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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Campeonato perdido


Corruptos 26 - 23 Benfica

Não foi hoje que perdemos o Campeonato, as derrotas perfeitamente evitáveis com os Lagartos e com o Águas Santas, foram os momentos decisivos. Hoje, foi mais do mesmo: nas últimas épocas o Benfica vence na Luz, e os Corruptos vence no antro... A diferença, é que no antro, as arbitragens são de bradar aos céus. A nomeação da dupla Nicolau/Caçador foi reveladora, façam uma estatística com estes dois anti's a arbitrar jogos do Benfica e os números não vão mentir (com destaque para os jogos com as equipas que normalmente jogam a 2.ª fase)!!!
Com uma arbitragem normal, ao intervalo a vantagem do Benfica era de 3 a 4 golos (os 7 metros a favor dos Corruptos foram a pedido...), depois na 2.ª parte tivemos umas paragens cerebrais, mas que todas as equipas têm, é impossível manter o mesmo nível durante todo o jogo, mas umas têm 'almofadas' outras não!!! As duas exclusões na entrada dos últimos 5 minutos, o facto de na 2.ª parte o primeiro livre de 7 metros, a favor do Benfica ter sido aos 25 minutos, e o facto de ser permitido quase tudo aos Corruptos na defesa: defender dentro da área, puxar, agarrar, são obstáculos impossíveis de ultrapassar. Basta recordar como esta noite eles ganharam uma vantagem de 3 golos (20-20 para 24-21), com uma falta não assinalada num remate do Benfica (que seria 7 metros), e com uma falta ofensiva inexistente ao Benfica, supostamente, sobre um jogador que estava a defender dentro da área: que também dava 7 metros!!!)!!!

Recordo os mais distraídos, que uma parte significativa da equipa do Benfica é composta por ex-jogadores dos Corruptos (Candeias, Tavares, Andrade, Carmo, Rodrigues, Grilo), portanto quando começam a dizer que os nossos jogadores, não têm 'isto ou aquilo', é bom recordar que eles, alguns à bem pouco tempo estavam no outro lado, e nessa altura já tinham 'isso e aquilo'!!! Tenho a certeza que os jogadores não desaprendem quando vestem a camisola do Benfica, o problema, é que o factor mais decisivo em muitos Campeonatos - nesta, e noutras modalidades -, não são os jogadores, e não são os treinadores... as vitórias são da 'organização'!!! É daqueles casos, onde Portugal é um verdadeiro 'study case'!!!

Já li alguns rumores sobre o plantel para a próxima época: creio que é óbvio, a equipa precisa de reforçar a 1.ª linha, temos poucos rematadores de longa distância, o Pedroso é inconstante e o Cutura é uma adaptação; precisamos de mais um Pivot; espero que o Álamo fique; se o Tavares sair, não sei se o Areia será opção...
Vou-me repetir, num Campeonato sem Play-off (!!!), para ganhar temos que ser perfeitos. Perfeitos quer dizer, perfeitos: ganhar todos os jogos, para que as visitas ao antro da Corrupção não sejam decisivas. Qualquer deslize será fatal...

Red Light Amsterdam

A competência tem valor

"Por vezes, o futebol é feito de injustiças. O Benfica vulgarizou o actual campeão europeu na final da Liga Europa, mas infelizmente a vitória acabou por sorrir ao Chelsea. Nestas alturas, as vitórias morais de pouco servem. No entanto, a excelente temporada benfiquista merece o reconhecimento de todos. Aconteça o que acontecer, o trabalho de Jorge Jesus e dos seus jogadores foi notável.
No início da época, poucos imaginariam que este Benfica, órfão de peças vitais como Javi García e Axel Witsel, seria capaz de se impor e superiorizar perante uma equipa poderosa (desportiva e financeiramente falando) como o Chelsea. A verdade é que a equipa da Luz foi capaz de contrariar todas as probabilidades. Muito por força da capacidade que demonstrou em se reinventar. E aí, Jesus teve o papel principal, na construção de uma equipa competitiva.
O técnico "inventou" um lateral-esquerdo (Melgarejo) capaz de cumprir defensivamente e dar profundidade à equipa, dinamizou a polivalência de André Almeida, potenciou as capacidades de Matic para um nível muito alto e transformou Enzo Pérez, razoável extremo de origem, num médio-centro com tarimba internacional. Pelo meio, ainda conseguiu afirmar Lima e Salvio como peças chave do onze e espevitar Gaitán e Ola John para momentos de magia.
O arquitecto desta equipa conseguiu fazer uma saborosa omeleta com os poucos ovos que tinha à sua disposição em determinados sectores da equipa. Quando muitos apontavam a fragilidade do meio-campo do Benfica, a verdade é que Jesus formou e valorizou uma das melhores duplas de médios, Matic e Enzo Pérez, a jogar na Europa.
Estes dois jogadores deram luta aos cinco médios com que o Chelsea povoou o meio-campo e, mesmo assim, conseguiram fazer com que fosse o Benfica a comandar o jogo, a controlar a bola e a criar várias oportunidades de perigo. Apenas faltou maior esclarecimento e acutilância na hora de rematar à baliza de Cech.
Por todo este trabalho de valorização de activos e do nível competitivo do Benfica, assim como pela qualidade do futebol apresentado, a continuidade de Jorge Jesus parece ser a decisão mais lógica. Porém, os discursos contraditórios de presidente e treinador após a final da Liga Europa indicam que ainda há pormenores a limar para que as duas partes cheguem a um entendimento.
Acredito que a maioria dos benfiquistas, entre direcção  sócios e adeptos, querem a renovação do seu actual treinador para dar continuidade a um projecto que contribuiu, e muito, para o crescimento do clube nos últimos anos. O equilíbrio de forças com o FC Porto já é uma realidade e o "salto" europeu, tão desejado por Luís Filipe Vieira, está em marcha.
Perante as últimas declarações, falta saber se o treinador tem interesse em continuar. Com o futebol apresentando nesta final da Liga Europa, é certo que Jorge Jesus ganhou maior cotação em termos internacionais e não lhe faltarão pretendentes. Para além de questões salariais, sendo ele um dos treinadores mais bem pagos da Europa, a Jesus interessará saber que equipa terá à sua disposição e que tipo de investimento quer fazer o Benfica nos próximos anos.
Numa altura em que os clubes começam a ter maior contenção financeira, focando-se na redução de despesas, conjugar a ambição do clube e do seu treinador fará toda a diferença. É que no próximo ano a final da Liga dos Campeões realiza-se no Estádio da Luz... Estar nessa final é, obviamente, um sonho para toda a nação benfiquista."

Vieira: querer não é poder

"Na ressaca da vitória na final da Liga dos Campeões em 2004, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, assumiu um objectivo desejo: regressar a uma final da mesma competição em menos de 17 anos. Porquê 17 anos e não 15 ou 20? Entre as finais ganhas em 1987 e 2004 distavam precisamente 17 anos, pelo que o desafio passava por encurtar esse período de ausência. Foi um desejo excessivo? Bom, já passaram 9 anos sobre a gloriosa noite de Gelsenkirchen, portanto o FC Porto ainda tem 7 anos para dar essa prenda a Pinto da Costa (a final ganha na Liga Europa em 2011 atenuou o passar dos anos).
Na ressaca da derrota na final da Liga Europa, na quarta-feira, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, também formulou um objectivo desejo: para o ano voltamos cá. Não se referia, creio, à Liga Europa, mas à Liga dos Campeões, que vai ser decidida... no Estádio da Luz. Mas uma final europeia não se calendariza. Pode traçar-se um plano de acção mais ou menos consistente e criar as condições para lutar pelo objectivo num determinado período. Dificilmente a um ano. Porque nem todo o dinheiro do Mundo compra essa certeza, como muito bem sabem o Real Madrid ou o Manchester City (clubes a quem, por exemplo, o Benfica vendeu três dos seus melhores jogadores...). E os sorteios têm, numa prova a eliminar, um papel decisivo. Que não se consegue controlar.
Compreendo a frustração do líder do Benfica ao perder de forma tão inglória a Liga Europa. Assim, atribuo à emoção do momento tal reacção espontânea. Se bastasse querer para se poder, o Benfica não teria passado 23 anos seguidos a ver as finais europeias na televisão.
Também interpreto as palavras de Jesus sobre a (hesitante) renovação à luz da frustração daquele momento. A derrota, diz, vai levá-lo a pensar muita coisa. Provavelmente concluirá o mesmo que Luís Filipe Vieira: com um plantel mais equilibrado, principalmente na defesa, talvez hoje se sentisse no céu e não no inferno. Talvez. Mas a história no futebol não se faz de “talvez” nem de “se”. Faz-se de vitórias. O Benfica já não “cheirava” a possibilidade de acumular tantas numa época há muito tempo. Uma vez que agora voltou a conhecer o “cheiro” do sucesso, o melhor caminho, parece-me, é o de seguir em frente e trabalhar para lhe sentir o sabor.
Vieira terá um desafio enorme pela frente nas próximas semanas: segurar na Luz, pelo menos mais um ano, aqueles que fazem uma grande diferença. Como Jesus, Matic, Enzo, Garay ou Gaitán."

Voltar a ser sócio do Benfica

"Em duas décadas de pântano futebolístico (1994-2009) não sofri metade daquilo que tenho sofrido nos últimos dois anos. Durante aquela época negra , o Benfica só aguentava o verão, aquele espacinho entre a primeira e a quarta jornada, altura em que passávamos pelas Antas para a habitual sessão de sodomia com pitons. O Sporting não chegava ao Natal, não era? O meu Benfica pós-Artur Jorge não durava até ao verão de São Martinho. As castanhas já vinham com um encolher de ombros. Não havia sofrimento, havia resignação. O sofrimento implica falhar num momento de decisão. E nós não tínhamos momentos de decisão, éramos um clube de loseiros, habituados a ver os momentos de decisão dos outros. Agora, as coisas são diferentes. Estas duas épocas estão a doer, porque tivemos o chupa-chupa na mão, porque julgámos que a miúda gira estava mesmo a olhar para nós e, afinal, estava a olhar para o pintas do lado.
"O que fazer? O que dizer?", perguntavam anteontem algumas sms de amigos. Bom, já pensei em entrar em negação, já pensei em ser do Belenenses ou da Académica para ver futebol na anémica posição papai-mamãe, já pensei em desligar-me da bola, já pensei em seguir o conselho da minha mulher, isso é só futebol, ó doente, já pensei em não ir ao estádio, para quê sofrer, porra?, já pensei em não seguir os jogos pela tv, até poupávamos dinheiro, ouviste?, já pensei, no fundo, em cortar o cordão umbilical com o meu relógio biológico . "Para quê sofrer com isto?" parece ser uma pergunta tão lógica, tão certa, tão cartesiana, não é? Pois, mas acho que vou fazer exactamente o contrário, acho que vou voltar a ser sócio do Benfica. A solução é apanhar os pedaços do velho cartão de sócio que rasguei aquando do advento de Vale e Azevedo, a solução é não pensar no número de pacotes de fraldas que posso comprar com 120 euros. Sim, depois de quarta-feira, a única resposta aceitável passa por regressar ao rebanho oficial. O sacaninha do Bélla Guttman não se pode ficar a rir."

Amor

"Foram dois desaires competitivos, dois desaires penosos, traumáticos até. Uma trajectória fulgurante não deixava adivinhar o suplício, mesmo o principal antagonista havia dado as contas por encerradas. A recepção ao Estoril-Praia, mais o consequente desfecho negativo, ainda era revertível. No Dragão, foi quase assim, na última vintena de minutos poucos portistas acreditavam no sucesso. O golo, aquele golo, em período de prorrogação, foi sádico. Foi sádico, mas foi golo. E porque foi golo valeu mais um rude golpe, por mais que imprevisto, nas nossas aspirações à conquista do ceptro nacional.
No momento em que escrevo, preparo a bagagem para Amesterdão, também a bagagem emocional. O que se vai passar? Tenho confiança na equipa, ainda que sem deslumbramento. Vencer a Liga Europa, só por si, dava um colorido especial a uma época que estava a ser das melhores de todo o historial benfiquista. Se assim foi (o leitor já sabe o resultado quando ler esta prosa), 2012/2013 fica, inexoravelmente, no canto bonito da emoção vermelha.
Ainda falta um jogo para o Campeonato, embora se saiba que o Benfica como que endossa, por razões conjunturais, a responsabilidade ao valoroso Paços de Ferreira de inverter aquela que parece ser uma fatalidade. Depois, há Taça de Portugal no Jamor, palco que a nossa equipa não pisa há uns pares de anos. Para vencer, só pode ser para vencer.
Quaisquer que sejam os cenários, inclusive o mais dramático, continuo a sustentar que a minha aptitude benfiquista sai reforçada nos momentos adversos. Quando se ganha, é fácil ser do Benfica, apregoar benfiquismo. Grito ainda mais alto quando o contexto é desfavorável. É aquilo a que chamo um caso de amor. Amor incondicional. Mais na desgraça do que na graça."

João Malheiro, in O Benfica