Últimas indefectivações

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Vermelhão: Embalados...

Benfica 6 - 0 AFS


Goleada, que até soube a pouco, em fim de tarde com muito sol, numa boa partida do Benfica. Que até começou com alguma estranheza, com o anuncio do Onze!!! É fácil, avaliar no final, mas eu até gostei do 11: foi o regresso ao Modelo usado durante a demorada lesão do Di Maria, com o Dahl, a jogar muito perto do Carreras, com o Benfica a jogar muitas vezes com 3 Centrais: António, Nico e Carreras... só faltou o Bah(ou o Gouveia) na direita para o desenho ficar mais nítido!

Suspeito que esta alteração se deveu à forma de jogar do adversário, com 3 Centrais, e pelo menos um lateral muito ofensivo e com os possantes e rápidos avançados a 'caírem' na zona entre o Central e o nosso Lateral! Agora, este estilo de jogo do AFS, faz recordar outra equipa, com interpretes diferentes, mas com um desenho parecido: a Lagartada!!! Será que o Lage tentou 'ensaiar' a estratégia para o jogo de 10 de Maio?!

A ausência do Tino, também pode ter ajudado a esta alteração, pois com o Aursnes e o Kokçu, as ajudas aos Laterais seriam sempre menores! Eu aprovei estas mudanças, porque em alguns dos últimos jogos, principalmente na Luz, o Benfica tem entrado com o seu 'esquema' mais natural, e depois por volta dos 60' o Lage é obrigado a mudar.... Desta vez, em vez dos 45m a 60m de 'avanço', antecipámos o 'encaixe' no adversário...

Mesmo assim, os primeiros golos, apareceram na sequência de 'bolas paradas' ensaiadas... Curiosamente, o Benfica vai chegar ao fim da época, como o 'Campeão' dos golos de Canto, depois de durante grande parte da época, nós, os Benfiquistas, nos termos queixado da equipa ser inofensiva neste aspecto!


O Lage, devia ter mexido na equipa mais cedo no 2.º tempo, pois ao intervalo o AFS fez 3 substituições, e mudou o Esquema, e até conseguiu encontrar alguns espaços entre-linhas... Aqueles 23 minutos, provaram que os mesmos jogadores, com a mesma atitude, 'fora de posição' em relação ao adversário, afecta o rendimento!


O Kerem foi eleito o MVP, provavelmente com muitos votos Turcos à mistura, numa partida onde voltou a correr muito, a desequilibrar, a demonstrar estar bem fisicamente, mas nem foi dos seus melhores jogos! O Pavlidis está a jogar mesmo muito... O Dahl foi importantíssimo nos primeiros golos... O Amdouni foi a outra surpresa no onze, e jogou bem: apesar de ser trapalhão às vezes, tem caparro para ganhar duelos, algo que os nossos Alas raramente conseguem...

Este Kokçu até parece outro, aguenta os 90m, o Ramadão fez-lhe bem! O Aursnes foi muito importante ao dar velocidade na circulação de bola no lugar do Tino... A defesa não teve muito trabalho, mas o António, na minha opinião tem estado em clara subida de rendimento no último mês... Excelentes entradas dos putos: Schjelderup e Prestianni... Não consigo compreender as críticas ao Belotti, o homem entra sempre com vontade e tem quase sempre marcado!


Pode parecer estranho, mas no jogo fácil de dirigir, o apitadeiro fez uma arbitragem vergonhosa! Demonstrando a todos, que tudo fez para o Benfica marcar poucos golos! A forma como acabou o jogo, dando 2 minutos de desconto, numa 2.ª parte com 10 substituições e 2 golos, é a prova provada da sua falta de imparcialidade!

Os cartões que ficaram no bolso (aquela dupla falta do Fonseca, foi inacreditável...), as faltas perto da área do AFS não foram marcadas, as leis da vantagem enviesadas... Corrupto a 100%!!!! Como nomear uma coisa destas, para um jogo que podia ser decisivo para o título?!!! Um árbitro que não apita jogos com os 'Grandes' e que esta época, num Oliveirense - Benfica B, nos roubou 3 pontos de forma escandalosa?!!!


Como era de esperar, a Lagartada goleou um Boavista ao auto-destruição, acabando o Benfica por recuperar somente 1 golo, na diferença de golos! Mas o mais importante é ganhar no Estoril, sem o Carreras!!! No Estádio pareceu-me que o Amarelo foi programado pelo Benfica, apesar da falta ter-me parecido não merecer Amarelo... É um risco ir à Amoreira sem o Carreras, o Dahl defensivamente não me convenceu, mas jogar com um Carreras 'com medo' contra o Estoril também não seria positivo!!!

No Jamor, após penalty's!!!

Valadares 0 (2) - (4) 0 Benfica

Pauels; Christy, Carole(Engesvik, 118'), Lund(Laís, 91'); Amado, Chandra(Lara, 105'); Gasper, Cameirão(Jody, 91'), Norton; Nycole(Faria, 66'), Prieto

Dois jogos consecutivos, sem conseguir ganhar ao Valadares é estranho! Voltámos a desperdiçar muitos golos, mas mesmo assim o jogo foi pobre... Valeu a Pauels, nas penalidades, mais uma vez!
No Jamor, com um Torrense super-motivado, vamos ter que jogar melhor! Recordo que o Torrense já conseguiu empatar este Benfica, esta época!

Apertados...

D. Sanjoanense 4 - 5 Benfica

Vitória pela margem mínima, contra o último classificado, com algumas ausências... e muita juventude!
Começamos a perder, mas chegámos ao 5-3 a 13 minutos do fim... o 5-4 a 5m do final, acabou por assustar!

Somar três pontos


"O Benfica enfrenta o AVS nesta tarde na Luz (18h00). Este é o tema em destaque na BNews.

1. Concentração máxima
O treinador do Benfica, Bruno Lage, refere que a abordagem do grupo de trabalho passa pela "concentração máxima no jogo" e acrescenta: "A equipa está motivada, concentrada, empenhada em dar continuidade aos bons jogos e em conquistar os 3 pontos, que são fundamentais nesta fase da época."

2. A uma vitória do Hexa
O Benfica venceu, por 1-3, o segundo jogo da final do Campeonato Nacional de voleibol frente ao Sporting, passando a comandar, por 2-0, e ficando a um triunfo da revalidação do título nacional.
Marcel Matz agradece aos Benfiquistas e elogia os jogadores: "Obrigado pelo apoio dos nossos adeptos que vieram aqui, e fizeram-se ouvir durante boa parte do jogo. Parabéns aos jogadores, a equipa trabalhou bem durante a semana e chegou num momento bom a este jogo."

3. Na final
A equipa feminina de basquetebol do Benfica está na final dos play-offs do Campeonato Nacional de basquetebol. No desafio derradeiro das meias-finais com o Quinta dos Lombos, vitória das águias por 67-62. Eugénio Rodrigues revela: "Entre outras coisas, o Presidente foi ao balneário, esteve cá durante a semana mais do que uma vez. Deu o mote. Elevámos os nossos níveis de agressividade no ataque e na defesa e estivemos muito focados na estratégia defensiva."

4. Festa do Tetracampeonato
As Tetracampeãs nacionais de andebol venceram o ABC e receberam o troféu de mais um título nacional. 5. Mais perto do Hexa Em polo aquático no feminino, o Benfica ganhou o primeiro jogo da final disputada à melhor de três com o Fluvial Portuense (19-8).

6. Outros resultados
Em andebol, triunfo por 26-29 na deslocação ao Marítimo. Em basquetebol, o Benfica ganhou por 91-81 frente ao Vitória SC. Em hóquei em patins no feminino, eliminação nas meias-finais da WSE Champions League (derrota por 5-2 com o Generali HC Palau). A equipa feminina de futsal perdeu por 1-0 no pavilhão do Atlético.
No futebol de formação, os Juniores venceram, por 0-1, no reduto do Torreense; os Juvenis sofreram um desaire em Braga (2-1); e os Iniciados golearam o Rio Ave por 5-2.

7. Jogos do dia
Além do embate com o AVS no estádio da Luz (18h00), há ainda as seguintes partidas: a equipa feminina de futebol atua no campo do Valadares Gaia na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal (16h30); a equipa feminina de voleibol tem, em Braga, o segundo jogo da final do Campeonato Nacional (17h00); em futsal no masculino, deslocação ao Dínamo Sanjoanense (16h00); a equipa masculina de hóquei em patins recebe a Sanjoanense (15h30).

8. Iniciativas do Museu
"O vermelho que pinta abril" e "A revolução no futsal português", esta com a participação dos campeões europeus Zé Carlos e Zé Maria.

9. Um relógio com história
A EasyTime, parceira do Sport Lisboa e Benfica, lançou o Chrono SLB TONI 46, um relógio que evoca a extraordinária carreira de Toni e é limitada a "46 exemplares numerados, assinados, limitados, com todo o ADN da instituição Benfica e com características únicas e exclusivas do Toni".

10. História agora
Veja a rubrica habitual das manhãs de 5.ª feira na BTV.

11. Em destaque
Os principais conteúdos e temas que marcam a agenda do Sport Lisboa e Benfica nas diferentes plataformas do Clube.

12. Casas Benfica
Veja a segunda parte do episódio dedicado à Casa Benfica Santo Tirso por ocasião da deslocação do Benfica para defrontar o Tirsense em Barcelos.
Nota ainda para a presença no Estádio da Luz de representantes das embaixadas do benfiquismo de Santo Tirso e da Golegã no desafio que opôs o Benfica ao Tirsense."

Será a sorte ou o azar a definir o vencedor do campeonato?


"Faltam quatro jogos para terminar o campeonato nacional e a luta pelo primeiro lugar está ao rubro. Num campeonato marcado por falhas dos grandes candidatos ao título, será que ainda vamos assistir a mais alguma escorregadela por parte de Benfica ou Sporting? A realidade é que os dois clubes de Lisboa, nos jogos que restam, têm a oportunidade de vencer por mérito, depois dos muitos erros que foram cometendo ao longo da época.

O Sporting de Amorim
Ao longo das 30 jornadas posso afirmar que houve uma equipa que dominou por completo os acontecimentos. Até à 11.ª jornada o Sporting de Ruben Amorim encantou quem gosta de futebol. Com 39 golos marcados e apenas 5 sofridos dominou por completo quem se atravessou no seu caminho. Com Ruben Amorim o Sporting era uma equipa alegre, confiante, motivada e que acreditava até ao último minuto. Conseguia conciliar esta capacidade mental com a mecanização do seu jogo. As peças encaixavam na perfeição, o que fez com que o Sporting tenha conseguido dominar os adversários, com exibições consistentes e de grande qualidade.
O reflexo da dinâmica que Ruben Amorim conseguiu imprimir no Sporting foi a valorização de muitos dos jogadores que fazem parte do plantel leonino. É ainda importante destacar que, na Champions, o Sporting também foi consistente, tendo vencido os adversários que teve pelo caminho. Arrisco-me a dizer que se Ruben Amorim tivesse ficado em Alvalade, possivelmente o Sporting já se teria tornado campeão. Como em todas as provas, os comportamentos de uns influenciam os dos outros. Assim em 2024/2025, enquanto Ruben Amorim esteve a liderar o Sporting a perceção que passava é que, este ano, o Sporting não iria dar hipóteses aos rivais. Contudo, com a saída de Ruben Amorim tudo mudou. O Sporting descomprimiu e desceu à terra e os concorrentes reforçaram a sua confiança e perceberam a janela de oportunidade que se estava a abrir.

O menos mau
Vou reforçar aquilo que já escrevi anteriormente, quem vencer o campeonato este ano será o menos mau. Não estou com isto a retirar mérito a quem consiga alcançar o tão desejado título, pelo contrário. O que pretendo dizer é que, com a exceção das 11 primeiras jornadas, não houve uma equipa que tivesse tido a capacidade de ser realmente superior a todas as outras. Tanto Sporting como Benfica, ao longo deste campeonato, perderam pontos onde ninguém esperava e de uma forma regular. À 30.ª jornada as duas equipas de Lisboa já perderam 18 pontos, mais do que qualquer campeão dos últimos quatro campeonatos perdeu em toda a competição. A denominação do menos mau tem a ver com a falta de segurança e de consistência demonstrada ao longo de toda a competição.

Erros ou azar?
Nos últimos dias tivemos, mais uma vez, a oportunidade de ouvir Frederico Varandas falar. O seu foco foi reforçar as dificuldades e o azar que o Sporting teve ao longo desta época, com lesões atrás de lesões. Também já o tínhamos ouvido alguns meses antes a abordar as questões da arbitragem e a forma como se sentia prejudicado. Já o Benfica também tem a tendência de utilizar a questão da arbitragem quando comete algum deslize e quando se está a chegar à fase das decisões. Analisando a época, será que o Benfica e Sporting podiam estar numa situação mais vantajosa se os seus dirigentes tivessem tomado outras decisões? A minha resposta é afirmativa.
Começando pelo Benfica, o início da época foi desastroso. A manutenção de Roger Schmidt foi um erro, assim como o planeamento da época que levou a que fossem concretizadas várias transferências nos últimos dias de mercado de Verão. Posteriormente e depois de recuperar da desvantagem pontual relativamente ao Sporting, o Benfica não foi competente quando escorregou na Vila das Aves, quando perdeu com o Casa Pia fora ou com o Braga em casa e, sobretudo, quando desperdiçou dois pontos, em casa, frente ao Arouca.
No caso do Sporting os erros que fazem com que, neste momento, não esteja em melhor situação são bem visíveis. A falta de perceção da administração do Sporting foi clara e pode colocar em causa o êxito da época. Ao referir que tudo estava controlado, que saía um treinador e entrava outro e as coisas continuavam a andar sobre rodas, levou a que perdesse a margem pontual e psicológica que tinha ganho face aos principais concorrentes. Adicionalmente a forma como não soube gerir as lesões constantes que surgiram fez com que o Sporting tivesse perdido as várias benesses que, mesmo assim, o Benfica foi oferecendo ao longo do campeonato.
Percebo a dificuldade que os dirigentes em Portugal têm em assumir os seus erros, preferindo refugiar-se na questão das arbitragens ou no azar, mas será que o que aconteceu a Sporting e Benfica ao longo da época foi apenas azar? Acho engraçado este pensamento, porque quando as coisas correm bem, os protagonistas gostam de referir que a sorte dá muito trabalho. Se seguirmos o mesmo raciocínio, tanto azar também pode ser fruto de um mau trabalho…

Critério de desempate
Em caso de igualdade, o primeiro critério de desempate da Liga Portugal tem a ver com os pontos conquistados entre as equipas que lutam pelo título e de seguida a diferença de golos marcados e sofridos nos jogos entre estas mesmas equipas. Percebo, mas não concordo.
Para mim o campeonato é uma maratona, ou seja, uma prova de regularidade. Assim sendo, todos os jogos deveriam ter o mesmo peso. Dito isto, parece-me que o primeiro critério de desempate deveria ser a diferença de golos marcados e sofridos ao longo da. Com esta alteração, pretender-se-ia premiar a equipa que foi mais regular, eficaz e competente.
Se este for o principal critério, todos os jogos passarão a ser decisivos e farão com que as equipas queiram sempre marcar mais golos, porque sabem que no final isto pode fazer a diferença.
No limite, esta alteração poderia promover uma maior procura pelas balizas adversárias, tornando o espetáculo mais aberto e apelativo, assim como premiava a regularidade ao longo de toda a competição.

A valorizar:
Sérgio Conceição No meio de tantas críticas o treinador português pode, ao serviço do Milan, vencer mais um título depois de eliminar o Inter nas meias-finais da Taça de Itália."

Rui Borges, Bruno Lage, e a carroça à frente dos bois


"Trabalho complexo no Benfica, Sporting e nos outros clubes

Há no futebol um ingrediente, que na verdade também existe em todos os aspetos das nossas vidas, que o torna ainda mais especial. A expetativa.
Os adeptos alimentam-se dela, os jornalistas também, e os clubes, jogadores e treinadores têm obrigatoriamente de contar com ela na agenda e a responsabilidade de a gerir. Não é coisa simples de fazer, porque ao mesmo tempo é preciso lidar com a realidade e saber liderar plantéis e instituições, empresas, com os pés assentes na terra e dose de fantasia controlada.
Mas colocar a carroça à frente dos bois faz realmente parte do jogo. Assim se compreende que, por exemplo, numa altura em que falta conquistar o principal na época em Portugal, o campeonato e a Taça de Portugal, Bruno Lage comece a ser confrontado com a continuidade como treinador na nova temporada.
E que o mesmo se passe com Rui Borges no rival de Lisboa, o Sporting. Sobretudo depois de o presidente do clube, Frederico Varandas, ter elogiado muito a época da equipa sem antecipar se, sendo assim, o treinador tem o lugar garantido. Nem podia.
Nem Benfica, nem Sporting, nem FC Porto o podem garantir. O que é real ainda não é tangível e para eles colocar a carroça à frente dos bois, arriscar ser precipitado, esconde vários perigos. Basta lembrar o endeusamento do alemão Roger Schmidt na Luz ou a entrada de João Pereira em Alvalade, treinador que Varandas disse, então, ver daqui a quatro ou cinco anos num dos clubes mais poderosos da Europa. Tudo a seu tempo. Mas até lá a discussão é inevitável e estimulante. Ou não seria futebol."

Terceiro Anel: Diário...

Jamor: não se pode ceder aos maus


"Transferir a final da Taça de Portugal para outro estádio não representaria apenas uma machadada na história. Mas talvez esta seja uma boa oportunidade para se falar sobre linhas vermelhas e graus de tolerância

Todos os anos de fala do mesmo: a possibilidade de o Estádio Nacional ser substituído por um recinto mais moderno para acolher a Taça de Portugal. O argumento tem vindo a ganhar tração nos últimos anos, alimentado principalmente por quem tem de traçar planos de segurança e vê naquele local escapatórias a mais que obrigam a maior elasticidade de ação e multiplicação de recursos. A preocupação é legítima face ao modelo atual de organização de jogos de alto risco e do comportamento de massas, mas é ainda mais nobre e simbólica a decisão de manter, de ano para ano, intocável o estatuto do Jamor como a casa do desporto português (do futebol também).
Transferir a final para qualquer outro estádio não seria apenas uma machadada na história e no imaginário coletivo de várias gerações, mas um sinal muito mais preocupante: de que os maus venceram. Porque é isto que está sempre em causa: minorias com comportamentos radicais que obrigam a gastos gigantescos de reforço policial e sem que a maioria se pronuncie, limitando-se a um encolher de ombros perante o desfile de claques nas famosas caixas de segurança, um espetáculo degradante mas necessário enquanto não se encontram novas soluções.
Mas talvez seja este o momento para os grandes coletivos se chegarem à frente na condenação de todos os comportamentos que ultrapassem as margens da decência e urbanidade independentemente de usarem ou não as suas cores. Benfica e Sporting voltarão a defrontar-se na final da Taça de Portugal, 29 anos depois do infame episódio do very light, e mais do que nunca exige-se um sentido de responsabilidade individual que deve estender-se também a cada um dos espectadores.
Excessos há em todo o lado e o futebol não pode e não deve ser um local assético, mas uma sociedade desenvolvida é aquela onde estão traçadas linhas vermelhas comportamentais aceites por toda a população, seja num festival de música, numa manifestação ou numa ida à bola. Infelizmente ainda são necessários passos nesse sentido cá por estas bandas, embora sinais recentes dão-nos esperança: há uns anos seguia-se um silêncio no Estádio da Luz cada vez que alguém imitava sons do very light num dérbi de futebol ou de modalidades; hoje já são audíveis os assobios de muitos milhares que conseguem ter um pensamento crítico. Daqueles que fazem da final da Taça de Portugal uma festa como poucas na Europa, apenas possível no Jamor."

Otávio lesou o FC Porto, sim, mas em campo


"O distanciamento dos factos ameniza sempre a análise e o que ontem era grave e motivo para segredo de estado transforma-se hoje em tema partilhável e capaz de provocar até alguns sorrisos.
«Um dia chegámos para treinar e estava um ringue no fundo do campo. Ficámos todos a olhar uns para os outros. Estava tudo montado para o treino, os pinos, os cones, tudo no seu sítio, e ao fundo do campo estava um ringue de boxe», assim começou Emídio Rafael, em entrevista ao Mais Futebol, em 2022, a desfiar rol de memórias em que André Villas-Boas era ator principal.
«O mister chega, ‘bom dia’ e tal, ‘o treino vai ser isto e isto, vamos fazer isto’ e depois muito sério diz: ‘Aquele ringue ali ao fundo é para quando vocês quiserem andar à porrada. Não há problema nenhum. Vocês querem andar à porrada porque se chatearam num exercício? Os dois que se chatearam saem, não prejudicam o exercício nem os vossos colegas, vão ali para o ringue e matem-se. Não me f... é o treino’», contou o antigo lateral-esquerdo que integrou o plantel do FC Porto na época de ouro de 2010/11 com direito a quatro troféus (Liga, Taça de Portugal, Supertaça e Liga Europa), goleada de 5-0 ao Benfica e festa de campeão às escuras na Luz.
AVB é hoje presidente sentado na cadeira de sonho, Jorge Costa, noutros tempos capitão de equipa, o diretor para o futebol profissional.
«Um dia o Jardel foi sair à noite e um dirigente do clube soube. Ligou ao Jorge Costa e perguntou-lhe: 'Vamos buscar o Jardel?', ele respondeu-lhe: 'Não, deixa que sejamos nós' e fomos buscar o Jardel à discoteca», confidenciou, muitos anos depois, Sérgio Conceição, mais um episódio que teria feito correr rios de tinta se fosse tornado público à data dos acontecimentos.
Dois exemplos, entre tantos, tantos outros – basta passar os olhos por entrevistas ou livros autobiográficos de uma série de protagonistas do universo azul e branco para descobrir histórias proibidas que entretanto prescreveram –, de que nem tudo foram rosas nas temporadas que conduziram o dragão à glória.
Com Villas-Boas ao leme e, antes, Jorge Costa, Sérgio Conceição e Jardel em destaque nos relvados, rostos visíveis de duas das inúmeras colheitas de Porto Vintage, os aniversários festejados fora de horas e demais violações do regulamento interno relativizavam-se pelas conquistas nas quatro linhas. O importante era um bem supremo – o sucesso do FC Porto.
Não por acaso, Martín Anselmi sublinhou a bold, na antevisão ao duelo frente ao Estrela da Amadora, a palavra… compromisso. O profissionalismo no desporto-rei, em todas as latitudes, está cheio de crónicas de bons malandros, uns capazes de comer a relva na hora da verdade, outros tão negligentes em campo como fora dele.
Compromisso, lembra-se? E não é por pisar o risco num par de ocasiões que o compromisso de um jogador deve ser colocado em causa, embora a entidade patronal não possa fazer vista grossa – quantas vezes isso se terá verificado, inclusive no FC Porto, na altura em que as redes sociais e os telemóveis com câmaras eram ficção científica e nada se sabia?… – e tenha de atuar. Como? Da forma que mais dói ao prevaricador, ou seja, na carteira com pesadas multas, exceto se a reincidência for regra e obrigar a medidas extremas.
Se os dragões estivessem a lutar pelos milhões da Champions, já nem digo pelo título, e os foliões apanhados às cegas na Boavista fossem Diogo Costa, Alan Varela, Rodrigo Mora ou Fábio Vieira também se pediria a cabeça deles com a mesma facilidade que se pede a de Otávio? Aqui só para nós, o maior dano que o defesa-central brasileiro provocou não foi na festa dos 23 anos, onde ele mais lesou o FC Porto acabou por ser em campo com erros atrás de erros."

Liderar no feminino num mundo de homens: o exemplo de Joana Oliveira no futebol


"Num universo onde a liderança no futebol continua, maioritariamente, a ser ocupada por vozes masculinas, há mulheres que não só se fazem ouvir, como lideram com competência, sensibilidade e visão estratégica. Joana Oliveira é uma dessas mulheres. É um desses exemplos. No terreno, nos bastidores e nos contactos que vai estabelecendo com figuras de referência do futebol internacional, tem construído um percurso que merece ser conhecido, reconhecido e valorizado.

Joana não chegou ao futebol por acaso. Chegou por paixão, permaneceu por competência e destacou-se pela capacidade de unir equipas, gerir emoções e tomar decisões difíceis em momentos cruciais. Num mundo ainda profundamente marcado por uma cultura tradicional masculina, a sua presença é um símbolo de mudança, mas, acima de tudo, uma afirmação de mérito. Formada em Arquitetura, cedo percebeu que o seu verdadeiro desenho era outro. O traço com que construiu a sua carreira foi feito de relações humanas, negociações internacionais e uma capacidade rara de ler o jogo fora das quatro linhas. Iniciou o seu percurso na logística desportiva, organizando estágios e iniciativas com seleções e clubes de todo o mundo, mas rapidamente se afirmou noutras áreas mais estratégicas.
Mais do que ocupar espaço, Joana tem construído pontes: com treinadores experientes, dirigentes influentes e atletas de diferentes gerações. Mantém um diálogo próximo com referências do desporto nacional - nomes que lideraram seleções, clubes e estruturas - e tem-se afirmado como alguém cuja opinião é ouvida, respeitada e solicitada. A sua abordagem combina rigor técnico com uma inteligência emocional rara, algo que, no futebol de alta exigência, faz toda a diferença. Técnico português alcançou, frente ao Ipswich, em jogo da Premier League, uma marca que merece ser assinalada com destaque: 600 jogos como treinador. É um número redondo, simbólico, que reflete uma carreira vivida com intensidade, paixão e resiliência. Desde os primeiros passos na modesta Sanjoanense, em 2004, até aos grandes palcos da Premier League, o percurso do treinador luso tem sido feito de conquistas, desafios superados e experiências enriquecedoras
O seu percurso levou-a a colaborar com a Liga Portugal, a UEFA, a FIFA, a La Liga e a Superliga Turca, acumulando experiência e construindo uma rede de contactos que a projetaria para o mundo. Criou a sua própria agência – a Sports Diamond Agency – e, com ela, passou a liderar ativações e projetos de escala mundial. Trabalha com governos, federações e clubes de topo: do Galatasaray ao Fenerbahçe, do Benfica à Arábia Saudita e Emirados Árabes, da China ao Vaticano.
Mas liderar no feminino implica, muitas vezes, um percurso mais exigente. É preciso provar o dobro para conquistar metade. Joana conhece bem essas dinâmicas, mas nunca se deixou intimidar. Pelo contrário: foi encontrando o seu estilo de liderança - firme mas empática, exigente mas humana, com autoridade mas sem autoritarismo. O seu trabalho é feito de pormenores que, no futebol, fazem a diferença: a gestão de um balneário em momentos de tensão, a preparação cuidada de um jogo decisivo, a capacidade de comunicar com clareza e visão em contextos de pressão. É neste equilíbrio entre o detalhe e a visão global que se encontra a força do seu trabalho. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional prepara-se para um momento decisivo. No próximo dia 11 de abril, será escolhido o novo líder de um dos organismos mais influentes do desporto nacional. Mais do que uma simples eleição, esta decisão definirá o rumo do futebol português nos próximos anos. Em disputa, dois perfis distintos, duas visões para o futuro e uma certeza: o futebol precisa de liderança forte, credível e capaz de responder aos desafios da atualidade.
Joana desenvolveu a sua influência nos bastidores, mas deixou marcas bem visíveis: organizou eventos de solidariedade no Vaticano, liderou ativações com lendas como John Terry, Wesley Sneidjer, Rivaldo, Cafu, e foi chamada a contribuir para projetos de soft power desportivo em países onde o futebol é mais do que um jogo - é uma ferramenta de diplomacia, cultura e identidade.
Hoje, Joana é muito mais do que uma exceção no futebol masculino. É um exemplo. Uma referência para jovens mulheres que sonham com um lugar no desporto, não apenas como atletas, mas como líderes. E é, sobretudo, a prova de que o talento e a competência não têm género.
No mundo do futebol, onde tantas vezes se confunde força com dureza, autoridade com grito e sucesso com mediatismo, Joana Oliveira lidera de forma diferente. Com subtileza, com visão, com uma força tranquila. E, por isso mesmo, com impacto."