Últimas indefectivações

terça-feira, 8 de setembro de 2020

O terrível bombardeamento do pobre Fraydl...


"O Benfica começava a defesa do seu título de campeão europeu desfazendo o campeão austríaco na Luz por 5-1. Eusébio marcou o seu primeiro golo (e que golo!) na Taça dos Campeões. Santana exibiu toda a sua enorme classe, ele que foi tão injustiçado.

O Benfica estava imparável! Tinha um futebol de canhões. Jogo após jogo após jogo, todos os elementos do meio-campo e do ataque da equipa encarnada tinham ordens para chutar de todas as posições que entendessem ser as melhores para alvejar as balizas contrárias. Era uma carga de artilharia impressionante.
Que o diga o FK Áustria de Viena. Conseguira um empate (1-1) caseiro na primeira eliminatória da Taça dos Campeões. Empate feliz. Mas, agora, na Luz, estava entregue aos atiradores do Benfica.
Fussballklub Austria Wien: um clube respeitável, atenção! Além do Rapid, é o único clube austríaco que jamais desceu de divisão. Soma 24 títulos de campeão e 27 Taças da Áustria. Naquele tarde de 8 de Novembro de 1961 era como um cordeiro levado para o sacrifício.
No total, o Benfica fez vinte e cinco remates enquadrados com a baliza do Keeper Fraydl, um pobre diabo que já não sabia o que fazer que já não sabia o que fazer. Só Eusébio, à sua conta, somou quinze. As bolas surgiam de todo o lado, infernizando a noite do guarda-redes austríaco. Aguentou-se como pôde. 'Entregando a batuta a Santana e o papel de solista a Eusébio, o Benfica desencadeou um bombardeiro terrível às redes de Fraydl, não o deixando respirar, bem como aos seus companheiros - homens de um concepção romântica do futebol no capítulo da marcação e da neutralização dos focos perigosos da manobra contrária', escrevia um dos repórteres no local. 'Material e moralmente, o Benfica estava inteirinho dentro do relvado e os seus sentidos só revelavam uma intenção. Por isso, o golo de abertura de Santana, justíssimo prémio para uma actuação que alardeou requintada classe e o desejo de dizer algo, logo aos cinco minutos equivaleu ao clarão de uma granada a rebentar de muito perto'. Grande Santana. Talvez um dos mais injustiçados jogadores da história do futebol português. Era um príncipe. E depois a sombra de Eusébio caiu sobre ele, apagou-o e tirou-o do grupo titular. Mas não devemos esquecê-lo. Nunca!

O passeio do campeão
Herr Argauer, o treinador, o treinador do Áustria, saiu da Luz conformado com a goleada: 1-5. 'Que dizer? O Benfica é muito forte. Santana transformou por completo o ataque da equipa. Todos os avançados têm uma classe extraordinária! Penso que, juntamente com o Real Madrid, o Benfica é a melhor equipa da Europa. Talvez se encontrem na final...' Encontraram mesmo. E o Benfica desfez o Real em Amesterdão.
O festival de futebol ofensivo encantou os espectadores que afrontaram o frio e encheram a Luz. 'A bola parecia escaldar nos pés dos homens das camisolas rubras. Logo que era tocada, surgia o passe, a desmarcação impregnada de um impressionante sentido prático. Eusébio, de qualquer distância, cumprindo ordens expressas (a ele, realmente, não se lhe deve exigir outra coisa que não seja a utilização dos seus pés para alvejar as balizas), representava o exemplo. Era, simultaneamente, o magistrado a lavrar as sentenças e o carrasco a executá-las. Sempre com a mesma serenidade...'
1-0 por Santana (5m); 2-0 por José Águas (36m); 3-0 por Eusébio (69m); 3-1 por Humberto Fernandes na própria baliza (80m); 4-1 por Santana (83m); 5-1 por José Águas (88).
O golo de Eusébio foi monumental! 'O moçambicano saltou repetidas vezes de satisfação, e com toda a razão, visto ter tentado anteriormente aquilo que a sua reputação de rematador nato estava a pedir. Esclareça-se que até esse momento Eusébio tinha alvejado catorze vezes a baliza austríaca'. Depois, até final, talvez por causa da lesão que o manteve fora de campo por vários minutos, o seu instinto assassino acalmou. Marcara o seu primeiro golo na Taça dos Campeões Europeus. Tantos e tantos outros se seguiriam.
Os moços que tinham vindo de Viena, limitavam-se a reparar os estragos do seu navio que metia água por todos os lados. Eram dignos vencidos, pela sua voluntariedade, mas haviam sido desfeitos por um Benfica que ficara a dever a si próprio mais meia-dezena de golos. A Luz era cada vez mais o lugar infernal onde caiam todos os que a visitavam. Um vulcão que brotava a lava vermelha sobre a qual a águia voava orgulhosa."

Afonso de Melo, in O Benfica

Uma contratação não planeada


"Eram desejados Carlos Lopes e Fernando Mamede, mas naquele verão foi António Leitão quem chegou ao Benfica

Em 1980/81, o Benfica sentiu a necessidade de reforçar a equipa de atletismo. Durante a pré-época surgiram vários rumores sobre a possível contratação de dois dos maiores nomes do atletismo português da altura: Carlos Lopes e Fernando Mamede, ambos ligados ao Sporting. Porém, nenhum dessas contratações se realizou. Na verdade, o Benfica procurava, também, um técnico capaz de potenciar as qualidades dos seus atletas e deu prioridade à contratação do professor Jorge Ramiro, que treinava António Leitão no SC Espinho. A dupla transferência de treinador e pupilo não foi planeada, mas era algo comum na altura pois o 'atletismo como modalidade «sui generis» dentro do nosso panorama desportivo, faz criar grandes laços de amizade entre técnicos e atletas'.
Em Janeiro de 1982, a equipa de corta-mato do Benfica deslocou-se a Bergamo, na Itália, para competir pela segunda vez na Taça dos Clubes Campeões Europeus. Competindo com o Sporting, o campeão em título, e outras 17 equipas europeias, o Benfica embora ciente das dificuldades, confiava numa boa prestação. A equipa composta por António Leitão, Delfim Moreira, José Abreu, Fernando Couto e Cidálio Caetano alcançou um excelente 3.º lugar. António Leitão, o melhor benfiquista, provou com o 5.º lugar individual o seu momento de forma e 'deu indicação clara de que, prudentemente, olhou mais à equipa do que a si próprio'. Os bons resultados continuaram, em Agosto, no Campeonato Nacional de Pista: 'A primeira ronda da competição terminaria com a prova mais empolgante de quantas se disputaram no Estádio Nacional, os 5000 metros'. O domínio sportinguista nesta prova terminou 'quando António Leitão, a cerca de 300 metros da chegada, arrancou imparavelmente para o triunfo' e o Benfica sagrou-se campeão nacional.
A ligação de António Leitão ao Clube prolongou-se durante dez épocas consecutivas, tendo o atleta vencido vários títulos regionais e nacionais, individuais e colectivos, batido recordes nacionais em provas de meio-fundo e vencido o bronze olímpico em 1984.
Pode saber mais sobre António Leitão na área 2 - Joais do Ecletismo no Museu Benfica - Cosme Damião."

Carina Santos, in O Benfica

Sábado de emoções e... campeões!


"O passado sábado foi especial para dois triatletas do Benfica. Em Lisboa, Vera Vilaça saía ainda do segmento de natação no Campeonato Nacional, quando recebeu a notícia que, a milhares de quilómetros, em Hamburgo, o irmão celebrava já na condição de vice-campeão do mundo. Aquele momento inspirou a atleta no restante percurso e, ao cortar a meta, não conteve as lágrimas de alegria. 
Se por um lado acabara de conquistar o título nacional, por outro sabia que Vasco – completa apenas 21 anos em dezembro, é 23 meses mais novo – alcançara um feito histórico. Em Hamburgo, Vilaça era o mais jovem na linha de partida e isso tornou mais impactante a chegada, a dois segundos da glória. Um sonho para o qual toda a família colaborou, em particular a companheira de tantas brincadeiras. Com 6 e 8 anos respectivamente, Vasco e Vera ensaiavam na praia, com ânimo, a dinâmica da modalidade nas "transições" entre a água e a bicicleta.
Os irmãos Vilaça estão há alguns anos no Sport Lisboa e Benfica, numa das modalidades em que é referência internacional. São, também, exemplo da superação e capacidade competitiva que o Clube procura e promove nos mais diversos desportos olímpicos. Radicados na Suécia desde a adolescência, com os pais, exemplo da forte união dos Vilaça é a imagem que ficou registada da vitória no Nacional Universitário, em Junho de 2019, quando, equipados à Benfica, espontaneamente decidiram terminar e vencer lado a lado.
Vera vai já adiantada no curso de medicina, em Lisboa, longe de Vasco, que estuda engenharia informática, na Suécia, e que passará a estar debaixo de olho nas maiores competições mundiais de triatlo, depois de, em 2017, já se ter destacado entre juniores como vice-campeão mundial e campeão europeu.
Mas as emoções de sábado foram vividas igualmente ao mais alto nível na canoagem. Em Montemor-o-Velho, de águia ao peito, um hegemónico Fernando Pimenta triunfou pela 12.ª vez consecutiva no Campeonato Nacional de Fundo, em K1 5000 metros, enquanto a também benfiquista Joana Vasconcelos venceu a prova feminina.
Aqui estão quatro exemplos de que o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio – devido à ameaça da pandemia que mexeu com todas as agendas de 2020 – não travou o foco nem a competitividade dos atletas do SL Benfica. No triatlo, na canoagem, no atletismo, no judo, na natação, no taekwondo... boa parte do sonho de medalhas para Portugal passará muito provavelmente pela elite que o Clube, com orgulho, apoia e a quem está associado no Benfica Olímpico."

O regresso do poder de fogo do ataque encarnado?


"Com a mais recente contratação de Darwin Núñez, a compra mais cara da história do SL Benfica e, simultaneamente, do futebol português, as águias contratam um ‘9’ que tenta escapar ao paradigma de fracasso de alguns dos últimos pontas de lança encarnados. Este fracasso não só tem sido revelador de uma diminuição de qualidade ao longo do tempo – neste caso, na frente de ataque -, mas também se verifica nos restantes sectores do plantel e, num âmbito mais generalizado, do futebol português.
O exercício desta relação quantidade/qualidade é fácil de se fazer, ainda mais se recuarmos alguns anos: por exemplo, entre 2012 e 2014 o SL Benfica contava nas suas fileiras com pontas de lança como Óscar “Tacuara” Cardozo, Lima ou Rodrigo Moreno, todos eles com um registo de golos marcante, sobretudo o avançado paraguaio, actual melhor marcador estrangeiro da história do clube da Luz, com uma marca lendária de 166 golos, repartidos pelas sete temporadas em que vestiu a camisola encarnada. Lima ficou-se pelos 70 golos e Rodrigo com 45 termina este lote restrito.
No mesmo sentido, os três juntos custaram um valor que não atinge os 20 milhões de euros, algo que, na actualidade, o SL Benfica paga por um único ponta de lança. Obviamente, temos de ter a noção que o mercado mudou bastante nos últimos anos, com a inflação de preços, e que a posição de ponta de lança é aquela onde, predominantemente, ocorrem os maiores negócios, pelo facto dos golos se pagarem a preço de ouro. Contudo, este dado reflecte também a assertividade que o SL Benfica possuía na aquisição de homens-golo e a capacidade de scouting do clube naquela altura.
Mais à frente, de 2015 a 2017, o SL Benfica voltou a juntar grandes nomes na frente de ataque que, devido a toda a sua qualidade, contribuíram para a conquista de vários títulos com inúmeros golos. Falamos de Jonas, Mitroglou e Raúl Jiménez.
Evidentemente, Jonas foi o nome mais sonante e com maior destaque no universo benfiquista, reflectindo toda a sua capacidade de finalização (137 golos em cinco épocas, número ainda mais impressionantes se tivermos em conta as várias lesões e problemas físicos que o atormentaram), mas também o futebol bonito, qualidade técnica, visão de jogo, assistências e inteligência que deliciaram os adeptos encarnados. Já Kostas Mitroglou, em apenas duas temporadas, apontou 52 golos de águia ao peito. Raúl Jiménez, por sua vez, 31, ainda que na maioria das vezes com menos oportunidades no 11 inicial e, então, saindo do banco de suplentes, com golos decisivos que ajudaram o clube em várias vitórias fundamentais para a conquista de títulos.
Além destes avançados mencionados até ao momento terem sido vitais para os títulos nacionais que o SL Benfica foi juntando ao longo das épocas, é pertinente salientar que, no plano externo, também fizeram estragos e vítimas, com golos em competições como a Liga dos Campeões e a Liga Europa, em campanhas honrosas e prestigiantes para o SL Benfica.
A partir daí, a qualidade na frente de ataque encarnada desceu consideravelmente. As contratações de Nicolás Castillo e Facundo Ferreyra, de quem os adeptos e responsáveis do clube esperavam muito, foram uma autêntica desilusão, tendo estes dois nomes somado o total de um único golo (Ferreyra no Bessa) ao serviço do SL Benfica.
Na época passada, a transferência de Raúl de Tomás voltou a gerar enormes expectativas, novamente falhadas pelos escassos três golos apontados pelo ponta de lança espanhol proveniente do Real Madrid CF, sendo que na Primeira Liga ficou em branco. Já Dyego Sousa, depois de épocas de vários golos ao serviço do SC Braga, chegou à Luz e não conseguiu fazer balançar as redes adversárias por uma única vez, sendo também ele uma transferência falhada.
Por outro lado, também é justo apontar contratações acertadas e com rendimento, como a de Carlos Vinícius, justificada pelos seus 24 golos na temporada transacta (a primeira no SL Benfica) e o título de melhor marcador da Primeira Liga. Actualmente, a sua continuidade é ainda uma incógnita, mas julgo que, com o trabalho de Jorge Jesus, tem condições para evoluir, alcançar um número maior de golos em comparação com a época anterior e associar-se de forma diferente, mais envolvente e intensa na forma de jogar da equipa.
Já Haris Seferovic possui números interessantes (43 golos em três épocas de águia ao peito e, até, a conquista do prémio de melhor marcador da Primeira Liga 2018/2019), se bem que com uma taxa de eficácia muito reduzida quando comparada com outros nomes, o que deverá ser visto como mais um sinal do decréscimo de qualidade com o passar dos anos.
Assim sendo, veremos qual o futuro de Darwin Núñez no clube, com uma pressão extra pelos valores envolvidos, mas também pela menor qualidade nos últimos plantéis encarnados, repercutindo-se nalguma falta de golos nos homens que, em teoria, deveriam ser os responsáveis máximos por esse papel, especialmente pelos preços que custaram.
Ao mesmo tempo, há curiosidade em perceber o impacto não só nas competições nacionais, mas também na Europa, com adversários de maior dimensão e com uma qualidade superior para fazer frente à turma benfiquista orientada por Jorge Jesus, que busca o domínio a nível interno e uma afirmação com outro poder externamente, mais possível se o poder de fogo voltar ao ataque encarnado."

Benfica FM #126 - O regresso...

Não é distância, é Benfica! RCD Espanyol de Barcelona vs SL Benfica - Parte I


"Nota: Estamos a meio de Setembro. Em condições normais, se tudo corresse bem, já estaríamos à beira de disputar o primeiro jogo europeu da nova edição da Champions League. A título pessoal, e consoante o sorteio, muito provavelmente já teria viagens marcadas para uma ou duas deslocações fora (como tem sido norma nos últimos anos). Mas este não é um ano normal.
E a ausência de público e a grande limitação a viagens retiraram-me a possibilidade de fazer duas das coisas que mais gosto de fazer. Talvez para compensar isto (ou talvez não), resolvi publicar o texto inaugural de relatos das (já algumas) viagens que fiz para ver as papoilas saltitantes que tanto amo, dando impulso e obrigando a sair do papel um projecto, cujo nome é o título deste texto e cujo sítio pode ser encontrado aqui. Este travelogue está desde há anos (como diz o Sérgio Engrácia) "aqui preso no gavetão" , sendo que a declaração de intenções (escrita em 2017) - pode ser lida aqui.
Não esperem grande tratados literários, mas alerto desde já que estes relatos irão ter uma escrita algo autobiográfica (talvez não seja o caso de vários trechos nesta primeira viagem, tendo em conta os rascunhos que já escrevi), sendo que muitas vezes é interessante perceber que ao tentar relatar coisas que aconteceram há 13 anos (como é o caso desta primeira viagem), é natural que muito já se tenham perdido, ou que outras memórias tenham sido possivelmente fabricadas (a nossa memória tem essa estranha capacidade).
Prometo apenas tentar ser o mais fiel possível.
De forma a não ser (novamente) vencido pela preguiça, resolvi publicar este primeiro relato aqui neste espaço.
Agora serei moralmente obrigado a ter que escrever tudo.
Veremos se chego até ao fim.
Espero que gostem. E caso queiram, este meu novo espaço, está igualmente aberto para partilhar as vossas histórias. Afinal de contas, não "É distância. É Benfica!"

Antes do quilómetro 0

“Nothing behind me, everything ahead of me, as is ever so on the road.”
Jack Kerouac, On the Road

Uma curva mais brusca acordou-me de um leve e intermitente sono.
De forma envergonhada limpei a baba que me pingava pelo queixo abaixo. Olhei para o relógio no telemóvel: eram duas da tarde na hora local.
"Fodasse..."
Um raio de luz que entrava pelo vidro do autocarro pelo qual visualizava os primeiros maciços graníticos dos Pirenéus.
"Falta ainda mais uma hora"
Levava já 16 horas na estrada atravessando a Ibéria de lés-a-lés desde Lisboa. Literalmente, passavam já 2/3 de um dia, desde que, sozinho, tinha subido a bordo de um autocarro na Estação do Oriente em Lisboa. Tendo em conta o tempo até aí gasto, era irrisória a hora em falta para chegar a Barcelona. 
Estávamos em plena Semana Santa e o Benfica jogaria no dia seguinte a 1ª mão dos quartos de final da então Taça UEFA na cidade condal contra o RCD Espanyol de Barcelona.
Uma viagem marcada à última da hora por impulso, sem qualquer tipo de marcação de estadia ou local para pernoitar (numa das piores semanas do ano para se fazer isso numa já hiper turística Barcelona) e que representaria a minha primeira "transferta" internacional para ver as papoilas saltitantes que tanto amo.
Mas antes de avançar um pouco mais, convém rebobinar a cassete um pouco atrás, antes do quilómetro zero, e perceber as razões que me tinham levado a estar ali, naquele assento desconfortável de autocarro, a dormitar, com baba a me escorrer pelo queixo.
Conforme já escrevi na minha primeira declaração de intenções, nasci e cresci longe da Luz. No entanto embora a quase 1000 km de distância, estando na minha Madeira natal, sempre soube que o meu coração estava aqui. Daí que, quando com 18 anos vim para Lisboa estudar, esta foi uma oportunidade de ouro para estar bem mais perto do amor da minha vida (vá..um dos amores - é melhor escrever isto para não criar mau ambiente cá em casa).
Mas a Madeira de hoje em dia era um pouco diferente da de 2001. Assim como essa era diferente da de 1991. E que diferenças havia. Costumo sempre comparar as rápidas mudanças ocorridas na ilha com as igualmente ocorridas no cômputo do país desde a entrada na então CEE em 1986. Se as mudanças ocorridas em 20 anos até 2006 foram por demais evidentes no país, na Madeira estas ocorreram em especial num período mais curto de 10 anos desde 1996 em diante. Com todas as consequências positivas e negativas de terem ocorrido num curto espaço de tempo numa ilha pequena e conservadora por natureza.
Vivemos uma época em que a sociedade tende a catalogar tudo, pelo que lendo o ano de nascimento inscrito no meu cartão de cidadão, serei considerado um Xennial numa nova categorização surgida recentemente. Ou seja a geração encaixada entre a cínica Geração X e os mais optimistas Millenials. Confesso que não gosto muito destes rótulos, mas a caracterização desta "microgeração" que nasceu e cresceu em analógico e tornou-se adulta na era digital enquadra-se perfeitamente. Só para terem uma noção numa achega mais pessoal: só em 2001, ao perfazer 18 anos é que tive (e senti) necessidade de ter um telemóvel, algo que seria inconcebível hoje em dia.
Isto tudo para dizer que mesmo em 2001, havia diferenças entre estar no ambiente mais ou menos controlado da ilha e ver-se de repente na Grande Alface sem pais e com a tua malta da ilha em igual situação ao teu lado. Acho que "Erasmus-cá-dentro" era o termo bem escolhido para descrever esses tempos. E centrando a temática no motivo pelo qual escrevo estas linhas, é claro que o Benfica fazia parte deste mundo novo de experiências vividas.
E poder estar fisicamente presente "vivenciando" finalmente a imponência da antiga Catedral é algo quase impossível de descrever e qualquer tentativa de descrição que faça pecará por soar muito curta. Mas por muito que o meu coração me impelisse, a cabeça ou neste caso a realidade mostrava que as prioridades nos gastos tinham de ser outras. Pese a natural ajuda dos meus pais que na sua frugalidade ainda conseguiam ajudar o "caçula" da família na sua ida para a capital (oportunidade que os meus irmãos 16 e 15 anos mais velhos do que eu não tiveram - sim, fui um projecto "fora de tempo"), a verdade é que cedo tive que conjugar os estudos com pequenos trabalhos em "part-time" (aliás na senda do que já fazia na Madeira), o que me impediu de poder estar presente fisicamente mais frequentemente em solo sagrado (entenda-se na Catedral) durante estes primeiros anos. Dando um exemplo, ao contrário de muitos, os festejos da célebre cabeçada de Luisão foram feitos dentro de uma sala de "call center" tendo eu um auricular ligado a um pequeno aparelho sintonizado no relato do jogo, escondido debaixo de outro auricular de trabalho.
Gritei golo e ajoelhei-me na sala. Olhei para o lado e uma colega adepta do clube listado, vociferava dando murros na sua mesa.
Daqui que findo o curso, e agora com uma maior independência financeira a "solo" (pelo menos face à realidade anterior - ajudou ter mantido aquele estilo de vida pós universitário de contagem de tostões), aproveitando a boleia do afamado kit de sócio (na ressaca do título em 2005), pude finalmente tornar-me sócio e ter bilhete de época - na altura na Sagres Piso 3 superior.

"Por muitos desgostos que possamos ter, valores mais altos se levantam. O valor mais alto que se levanta em termos futebolísticos, chama-se Benfica."
Mário Wilson

Muitos podem já nem se lembrar, mas um longo ocaso de títulos afectou o clube desde a fatídica final da Taça de Portugal ganha em 1996 até nova conquista da mesma competição em 2004, tendo igualmente o Jamor por cenário. Alguns frisam e bem que tal período negro pode ser ainda pouco mais longo, mediando o ocaso de títulos de campeão nacional entre 1994 e 2005.
Um calvário que alguém catalogou e bem de "Vietname Benfiquista".
Já muito foi escrito sobre "esse período", e contextualizando, para alguém nascido em 1983, isto representou um final de infância e uma adolescência inteira com inícios de época esperançosos a esfregar as mãos e a pensar que "agora é que era".
O problema (um dos...) eram os plantéis.
E os nomes das contratações revelam muito da qualidade apresentada nestes anos: Bossio (que indicou ao que vinha logo com um monumental frango no seu jogo de apresentação); Rojas (o homem que fazia sempre a mesma finta na defesa, perdendo invariavelmente a bola); Ronaldo (sim, tivemos um e qualquer semelhança com o "Fenómeno" acabava na nacionalidade do seu passaporte); Machairidis (demonstrativo de como funcionava o scouting então); Okunowo (sim, da cidade condal chegou-nos um Douglas antes do tempo e este até tinha um nome bem dado a trocadilhos); Dudic (a eterna futura estrela jugoslava); Thomas (o homem do metro quadrado e das "big balls"); Uribe (tal como Macharaidis tinha o cabelo grande e nunca percebi como vestiu o manto sagrado); Escalona (acho que marcava bem livres); Pesaresi (o tipo que recentemente concordou com o Simão no facto deste último o ter nomeado um dos piores jogadores com quem tinha jogado); Sérgio Nunes (confesso que já o tinha eliminado da minha memória); João Manuel Pinto (incrível como chegou a capitão e mais incrível como tenho um amigo meu que tem uma camisola dele); Hassan (até nem era mau jogador mas não resultou - recentemente, na final em Amesterdão, vi um tipo com a camisa dele); Tahar (o talhante marroquino); El Hadrioui (o meu Roberto Carlos do CM'97...); King (qualquer tentativa de comparação com Eusébio é heresia e dá direito a excomunhão); ou o típico-esforçado-sem-jeito-nenhum-para-a-coisa Jorge Soares.
Faço aqui um disclaimer: é claro que o simples facto destes jogadores terem envergado o Manto Sagrado merece o meu respeito e não duvido que muitos deles tenham sentido realmente a camisola (e dado o contexto, para muitos seria muito difícil singrarem).
(fim de disclaimer)
(novo silêncio)
Mas é preciso ter em atenção, que nessa altura, até tivemos um ex-carteiro sueco com nome de batata frita em jeito Novas Oportunidades.
Mas a lista não fica por aqui e foram Verões fantásticos (e defesos de Inverno) a sonhar que jogadores com o calibre de um Luís Carlos ou de um Carlitos pudessem efectivamente nos resgatar do buraco negro em que estávamos metidos. Claro que as capas de jornais não ajudavam e quando anunciavam um Paulo Almeida como a última coca-cola do deserto, a esperança renovava-se. Mas mesmo quando acertavam na qualidade do nome anunciado, algo acontecia no Universo e para além de morrer um panda-bebé algures, o resultado não era bem o esperado.
Por exemplo lembro-me quando anunciaram Totti (após "aquele-nos-ia-salvar-das-trevas" Rushfeldt ter sido apresentado e vestido o Manto Sagrado mas não ter ficado porque o "dinheiro ia via Nova Iorque e demoraria dois ou três dias a chegar à Noruega" - uma bela novela de Verão com cheiro a urina no final), um raio de luz apareceu e a fé benfiquista renovou-se e toda a gente pensou que "agora é que é". 
O problema foi quando apareceu Tote ao invés do anunciado Totti e percebeu-se que os furos jornalísticos obtidos à antiga por chamadas telefónicas podiam induzir neste tipo de erros no nome anunciado.
E chegados ao final da época, estes fantásticos elencos produziam resultados à altura das memoráveis prestações feitas no nosso clube pelos inesquecíveis Clóvis ou Washington Rodríguez. Finais de época a lutar por tudo com a mesma intensidade de um Bruno Caires ou de um Chano. Isto com adversários com o fairplay do nosso Andrade.
É claro que o panorama não era melhor noutras paragens e o (excelente) Cepos dos 90 mostra bem isso, mas a situação era deplorável e bem demonstrativa do caos em que estávamos mergulhados.
Mas olhando para trás, acho incrível a resiliência e crença da nossa massa adepta. É claro que figuras como o "nosso bombeiro de serviço" nestes tempos, o Velho Capitão Mário Wilson, sem esquecer o (King) Eusébio, Shéu (Sr. Benfica), Toni (para mim o Sr. Mística) entre tantos outros, serviram de farol nesta longa escuridão. Mesmo no relvado, numa primeira fase, figuras como (e não vou ser consensual agora) João Vieira Pinto devidamente acompanhado pelos regressados Valdo, Ricardo Gomes, mas também Preud Homme, Poborsky ou van Hooijdonk só para citar alguns, e depois, numa segunda fase Simão Sabrosa com Nuno Gomes, Petit ou Ricardo Rocha, faziam-nos acreditar.
Num clube tão habituado a ganhar (apenas tinha tido um período de ocaso tão grande na década de 20 do séc.XX) e com uma massa adepta tão exigente, não deixa de ser incrível, que essa erosão pouco ou nada se tenha feito sentir. Pelo menos a nível de crença.
Nisto o Velho Capitão estava correcto. Mesmo no meio das trevas, a chama imensa continuava acesa. Mas os sinais de quebra eram evidentes e isso era bem visível a nível europeu, onde "o algodão não engana".
(to be continued)"

Movido a dinheiro


"Começou há três dias o julgamento de Rui Pinto, acusado de um total de noventa crimes: um de tentativa de extorsão, seis de acesso ilegítimo, sessenta e oito de acesso indevido, quatorze de violação de correspondência e um de sabotagem informática. Crimes cometidos entre 2015 e 2019.
Já muito se escreveu e disse nos últimos anos a respeito deste caso. A defesa e acusação fizeram as suas jogadas, mais claras ou não, e importa contrariar a versão defendida pela defesa de Rui Pinto.
Esta diz que o hacker é um whistleblower/denunciante, e não um hacker informático, e que, pasmemo-nos, não agiu por dinheiro mas sim por interesse público. Chegam ao cúmulo de, inclusive, se equipararem a Julian Assange ou Edward Snowden, por exemplo.
Houve várias definições de whistbleblowing nas últimas décadas, sendo que aquela que é tida em conta actualmente, designa-se mediante «revelação de informação por membros (actuais ou antigos) de uma organização de práticas ilegais, ilegítimas ou imorais que estejam sob o controlo de funcionários dessa organização, a pessoas ou organizações que possam intervir no assunto».
Falando de Rui Pinto, importa desde já realçar que, na fase de instrução, a sua defesa não contestou factos - crimes cometidos - mas apenas aspectos jurídicos.
Quanto à comparação com Assange e Snowden, apenas uma pessoa com forte imaginação ou com algum tipo de problema cognitivo a pode fazer. Porquê? Porque basta atentar à definição de whistleblowing anteriormente descrita para perceber que são casos diametralmente opostos.
Primeiro, nem Julian Assange (Wikileaks) nem Edward Snowden (NSA) se esconderam por detrás do anonimato aquando da revelação das informações; segundo, Snowden trabalha na organização da qual divulgou informação. No que concerne a Assange, importa ressalvar que a classificação de whistleblower é dúbia, visto que quem obteve a informação e a partilhou com Assange foi Chelsea Manning, que trabalhava para o exército dos Estados Unidos da América.
Posto isto, atendendo aos factos apresentados e aos que abordaremos abaixo, a classificação a fazer é simples e clara:
Edward Snowden - Whistleblower;
Julian Assange - Distribuidor;
Rui Pinto - Hacker informático.
Apenas e só.
O que Rui Pinto fez foi obter, ilegalmente, uma quantidade enorme de informação, da qual filtrou a mais conveniente. Depois, usou essa mesma informação para contactar a Doyen, fazendo uma “proposta” para que não revelasse a informação. Por outras palavras, tentou extorquir a Doyen. Tivesse a Doyen aceitado, e o crime pelo qual estaria agora a ser julgado seria de extorsão na forma agravada, e não na forma tentada.
E quem melhor para assegurar que se tratava de uma tentativa de extorsão, que Aníbal Pinto, ex-advogado de Rui Pinto? É que Aníbal Pinto, ao ver os emails trocados entre Rui Pinto e Nélio Lucas (Doyen), foi peremptório: «estou fora, isto é extorsão».
Mais claro que isto é difícil.
Recorde-se que Aníbal Pinto já havia defendido Rui Pinto num caso em que o hacker desviou dinheiro de um banco das Ilhas Caimão, tendo depois chegado a um acordo para se safar.
Mais, em 2015, no Football Leaks, site criado por Rui Pinto para divulgação da informação ilícita, é colocada uma mensagem em que este pede doações, em dinheiro, uma vez que a informação disponibilizada “tinha dado trabalho a obter”.
Em momento algum Rui Pinto se dirigiu, por livre iniciativa, às autoridades, de modo a denunciar as ilegalidades que teria encontrado. Ignorou, inclusive, um pedido de colaboração da Autoridade Tributária em 2017. Apenas depois da sua constituição como arguido acedeu ao pedido, após toda a pressão mediática de que foi alvo.
Que tudo isto seja claro. Estamos a apresentar factos.
Não nos deixemos influenciar pela estratégia de comunicação de Rui Pinto, que passa não só pela sua equipa de advogados, mas também por lacaios como Ana Gomes, Pedro Baluarte Bragança, Paulo Baldaia, entre outros.
Rui Pinto é um hacker informático, cometeu inúmeros crimes nessa área, acedeu ilegalmente a sistemas informáticos e correspondência interna, divulgou informação sensível, tentou extorquir várias entidades e “entregou” informação obtida de forma ilícita à Benfica SAD a empresas concorrentes cotadas em bolsa, nomeadamente a FC Porto, Futebol SAD, que beneficiou dessa informação para proveito próprio.
Rui Pinto é um criminoso movido pelo dinheiro e terá de ser julgado pelos crimes que cometeu. Ponto final."

Normalidade...


"Voltamos a insistir porque isto passou todos os limites.
Fábio Silva: 200 minutos na época no Calor da Noite => 40 milhões para o Wolverhampton.
Raul Jimenez: Titular do Benfica, Várias vezes campeão, com golos decisivos, internacional AA => empréstimo com clausula de compra de 38 milhões para o Wolverhampton.
Ou outra:
Fábio Silva - 40M
Bernardo Silva + Cancelo + Andre Gomes - 45M
Ainda outra:
Lembramo-nos bem do que se falou sobre o valor do Renato Sanches, os tais 35M depois de levar uma equipa ao colo que culminou num Tri-campeonato do Benfica.
O Fábio Silva que nem aos sub21 chegou leva com um price tag de 40M numa altura de pandemia quando foi completamente irrelevante na temporada passada.
E a Comunicação Social age que se isto que aconteceu fosse a coisa mais normal do mundo.
Luís Filipe Vieira que continue a considerar Jorge Mendes como um parceiro estratégico. O parceiro estratégico que anda ocupado a enfiar milhões de euros no rabo do Calor da Noite. Que ainda não teve tempo para resolver o barrete Dyego Sousa que nos enfiou em Janeiro. Que continue a chamar-lhe "o táxi" e a entregar-lhe 10% de tudo. Ele merece, está visto."

Cadomblé do Vata (de patife demonizado... a anjo...)!!!


"2020 tem sido um ano louco, mas com o aproximar do fim dele, as boas notícias começam finalmente a surgir. No futebol, o principal destaque é o facto de Jorge Mendes, ao fim de 10 anos a trabalhar nas trevas e entre o nevoeiro, ter voltado a funcionar no meio da legalidade, colocando de lado a parceria Gestifute / SAD mais lucrativa do futebol português, para abraçar com carinho os únicos clubes do paraíso à beira mar plantado, que já levaram tau-tau da UEFA por não cumprirem com o Fair Play Financeiro. Numa altura em que tanto se discute a criminalidade de colarinho branco em Portugal, é reconfortante ver a reabilitação de um patife demonizado pelo anti benfiquismo, num anjo às riscas azul esverdeadas.
Jorge Mendes vendeu o Novo Ronaldo de 2020 por 40 milhões de euros. Há um ano, o mesmo empresário tinha negociado o Novo Ronaldo de 2019 por 126 milhões de biscas. Para fazer o Atlético de Madrid comprar o NR19, a Gestifute precisou que João Félix facturasse 20 golos profissionais. O Wolverhampton foi convencido a adquirir o NR20 após 3 golos nos séniores. Seria interessante saber o que pensa o Ronaldo original acerca da evidente desvalorização do Novo Ronaldismo.
Felizmente, a celeuma criada em redor da transferência de João Félix não se está a repetir com Fábio Silva. Mas também, obviamente que os negócios de uma SAD portuguesa que gera lucros consecutivos há uma longa série de Relatórios e Contas, devem levantar muito mais dúvidas legais do que as de uma que colecciona resultados abaixo de zero de há uns bons anos a esta parte. É normal que se vasculhe bem os 100 milhões que o SLB recebeu dos madrilenos (retirada a comissão Mendiana), apresentados como o lucro da última demonstração de contas do SLB, enquanto se faz vista grossa às 40 grandes (ainda ninguém falou na talhada gestifutiana, portanto não deverá haver) cambiadas das libras vindas do Mollineux, que mantém a contabilidade azul e branca uns bons 10 milhões de euros abaixo de água. Era só o que faltava os paladinos da transparência desportiva, apontarem o dedo a um clube que perdeu 6 pontos por corrupção desportiva, comunicando à CMVM que não ia recorrer, recuperando-os com um recurso entregue após transito em julgado da decisão, até porque como estes factos bem espelham, não estamos a falar de uma sociedade desportiva polvo de influências."

Rui Pinto, o julgamento do século? Expliquem-me como se fosse burra


"Para se ser whistleblower é preciso pertencer a uma organização ou empresa onde se terão cometido esses crimes. É o caso? Decidam vocês porque eu já sei a resposta.

umas semanas, jornalistas da revista Der Spiegel contavam os contornos da entrevista feita ao hacker Rui Pinto. Numa mensagem de texto encriptada, com a morada de um parque de estacionamento de um supermercado, um carro aproximou-se da viatura e dois homens com máscara fizeram sinal para que este fosse seguido. Durante vários minutos os jornalistas seguiram o veículo que fez várias manobras perigosas (qualquer semelhança com um qualquer filme de acção norte-americano não é mera coincidência) para garantir que não estava a ser seguido. Depois de largos minutos, o carro para finalmente e Rui Pinto, 31 anos, sai do banco de trás, com um chapéu, óculos de sol e máscara.
Talvez isto tenha sido o início daquilo que me parece alguma histeria colectiva face a este processo. Mas o rótulo pegou e está para ficar. Já que o julgamento do hacker português – acusado de 90 crimes – começou na sexta-feira e é já chamado de ‘julgamento do século’. O jovem de 31 anos terá acedido a mails de altas esferas do futebol e da Justiça, divulgando informação relativa a clubes de futebol – sendo o Benfica o alvo preferencial do adepto ferrenho do FCP – a Isabel dos Santos e a advogados dos envolvidos. Mas este é também aquele que é, simultaneamente, arguido e testemunha ao abrigo do sistema de protecção de testemunhas.
Pois então, e por isso, o Estado português, de recursos ilimitados nos seus cofres (ironia dispensável, bem sei), decidiu alocar armamento pesado, viaturas blindadas, agentes e carros à paisana, snipers, equipas infindáveis de agentes da PSP para revista de jornalistas (previamente acreditados) e definiu regras como a proibição de uso de telemóvel e computador na sala por parte das dezenas de jornalistas – numa audiência que é pública – onde se assistia à audiência por videoconferência. Não fosse um dos jornalistas presentes ficar com vontade de atirar um objecto pesado à cabeça de Rui Pinto que … não estava presente nessa sala.
Tudo isto para conseguir neutralizar (!) qualquer ameaça durante o percurso do hacker e durante a sessão de julgamento. Por onde entrou o jovem para o tribunal, como saiu, em que carro veio e para onde foi é algo que se encontra no segredo dos deuses. Certo é que levou a comunicação social (onde me incluo) a protagonizar mais alguns daqueles momentos hilariantes em que corremos que nem doidos para ouvir um mero advogado, um mero assistente ou mesmo duas fãs de Rui Pinto. Em que nós, os pobres coitados que não fazem parte da elite televisiva, são engolidos pelas câmaras e não conseguem gravar as declarações na íntegra. E isto tudo por causa de… Rui Pinto.
Herói para uns, criminoso para outros. Certo é que a tese da defesa e do próprio é mesmo essa, a do herói (tal como Snowden o foi ou, quem sabe, um Robin dos Bosques que pretende acabar com essa malvada classe dos poderosos): “sou um whistleblower e o que denunciei tem óbvio interesse nacional”. No meio de todo este aparato, que é também novo com certeza para a juíza presidente do colectivo Margarida Alves (essa que já que não teve direito a honras de protecção policial), não houve oportunidade para explicar um ponto que se calhar não é de somenos… para se ser whistleblower é preciso pertencer a uma organização ou empresa onde se terão cometido esse crimes. É o caso? Decidam vocês porque eu já sei a resposta."

Rescaldo... Andebol Europeu...

Fever Pitch - João, Pedro & Miguel... Trio!

Ganhar uma equipa


"A nossa equipa de futebol prossegue com os trabalhos de preparação para a nova temporada, cujos objectivos são claros e assumidos desde a apresentação do novo técnico Jorge Jesus: vencer todas as competições nacionais e chegar o mais longe possível na Europa.
Nesta fase importa, sobretudo, integrar os reforços, aumentar os índices competitivos dos atletas e dar-lhes ritmo de jogo, entrosar a equipa, testar soluções e preparar os primeiros embates da época, nomeadamente a estreia com o PAOK, no dia 15 na Grécia, a contar para a 3.ª eliminatória de apuramento para o play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões que, recorde-se, será disputada num único jogo.
Depois de Bournemouth e Braga (vencemos ambos os jogos por 2-1), além de quatro adversários em jogos-treino (misto Benfica B e Sub-23, 4-0; Estoril, 4-1; Belenenses, SAD, 4-0; Farense, 5-1), no passado sábado foi a vez de a nossa equipa defrontar o Rennes, terceiro classificado da liga francesa na época passada, o que lhe vale a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões. Não obstante as muitas ausências (oito jogadores nas selecções e três lesionados), vencemos por 2-0 e, sobretudo, foram deixados sinais positivos quanto à evolução da nossa equipa para enfrentar os desafios vindouros. 
Nestes três jogos foram utilizados 23 jogadores, dos quais 14 participaram em todos. Everton, Gabriel, Pizzi, Taarabt e Vinícius (2) foram os marcadores dos 17 golos haviam sido Cervi, Chiquinho, Diogo Gonçalves (2), Everton, Florentino, Gilberto, Jota, Pedrinho, Pizzi (3), Taarabt, Seferovic (3) e Waldschmidt.
Todos os reforços, à excepção de Helton Leite, lesionado, tiveram oportunidade de se mostrar a Jorge Jesus, incluindo Darwin, apresentado na passada sexta-feira ao final da tarde. Note-se que ontem foi realizado mais um jogo-treino, desta feita ante a equipa B (3-0), com o mais recente reforço a bisar (Dyego Sousa foi o autor do outro golo).
Em entrevista após a partida frente ao Rennes, Jorge Jesus salientou que estes desafios "servem para melhorarmos" e referiu a fase um pouco mais adiantada da temporada em que os franceses se encontram por já terem disputado dois jogos oficiais, o que obrigou a nossa equipa "a correr mais".
O nosso treinador evidenciou ainda as melhorias em termos defensivos, independentemente dos jogadores que actuaram, proporcionando tempo à equipa para fazer golos. E referiu ainda a juventude de quase todos os reforços, constituindo-se como um sinal inequívoco de que o Benfica prepara não só o presente como também o futuro.
Ganhar nesta e nas temporadas seguintes é, hoje e sempre, o desígnio benfiquista e o que norteia todos os que trabalham em prol do Sport Lisboa e Benfica. De todos um, o Benfica!"

Adel Taarabt | O marroquino teima em não largar a batuta


"Mudam-se os tempos, os treinadores e até a política desportiva, mas parece que há algo que teima em não mudar para os lados da Luz: Adel Taarabt continua a ser o único jogador no plantel encarnado que consegue desempenhar a função de box-to-box quase de forma exímia.
Apesar de o mercado apenas fechar a 6 de Outubro, o que é certo é que nenhum reforço para essa posição chegará antes do jogo da terceira pré-eliminatória frente ao PAOK, pelo que Jorge Jesus terá que se focar nos jogadores que dispõe actualmente.
No entanto, pelo que foi possível ver nos jogos transmitidos pela BTV, parece que o técnico português, apesar do que tinha sido avançado por alguns órgãos de comunicação social, conta com o marroquino para orquestrar o futebol ofensivo das “águias”.
Quando se pensava que seria Pizzi a voltar para o centro do terreno, onde Jesus o meteu a jogar na época 2014/15, o técnico surpreendeu tudo e todos ao colocar o médio português a jogar no apoio ao ponta de lança e Taarabt como box-to-box, tendo este até marcado o primeiro golo da partida frente ao AFC Bournemouth.
Esta opção por parte do técnico faz todo o sentido, pois Pizzi, para além de não ter a intensidade necessária para jogar num meio campo a dois, também não reúne as características de que Jesus gosta num “8”.
O técnico gosta de médios intensos na pressão e na disputa pela posse de bola, capazes de conduzir a bola em progressão, e Taarabt, com a evolução que apresentou nestes últimos dois anos, preenche os requisitos.
A verticalidade que impõe no seu estilo de jogo tem sido determinante no sucesso da equipa, permitindo queimar linhas adversárias e abrir espaços para desmarcações dos colegas. Com uma complexão física interessante para um centrocampista box-to-box, Adel acrescenta à sua grande visão de jogo e aptidão de passe, uma capacidade de condução de bola exímia, tornando-se num quebra-cabeças para os seus oponentes.
Além disso, Taarabt tem demonstrado uma grande intensidade e velocidade na reacção à perda da posse de bola, o que possibilita à equipa recuperar a bola em terrenos mais adiantados, aumentando assim as probabilidades de sucesso dos encarnados no último terço do terreno.
Não obstante, urge a contratação de um médio box-to-box pois é virtualmente impossível atacar uma época que se vislumbra longa e intensa com apenas um jogador que consiga desempenhar essa posição. Apesar de Pizzi ou Gabriel também poderem lá jogar, o futebol ofensivo da equipa perde a dinâmica e o fulgor que Taarabt consegue imprimir, pelo que Jesus, certamente, deseja o ingresso de um médio que, na ausência do marroquino, lhe dê garantias de qualidade no miolo do terreno."

Modalidades... Voleibol...

A Evolução Tática – Benfica de Jorge Jesus


"Já por cá foi referenciada a forma como evoluiu desde logo no trabalho de pormenor as diferentes linhas do Benfica. Já não há “escusa” de trabalhos para uns ou outros. Os onze fazem uma verdadeira equipa – Juntam, movem-se de forma conjunta e coordenada. Seja para fechar espaços, seja respondendo aos indicadores de pressão / de subir / descer. Sempre com posicionamento e orientação corporal adequada."

Carrossel...


"Aí está. 40 Mendilhões para o Calor da Noite realizados com um dos clubes que apontámos como pertencentes ao carrossel de Jorge Mendes. 40 Mendilhões por um jogador que tem 24 jogos (não completos) como profissional, tendo apontado 3 golos nesses 24 jogos.
Um escândalo sem precedentes. Um escândalo a que Ana Gomes ainda não se pronunciou o que denuncia as intenções de Ana Gomes sempre que fala de futebol.
Isto vai passar incólume, não vai?"