Últimas indefectivações

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Muito bom (quase sempre!!!)

Benfica 76 - 62 Académica


Jogo muito bom, principalmente a defender. Descompressão no 4.º período podia ter sido perigosa (até porque os árbitros 'acreditaram' que o resultado podia virar!!!). Gostei da confiança do Carreira, precisamos dele no máximo...


Aquilo que eu sei

"Eu sei que há coisas que não devem ficar sem resposta. Eu sei que neste Mundo global e mediático somos medidos pela força que demonstramos ter e que a linguagem de quem informa muitas vezes acirra e espicaça só para garantir audiências e tiragens altas à custa de incidentes e de 'casos'.

Eu sei que no espaço de paixão que é o do Futebol se tende a agir muito mais com o coração do que com a razão e que depois cada um cai em si e descobre que foi mais longe do que deveria ter ido.

Eu sei que há humilhações que é difícil digerir e aceitar e que andamos todos crispados por causa da crise que fustiga este País e compromete o nosso presente e o nosso futuro. Eu sei tudo isso, embora sinta quase sempre que sei muito pouco.

Mas a verdade é que também sei que a grandeza de espírito e a superioridade moral vêm da serenidade muito mais do que da beligerância. E também sei que quem usa a violência multiplica a violência e mancha a imagem daquilo que na realidade somos e valemos. E é muito.

O Futebol é importante, porque nele investimos paixão e esperança, mas existe muito mais vida para além dele. Existe a própria vida, com todos os problemas e desafios que desfilam perante os nossos olhos exigindo soluções e respostas. Será isso pouco?

Umas vezes ganham uns, outras vezes ganham outros. As guerras são noutros lugares. São na Líbia, no Afeganistão e noutros pontos do Mundo. Só a paz e a liberdade nos dão tempo e espaço para fruirmos o espectáculo do Futebol, sem medo, mas com regras, sobretudo as cívicas, que são as da cidadania e as da sã convivência. Há famílias inteiras que deixarão de ir aos estádios se deixarem de ser estas as regras do jogo.

E depois existe ainda uma outra coisa. Há uma medalha que nunca deve ser posta no peito do adversário, seja ele qual for: a de um campeão de cabeça perdida a ficar abaixo do muito que valem a sua história e o seu potencial de futuro. Ninguém nos tira o orgulho de sermos quem somos."


José Jorge Letria, in O Benfica

Os pilha-galinhas

"Eles não são ladrões porque até para roubar é preciso arte.

Eles não roubam, não assaltam, não furtam. São demasiados mesquinhos e tacanhos para isso. São forra-gaitas, mesmo quando só tocam concertina.

Eles esponjam-se na lama, figuras menores, tantas vezes estrafalárias, num esforço contínuo de se erguerem nas pontas dos pés no ridículo próprio dos insignificantes.

Como capachos, obedecem à ordem de D. Palhaço:

-De cócoras!

E eles acocoram-se. São pilhas-galinhas transformados em galinhas. Juntam-se, corporativamente na obediência ao chefe. Encolhem-se. Encostam-se uns aos outros tremendo e cacarejando, indecentes perpetadores de crimes semanais, de sorriso no rosto, felizes por serem objecto de desprezo e de humilhação.

Tudo neles é falso. São meros serventes de um poder que há muito lhe corroeu a dignidade. São funcionários do esbulho.

-De cócoras!

E eles de cócoras, felizes, esperando ansiosamente pelo grão de milho painço personificado em prostitutas baratas e em cenas de chinelo e alguidar nas pensões sebentas onde escondem os vícios das mulheres e dos filhos.

Infelizes escravos do Grande Palhaço do seu pequeno universo. Veneram-no como a um deus de pequenas coisas. E somam, semana a semana, ordenados chorudos de fazer escândalo num país de pobres que premeiam a sua competência em servir, em obedecer, em vergar a cerviz. Têm os seus empregos, mas pouco importa. É desta vassalagem que vão vivendo. Acatam, aquiescem, carregam abjectamente o jugo de quem os manda pilhar sempre a favor do mesmo como se fosse uma inevitabilidade das suas vidas mesquinhas e merectrícias.

-De cócoras, grita D. Palhaço.

E eles agachados, acobardados, acabrunhados.

-De cócoras!!!

E eles sempre de cócoras, continuamente de cócoras. Tão de cócoras, tanto tempo de cócoras, que já não sabem viver de espinha direita. Tão de cócoras que, um dia, como as galinhas, começarão, certamente, a pôr ovos. Podres."


Afonso de Melo, in O Benfica

Absurdo !!!





Um daqueles resultados, de tão injustos, que é difícil de explicar... Só uma equipa tentou jogar Futsal, a outra defendeu, e mandou pontapé para a frente, e para cúmulo, quem não quis jogar, por opção, ou por incapacidade, ganhou!!! Podíamos ter ficado a jogar o dia todo, e a bola não ia entrar!!!

A injustiça é em duplicado, pelo jogo, e pela época que esta equipa está a fazer...

Mas a época não acabou, temos duas competições internas para ganhar, e vamos ganhar...

Fica (tão) bem

"Isto de escrever uma prosa sobre o Benfica, antes de uma meia-final europeia, tem que se lhe diga. Ou que se lhe não diga. Afinal, o problema de sempre. As vitórias dão robustez ao alicerce emocional, as derrotas amachucam o estado de alma. Que olhos vermelhos lêem este texto? Lêem-no, sabido já o desfecho do embate na Luz, frente ao Sporting de Braga, disputado ontem. Haverá vermelho de raiva ou vermelho de alento? A segunda hipótese, horas antes do jogo, sempre me pareceu mais verosímil. Uma questão de crença? Também uma questão de crença, só que ainda uma questão de justiça.

O triunfo na Taça da Liga serviu de lenitivo a um período conturbado em termos competitivos. Não é, ao invés do que proclamam os nossos detractores, um troféu de somenos. Em boa verdade, sem arranjar desculpas para o imprevisto desaire com o FC Porto, a Taça da Liga até tem mais exigência competitiva do que a Taça de Portugal, embora não tenha ainda carimbado estatuto de maior prestígio no calendário das competições domésticas.

Abril foi um mês atribulado para o Benfica. Contas houve que saíram furadas, expectativas houve que saíram frustradas. Ainda assim, o que se questione tudo o que de importante foi feito e conseguido pelo Clube nos últimos tempos. Não é nas adversidades que importa reforçar as convicções, reforçar as afeições? Também por isso, haja quem seja mais benfiquista agora do que há umas semanas. E como isso fica bem ao Benfica..."


João Malheiro, in O Benfica

Conquistemos!

"Chegados aqui, a pouco mais de vinte dias do final da época, vivemos todos – adeptos, atletas, dirigentes – a ansiedade de saber, antecipar, adivinhar o futuro, o Destino.
Mas, ao contrário da “Anankê” grega, este é um Destino sobre o qual pode agir a condição humana. Escrevo este texto quando faltam dois jogos para atingir uma final europeia e três jogos para um título europeu. Três jogos para poder inscrever o nome na História, três jogos para que cada atleta, cada adepto, cada um dos que vive o Benfica possa inscrever o nome no tempo e, desta forma, transcenda a condição humana e se eleve à condição de herói.
A condição de herói não se consegue sem sofrimento. O saber latino ensinou-nos que “ad augusta per angusta”. Ou seja, alcança-se a glória através das provações. Pessoa dizia que “Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor”. Também nós, benfiquistas, sabemos que o sofrimento está na antecâmara da glória. Na nossa História nada nos foi dado, nada nos foi facilitado e tudo o que conseguimos teve de ser conquistado com sacrifícios. Numa época em que se recordam, celebram e homenageiam os primeiros benfiquistas que conquistaram a Europa, tenhamos nos exemplos dos que eram liderados por Coluna e Águas a inspiração para perceber que a diferença entre a memória e o esquecimento está na capacidade de superarmos as nossas fraquezas. Ser Benfica é também isto. Exige o tempo presente que o saibamos ser de forma exemplar.
Escrevo este texto antes do primeiro jogo da meia-final da Liga Europa. Escrevo-o com a confiança de que todos os que são Benfica sabem o caminho para agir sobre o Destino. Sei que há que chorar juntos para podermos conquistar juntos. Esta época já chorámos. Agora chegou o momento de conquistar!"


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Higiene

"As probablidades do Benfica ser eliminado da Taça de Portugal nas meias-finais, depois de ter vencido fora a 1.ª mão, por 2-0, eram reduzidíssimas: menos de 2 por cento, segundo notícia do Público de 20 de Abril. E então, como é que o 'Sistema' haveria de inverter probabilidades tão remotas? Chamando Carlos Xistra. E foi assim que o árbitro que afastou o Benfica da luta pelo Campeonato, também o afastou da final da Taça de Portugal.

A arrogância e a pesporrência dos vencedores, das suas agências de propaganda e dos seus meios de comunicação - quase todos - não conseguem repetir mentiras até que elas constituam uma verdade.

Quanto ao Campeonato, foi em Braga, no jogo da célebre expulsão de Javi Garcia - ao sofrer uma falta brutal - e do golo que saiu do livre correspondente.

Quanto à Taça, o momento decisivo do jogo e da eliminatória foi quando Xistra - cujos auxiliares passaram o jogo a descobrir foras-de-jogo que cortavam os ataques do Benfica - validou o segundo golo com Hulk fora de jogo. Isto para não falar da condescendência com a brutalidade de indivíduos, como Sapunaru e Rodriguez - a tesoura a Maxi é um acto bárbaro que passou impune -, que saíram pelo seu pé do terreno de jogo quanto tudo fizeram para merecer vermelho directo ou, no mínimo, segundo amarelo.

O Benfica deve usar todo o seu peso institucional e social para denunciar, no concreto e ao pormenor, a sucessão infinda de casos que desvirtuam a verdade e consagram a mentira desportiva do 'Sistema'. Por uma elementar questão de higiene e de transparência. E para vergonha de ouvirmos dizer lá fora que em Portugal os títulos se compram no supermercado."


João Paulo Guerra, in O Benfica

Bomba Paraguaia (até assobiou!!!)






Escasso, muito escasso!!! Merecíamos mais, muito mais!!! Teve que ser à 'bomba'!!!





Até agora este tipo de resultados, em casa, na Liga Europa, tem sido suficiente para seguir em frente, mas já chateia tanto golo falhado!!! E desta vez vamos defrontar provavelmente a equipa mais 'mijada' da história das competições europeias!!! (apanham um Liverpool de rastos, sem Gerard, e sem Suárez, e ganham com um penalty. Vão à Ucrânia e passam a eliminatória com um auto-golo!!!)... para cúmulo tem jogado todas eliminatórias sempre com 'meia' equipa lesionada, mas hoje, nem sequer uma 'caganeira'!!!




Impressionante como uma equipa treinada por um medroso chorão, que joga 90 minutos no erro do adversário, que a perder, mete mais trincos, e mais centrais, corre o risco de jogar uma final europeia!!!





Com este jogo são 15 os jogos consecutivos do Benfica a sofrer golos!!! Estatística repetida até à exaustão!!! Com 2-1 em casa, um golo do Benfica na Pedreira obrigará o Braga a marcar 2 golos para empatar, e 3 para ganhar, será que agora alguém vai relembrar a estatística, que diga qual foi o último jogo, onde o Benfica não marcou um golinho?!!!





A equipa do Benfica está cansada, mas tem um coração enorme (o que torna os 'acontecimentos' em Coimbra ainda mais ignóbeis!!!). Enquanto tivemos pernas, fomos imensamente superiores, quando faltaram as pernas fomos somente superiores...




O cansaço, é fácil de explicar: o Braga teve 10 dias para preparar este jogo, enquanto nós nesse mesmo período jogámos 2 jogos intensos. Para a semana já haverá igualdade nos tempos de 'descanso', o que nesta altura da época é muito importante, porque as 'recuperações' são muito mais lentas. Nos últimos jogos, da época passada o Benfica também demonstrou fadiga, e fomos eliminados prematuramente na Taça de Portugal, e na Liga Europa saímos nos Quartos-de-final. Este ano a 'carga' ainda tem sido superior, mesmo com os jogos do Campeonato com os 'menos utilizados'. Em Fevereiro, tivemos mesmo 4 jogos em 10 dias, praticamente, com os mesmo '11'!!! (com 'remontadas', e jogos em inferioridade numérica!!!) Na minha opinião a equipa nunca recuperou desse esforço, até porque os jogadores mais fatigados, quando podiam ter descansado, foram chamados às Selecções!!! Penso que a partir de agora, este problema vai ser diluído. Se tudo correr bem até final da época só vamos ter 2 jogos a 'sério', e nunca mais vamos estar desvantagem no tempo de preparação para os jogos, além disso a vontade de fazer história no Clube, irá fazer 'esquecer' qualquer cansaço...!!!









PS1: Creio ter sido o segundo golo do Cardozo de livre directo esta época, por coincidência ambos foram na Euroliga!!! O primeiro em Estugarda, e agora este. Se calhar devido a esta eficácia, é que a nível nacional, o Benfica deve ter beneficiado de 10 livres directos em todas as provas!!! Temos jornadas consecutivas sem um único livre directo...!!!

PS2: Com azar que temos tido com as lesões, peço a todos os santos, inclusive ao Jesus: Carlos Martins não pode jogar em Olhão. Sem Aimar castigado no Campeonato, jogue-se com 'outro' qualquer...!!! Em sentido contrário, o Gaitán precisa de alguns minutos para voltar a ganhar ritmo...








adenda:
1.
Não gostei dos árbitros (ainda não vi o jogo na TV), principalmente dos fiscais-de-linha, deixaram passar vários foras-de-jogo ao Braga. Já não tinha gostado deles no Benfica-Lyon (4-3). Deixou jogar a meio-campo, mas perto da área do Braga, marcou várias faltas ofensivas, por toquezinhos de merda!!!

2. Ambiente morno. Mais uma vez convites a torto e direito. Com muita gente pouco habituada a jogos de futebol. Só depois do golo do Cardozo, houve algum entusiasmo. É preocupante esta falta de militância numa Meia-final Europeia, a crise não explica tudo. O desgaste de 30 anos de Corrupção, está a 'quebrar' a base de apoio ao Benfica, o que é perigoso...

3. Os Bracáros, premeditadamente, na deslocação à Luz, copiaram à letra, tudo o que a 'casa mãe' fez no último jogo!!! O trajecto, o hotel, o passeio no Parque... que mediocridade.
No meu regresso a casa 'apanhei' a comitiva do Braga na A8!!! (A 110Km/h) Como contribuinte gostaria de saber quem paga a despesa!!! Nem o Presidente Americano deve ter tanta segurança!!! E eu, talvez por ingenuidade, não dei conta da existência de qualquer ameaça ao autocarro do Braga!!!



4. Vi e revi na televisão, com muita atenção o lance do amarelo ao Aimar, e muito sinceramente não consigo escrutinar qualquer contacto!!! Foi mais uma simulação do Alan. E recordo que além do amarelo ao Aimar, que o impede de jogar o segundo jogo, foi desta falta que nasce o único golo dos Bracáros!!!

Ah, mas estão verdes!

"SOFREM de falta de visão histórica e fazem mal os benfiquistas que desdenham a terceira vitória consecutiva na Taça da Liga atribuindo-lhe uma menoridade que não tem a partir do momento em que faz parte do calendário oficial de provas. Por muito zangados que estejam com a sua equipa, estão fora de razão os benfiquistas que desdenham a vitória de sábado à noite em Coimbra e se prestam a fazer coro com os portistas e os sportinguistas, cujo desapreço pela dita Taça de explica facilmente olhando para o respectivo palmarés.
Em quatro edições da Taça da Liga, o Sporting perdeu duas finais no desempate por pontapés de grande penalidade e o FC Porto perdeu a final do ano passado sofrendo um resultado pesado e um banho de bola que lhe foram infligidos pelo Benfica. Bons tempos! Mas são precisamente estas as razões que movem os portistas e os sportinguistas contra a nova competição.
Um pouco como na fábula de Esopo, reescrita por La Fontaine a propósito da raposa que queria comer uma uvas penduradas numa latada tão alta que, face à impossibilidade de lhe chegar, não querendo admitir o insucesso se saiu com a célebre frase: «Ah, mas estão verdes!».
Além do facto, um bocadinho ridículo, de o Benfica correr o grande risco de só vir a ganhar esta temporada a única competição de que ameaçou desistir, menosprezar a Taça da Liga hoje, em 2011, é tão patético como, por exemplo, terá sido, eventualmente rebaixar a Taça de Portugal em 1942, consumadas as quatro primeiras edições da prova que é hoje clássica e que teve como primeiros vencedores, por esta ordem, a Académica, o Benfica, o Sporting e o Belenenses.
A Taça da Liga é o que é. E é, sobretudo, o que vai ser no futuro porque nada indica que não venha a ter um largo porvir. A não ser que venha a ser extinta por bula papal visto não apresentar índices de sucesso que agradem ao Vaticano.
Sendo uma hipótese absurda, também não deixava de ter quase graça como a fábula de Esopo sobre a raposa e as uvas.
...Ah, mas estão verdes!
E estão mesmo verdes. E não me refiro às uvas.


AO abrigo de um protocolo entre os dois emblemas, o Benfica terá comprado ao Varzim três jovens jogadores portugueses praticamente desconhecidos das grandes plateias. É natural que assim o sejam. o Varzim, nome histórico do futebol português, luta actualmente pela sobrevivência no fundo da tabela da Liga de Honra e, assim, não espanta que os nomes de Neto, Rafael Lopes e Tiago Terroso - os tais três jogadores com guia de marcha para a Luz - não tenham propriamente o estatuto de galácticos capazes de levar ao transe os adeptos e os mercados.
Como os benfiquistas andam tristinhos, e têm bastas razões para tal porque nem a Taça da Liga lhes abriu um sorriso, não há notícia alguma que não provoque imediatamente esgares de desconfiança ou, pior ainda, de indiferença. A contratação de Neto, Lopes e Terroso não provocou nem uma coisa nem a outra. Veio apenas acentuar o masoquismo vigente depois das duas derrotas em casa com o FC Porto e mais o que isso significou, o que não foi nada pouco.
A contratação de três desconhecidos a uma clube que é o penúltimo classificado a um clube da Liga Orangina não podia, de modo algum, ter o condão de fazer arribar o ânimo dos benfiquistas, o que se compreende. Mas não é a primeira vez que o Benfica vai à Póvoa buscar jogadores em quem, à partida, ninguém acredita que possam vir a fazer a diferença. Em 1988, depois de Águas e de Dito terem trocado a Luz pelas Antas, provocando uma grave comoção na casa de partida, o Benfica foi buscar ao Varzim Vata e Miranda, o que foi entendido como um acto de grande incompetência para não dizer uma galopante burrice dos nossos dirigentes à época.
E foi de tal monta a reacção interna e externa que o próprio Pinto da Costa, com a ironia do costume, se abalançou a prédicas sobre o futuro e proferiu uma frase que haveria de ficar história: «Para o ano vão ser campeões com o Vata e com Miranda e com o Paneira!», sendo que «O Paneira!», que ninguém sabia quem era, acabadinho de comprar ao modesto e honesto Vizela, também não era nome que se apresentasse para animar uma massa de adeptos traumatizada com as deserções de Dito e Rui Águas.
O ânimo só chegaria no final da época seguinte quando o Benfica foi mesmo campeão com o Vata, o Miranda e o Paneira, dando razão a Pinto da Costa, o que também, por absurdo, teve a sua graça.
Por tudo isto será preferível que os benfiquistas se agarrem, durante o final desta época e durante todo o próximo defeso, aos nomes bem portuguesinhos do Neto, do Lopes e do Terroso em vez de passarem estes meses de calor a sofrer as agonias e o stress que, tradicionalmente, lhes provocam as notícias às sacadas de contratações de nomes estrangeiros mais fulgurantes e os consequentes desmentidos, como tem sido nossa sina suportar todos os Verões.
Verão como tenho razão.


O Sporting renovou com Izmailov até 2015 e Izmailov mostrou-se muito satisfeito. O russo, jogador muito talentoso ainda que intermitente, deu provas do seu estado de espírito declarado à comunicação social: «No Sporting sinto-me em casa.» Ora aqui está uma confissão bastante discutível porque, nestes anos que leva de Sporting, Izmailov raramente esteve em casa.
Foram mais os tempos passados suspenso de toda a actividade no clube, passados em hospitais em Portugal e no estrangeiro, passados em estadas autorizadas na sua Rússia do que, propriamente, os tempos passados em Alvalade. Mas, até 2015, Marat Izmailov vai, certamente, ter tempo para fazer do Sporting a sua casa. E já não era sem tempo.
Também Liedson, outra glória leonina, falou recentemente à comunicação social para expressar um sentimento não menos discutível em relação ao clube de Alvalade. Actualmente so serviço do Corinthians, clube da gigantesca metrópole de São Paulo, Liedson diz que tem muitas saudades do Sporting por causa... do trânsito. «Em Portugal eram 32 quilómetros até ao treino, era rapidinho, levava 30 minutos. Aqui em São Paulo o trânsito é mais complicado tenho de sair de casa 40 minutos antes.»
Mais 10 minutos, menos 10 minutos, francamente Liedson. Passa um homem anos e anos num clube a ser acarinhado pelos adeptos e depois sai-se com esta de ter saudades da auto-estrada...



HOJE o Benfica recebe o Sporting de Braga na primeira mão da meia-final da Liga Europa que é uma competição nova, inventada pela UEFA, e que tem ainda menos anos de existência que a nossa Taça da Liga caseira.
Além da curiosidade natural e sadia sobre o desfecho desta eliminatória em termos de resultados, tem vindo a sobressair uma outra curiosidade bem menos sadia e reveladora do fraco estatuto interno que os árbitros portugueses gozam. E o que eles têm gozado...
O presidente da Câmara de Braga já se regozijou com o facto de o árbitro de hoje à noite ser estrangeiro, facto que se repetirá de hoje a uma semana. Têm surgido outros regozijos do mesmo teor oriundos de áreas mais intelectuais da sociedade portuguesa.
O que esta malta aposta nos árbitros é mesmo impressionante...



COMEÇOU mal para o Benfica a jornada europeia de clubes com a sonora derrota do Real Madrid, em casa, frente ao Barcelona. Falo do ponto de vista financeiro, obviamente. De acordo com a imprensa, o Benfica teria a receber mais um milhão de euros se Di Maria fosse campeão europeu o que, este ano, dificilmente acontecerá. A não ser que o Real Madrid se arme em FC Porto e vá a Nou Camp dar a volta aos 2-0 da primeira mão. Mas é muito difícil. Aliás, o Real Madrid não é o FC Porto de Espanha. É mais o Benfica, para o bem e para o mal."

Leonor Pinhão, in A Bola

As meias-finais

"Os semifinalistas da Liga Europa que hoje se defrontam na primeira mão, assinalam duas novidades: três equipas portuguesas (o que assegura, pelo menos, um finalista) e a primeira vez que, duas delas, se encontram em disputa directa.

Uma Liga Europa que falará muito provavelmente apenas português na final. Em versão FMI, ou não estivesse marcada a final para um estádio da capital de outro país intervencionado: a Irlanda.

O Porto tem todos os motivos para se considerar favorito, embora o submarino amarelo da pequena cidade espanhola de Villarreal mereça todas as cautelas.

A outra semifinal entre Benfica e o Braga vai ser um emocionante duelo. Felizmente sem arbitragens titubeantes e permeáveis, como as que vimos assistindo no nosso campeonato. O Benfica vai jogar o seu prestígio e o favoritismo teórico. O Braga assume a sua maturidade internacional, depois de ter deixado pelo caminho equipas como Celtic, Sevilha e Liverpool!

Com os resultados dos jogos da Liga Nacional, o Benfica ficaria apurado por ter marcado um golo fora (1-0 e 1-2). Mas agora, esta eliminatória vai encontrar os minhotos num momento alto da temporada depois de um pequeno período cinzento e o Benfica num momento mais incerto depois de uma invulgar série de 19 jogos sempre a ganhar. Com a coincidência de haver um treinador, Jorge Jesus, que transitou de um para o outro clube.

É claro que desejo que o meu clube ultrapasse este difícil obstáculo, apesar de desfalcado por saídas e lesões. E espero que, na Luz e em Braga, se possa dar um exemplo de desportivismo sadio e um espectáculo inteligentemente fascinante. Sem fanatismos doentios, assumindo-se a vitória com elegância e a derrota com lucidez."


Bagão Félix, in A Bola

Hóquei em patins

"Numa semana crucial na Europa de futebol, escrevo sobre hóquei em patins, a pretexto do conhecido e pascal Torneio de Montreux (que o jornalista na TV pronunciava como montrô!).

Pertenço à geração que acarinhava o hóquei como razão do nosso orgulho desportivo, sobretudo em confronto com a odiada Espanha. Hoje, submergido pelo poder totalizante do futebol, o hóquei minguou no coração dos portugueses. Curiosamente, a isto não é indiferente a substituição do relato radiofónico pela transmissão televisiva. É que, no pequeno ecrã, não temos olhos para tanto movimento num tão estreito espaço e a bola não se vê a não ser em episódios encontros de quem descobre uma peça do meio de um puzzle de quinhentos bocados. Na rádio, nos tempos áureos do hóquei, era saboroso ver através dos ouvidos!

Mas também a invariável seriação das selecções em 3 níveis estanques (as favoritas, as 3 ou 4 do meio e as que fazem apenas turismo desportivo), a agora indesejada supremacia espanhola e as constantes mudanças de regras de jogo em nada têm ajudado a reabilitar esta belíssima modalidade. Por fim, a reprovação como modalidade olímpica nos Jogos de Barcelona veio esmorecer o futuro do hóquei.

Mas gostei da vitória portuguesa na cidade suíça. Através dela, recordei, gostosamente, Livramento, Adrião, Velasco, Bouços, Matos, Moreira, Edgar, Cruzeiro, Perdigão, Vaz Guedes e tantos outros, na minha infância e juventude. E os históricos confrontos com os espanhóis Zabalia, Orpinelli, Boronat e Puigbó, os italianos Panagini e Gelmini e até os suíços Monney. E sinto a falta de equipas adormecidas pela erosão do tempo, como o Campo de Ourique, Hóquei de Sintra, Paço de Arcos ou CUF."

Bagão Félix, in A Bola