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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

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Terceiro Anel: Bola ao Centro #65 - De goleada em goleada!

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❤️ O sonho do Manuel!

No Princípio Era a Bola - O Sporting ganhou ao Estoril com a cabeça já em Eindhoven. O Benfica e o FC Porto vão à caça de gigantes (que não o são verdadeiramente)

Deixem o Benfica ser o Benfica


"Já aqui escrevi, há uma semana, sobre a experiência importante que é participar numa Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica. A da semana passada não foi excepção, não necessariamente pelo chumbo das contas, que também é relevante, mas pela dimensão humana da coisa. Cheguei a casa por volta das 3 da madrugada, tal como outros 1000 sócios, com a sensação de que não fora tempo desperdiçado. A propósito dessa ocasião e das reflexões que foi produzindo nos dias seguintes: li, como faço sempre, a opinião de José Manuel Delgado publicada aqui, e tenho algo a obstar quanto à ideia de que o destino do clube não pode nunca ser determinado pelos sócios que participam nestas reuniões, sob pena de refletir a vontade de um microcosmos.
Em primeiro lugar, discordo porque não me parece que essa fosse a atitude de quem esteve presente. Ouvi muitos contributos construtivos ao longo da noite, ainda que tenham assumido um registo mais crítico em alguns momentos, e ouvi muitos contributos que não tentaram senão informar a liderança do clube para a mudança que tem de ser operada. Em segundo lugar, parece-me que voz ali presente, fosse de contestação ou crítica à direção, ou de apoio a esta, é representativa de vontades várias que residem no clube. Da mesma forma que uma sondagem a 1000 indivíduos pode ser relativizada, mas é habitualmente capa de jornais por expressar uma tendência ou por vezes um empate entre vontades, esta Assembleia Geral também me pareceu um bom barómetro.
Depois, e não considero que seja mero pormenor, há que louvar o tempo de que tanta gente abdica para vir discutir o estado da relação que mantém com o seu grande amor. São pessoas com outras vidas para viver, que escolheram esta: ouvir explicações várias sobre uma multitude de temas, muitos bastante fénicos, numa tentativa de compreender o momento do clube e pensar coletivamente sobre o que se passa. Isto é particularmente pertinente num clube com um défice tão grande de liderança consequente, como é o Benfica hoje. Não querendo de maneira nenhuma caricaturar negativamente estas reuniões, é notável que tanto associado maluquinho tenha esperado pacientemente pelos parcos ou preocupantes esclarecimentos do presidente do Benfica, e tenha ouvido atentamente do princípio ao fim, quase sem interrupções. E é assim que deve ser, independentemente das divergências. Eu que o diga, que já tive a infelicidade de interrromper o presidente numa Assembleia Geral e acabei a penitenciar-me nesta página.
Sob pena de parecer parte interessada, porque também lá estive, julgo que a atitude de quem ali esteve madrugada fora deve ser louvada, e nada mais. Ninguém está nestas reuniões para realizar golpes de estado. Talvez seja isso que parece quando se isola 2 ou 3 episódios para incendiar a internet, ou quando alguns dos presentes cedem à tentação de explicar ao mundo lá fora o que está a acontecer.
A primeira reação a isso, causada pelo meu cinismo em relação à natureza performativa que hoje define o comportamento de algumas pessoas nas redes sociais, é de desagrado. Não me parece bem que os sócios contribuam para um espectáculo que depende sempre da dramatização para vender bilhetes.
A minha segunda reação é bastante mais compreensiva, e acontece quando me lembro dos muitos milhares que gostariam de lá ter estado e não puderam, porque a sua vida pessoal ou profissional não lhes permite. E parece-me que a solução é evidente. Estas reuniões devem ser acessíveis a todos os sócios que a elas queiram assistir, seja no canal de televisão do clube, seja através do site. Sim, existem riscos em tornar a Assembleia Geral mais um evento televisionado em direto ao longo do qual os incidentes terão holofotes apontados na sua direção, mas também será a oportunidade de se constatar que estas reuniões são, de forma esmagadoramente maioritária, demonstrações de afeto ao Benfica, mesmo que por vezes denotem um amor extremoso, que, no caso do Benfica, tende a ser o melhor.
De resto, se houve coisa que ouvi várias vezes ao longo da noite, foi que, independentemente das diferenças, permanecemos unidos na vontade de ver o Benfica somar mais vitórias e sair mais forte de cada confronto com os seus adversários. Acontece que, contrariamente ao que alguns possam pensar, o Benfica é mesmo dos sócios. Essa máxima não é uma frase para usar em t-shirts ou postais. É em ocasiões como esta que a vemos ser levada a sério, e demonstrada de forma séria por quem lá esteve. Não vi nada nesta Assembleia Geral que diminuísse a probabilidade de a bola entrar na baliza no dia seguinte. Poderá alguém alegar que só não marcámos 10 ao Gil Vicente no dia seguinte porque o sócio a, b ou c disse das boas ao presidente, mas, e isto deverá ser especialmente próximo de quem viveu décadas num balneário, não será bem assim que a bola rola.
Sim, o Benfica tem desafios enormes pela frente esta época, a vários níveis: no plano diretivo, no plano desportivo e no plano financeiro. E sim, todos esses temas continuarão a ser discutidos, até porque a realidade assim o exige. Se há coisa que esta última Assembleia Geral demonstra é que o Benfica estará sempre em melhores mãos enquanto tiver sócios acordados até às 3 da madrugada a cuidar dele. Vou mais longe e digo que é também um comportamento que pode e deve ser mimetizado por quem decide os destinos do Benfica, nomeadamente os membros dos órgãos sociais e da SAD. Ali, naquele pavilhão, vi uma enorme fome de vitórias, e vi também caminhos para lá chegar, que passam necessariamente por uma melhor gestão financeira nos próximos exercícios, o tema central de discussão naquela noite.
Pela parte que concerne diretamente os sócios, fica o repto e arrisco responder por mim e por muitos sócios presentes: deixemos o Benfica continuar a ser exatamente assim. Plural, democrático, crítico e obcecado em ganhar mais. Posso garantir que não saímos dali mais perto de uma derrota. Não será isso um reforço da identidade do clube? Deixem o Benfica ser o Benfica. Quem não gostar deste caminho ou achar que ele colide com a direção do esférico, terá que se habituar à crítica, até às horas que for necessário. Se esse alguém tiver a responsabilidade e o poder conferido pela democracia benfiquista, que mude decisivamente o rumo de muitas coisas. No dia em que assim for, com esta ou com a próxima direção do clube, lá estaremos a criticar e a elogiar até às 3 da madrugada, sempre com o intuito de tornar o Benfica melhor."

Arbitragens: os erros que não se podem repetir


"Porque é que árbitros experimentados, com qualidade comprovada e no topo da sua carreira, ainda falham em situações factualmente inequívocas, tendo o apoio da tecnologia?.

As boas e más decisões são uma constante em quem assume corajosamente o papel de ajuizar lances de futebol. Os jogos, sobretudo os de topo, são de enorme exigência técnica e disciplinar, o que torna o trabalho dos árbitros muito difícil. Além disso, o resultado final é frequentemente percecionado de forma emocional, o que não ajuda a compreender a função do mais atacado dos agentes desportivos.
Mas esta constatação, que eu próprio vivenciei ao longo da carreira, não pode nem deve desresponsabilizá-los daquele que deve ser o seu compromisso maior. Pelo contrário. Deve motivá-los no sentido de tentarem a superação com mais e melhores performances, sabendo que a perfeição ali é utopia inalcançável.
O certo é que nas últimas jornadas, em particular nesta última, duas ou três más avaliações sobressaíram pela forma evitável como foram cometidas: umas em lances muito claros, sem que os respetivos videoárbitros recomendassem a obrigatória revisão; outras em infrações evidentes que os árbitros optaram por validar depois de reverem imagens que as desmontavam de forma inequívoca.
Não tenhamos dúvidas: são (também) este tipo de vereditos, incompreensíveis aos olhos de quase todos, que potenciam velhas desconfianças sobre integridade e isenção. E os árbitros, que são pessoas de bem e profissionais sérios — que ninguém tenha dúvidas disso! — não se podem pôr a jeito desta forma.
O que me parece é que é preciso perceber e atacar na base os porquês. Porque é que árbitros experimentados, com qualidade comprovada e no topo da sua carreira, ainda falham em situações factualmente inequívocas, tendo o apoio da tecnologia? O que é que acontece em campo ou em sala que tolda momentanemente o seu discernimento, levando-os a tomar a única decisão que ninguém espera nem entende?
Estes casos pontuais — são pontuais, felizmente — têm que passar por algumas destas justificações: falta de concentração/foco na tarefa, incapacidade momentânea para assumir decisão contrária à inicial (bloqueio, negação, etc), pura teimosia (?), insegurança, inexperiência ou apenas mera incompetência de análise (má leitura do lance, má aplicação das regras ou incapacidade em perceber o que o jogo pede, o que a situação exige).
Tudo isso não deve acontecer a este nível e tudo isso trabalha-se. Trabalha-se com treino consistente e continuado. Com treino persistente e insistente. Treino físico, técnico, tático, psicológico e emocional. A ver vídeos, a analisar as próprias decisões, a repetir situações em campo e a trabalhar tudo isso na cabecinha e no coração. Uma, duas, cem vezes.
O advento da videoarbitragem veio introduzir uma modificação profunda de hábitos há muito enraizados. Com a introdução do VAR o avaliar in loco passou a ser apoiado pela avaliação à distância e, por muito bom que isso seja para todos, pressupõe encaixe para abraçar novas formas de decidir. Agora é (também) preciso saber ouvir e comunicar sob pressão com alguém que não está lá, é preciso interpretar lances através de imagens (tantas vezes enganadoras), é preciso escolher ângulos e zooms de forma eficiente, é preciso aceitar interiormente que se errou corrigindo avaliação inicial, é preciso assumir para si que a avaliação no jogo ficará afetada quando a primeira decisão for alterada, enfim, é preciso muita, muita coisa. Isso é algo que não se aprende nem se ensina de um dia para outro.
Quem arbitra, tal como quem joga ou treina, tem a sua personalidade, o seu feitio, as suas resistências, a sua forma de ser e de estar e é essa que projeta em campo.
Mas os árbitros têm cada vez mais de entender a enormíssima responsabilidade que a função exige. E essa responsabilidade é muito vasta, tem muita exposição e uma dose tremenda de injustiça.
É por ser assim que, de facto, não se podem pôr a jeito. Quando entram em campo ou quando fecham as portas da sala VOR, têm obrigatoriamente que entrar em modo foco absoluto. Têm que dar tudo por tudo. Têm que se despir de tiques, de maneirismos e trejeitos, de objetivos pessoais. Têm que perceber que estão apenas ao serviço da verdade desportiva. Não são um fim, são um meio. Apenas um meio.
Só essa forma perfecionista e distante de encararem a sua tarefa missão os colocará mais perto da eficácia máxima.
A este nível, há erros que não podem acontecer."

O maravilhoso mundo de Di Maria


"A história de Fideo poderia ser um momento de mágico realismo, inventado por Jorge Luís Borges ou Cortazar.
Um avô azarado e, segundo a lenda, o melhor de todos.
Um Pai de enorme talento, mas a quem uma lesão grave obrigou a tornar-se carvoeiro para sustentar a Família.
Uma Mãe abnegada, capaz de todos os sacrifícios para levar o seu menino Esparguete aos treinos, a bordo de uma bicicleta antiga e pesada - quitada para o poder transportar.
Ainda não revelei a identidade do 'Fininho’ talentoso, feiticeiro com uma bola nos pés e com um sonho: o de jogar um dia no Rosário Central. Sim, falo de Angelito ou Fideo di Maria, cuja dimensão humana o documentário da Netflix, «Derrubando o Muro», tradução para uma história que emociona, é capaz de contar de uma maravilhosa maneira.
Rags to riches, como diriam os americanos sensíveis a estas inacreditáveis viagens que definem as profundidades da condição humana.
Futebol? Muito e bom! Detalhes biográficos? Muitos e interessantes. Em vez de realidades virtuais, gosto de contra factos. E se Di Maria tivesse regressado a Rosário, carregando a cruz de uma adaptação complicada ao futebol europeu?
Muitos já não se recordam, mas as primeiras épocas no SL Benfica não foram nada fáceis. Recordo bem que parte da família o acompanhava naquela que, para o modesto Fideo, era uma aventura cinematográfica.
Ao resistir a uma tentação fácil, Angel Di Maria tornou-se no futebolista genial. No Artista que nunca se esqueceu das suas origens.
As cenas, algumas hilariantes com os seus amigos de Churrasco Argentino, humanizam a estrela que vestiu camisolas como a do SL Benfica, Real Madrid, Manchester United ou PSG.
E, já perto da despedida da Albiceleste, derruba o muro mais alto: após lesões, derrotas, críticas negativas, algumas violentas, torna-se - final e justamente - campeão do Mundo.
O efeito de um Documentário como este manifesta-se de dois modos essenciais: o respeito e admiração pelo sacrifício familiar e a confirmação absoluta de um talento muito superior e superlativo que, a viver na era Ronaldo /Messi, ficou um pouco escondido.
Finalmente, a mensagem essencial; acreditar sempre no sonho, mesmo que pareça inatingível para um Fideo de Rosário, Argentina."

Guardiola e Arteta: mais rivais, menos artifício


"Man. City e Arsenal protagonizaram um duelo bem 'quentinho' e talvez a Premier League esteja mesmo a precisar disto. Sem rivalidades, fica tudo bem mais enfadonho...

Ao Arsenal de Arteta sempre se apontou alguma ingenuidade, como se fosse tudo muito bonito mas, chegada a hora da verdade, sejam demasiado macios para lutar contra os realmente grandes. Neste caso, o Man. City, campeão inglês em seis das últimas sete épocas (já nem a melhor liga do mundo parece competitiva...). Talvez o treinador espanhol, ex-discípulo de Pep Guardiola, se tenha fartado disso, talvez a reviravolta na primeira parte (1-2) tenha ajudado, talvez a expulsão de Trossard em cima do intervalo os tenha motivado para uma exibição quase épica que não só teve muito de disciplina tática, como também teve alma, coração, picardias, provocações e tudo o que as regras permitem para aquecer um jogo.
A segunda parte foi um exercício de tensão constante, mesmo para quem estava só a ver no sofá, à distância e sem emoções particularmente profundas por nenhuma das equipas. O Arsenal foi valente, sem se aventurar, mas o Man. City lá marcou nos últimos momentos do jogo, celebrando o empate como se não estivessem pontos em causa, mas antes a honra. Pelo meio, Gabriel Magalhães e companhia picavam os adversários, perdiam algum tempo e começavam a festejar cada corte de forma extremamente irritante. E, no fim, Haaland até aconselhou Arteta a manter-se «humilde», minutos depois de ter atirado a bola contra Gabriel Magalhães após o empate (too much, Erling!). Foi de tal forma intenso que já lá vai mais de uma semana e os treinadores ainda continuam a falar sobre isto: «Querem guerra? Vamos à guerra!»
Tirando o exagero nas palavras - porque guerra é outra coisa e isto é só futebol -, tenho de admitir que isto tem muito mais piada assim. Se este novo duelo Man.City-Arsenal vier para ficar, contem comigo. O futebol precisa de rivalidades saudáveis (para quem assiste de fora, porque por dentro é suposto sofrer-se muito) e a Premier League, recheada de adeptos, equipas e sentimentos artificiais, muito mais...
Sem violência e sem ultrapassar outros valores éticos de saudar em qualquer desporto, deixem-nos ver mais estes jogadores e treinadores que ganham milhões a mandar umas bocas e a sentir o peso de cada ponto perdido para um rival como se no dia seguinte isso os impedisse de sair sequer da cama.E que se fiquem por aqui, porque o que se viu no domingo no dérbi de Madrid não foi rivalidade... Foi um artifício imbecil, ainda por cima desculpado por Simeone. Os aplausos do Atlético à claque no fim foram assobiados pelos restantes adeptos, o que pelo menos mostra que nem toda a gente perdeu a noção."

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Quais os efeitos do triunfo do Benfica no dérbi feminino

Zero: Senhoras - S05E05 - Hecatombe europeia abre porta a dérbi eletrizante

Pre-Bet Show - SCP e SLB não serão travados esta semana 😤

Jogo Pelo Jogo - S02E08 - Alta definição de Rúben Amorim, Samu novo Gyökeres?

Chuveirinho #95

Observador: E o Campeão é... - Barcelona quer "roubar" Gyökeres?

Observador: Três Toques...

Partidazo! - Dérbi ultra quentinho em Madrid

Filipe Luís poderá ser um bom treinador para o Flamengo?


"Não pretendo vangloriar-me por ter antecipado, de forma acertada, o desempenho do Flamengo sob os treinadores que sucederam Jorge Jesus. Limito-me a aplicar a neurolinguística e a lógica para tentar prevenir erros e procurar o melhor caminho para o clube. Por isso, sinto que é pertinente discutir desde já a possível transição de Filipe Luís para o cargo de treinador do Flamengo.

O perfil de Filipe Luís
Filipe Luís destacou-se sempre como um líder natural, tanto dentro como fora das quatro linhas. Assumindo, muitas vezes, uma postura quase paternal dentro do grupo, caracterizou-se pela sua visão lúcida do jogo e pela capacidade de análise. Sob uma perspetiva neurocientífica, esta aptidão pode estar relacionada com o funcionamento do córtex pré-frontal, uma área do cérebro que desempenha um papel central na tomada de decisões complexas e na organização estratégica. Esta poderia ser uma explicação para o modo consistente com que jogava e a clareza com que se expressava nas entrevistas.
Adicionalmente, Filipe Luís demonstrou um elevado controlo emocional em momentos de alta pressão, algo que podemos associar ao córtex orbitofrontal e à amígdala, áreas responsáveis pelo controlo das emoções. A sua capacidade de manter a calma e adaptar-se a diferentes situações dentro de campo sugere um potencial considerável para gerir também uma equipa fora das quatro linhas. Sempre foi alguém com uma leitura de jogo excepcional, característica essencial para um futuro treinador.

A expectativa da massa adepta
Se avaliarmos apenas o seu conhecimento e inteligência futebolística, Filipe Luís poderá muito bem satisfazer as expectativas dos adeptos do Flamengo. Fez parte de uma das equipas mais vitoriosas da história recente do clube e sempre mostrou um futebol equilibrado, técnico e estratégico. Além disso, é importante sublinhar que Filipe Luís foi treinado por Jorge Jesus, um dos mais bem-sucedidos treinadores do Flamengo nos últimos anos. Aprendeu com um dos maiores mestres que o clube teve e, sem dúvida, traz consigo muitos dos ensinamentos táticos e metodológicos daquele que revolucionou o futebol do Flamengo.
Se porventura Filipe Luís não corresponder às expectativas como treinador, a única explicação plausível será a falta de experiência. A experiência é, de facto, um fator crucial na gestão de um plantel de alto nível, especialmente numa equipa com a dimensão e pressão do Flamengo. No entanto, não podemos desconsiderar o entusiasmo e a determinação que alguém sem experiência na função pode trazer. A vontade de provar o seu valor e de mostrar que está à altura do desafio pode ser um trunfo importante, capaz de galvanizar a equipa e de impulsionar bons resultados.
Em conclusão, Filipe Luís tem o perfil e o potencial necessários para ser um treinador de sucesso. O seu conhecimento do jogo, a sua capacidade de liderança e a formação que recebeu de técnicos de renome colocam-no numa boa posição para assumir este novo desafio. A única dúvida que resta está relacionada com a sua falta de experiência, mas a energia e a ambição de quem inicia uma nova fase podem ser fatores decisivos para o sucesso."

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O que se pretende


"1. Era o que se pretendia. O Benfica saiu do Bessa com 3 pontos correspondentes a uma vitória sólida e ponteada por momentos de bom futebol que entusiasmaram as nossas adeptos nas bancadas. Depois de um arranque medíocre na Liga, vê-se agora o Benfica na 3.ª posição da tabela a 2 pontos do 3.º classificado, o FC Porto, e a 5 pontos do 1.º classificado, o Sporting. O caminho, jornada a jornada, será cumprido até Maio.

2. Falta, assim, muito tempo para a 34.ª jornada, a última da prova, e o que falta ao Benfica é, contra todos os vaticínios exteriores, jogar bem, ganhar, convencer e convencer-se de que é capaz. Não menos decisivo é manter viva palpitante a relação com os adeptos em casa e fora de casa. E é o que vai acontecer.

3. Na semana que antecedeu a visita ao Boavista foi criada uma grande expectativa em torno do resultado desde jogo tendo em conta a derrota que por lá nos sucedeu na 1.ª jornada da última Liga. O Bessa sempre foi 'um campo tradicionalmente difícil para o Benfica', 'nunca é fácil ganhar na casa do Boavista', 'avizinham-se grandes dificuldades para a equipa de Lage' foi o que mais se ouviu. Foram neste sentido catastrófico as adivinhações de que o Benfica ia sofrer na noite da última segunda-feira.

4. No entanto, o Benfica ganhou com clareza e por números inequívocos que, porventura, poderiam ter sido mais expressivos se o árbitro e o videoárbitro tivessem assinalado uma grande penalidade quando Di Maria foi evidentemente derrubado na área dos donos da casa. Está muito desequilibrado o campeonato dos penáltis nesta temporada.

5. No rescaldo imediato deste triunfo, saboroso como todos os triunfos, aos prognósticos de uma noite muito difícil emitidos por duas dezenas de analistas sucederam-se, nas antenas públicas, os diagnósticos sobre a extrema debilidade do Boavista e os seus problemas inultrapassáveis de ordem desportiva e de ordem financeira que facilitaram a vitória do Benfica. É no que dá a frustração.

6. O Boavista vive, sem dúvida, tempos difíceis com os credores à porta e proibido de inscrever jogadores. Olhando para as bancadas vazias do Bessa, fechadas ao público sem grande explicações, fica a ideia de que o Boavista, se tivesse vendido bilhetes no limite da lotação do seu estádio, teria encaixado uma verba que sempre ajudaria a enfrentar os seus tormentos diários de tesouraria. Foi uma opção fechar duas bancadas ao público pagante, ou foi uma imposição por razões desconhecidas?

7. A assembleia geral convocada para aprovação dos novos Estatutos prosseguirá dentro de um mês até estar concluída em todos os seus artigos. É essa a vontade dos sócios e do presidente da direção. Em outubro de 2025 ou mais cedo, o próximo ato eleitoral decorrerá já sob a regência do novo documento soberano. É o que se pretende."

Leonor Pinhão, in O Benfica

Defesa com pele de goleador


"Humberto Coelho demonstrou que era decisivo não só a defender como também a marcar golos

Nas primeiras partidas entre amigos, os jogos são completamente anárquicos, por a esmagadora maioria dos miúdos querer 'jogar à frente'. A atração pelos golos faz com que as equipas sejam estruturalmente desequilibradas, em que praticamente o guarda-redes é o único elemento que defende. Os restantes têm apenas um objetivo: marcar golos! Com a passagem para o futebol federado, as suas características, remetem-nos para outras posições. No entanto, há apetências que não se olvidam.
Humberto Coelho ingressou no Benfica, proveniente do Ramaldense, na temporada 1966/67. A atuar no 'seu posto preferido de defesa-central', destacou-se, sendo considerado um dos mais promissores jogadores da formação benfiquista. Aos 18 anos, foi promovido à equipa de honra. Exímio cabeceador e detentor de um forte sentido posicional, ganhou um, lugar no onze e assumiu-se como pilar do processo defensivo dos encarnados.
Na temporada 1972/73, o Benfica realizou uma excelente campanha no Campeonato Nacional, ao conquistar o título de forma invicta. Em 30 jornadas, somou 28 vitórias, cedendo apenas 2 empates. Sagrou-se, ainda, a melhor defesa, com 13 golos consentidos, e o melhor ataque, com 101 marcados. Esteio do processo defensivo, Humberto Coelho foi decisivo para o registo defensivo, mas também um dos principais contribuidores para o registo ofensivo, sendo o quarto jogador com mais golos da equipa.
No final da temporada, os encarnados viajaram para Hong Kong, onde realizaram dois jogos amigáveis. Na primeira partida, frente ao Seiko, os benfiquistas chegaram ao intervalo a vencer por 2-1. Com vantagem mínima no marcador, Jimmy Hagan resolveu pensara pôr Humberto Coelho como ponta de lança em Nuremberga'. Apesar de a ideia não ser nova, ainda não tinha sido testada.
Assim, no segundo tempo, a alinhar como avançado, precisou apenas de quatro minutos para elevar o marcador para 3-1, de pé esquerdo. Aos 69 minutos, bisou de pé direito. E seis minutos depois fez o hat-trick perfeito, ao concluir de cabeça um canto batido por Artur.
O teste correu de feição, passando com distinção. 'É já conhecida a abundância de avançados, mormente de pontas de lança, de que dispõe o Benfica, é Eusébio, Artur Jorge, Jordão, Vítor Baptista e também Móia. Pois bem, a todos estes há agora a juntar mais um: o jovem Humberto Coelho'.
Saiba mais sobre a extraordinária carreira deste jogador na área 23 - Inesquecíveis, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica