu" e apontou para Mourinho. Mourinho impávido e sereno, o que não é normal, cumprimentou todos os elementos da equipa técnica do Stoke City, menos Mark Hughes.
Ele fala inglês e talvez tenha pensado que Mourinho não o percebesse! Ao invés, se Mourinho o tivesse insultado em português, o inculto do Mark Hughes até poderia pensar que era um elogio. Se Mourinho dissesse: "tem cuidado meu filho da p*** ". Porventura, ele até poderia pensar que o estava a elogiar. Há muita gente que não gosta de Mourinho. Eu gosto sobremaneira, por ter personalidade e neste episódio, mais uma vez, não se deixou calcar. Mourinho está mais calmo e sereno, desta vez, reagiu com diplomacia e deu a Mark Hughes uma bofetada de luva branca deixando-o a falar sozinho.
Mark Hughes alega que Mourinho empatou e estava zangado. O que se esqueceu de dizer é que Mourinho o ignorou e não fez caso, todavia treina uma das melhores equipas do Mundo - Manchester United. Mark Hughes foi um bom jogador e como treinador não tem passado da mediania.
Os ingleses têm a mania que são superiores aos outros, são antipáticos, sarcásticos e bebem demais. Mas, também, são mal-educados e não aceitam que venha alguém de fora e seja melhor do que eles. Ainda vou ver, um dia, Mourinho ser o seleccionador inglês.

Nota: Sporting enorme. Benfica perdeu uma oportunidade. Porto veio ao de cima as suas limitações."

Alvorada... com o Zé Nuno

Benfiquismo (DXCVI)

Na luta...

Lanças... Falcatruas & afins

Os deuses não estão satisfeitos com o movimento olímpico

"A 2 de Outubro de 2008 a comunicação social no Brasil noticiou que Arthur Nuzman acabara de ser eleito, por mais quatro anos, para presidir aos destinos do Comité Olímpico Brasileiro (COB). Tratou-se de uma eleição fundamental para Nuzman na medida em que, com grande probabilidade, significava que ia ser ele a presidir aos destinos da organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016) cuja decisão seria tomada pelo Comité Olímpico Internacional (COI) no ano seguinte. E assim aconteceu. Nuzman, para além de membro do COI e de presidir ao COB, porque os deuses ouviram as suas preces, acabou a presidir à Comissão Organizadora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Todavia, os deuses só atenderam às preces de Nuzman porque o desejavam castigar.
E porque é que deuses o desejavam castigar?
O que aconteceu foi que, sem ter avisado devidamente e em tempo útil os eleitores, isto é, os presidentes das Confederações, de que o ato eleitoral se ia realizar, Nuzman desencadeou um processo do qual só ele podia sair vencedor. Em conformidade, apenas publicou editais no Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, e no Jornal do Comércio, de Pernambuco. Em consequência, muitos presidentes das confederações só souberam da eleição dois dias antes pelo que, diga-se de passagem, num País com um território imenso de 8.515.767,049 km² em que a distância entre Portalegre e Manaus é de 4.358 km, exercer o direito de voto, para a grande maioria das Confederações, acabou por ser uma autêntica missão impossível.
Ora bem, a virtude que os deuses do Olimpo mais apreciam nos Homens é um espírito competitivo, justo, nobre e leal. Pelo contrário, aquilo que eles mais abominam é um espírito covarde, hipócrita e oportunista que leva muitos dirigentes desportivos a utilizarem todos os processos para ganharem eleições e manterem-se agarrados ao poder. Infelizmente, por esse mundo fora, há muitos olímpicos dirigentes que organizam eleições “democráticas” que só ele pode vencer. E fazem-no sem qualquer réstia de vergonha.
E porque é que acontecem tais aberrações?
Porque suas excelências aprovam estatutos que lhes permitem fazer o que muito bem entendem sem prestarem satisfações a quem quer que seja.
Nesta conformidade, temos de dizer que Nuzman desenvolveu uma jogada de mestre, não porque tenha cometido qualquer ilegalidade mas, precisamente, porque tudo feito na maior das legalidades, quer dizer, de acordo com os estatutos do COB.
Todavia, os deuses do Olimpo ficaram profundamente desagradados com o comportamento e a eleição de Nuzman. Em conformidade, decidiram castiga-lo.
Não sei se o jornalista brasileiro Juca Kfouri recebeu qualquer informação especial da parte dos deuses do Olimpo, o que sei é que ele, há muito tempo, já vinha a denunciar o que se estava a passar no Movimento Olímpico (MO) no Brasil. E até afirmou que, desde o dia 2 de Outubro de 2009, data em que em que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para receber a organização dos Jogos da XXXI Olimpíada, que se sabia que, mais dia, menos dia, Nuzman ia ser convidado para visitar a Polícia Federal a fim de explicar uma acusação com origem em França relativa à compra de votos por parte do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em que ele surgia como intermediário.
Em todo este processo, na linha de pensamento de Katia Rubio, uma das vítimas de Nuzman, tenho para mim que o dito já pouco interessa. Desde logo porque já passou à estória do desporto brasileiro. O caso está entregue à justiça pelo que, agora, só nos resta esperar que ela funcione e consiga transmitir, não só para os brasileiros como para os cidadãos dos mais diversos cidadãos países do Mundo, que o MO não pode ser um espaço de deboche e impunidade.
Mas se Nuzman já pouco interessa não é por isso que se podem baixar os braços e deixar que o MO, tanto em termos internacionais quanto nacionais, continue a ser uma instituição a funcionar em roda livre onde se realizam as mais estranhas eleições de corpos gerentes, quer dizer, sem qualquer controlo a não ser dos próprios vencedores. Por exemplo, uma eleição em que um dos candidatos, depois de afastar os eventuais opositores, preside à Comissão Eleitoral e decide sobre eventuais conflitos, não é uma eleição é uma farsa digna do mais primário subdesenvolvimento, aconteça onde acontecer.
Por isso, a situação que, hoje, se vive no MO internacional e em diversos países do Mundo, é gravíssima. Note-se que, se, ainda há pouco mais de quinze anos, o COI, presidido por António Samaranch, foi apanhado nas redes da justiça americana devido à corrupção relativa à candidatura de Salt Lake City aos Jogos Olímpicos de Inverno (2002), agora, pela comunicação social, chegamos à conclusão que os sucessores de Samaranch, tanto Jacques Rogge (uma grande desilusão para mim) como Thomas Bach (sem qualquer surpresa) continuaram a ignorar aquilo que se passava no MO internacional relativamente às candidaturas bem como a outros aspectos de fundamental importância para o MO internacional como é, por exemplo, o controlo de utilização de substancias dopantes. Porque, agora, depois do escândalo russo, querem-nos fazer acreditar que nos Jogos Olímpicos do Rio só aconteceram onze casos positivos em mais de 11303 atletas. Melhor do que no Rio de Janeiro (2016) só em Moscovo (1980) onde estiveram 5179 atletas sem que tivesse havido qualquer caso positivo.
Há muito que é evidente que os estigmas que hoje estão a ferir de morte o MO moderno têm de ser combatidos a montante. Eles não passam de consequências a jusante provocadas por causas que não tem havido coragem para combater. Nesta perspectiva, tudo deve começar não só por uma revisão séria, aberta e participada da Carta Olímpica como, também, para além dos relativismos que tomaram conta da consciência de muitos dirigentes, por uma revisão completa dos estatutos perfeitamente anacrónico sob os quais muitos Comités Olímpicos Nacionais (CONs) exercem o seu poder mais ou menos autocrático nos mais diversos países do Mundo. Porque, se começarmos a olhar para os estatutos dos CONs de diversos países da Europa, do Oriente, da América ou de África, chegamos facilmente à conclusão de que, em muitas situações, quando eles têm uma verdadeira existência legal, para além de não respeitarem a lei dos respectivos países, são autênticos atentados a uma sã convivência democrática propugnada, desde os primeiros tempos do MO, por Pierre de Coubertin. Infelizmente, os estatutos de muitos CONs foram elaborados tendo em atenção dois objectivos fundamentais: (1º) concentração do poder numa clique oligárquica que se considera possuída de uma espécie de “sangue azul” que a legitima para além de qualquer crítica; (2º) institucionalização de processos eleitorais que não passam de autênticas farsas que só servem para perpetuar as referidas cliques no poder que exercem sem qualquer controlo social. E tudo isto acontece sob a informação olimpicamente oficial de que os estatutos foram aprovados pelo COI como se o COI tivesse a capacidade para avaliar mais de duzentos estatutos redigidos em variadas línguas.
Pelo que está a acontecer, se, no domínio da ONU, o COI, enquanto membro observador, deve ser colocado na ordem sob pena de poder perder o seu estatuto, no âmbito dos diversos países, a partir das respectivas agendas de reforma do Estado, os governos devem ser capazes de prever a reforma do Modelo Europeu do Desporto (que se propagou pelos mais diversos países do mundo) incluindo a reforma do próprio MO porque este não se pode arvorar, como em muitos países está a acontecer, num Estado dentro do próprio Estado. Porque, o que, hoje, está bem claro é que o MO, tanto em termos nacionais quanto internacionais, não deve continuar a funcionar em roda livres à margem do seu credo, da sua vocação e da sua missão. O tempo de um Sistema Desportivo mundial e respectivos Sistemas Desportivos nacionais a funcionarem à custa do dinheiro dos contribuintes em regime de autorregulação está a virar-se contra as pessoas e a deturpar o ideário deixado por Pierre de Coubertin.
Nestes termos, o MO, em termos internacionais e no quadro dos Sistemas Desportivos dos respectivos países tem de mudar de vida sob pena de, se não o fizer, vir a ser fortemente castigado pelos cidadãos. E se não o for pelos cidadãos será, certamente, fortemente castigado pelos deuses do Olimpo."

Gustavo Pires, in A Bola

Sticadas fora-de-e-do-jogo

"Pressões, vandalizações, ameaças sobre árbitros e ele (presidente da Liga) não defende a normalidade?

'Dragão & Leão', nova sociedade anónima de responsabilidade limitada
Estranha jornada, esta quinta do campeonato, Porto e Sporting venceram, jogando manifestamente pouco e com notórias dificuldades. O Benfica salvo por uma correcta intervenção do VAR. O Porto, embora ganhando folgadamente, viu o Chaves não empatar duas vezes de baliza aberta, já perto do fim. O Sporting com um penalty que existiu, mas escusado num tempo extra. Manda a justiça que os três adversários (Portimonense, D. Chaves e Feirense) tiveram um indiscutível mérito na dificuldade dos grandes.
O certo é que, em 45 pontos, correspondentes aos pontos possíveis dos rivais nas 5 jornadas já efectuadas, FCP, SCP e SLB conseguiram 42 (96%), o que parece contraditar a dificuldade da última jornada. Ou melhor, parece contraditar os obstáculos que houve, para além dos desta jornada, como, por exemplo, as vitórias do Benfica em Chaves, do Porto em Tondela, do Sporting em casa frente ao Vitória de Setúbal e ao Estoril.
Jornada que teve como epicentro comentarista - para não variar no alvo a abater por despeito - o golo não validado ao Portimonense, desde logo com as reacções pavlovianas e mentecaptas no seio da coligação anti-benfiquista, logo seguidas pelos seus acólitos socio-digitais.
Todos sabemos que o VAR tem duas facetas: a mais passível de discussão no natural calor resultados e que tem a ver com a impossibilidade de eliminar um certo subjectivismo (refiro-me, em especial, à intenção e intensidade das faltas na grande área); e a categoricamente objectiva, porque física e geométrica, e que se relaciona com a bola ultrapassar ou não as linhas de campo ou a linha de baliza e ainda marcarão ou não de fora-de-jogo. Aqui ou é não ou é sim. Não há lugar a nins, a não ser na cabeça e visão de pessoas incapazes de conviver com a isenção mínima garantida. Que infelizmente medram como cogumelos. O offside do Portimonense foi por uma unha negra? Claro que foi e reconheço, sem dificuldade, que foi a sorte do Benfica num momento em que, jogando contra 10, não estava a ser capaz de controlar o jogo. Mas agora será que estas infracções se dividem em micro, pequenas, médias e grandes? E que sendo assim têm julgamento diferente? Evidentemente que não, excepto no espírito enviesado de quem parece ter como primeiro clube o anti-SLB. Adiante.
Também se ouviram as habituais diatribes sobre a linha virtual para se visualizar se há ou não fora-de-jogo. Até houve pseudo editoriais sobre tal assunto. Todos ignoram, ou melhor, querem que os outros ignorem um ponto que arrasa esta catilinária. Refiro-me à circunstância de ser uma empresa única (WTVision), independente dos canais que transmitem jogos de futebol, quem tem a responsabilidade da tecnologia e da adjunção das linhas virtuais. Ou seja, não é a BTV, como não é a Sport TV, a RTP, a TVI e os outros canais. E há, ainda, a circunstância não despicienda de o VAR não visualizar tais linhas e, assim, ajuizar sem o recurso a elas. Perceberam os disfarçados néscios, ou é preciso fazer um desenho? Já agora porque não colocaram a mesma questão quando do golo do Estoril (bem invalidado, também) em Alvalade? Adiante.
Pergunto: a FPF já não deveria ter elucidado estes e outros pontos do protocolo para que não subsistam dúvidas, não se alimentem infâmias e não se incendeie ainda mais o ambiente em redor do nosso futebol? De que estão à espera?
E a Liga o que diz a isto tudo? E o presidente da mesma, ex-árbitro? Está condicionado, claramente pelos que o alcandoraram a tal lugar? Pressões, vandalizações, ameaças sobre árbitros e ele não defende a normalidade? Instigadores da coligação negativa, sem escrúpulos e pejados de mentirolas, a multiplicar a chantagem e depois, perante estragos no prédio de um juíz, com desavergonhadas reacções angélicas, como se nada tivessem ateado antes?
Curioso é que no meio desta cegueira, ninguém dessa turba incendiária se lembrou da falta sobre André Almeida que precedeu o momento em que o Portimonense fez 0-1. Adiante.

A crise do hóquei
Portugal perdeu, ingloriamente, o campeonato mundial de hóquei em patins. Nos penálties, para variar. Fica assim adiada a reconquista do ceptro que já não alcançamos há 14 anos. Por pouco, não aconteceu uma vitória 'à Fernando Santos'. É que começamos por perde com a Argentina e a Itália, e não fomos prematura e escandalosamente eliminados com a França que, a 3 minutos do fim, era o que estava a acontecer. (já está, fez-me lembrar o empate arrancado a ferros no jogo com a Hungria, no europeu de futebol). Melhorámos depois e a diferença para Portugal do futebol foi que, enquanto aqui batemos a França no prolongamento, agora perdemos na lotaria do penáltis.
Verdade seja dito que, tirando os 5-0 aos agora ex-campeões (Argentina), pouco fizemos para conquistar o título. Afinal, em diferentes fases do torneio, acabámos por ser derrotados por Espanha, Itália e Argentina. Na minha opinião, o critério dos jogadores seleccionados não foi o melhor e o treinador não me parece ter sido a escolha mais óbvia.
Já a semana passada o referi, mas esta ideia peregrina de disputar o mundial num país que nunca vira, antes, um jogo desta modalidade, mesmo que integrado com outros torneios de patins, não lembra ao diabo. Uma tristeza, jogos sem espectadores, a horas desastradas para os países com mais implantação deste jogo (aqui de manhã, na América do Sul de madrugada). Mesmo na final, meia-dúzia de chineses de olhos em bico e familiares dos jogadores. Nas transmissões televisivas era tal o quase silêncio que, sentados no sofá, podíamos ouvir até as instruções e impropérios dos treinadores e jogadores no banco.
Assim vai esta modalidade de tão rica tradição. Já em Barcelona se perdera a oportunidade de poder vir a ser modalidade olímpica. E depois, as regras estão sempre a mudar. Por cá, há espanhóis, argentinos e até italianos em quase todas as equipas. Não admira que, depois, as nossas selecções não ganhem mundiais. Na final do título, dos 20 atletas, no rinque e no banco, havia 13 jogadores que jogam cá! E; (má)cereja no topo do bolo, no nosso campeonato tivemos a batota da última jornada com uma arbitragem que espoliou, inacreditavelmente, o título ao Benfica. Ficou nos anais da mais despudorada pouca-vergonha.

Contraluz
- Número: 11
Os segundos de atraso do processo de transferência de Adrien Silva do SCP para o Leicester. Ninguém se acusa nesta situação de documentos para cá e para lá e nas birras de lá e de cá. O magnífico e exemplar atleta é a vítima de um processo que, em termos gerais, coisifica os jogadores. Já agora, o relógio dos computadores da FIFA estava mesmo certinho pelo 'Tempo Universal Coordenado' (TUC)?
- Palavra: Mathieu
Falo do nome do jogador do Sporting, por uma simples razão. É que ouço constantemente o seu nome mal pronunciado. Bem sei que agora o francês é quase uma língua morta na aprendizagem em Portugal. Mas quando não se sabe, pode, ao menos, informar-se. Toda a gente pronuncia 'matiu', em vez do correcto 'matiê' (um e bem fechado). Já - voltando ao hóquei - ouço sempre dizer Torneio de Montreux pronunciado como 'montrô' em vez de 'montrê'.
- Cor: Encarnado ou vermelho
Conforme os gostos. Evidentemente que acho que o do Benfica é inigualável, mesmo quando comparado com os tons de vermelho do Liverpool, Bayern, Man United e outros. Só a selecção de Gales se aproxima. Agora o que não entendo é por que razão as equipas de basquetebol do Benfica têm um vermelho diferente, mais sombrio e menos exuberante. Alguém me sabe explica?
- Golo: André Almeida
Para despeitados, um «chouriço». Para benfiquistas, uma «obra de arte». Para o jogador, resultado de crença. Pela notícia de A Bola: candidato ao melhor golo do ano da UEFA (Prémio Puskas). Para mim, saboríssimo, eu que tinha dele falado como um jogador exemplar o mesmo golo fosse de Ronaldo, Messi ou Neymar, seria a expressão lídima da genialidade, repetido à saciedade. Mas como foi do André..."

Bagão Félix, in A Bola

'Hooligans'

"O hooliganismo tomou definitivamente conta do futebol português, mas o estranho é que neste caso os hooligans são os dirigentes dos clubes, através de comportamentos destrutivos e desregrados, semeando a violência verbal, o vandalismo intelectual e a desordem geral. Partem do fanatismo e alimentam-se do caos, do ruído e da anarquia para abafar os golpes do insucesso próprio e do sucesso alheio. Selvagens de fato e gravata que atacam tudo e todos sem só nem piedade, em nome de uma glória vindoura, invocando uma guerra santa que mais não é do que terrorismo.
Os adeptos, esses, transformam-se em exércitos de ódio compostos por soldados sem alma, sem crítica, espumando raiva, orgulhosamente comprometidos com a loucura dos pequenos e ridículos generais que os manipulam e treinam como se fossem fantoches. Os que resistem a entrar nesta luta são considerados traidores, desertores, todos devem cerrar os punhos e pegar em armas.
Nas televisões e nas redes sociais, a cada semana, soam bem alto os tambores de guerra, anunciando-se novas frentes de batalha. Limpam-se os punhais manchados de sangue a cada post no Facebook, cada tweet no Twitter, cada comunicado, cada entrevista circense à televisão do clube, sem limites para a cegueira, parcialidade e hipocrisia. Palhaços ricos com espírito pobre.
Teremos nós coragem de fazer com os nossos dirigentes hooligans o que os ingleses fizeram com os seus adeptos hooligans? Ou vamos continuar simplesmente à espera de um milagre que lhes mude os comportamentos? De uma tragédia que nos faça arrepender da passividade?
Esta gente tem de ser banida do futebol, não pode continuar a gozar com regulamentos e castigos de escola primária. O futebol português está a morrer e amanhã pode ser tarde de mais. É uma questão de coragem. Antes uma guerra pela paz do que a paz da guerra."

Gonçalo Guimarães, in A Bola