Últimas indefectivações
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Condolências por Aurélio Pereira
"O Sport Lisboa e Benfica expressa sentidas condolências pela morte de Aurélio Pereira, figura importante do futebol português e referência inquestionável na formação de jovens talentos.
Reconhecido por todos pela sua dedicação e visão, Aurélio Pereira desempenhou um papel relevante no desenvolvimento de várias gerações de atletas, contribuindo para o crescimento e prestígio do futebol nacional e das suas seleções.
O Sport Lisboa e Benfica apresenta à família, amigos e ao Sporting Clube de Portugal as mais sinceras condolências, prestando homenagem à memória de um homem que dedicou a vida ao desporto com paixão e integridade."
Aurélio, o scout dos scouts
"O Mestre Aurélio partiu mas o seu legado ficou. Na minha caminhada como scout profissional, poucos nomes tiveram o impacto de Aurélio Pereira. Não pelas razões pelas quais é universalmente reconhecido, os jogadores "que descobriu" — mas, sobretudo, pela ética, pela sabedoria tranquila e pela forma generosa como sempre partilhou conhecimento. E isso num campo do futebol profissional onde "o segredo é a alma do negócio", e onde outros colegas de renome fazem questão de desencorajar aqueles que como o Mestre Aurélio, e entre os quais eu humildemente me incluo, fazem questão de abrir as portas desta profissão a novos profissionais e a novas metodologias.
Aurélio não foi só o homem que "descobriu" Cristiano Ronaldo, Luís Figo, Nani, Ricardo Quaresma, João Moutinho ou Paulo Futre. Foi, acima de tudo, alguém que acreditava que formar o jogador era também formar o homem. A sua visão e dedicação ao Sporting Clube de Portugal foram determinantes para o futebol português. Basta recordar que, na seleção campeã europeia em 2016, dez jogadores passaram pelas suas mãos.
O seu legado não se mede apenas em troféus ou transferências milionárias — mede-se na admiração profunda de todos nós que aprendemos, direta ou indiretamente, com o seu exemplo, em particular aqueles que tiveram a coragem de enveredar por esta profissão de "descobrir" e mudar a vida de tantos jovens atletas.
Nunca trabalhei com o Mestre Aurélio, a oportunidade surgir no inicio da minha carreira mas não aconteceu, mas tive o privilégio de o ouvir em formações e encontros profissionais. Saí sempre de coração cheio e com a certeza de que estava diante de um mestre. Aurélio ensinou-nos que observar é mais do que ver, que talento sem valores não chega, e que o futebol tem de ser, antes de tudo o resto, uma escola de vida.
Dizia o Mestre Aurélio que um jogador da formação do Sporting tinha de ter três qualidades: paixão pelo treino; paixão pelo jogo; e paixão pela profissão que abraçava.
Toda uma vida resumida numa palavra: Paixão.
Paixão ao Sporting Clube de Portugal certamente, mas essencialmente paixão pelos jogadores e pelo futebol.
Obrigado, Mestre Aurélio. A sua marca será eterna.
Em mim, no Sporting, e em todo o futebol português."
Pimenta...
✍️ Fernando Pimenta continua de águia ao peito até 𝟮𝟬𝟮𝟴! 🦅
— SLBenfica Modalidades (@modalidadesslb) April 8, 2025
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Devemos a Bruno Lage
"O GRANDE MOMENTO DE PAVLIDIS
1. Pavlidis chegou e fez uma pré-época de alto nível, marcou golos com fartura, prometeu muito.
2. A época oficial, em termos de golos, não começou da melhor forma para o grego. E as críticas, incluindo de muitos Benfiquistas, não se fizeram esperar. Como se ele não fosse mostrando muito mais futebol, muito mais utilidade, muito mais serviço para a equipa para além dos golos que não estava a marcar.
3. Bruno Lage nunca deixou de apostar em Pavlidis, nunca lhe retirou a confiança, sempre lhe deu a titularidade quando o desespero tomava conta dos adeptos e os comentadores adversos não paravam de malhar forte e feio nele.
4. Pavlidis ultrapassou, com trabalho, com a injeção de confiança que lhe foi dada, com as oportunidades que Lage lhe continuou a dar, a fase crítica da ausência de golos. No Dragão, depois de um hat trick na Champions ao Barcelona, com um golo de penálti e outro no aproveitamento de uma enorme abébia defensiva dos catalães, no Dragão, escrevia, voltou a fazer um hat trick em jogo de elevado grau de dificuldade, mas neste caso com três golos plenos de oportunidade, à ponta-de- lança de categoria, que ele inegavelmente é.
5. Neste momento soma 24 golos e 9 assistências ao serviço do Benfica. E o muito mais que dá continuadamente à equipa.
6. Bruno Lage tem muito mérito em tudo isto. E é preciso sabermos reconhecer isso ao nosso treinador. Goste-se mais ou menos dele."
"Tivesse sido Bruno Lage a fazer este tipo de declarações sobre um atleta do Benfica e amanhã, melhor, ainda hoje teríamos especiais a rasgar o Lage de cima abaixo e a dizer que o mesmo tinha acabado de perder o balneário e que os jogadores lhe iriam fazer a cama quais operários do IKEA!
Como foi para as bandas do Sporting Clube dos Penalties…está tudo bem, o Saporim de Mirandela é um visionário e isto só serviu para fortalecer o jogador e o grupo de trabalho!!!"
Benfica is the captain now
"Estádio do Dragão, segunda parte. Kokcü e Fábio Vieira desentendem-se. O turco olha de forma ameaçadora ao jogador portista e faz um gesto com os dois dedos a apontar para os olhos, como quem diz "Look at me". Fez lembrar a cena mais famosa de um filme que de outro modo cairia no esquecimento, o Captain Phillips, em que a personagem de Barkhad Abdi, um pirata da Somália, invade o barco do capitão Phillips, interpretado por Tom Hanks, e depois de uma discussão, pára, olha o capitão nos olhos e diz
"Hey! Hey! Look at me [enquanto faz aquele gesto com os dois dedos a apontar para os seus olhos]. Look at me...I'm the Captain now."
Foi o que o Benfica fez este ano ao FC Porto. 4-1 na Luz e 4-1 no Dragão. 8-2. Oito a dois no confronto direto. Terminou o jogo, logo após o quarto golo e um arrepio correu o corpo do cronista e de certo muitos benfiquistas. "Agora sim, começamos a ter verdadeiramente noção...Pinto da Costa morreu." E não foi só a vida do controverso, mas incrivelmente vitorioso presidente do FC Porto que se extinguiu. É mesmo a sua era, a sua hegemonia, a sua dinastia. Porque dizer "Isto com o Pinto da Costa nunca teria acontecido" parece exagero, até pensarmos que nunca aconteceu mesmo. Nem nunca esteve perto de acontecer. Durante muitos, muitos, muitos anos o Benfica esteve subjugado ao rival do norte e nunca o conseguiu humilhar. Pelo contrário, quem sofria humilhações era o Benfica. Manitas? Foram três, em 1996, em 2010 e no ano passado. Porto campeão na Luz? Duas vezes, em 2011 e 2022. Aquele golo do Kelvin. O Benfica ir ganhar 0-2 ao Dragão para a Taça de Portugal em 2011 e depois o Porto virar para 1-3 na Luz. Mas agora cada vez mais são coisas do passado, a que os portistas se agarrarão, tal como os benfiquistas muito fizeram durante tanto tempo. Lembram-se da conversa dos "benfiquistas vivem do passado"?
Tanto se falou de complexos. De bloqueios. De medo cénico. Ou de medo, só medo. Dos outros quererem sempre mais. De comerem a relva. Ou até nos comerem. De nos fazerem sofrer como cães. Jogar nas Antas e no Dragão era para o Benfica enfrentar o seu pior pesadelo, o seu maior rival, era ir a Mordor, às profundezas do Inferno. Ali estava Pinto da Costa na tribuna, o Macaco na bancada, o Luís Gonçalves no banco, os suplentes do FC Porto a rodearem o fiscal de linha, o Guarda Abel no balneário, aquele médico do FC Porto dos anos 90 que festejava sempre os golos com os braços no ar, alternando-os, enquanto apontava para o céu (É difícil de descrever o gesto, mas qualquer benfiquista que viveu as deslocações do Benfica às Antas nos anos 90, sabe do que falo), aquelas camisolas da Revigrés, os árbitros sempre intimidados, o Paulinho Santos a dar uma cotovelada e a perguntar "Mas o que é que eu fiz?" e os jogadores do Benfica atarantados a não conseguirem fazer três passes seguidos
Mas entramos noutra era. Acabou. Não existe mais Pinto da Costa. Não existe mais Macaco. Não existe mais nenhuma dessas personagens que nos deram pesadelos e traumas, dignos dos soldados americanos em Vietname. Continua ali o nome Futebol Clube do Porto, continuam a entusiasmar-se mais quando insultam o Benfica do que quando apoiam a sua equipa, continua a ser aquele Estádio do Dragão e os adeptos certamente tentam explicar a estes novos treinadores e jogadores do FC Porto o que é para eles enfrentar o Benfica. Mas já não é a mesma coisa.
Ou pelo menos, este ano já não foi a mesma coisa. As coisas no futebol mudam muito rápido. Ainda o ano passado o Benfica levou lá 5-0, bem sei. Mas o Benfica venceu cinco dos últimos sete jogos com o FC Porto, o clube da cidade invicta só venceu três dos últimos 12 campeonatos e pode estar a haver aqui wishful thinking da minha parte e os azuis irem renascer das cinzas nos próximos tempos e ó se o Benfica tem uma capacidade infindável de ressuscitar rivais feridos! Mas atendendo à situação deles, não me parece. Vejo neles muito do que foi o Vietname do Benfica (ou o início, pelo menos). Uma crise financeira que se torna numa crise desportiva. E uma crise desportiva que já se começa a tornar também numa crise de valores. Exatamente igual ao que aconteceu ao Benfica. Ou a outras hegemonias no futebol, como a do Manchester United por exemplo, também no exato momento em que perdeu a sua figura esmagadora e icónica, Sir Alex Ferguson. E até podem (e certamente irão) recuperar, mas nunca mais será aquele FC Porto de Pinto da Costa. Será outra coisa. Da mesma maneira que o Benfica pós-1994 nunca mais foi o mesmo que o pré-1994. Há eras que terminam e nunca mais voltam.
Agora há que olhar para o Sporting. Que empatou com o SC Braga e cedeu a liderança ao Benfica, com todo o impacto psicológico que isso pode ter. Mas o clube de Alvalade é o campeão em título, tem o melhor jogador do campeonato, uma autêntica besta que aterroriza as defesas do campeonato, um calendário teoricamente mais favorável e também está bem lançado para chegar à final da Taça de Portugal. Ao Benfica só resta continuar a pensar jogo a jogo e saber que neste momento tem tudo nas suas mãos, até para repetir um Triplete que fez em 2014. E a nós adeptos, compete-nos apoiar a equipa do mesmo modo que o fizemos de forma esmagadora este sábado no Dragão
Por isso...vai com tudo, meu Benfica! Rumo ao 39! You're the captain now!"
1-4 x 2: a lição do professor Lage
"O BENFICA
Longe vai a noite de 25 de janeiro, necessariamente fria para os corações benfiquistas. Depois da derrota em Rio Maior, na visita ao competente Casa Pia, Bruno Lage deu a cara, fez um pedido e uma promessa.
«Ajudem, vou resolver esta m****.»
O treinador cumpriu. Com ou sem a ajuda dos adeptos a quem falou, Lage foi capaz de juntar os cacos e devolver o Benfica aos níveis que a dimensão do emblema exige.
Nove vitórias consecutivas no campeonato, uma eliminatória perdida mas bem discutida contra o Barcelona, o futebol mais estável e convincente em Portugal.
A visita ao Dragão, terreno historicamente inclemente para o Benfica, levantava naturais e fundadas preocupações.
Ora, o melhor elogio que se pode fazer a Bruno Lage é este: o treinador setubalense foi professor e mestre, deu uma lição de organização e boas ideias ao perdido Anselmi, e regressou a Lisboa justamente aclamado e respeitado pelo mundo encarnado.
Lage injetou a exata capacidade de luta, de guerra, e acertou em todas as peças. Mesmo Tomás Araújo, visivelmente limitado, foi capaz de aguentar até ao limiar das dores.
Não fossem duas perdas de bola infantis e perigosas de António Silva e Florentino, nos primeiros 25 minutos, e o FC Porto estaria até agora à procura dos caminhos para a baliza de Trubin.
Otamendi esteve fantástico, Álvaro Carreras meteu nos bolsos o imberbe João Mário e mais quem lhe apareceu, Kokçu exibiu a melhor versão, Aursnes foi um gigante e Di María meteu a bola onde só ele conseguiria meter para o 0-3.
E Vangelis Pavlidis? Soberbo, perfeito. Frio, cirúrgico e tecnicamente superior. Pobres centraizinhos do FC Porto e pobres portistas. O grego é um ponta-de-lança tremendo, uma contratação excelente.
Atravessou um período duro entre novembro e janeiro (três golos em três meses), susteve críticas, ouviu bocas, aguentou o que tinha de aguentar. Em abril é uma unidade fundamental, um goleador extraordinário. Fez na casa do FC Porto o que nenhum monstro sagrado na história do Benfica foi capaz de fazer.
4-1 na Luz, 1-4 no Dragão, 8-2 ao FC Porto na Liga 24/25. Mérito total ao professor Lage.
O FC PORTO
O FC Porto perdia 0-2 ao intervalo. Em casa, frente ao maior rival, num estádio magnífico e pintado de azul e branco.
O que fez a equipa no regresso para a segunda parte? A questão é simples e a resposta, para quem não viu o jogo, seria mais ou menos esta: «Foi com tudo para cima do Benfica».
Num FC Porto normal, num FC Porto até razoável, teria sido assim. Mas este é um FC Porto miserável sempre que o nível de dificuldade sobe. É fraco e desalmado.
Os dragões entregaram a bola, desligaram-se do jogo, receberam mais três avisos sérios e lá sofreram o mais do que justo e lógico terceiro golo das águias.
Uma equipa sem nada. Um vazio total. Uma falta de respeito pela história, pelos adeptos, por quem sabe o que é o FC Porto. Uma equipa falhada.
André Villas-Boas tem, pelo menos, duas encruzilhadas pela frente.
Se a sua intenção for, como acredito, devolver o FC Porto ao domínio nacional e à competência na Liga dos Campeões, o presidente terá de se libertar de muitos destes jogadores. Não têm, simplesmente, qualidade para vestir a camisola azul e branca.
A garantir dada sobre a continuidade de Martín Anselmi deixa-o amarrado às ideias deste treinador. São interessantes? Sim. Ricas? Aparentemente. Boas? Só se funcionarem. E com estes jogadores está mais do que visto que não funcionam. E não será por mera teimosia que isso vai mudar.
PS1: nos últimos 47 anos (1978 – 2025), o Benfica venceu seis vezes na casa do FC Porto para o campeonato – cinco deles nos 20 anos mais recentes. Em 1991 houve a tarde de César Brito, em 2005 a noite de Nuno Gomes e em 2014 a glória de Lima. Pavlidis passa a ter também o seu Clássico, por direito próprio.
PS2: «No caso do Neuhén temos uma opção de ativar essa compra e estamos muito interessados em fazê-lo.» AVB revelou através do JN/O Jogo a intenção de adquirir em definitivo o passe do central argentino. Nehuén mereceu um investimento de quatro milhões pelo empréstimo e custará 13,3 milhões se Villas-Boas cumprir essa intenção. Será um dos piores negócios do FC Porto de que tenho memória. Neuhén é banal em tudo: no ar, na marcação, na leitura, na agressividade, na velocidade, na construção. Na primeira parte do Clássico tentou, sem oposição, fazer três passes longos da direita para a esquerda. Todos errados. Anselmi perdeu a paciência e proibiu-o de repetir a brincadeira. Não tem condições para um FC Porto de elite, como não têm Otávio, João Mário, André Franco, Gonçalo Borges, Zaidu, Grujic…
PS3: o Benfica jogou o Clássico com três animais competitivos – Otamendi, Aursnes e Di María. O FC Porto não tem um único desta estirpe no plantel. Otávio (o bom), Pepe e Chico Conceição fazem muita falta."
A identidade do Benfica, odiado pelo adversário: golos como punhais
"Ninguém vê um clássico e pensa que são só três pontos. Nunca é apenas isso. São jogos que perduram na memória coletiva, nas conversas, nos 'memes', nas análises estatísticas
Nas contas do clássico infinito, assim como nas do campeonato, o Benfica continua a ter muito trabalho pela frente, mas esta época já apresenta um saldo positivo, tanto no goal average como no pride average, e logo frente ao adversário que mais nos incomodou ao longo da nossa história. Não por acaso, é também aquele que mais nos odeia — um combustível eficaz, por muito que me custe, daí que dê especial prazer assistir à sucessão de acontecimentos.
O somatório dos dois jogos realizados contra o FC Porto na Liga esta época resultou numa goleada de 8-2 que é, objetivamente, um acontecimento histórico que sempre desejámos mas que sempre pareceu altamente improvável. Houve mérito do adversário na criação deste fenómeno psíquico que nos atormenta há muitos anos, mas houve também muito demérito nosso. Lamento o tempo que foi preciso vivermos até que um dia como este chegasse, mas mais vale tarde que nunca. E chega na melhor altura possível, na fase da época em que o Benfica precisava de redobrar a confiança.
O pride average foi a grande vitória destes dois jogos: a diferença entre os motivos para nos orgulharmos e as razões para embaraço. Ninguém vê um clássico e pensa que são só três pontos. Nunca é apenas isso. São jogos que perduram na memória coletiva, nas conversas entre correlegionários, nos memes que inundarão as redes sociais para comparar as piores noites de cada lado da barricada, nas análises estatísticas que a partir daqui usarão estes resultados como fasquia à qual o Benfica deve aspirar. Assim seja. Poucas imagens terão sido tão explicativas disto quanto a expressão facial do guarda-redes Diogo Costa na flash interview de domingo à noite.
Enquanto referência contemporânea do seu clube, exemplo de profissionalismo e competência, mas também enquanto representante do portismo dentro do relvado, Diogo Costa era a pessoa ideal para falar aos jornalistas e, por via desse momento, aos adeptos. O seu embaraço foi particularmente notório, não apenas no pedido de desculpas, mas no modo como as suas hesitações verbais revelaram aquilo que realmente pensava acerca do resultado dessa noite e do momento que o FC Porto atravessa. Estas duas goleadas fizeram uma enorme mossa e não foi na classificação da Liga.
Os quatro golos sofridos em casa são golpes desferidos na identidade de um clube que sempre se afirmou por oposição ao Benfica — um clube que realizava ali, segundo o seu presidente, «o jogo da época», naquele que foi o momento simultaneamente mais honesto e mal planeado da presidência de André Villas-Boas. Quis a ironia que o Benfica tornasse este o jogo de uma época, sim, por ter cristalizado a ideia de que este FC Porto não é quem afirma ser. Não há nada mais eficaz num jogo de futebol do que fazer o adversário questionar quem é, de onde veio, quem representa, do que é capaz. Parece lirismo, mas foi isso que se viu, uma tragédia em movimento. Não sei bem em que consistiu o castigo da equipa que voltou a pernoitar num hotel de 5 estrelas, mas dificilmente terá sido maior que o castigo de enfrentar um Benfica absolutamente seguro de si e senhor do jogo.
Desferido o primeiro golpe ao fim de poucos segundos, a equipa soube manter uma compostura rara nestes clássicos, perante um adversário que já duvidava do seu valor antes do apito inicial e que passou o resto do jogo a combater os fantasmas do passado. Não tenho a ingenuidade de pensar que todos os problemas observados neste jogo foram todos causados pelo Benfica ao longo de 90 minutos. Os dramas do FC Porto não são assim tão simples e os seus adeptos sabem isso melhor do que ninguém, mas é importante notar que soubemos dominar o jogo sem tentar vencê-lo com esparrelas. Arrisco dizer que até isso terá desiludido os adeptos da casa. Não deu sequer para revelar o proverbial mau perder numa agressão intempestiva ou na pressão ao árbitro. Foi, como se costuma dizer, limpinho. Houve quem abandonasse a bancada a 25 minutos do fim, talvez por ter percebido que a sua equipa não tinha como responder, fosse com futebol ou com as artimanhas que os celebrizaram. Atacámos a vulnerabilidade do adversário com uma eficácia cirúrgica, baseando a superioridade numa série de evidências futebolísticas que só não acabaram em maior goleada porque os deuses foram misericordiosos.
O jogo teve muitos momentos para mais tarde recordar, mas nenhum supera o último golo. Quando o resultado já parecia feito e se traduzia numa derrota comprometedora e embaraçosa, Otamendi, o capitão de uma equipa consciente da oportunidade, voltou a bater um adversário que abandonara a bancada 25 minutos antes, sem saber para onde, à deriva nas ruas da cidade do Porto. Já não estava lá ninguém, só os fantasmas do passado e uma equipa feliz a jogar de encarnado.
São só três pontos, mas nunca é só isso. O futebol também se faz desta crueldade bem aplicada, e foi justamente isso que fez desta uma noite para recordar — talvez por mais tempo do que outras noites felizes no Estádio do Dragão. Assim se afirma a identidade de um clube historicamente odiado pelo seu adversário. Golos como punhais.
Agora, de volta à Terra. Soube bem, mas de pouco servirá se não permitir ao Benfica vencer uma Liga estranha em que já passámos por todos os estados de espírito. A partir daqui não sobra outra opção. Ganhar. Celebrar. Repetir. Vamos a isto, rapazes!"
Benfica vs Sporting: isto decide-se na Luz
"O campeonato mudou quando Ruben Amorim saiu do Sporting e agora que se cumpriu uma volta desde então, o Benfica ganhou mais pontos que o rival
Este campeonato não ficará na História pelo futebol jogado, pelo campeão ou um rival ter uma equipa que ficou na memória pela beleza estética em campo. Houve equipas que ficaram para sempre porque mereciam bem mais do que tiveram, jogadores que mereciam ser campeões e não o foram- Preud’homme, Balakov, isto só para falar entre águias e leões – e outras que, incrivelmente, eram o oposto e, com o título, ninguém mais a esqueceu: o Benfica de Trapattoni o grande exemplo disto.
Esta Liga teve um Sporting que começou de forma tremenda e esse período foi do melhor que se viu no futebol nacional nos últimos anos - não em exclusivo, ainda assim, ou parece que já toda a gente se esqueceu do início de Roger Schmidt? – mas o campeonato mudou quando Ruben Amorim saiu do Sporting e agora que se cumpriu uma volta desde então, o Benfica ganhou mais pontos que o rival e por isso lidera a corrida: por «um metro», mas lidera.
Este leão, se campeão, ficará sempre na história pelo feito do bicampeonato e pelo homem chamado Viktor Einar Gyokeres. Quando se for lá atrás ver o que se escreveu aquando da saída de Amorim, vai aparecer muito texto a lembrar isso mesmo: que o técnico saía, mas enquanto Gyokeres ficasse, o Sporting tinha todas as hipóteses e, quiçá, continuaria favorito. O sueco confirma isso mesmo a cada jogo, com a certeza de que para se tirar pontos ao leão, é preciso fazer golos, porque Gyokeres marca sempre pelo menos um. Frente ao SC Braga, lá veio o da ordem, mas uma distração basta para que o líder da Liga mude.
Mesmo que não fique na memória pelo futebol jogado, este campeonato ficará para sempre na história como aquele em que o Benfica goleou o FC Porto por duas vezes- houve quem tivesse vivido toda a vida sem ver algo como o que sucedeu no domingo no Dragão - e quebrou uma supremacia psicológica que os portistas tinham nos duelos entre ambos. Depois de 2024/25, o Benfica tem de mandar para trás das costas um receio cénico que parecia surgir nos duelos com os azuis e brancos, mas será incrível, também, que a águia goleasse por duas vezes o rival nortenho e não fosse campeã.
O Benfica aparece agora em melhor forma que o Sporting- o mercado de janeiro terá alguma coisa a ver- e a seis jogos do fim continuo com a convicção que no final do dérbi da Luz haverá campeão. A vantagem mudou, porém, e esse pormenor, que ainda está por decidir até lá, poderá fazer toda a diferença na abordagem ao jogo, quando chegarmos a 10 de maio."
Estão a ouvir? É o barulho do silêncio...
"1 — Era tido como um dos clássicos mais escaldantes dos últimos tempos. O FC Porto ainda alimentava a esperança de chegar ao título e queria dar mostras de força, até porque do outro lado estava o grande rival de Lisboa. Por outro lado, o Benfica precisava vencer para manter a liderança e não ser ultrapassado pelos vizinhos de Alvalade, que só recebiam o SC Braga no dia seguinte. De apito na mão, João Pinheiro — em dupla com Tiago Martins (VAR) — voltou a ser nomeado para jogo transcendente.
Já o disse antes e é justo manter a coerência nessa linha de pensamento, independentemente de quem esteve ou esteja no Conselho de Arbitragem: apesar de ser um árbitro de topo (não é à toa que a UEFA o colocou no Grupo de Elite) e o mais experiente e categorizado juiz português, João Pinheiro é escolha recorrente para jogos desta dimensão, o que para o exterior passa duas mensagens muito claras: a ausência de alternativas dentro do grupo e a exposição desgastante do bracarense em jogos exigentes e mediatizados.
Há uma realidade que convém sublinhar: esta nova equipa, a que tomou posse em meados de fevereiro na estrutura da arbitragem não teve tempo nem oportunidade para mudar hábitos ou impor mudanças. Nesse contexto, a nomeação do bracarense foi natural e expectável. Importante é que num futuro próximo consigam criar-se condições para o aparecimento de outros rostos na direção destas partidas. Só adquire experiência quem é posto à prova e isso vale para árbitros, jogadores, treinadores e dirigentes.
Mas não nos afastemos do título desta crónica. Quando escrevi barulho do silêncio referia-me à ausência das habituais fanfarronices em torno do trabalho do árbitro. Desta vez não há escândalos, não há roubos de igreja, não há declarações bombásticas, insinuações ofensivas ou lenha para a fogueira. Mesmo tendo-se ouvido, logo após a nomeação, vozes de censura há tanto silenciadas, a verdade é que o trabalho da equipa de arbitragem no Dragão foi «limpinho, limpinho».
Hoje todos falam da vitória esmagadora, da derrota pesada, dos três golos de Pavlidis, da tática arrojada, dos erros defensivos, mas ninguém fala de João Pinheiro e colegas. Isto apenas reforça o óbvio: mesmo que o foco não esteja sempre no trabalho dos árbitros, é possível haver emoção, entusiasmo e adrenalina. Não é preciso o penálti duvidoso ou o vermelho mal exibido para haver animação, converseta de café, indignação e regozijo. O jogo, em si, chega e sobra. Há tanto para ver e rever, para analisar e discutir, que só mesmo uma forma de pensar pequenina insiste em viver futebol numa ótica que, por esta altura, já não devia fazer sentido.
Deixem lá os árbitros em paz. O trabalho é terrível e ninguém quer acertar mais do que eles. Acreditem, porque estou a ser muito sincero convosco. É óbvio que erram e nalguns casos devem ser responsabilizados por isso, mas aprendamos a ver bola com o encanto que ela oferece e que é mais, muito mais, do que meia dúzia de slow motions ou ângulos enviesados.
2 OFFTOPIC — O mundo está entregue a malucos. É com muita, muita pena que constato o óbvio. Aquilo que qualquer pessoa sensata, normal e de bem consegue constatar de caras, sem esforço nenhum. Por ora, o homem mais poderoso do mundo é o absurdo mais absurdo que já se viu em tempos recentes. É tão, mas tão mau, que apetece mandar logo para bem longe qualquer idiota que ache tudo aquilo normal ou engraçado. Pior mesmo só os criminosos que, ao comando das suas potências nucleares, continuam a infligir a milhares de inocentes (crianças e bebés sobretudo) tanta morte, dor, desespero e sofrimento. E andam outros por aí, mascarados de impolutos, a validar tudo aquilo com sorriso amarelo, porque a ideologia política obriga ao silêncio ou porque convém não hostilizar gente daquele calibre. É a diplomacia podre, protagonizada por gente fraca, sem nervo, sem caráter. São esses que dão cobertura ao terror que meia dúzia impõe a milhões. A história ensinou-nos que os maus da fita acabam sempre mal. Esperemos que não seja diferente desta vez."
Renato Sanches: o que pensar sobre o ‘Golden Boy’ de 2016?
"A pior coisa que se pode fazer tanto na vida como no desporto, é desistir. Sendo a quarta lesão muscular na presente época desportiva, a pergunta que se coloca é: porquê tantas lesões? Renato Sanches foi sempre sustentado. Carregou o Benfica e Portugal às costas em 2016. Depois disso, conquistou independência financeira pessoal e familiar e conquistou mais títulos desportivos. Foi Golden Boy. Não precisa de provar mais nada. A não ser a ele próprio. Cada treino agora deve ser uma oportunidade para exercer a sua profissão com garra e mestria.
Dia-a-dia. Renato Sanches ama o futebol, todos sabemos disso. Mas mais do que isso, ama o Benfica. E, talvez por isso, esta foi a época desportiva em que teve mais lesões musculares. Queria tanto que não percebeu que ainda não estava preparado para voltar à sua melhor anterior versão.
As lesões musculares representam mais de um terço de todas as lesões definidas em função da classificação time-loss (em clubes europeus de futebol profissional de elite). Os músculos isquiotibiais, quadricípites, adutores e posteriores da perna são os mais afetados, representando cerca de 92% de todas as lesões musculares, sendo os isquiotibiais o subtipo mais comum.
Isso significa que, numa equipa com 25 jogadores, cerca de cinco a seis lesões nos isquiotibiais ocorrerão a cada época. De acordo com publicações recentes, a taxa de lesões nos isquiotibiais relacionada com o treino aumentou desde 2001 (aumento de 2,3% na taxa de lesões e aumento de 4,1% no impacto total de lesões nos isquiotibiais).
Há diversos fatores de risco para este tipo de lesão. Os não modificáveis incluem: idade, etnia e condições climatéricas. Enquanto outros são modificáveis: desequilíbrios musculares, défice de amplitudes articulares, alteração de estabilidade lombo-pélvica, lesão prévia e provavelmente a mais influenciável, metodologia de treino.
Ao compreender o mecanismo de lesão, os fatores de risco e as consequências que advêm das lesões dos isquiotibiais, é possível não só tratá-las como preveni-las. Para além da intensidade dos treinos, o calendário de jogos também contribui para a elevada incidência desta lesão. O aumento do número de jogos, associado à redução do tempo entre jogos durante a época, leva a um aumento do risco de lesão, uma vez que existe uma sobrecarga do atleta perante a intensidade do jogo.
A primeira lesão muscular oficial de Renato Sanches remonta ao período entre 7 de agosto de 2016 a 25 de agosto do mesmo ano. O jogador-prodígio das tranças em 2015/2016 desfez-se em jogos para ser figura, tanto no Benfica como na vitória de Portugal no Europeu. Certamente, também foi um fator importante para o dia de hoje. Excesso de carga na transição júnior-sénior.
Por outro lado, existe uma maior incidência de lesão no final de cada parte do jogo, devido à fadiga sentida pelos jogadores. Adicionalmente, os médios apresentam um maior risco de lesão, uma vez que é esta a posição que faz a transição defensiva para ofensiva e vice-versa, sendo necessários para a distribuição de jogo e, muitas vezes, de iniciar um lance de contra-ataque.
Um jogador de futebol profissional que se mantém lesionado durante grandes períodos na sua carreira irá experienciar alguma dificuldade em atingir o seu potencial máximo, dado que não consegue desenvolver as suas skills, quer por falta de competição, quer por falta de treino. Neste momento, mais do que regressar entre seis a oito semanas (tempo expectável neste tipo de diagnóstico clínico), é necessário reescrever uma nova versão de Renato Sanches. A margem é cada vez menor, mas é preciso que alguém acredite.
Ao ver Renato Sanches a sair do campo cabisbaixo e com poucos gestos de apoio da sua família desportiva, senti uma enorme vergonha das pessoas que estavam ali. Renato Sanches pode ter cometido alguns erros na sua carreira (vale a pena perceber quais, pois ainda é jovem), mas ter opiniões radicais não faz sentido.
A carreira de qualquer atleta de topo é uma montanha-russa de conquistas e desilusões. Sempre me disseram que o desporto revela quem somos. E o Renato ainda vai a tempo de reescrever a segunda metade da sua carreira desportiva."
Que nada nos distraia
"1. Faltam, 8 jornadas para o fecho do Campeonato Nacional, e o Benfica está no topo da tabela, a par do Sporting. Quem haveria de dizer que uma equipa - a nossa - que chegou a entrar em campo a 11 pontos do líder, como recordou muito bem Bruno Lage, está agora em posição de poder discutir e título dependendo só de si?
2. Há uns meses pareceria impossível, mas é de impossíveis que se constroem lendas, e o Benfica tem 8 jogos pela frente para ganhar. Vai ser difícil? Fácil não será certamente. É impossível? Nesta casa não se aceitam 'impossíveis'. Vamos! E o primeiro lugar aonde vamos ter de ir é a casa do FC Porto, para quem, nas palavras do seu presidente, o jogo do próximo domingo é 'o jogo da época'. É uma doença e não tem cura.
3. Que grande querela - ou, se preferirem, que grande espetáculo - anda por aí nos meandros do 'novo' Comité Olímpico de Portugal e de 'nova' Federação Portuguesa de Futebol... A proeza maior, até ao momento, pertence ao ex-presidente da FPF, que, no momento da sua tomada de posse como presidente do COP, conseguiu ter a seu lado o diretor nacional da Polícia Judiciária a jurar pela sua inocência. Um momento inédito da história do dirigismo português.
4. Oito meses depois voltou o nosso Tiago Gouveia. Foi titular no jogo da equipa B com o Académico de Viseu e fez os primeiros 45 minutos na posição de lateral-direito. Tiago Gouveia lesionou-se em 24 de Agosto do ano passado. Martírio superad, e aí está Gouveia novamente operacional. Bem-vindo, Tiago.
5. Agora só há pausa para a pausa das seleções na próxima temporada quando a equipa da FPF começar a discutir o apuramento para o Mundial de 2026. Que nada nos distraia daquilo que realmente nos interessa: o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal.
6. No que diz respeito ao Campeonato, todos sabemos que essa entidade fantasmagórica a que chamam 'o espírito' do futebol português, uma coisa que paira sobre todos e sobre tudo o que mexe arregimentando sensibilidades em uníssono em prol sabe-se lá do quê, já decidiu, há muitos meses, praticamente assim que o Campeonato arrancou, que o Sporting teria de ser 'bi' nesta temporada porque já não é uma coisa dessas há muitas décadas, o que já parece mal...
7. E o que tem o Benfica que ver com esses propósitos? Rigorosamente nada. Ao Benfica cabe apenas ser Benfica e fazer pela sua história sem se deter em considerações que nos são alheios e sem se subjugar a 'obras' pretensamente predestinadas. Era só o que faltava ser o Benfica reduzido ao papel de figurante na história do Campeonato Nacional de futebol 2024/25."
Leonor Pinhão, in O Benfica
A cultura benfiquista retratada pela filatelia
"Desde muito cedo que o clube se empenha em unir o desporto e a cultura, e os selos são exemplo dessa relação
A filatelia é uma área que estuda, organiza e coleciona selos, postais e outro tipo de materiais filatélicos. Na actualidade, o selo é cada vez menos utilizado nas nossas correspondências e no nosso quotidiano, tornando-o, de certa forma, uma raridade, ou até mesmo uma obra de arte, já que a sua imagética pode refletir a cultura, a história, o contexto político, o desporto e a ciência de um determinado país, levando à sua divulgação além-fronteiras.
Foi o que aconteceu na década de 1960, quando Eusébio foi homenageado, juntamente com os maiores jogadores de futebol do mundo, numa emissão especial de selos, que foi considerada um êxito dos meios filatélicos dos países a que pertencem estes futebolistas.
Esta foi uma altura em que a filatelia estava a ganhar mais colecionadores e admiradores. O Sport Lisboa e Benfica não ficou atrás, já que, em 1956, criou o núcleo de filatelia, que foi incorporado na Secção Cultural do Clube, na década de 1960.
Este núcleo organizou duas exposições que tiveram a participação e o patrocínio do Clube Filatélico de Portugal e do Correio-Mor de Portugal. Em cada exposição estiveram presentes 35 expositores. A primeira exposição ocorreu entre 16 e 23 de Abril de 1960, e a segunda exposição deu-se entre 21 e 28 Abril de 1962. Os colecionadores podiam inscrever-se para apresentar as suas coleções, com temáticas diversas, ligadas ao desporto ou não. Estiveram patentes ao público na secretaria do Clube.
Na mesmo altura em que a filatelia ganhava espaço na vida encarnada, o Benfica experienciou um período de conquistas importantes, em particular a dupla vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1960/61 e em 1961/62. Isto levou o Clube a aliar-se aos CTT para lançar selos e postais personalizados, como forma de celebrar este momento importante, pois foi uma grande vitória face aos maiores clubes europeus, o Barcelona e o Real Madrid, sem esquecer a participação de algumas lendas benfiquistas como José Águas, Mário Coluna e Eusébio, entre outros.
Ao longo das décadas, o Sport Lisboa e Benfica e os CTT continuaram a emitir este tipo de materiais, celebrando efemérides e momentos marcantes, dando assim continuidade à ideia de que o desporto pode estar interligado com outros ramos do conhecimento e da cultura.
Saiba mais sobre a filatelia na área 16 - Outros Voos, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Isabela Sena, in O Benfica
Abril, o mês mais bonito do ano
"Entrámos no mês mais bonito do ano. E já temos razões para sorrir, com o tetracampeonato nacional de andebol, conquistado pela equipa feminina do SL Benfica. Tem sido um domínio evidente, à semelhança do que acontece noutras modalidades do Clube na vertente feminina. O futebol encaminha-se para a conquista do penta, o hóquei em patins e o futebol procuram continuar a bater recordes ao amealhar Campeonatos, o voleibol está nas meias-finais, o basquetebol continua com os objetivos do Campeonato inatacáveis. Em comum, todas estas equipas têm a liberdade de sonhar sempre por mais. As condições que o Clube disponibiliza para que atletas, treinadores e staff possam fazer o seu trabalho da melhor forma possível não têm comparação com mais nenhum clube em Portugal.
No lado masculino, o futebol depende só de si, o futsal tem todas as condições para terminar a época como campeão, idem para o basquetebol e para a incrível equipa de voleibol do Glorioso. No hóquei em patins, estamos perante uma das melhores equipas da história do Clube, agora é confirmá-lo com os títulos nacionais e europeu. Apenas no andebol continuamos em degrau abaixo dos fortes adversários, mas é assim o desporto.
Neste mês - e no próximo - terminam as principais lutas pelos Campeonatos Nacionais das mais importantes modalidades de pavilhão e do futebol, claro. A hegemonia desportiva do Sport Lisboa e Benfica não se faz apenas de títulos e troféus, passa também pela presença constante das nossas equipas nas fases de decisão. Nesse campo, só posso estar feliz por ver, todas as semanas, as camisolas do SLB em destaque. É continuar assim, porque não temos comparação."
Ricardo Santos, in O Benfica
Juízos sem valor
"Certamente por falha minha, não dei conta de qualquer alteração substancial ao protocolo para utilização do VAR ou futebol. Segundo consta, ou constava, no site da FPF, o sistema tem a função de 'corrigir decisões claramente erradas' ou 'situações graves que tenham passado despercebidas'. Sublinho as palavras 'claramente' e 'graves' em cada uma das afirmações.
Ora, não é nada disto que se tem erificado nos estádios.
A qualquer bater de asas de mosquito dentro da área é desde logo assinalada grande penalidade. 'Desde logo' é força de expressão, pois a paragem (primeiro ao auricular, depois do monitor) demora o tempo que for preciso para o VAR descobrir o crime.
Deixamos de poder festejar golos. Quando alguém mete a bola na baliza, logo vemos o árbitro agarrado ao ouvido, e lá temos de esperar, esperar e esperar até ter a certeza de que não conseguiu, à lupa, descobrir qualquer infraçãozinha no início do lance.
O Bibota, Fernando Gomes, disse um dia que o golo era o orgasmo do futebol. Ao que parece, o VAR transformou-o agora numa espécie de coito interrompido, tudo em nome de um regulamentarismo obsessivo, que mata a essência, a beleza e a espontaneidade dos jogos.
No domingo, num Sporting-Valadares da liga feminina, vi ser assinalado um dos penáltis mais absurdos de que me recordo - após um toque da guarda-redes nortenha, dentro da pequena área, nas costas de uma avançada do Sporting que a tentava bloquear num pontapé de canto. Essa decisão impediu o Benfica de ter já festejado a conquista do pentacampeonato. Aliás, à medida que a época avança, temos arbitragens cada vez mais erráticas ou mesmo escandalosas. Não só no futebol. A quem não viu, aconselho os últimos 15 minutos do FC Porto - Juv. Viana em hóquei em patins. Mas, enfim, o hóquei é como o Carnaval: já ninguém leva a mal."
Luís Fialho, in O Benfica
Um por cento...
"Parece pouco, mas 1 em cada 100 pode ser muito e fazer toda a diferença. Na verdade, o mecanismo de consignação fiscal de IRS é um dos instrumentos de cidadania ativa e participativa mais importantes de que o nosso país dispõe. Num país em que a carga fiscal é reconhecidamente elevada e mal aceite pelos cidadãos, para usar um eufemismo, é verdadeiramente um exercício superior de responsabilidade e cidadania e liberdade de cada contribuinte poder consignar 1% do seu IRS a uma causa de utilidade pública em que verdadeiramente acredita.
É hoje assim em Portugal, e deve ser assim mesmo se quisermos aceitar duma vez por todas que nem ao Estado compete fazer tudo, nem a dita sociedade civil pode delegar confortavelmente todos os seus problemas e eximir-se à sua, antes seja de quem for, responsabilidade primordial.
Se queremos enfrentar os desafios do futuro e ser viáveis num mundo em competição cada vez mais feroz em que a ordem e o direito internacional se vergam crescentemente à lei do mais forte, então temos de ganhar força, coletiva e individualmente. Temos de acabar duma vez por todas com a pobreza e a exclusão, com o racismo e a xenofobia, e encontrar união onde outros, no mundo, cavam desunião e semeiam discórdia. Temos de fazer mais e melhor, o Estado e a sociedade civil, com um papel preponderante e decisivo do lado das grandes instituições, e aqui, uma vez chegados ao nosso querido Benfica, temos de aproveitar o poder agregador do emblema e a humanista mística benfiquista e usá-lo em favor do desenvolvimento e da justiça social.
Faça a sua parte e dê força benfiquista a esta ideia!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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