"Chegou o dia: 31 de Maio de 1961! A data em que o Benfica consagrou o seu nome pela Europa fora. Os 'encarnados' deslocaram-se para a Suíça com uma semana de antecedência. Ali estagiaram num local recatado e aprazível. O Barcelona, adversário do 'Glorioso' na final de Berna, aterrou na cidade helvética com a auréola de vencedor pré-enunciado. Os 'blaugrana' com uma frente atacante composta pelos húngaros Kubala, Kocsis e Czibor, a que juntavam o brasileiro Evaristo e o super avançado espanhol Suarez, eram uma formação temível. Não só por todos estes elementos de valia, mas pelo poderio granjeado ao longo da década de 50, em que os catalães disputaram o domínio pelo futebol no país de 'nuestros hermanos' e no 'Velho Continente' com o grande rival Real Madrid, o Barcelona antecipava o caminho da história da UEFA.
Antes, os 'merengues' haviam constado cinco Taças da Europa, de forma consecutiva. Desta feita, eliminados pelo Barça nos oitavos-de-final da prova, suponha-se terem aí passado o testemunho ao novo vencedor da competição.
Um confronto entra David e Golias
O Barcelona, com o futebol profissionalizado há bastante tempo, para chegar a Berna deixou por terra o 'Pentacampeão' Madrid, mas também o grande Hanburgo de Uwe Seeler. Na extinta Taça Latina arrecadara dois troféus, em 1949 e 1952. Ao invés, o Benfica um clube que abraçara o profissionalismo somente em 1954, participava na Taça dos Campeões pela segunda vez e lutava pelo reconhecimento a nível europeu e mundial, apesar, de ter, como se sabe, triunfado no Campeonato Latino de 1950. Portando, constava-se um desafio entre dois pólos opostos.
Os espanhóis iniciaram o encontro numa toada lenta. Todavia, fruto da superioridade que ostentavam, inauguraram o marcador à passagem do minuto 20, por intermédio de Kocsis. Com Costa Pereira na baliza, os raçudos Mário João e Ângelo nas laterais, os consistentes Neto, Germano e Cruz na zona central, e veloz José Augusto, o estandarte Coluna, os tecnicistas Santana e Cavém e o 'matador' Águas reagiu o Benfica à vantagem 'culé'. À meia-hora, após jogada rápida pela esquerda, o 'capitão' empurrou para o empate. Um minuto depois, as 'águias' colocaram-se em vantagem, beneficiando da infelicidade da defesa catalã, com Ramallets a marcar na própria baliza. Reviravolta na 'placard' e agora a história haveria de ser definitivamente diferente.
Grande Benfica para a vitória
Entrada forte do 'Glorioso' no segundo tempo. Quando a televisão suspendia a emissão, por falta de condições técnicas, o Benfica ampliava a vantagem para dois golos. Coluna, com um potente e colocado remate na zona da meia-lua da área do Barcelona, ascendia o marcador para 3-1, aos dez minutos da etapa complementar. Um sensacional disparo, a recordar o chamado 'pontapé de moinho', para o ângulo inferior direito da baliza de Ramallets.
A capacidade de sofrimento dos atletas encarnados foi sublime até final. Aos 75 minutos, o Barça reduziu, grande tento de Czibor, de pé esquerdo, sem 'chances' para Costa Pereira. O Campeão espanhol começou a apertar, em busca da igualdade. Mário João e Ângelo limpavam o esférico do perigo, o gigante Germano varria as bolas difíceis e o Guarda-redes Costa Pereira realizou a exibição de uma vida, impedindo o golo por diversas ocasiões. Ele... e os postes, diga-se. É que perto do fim, os jogadores Benfica viram a bola na madeira direita, para logo em seguida observarem novo lance, em que a 'redondinha' pingou num poste, andou sobre a linha e embateu no outro poste. Sorte para as 'águias'. E a definitiva glória estava ali tão perto. Pertíssimo, fazendo o clube jus à ostentação do nome de 'Glorioso' para a enternidade.
Um emblema português, de um pequeno país marcado por uma ditadura fascista, tornava-se no sucessor do Real Madrid de Puskas e Di Stefano. A Europa futebolística passou a respeitar o Benfica, como um grande do 'Velho Continente'. Ganha a dimensão europeia, faltava mantê-la. Bem se pode dizer que, 50 anos depois, os jogadores que têm defendido as cores 'encarnadas' dignificaram o nome do Benfica, prestigiando o Clube pelo mundo. Vejamos: nova vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1962, três presenças na final da Taça da Europa na década de 60, outras três aparições nos anos 80, inúmeras presenças em fases adiantadas das competições europeias e muitas digressões pelo planeta, onde o Benfica é chamado a representar o nome de Portugal.
31 de Maio de 1961 foi há 50 anos. Comemora-se a primeira vitória da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Parabéns aos 14 atletas, que ilustraram o imaginário de sonho dos benfiquistas. Mas acima de tudo, Parabéns ao Sport Lisboa e Benfica!"
João Queiroz, in O Benfica
Antes, os 'merengues' haviam constado cinco Taças da Europa, de forma consecutiva. Desta feita, eliminados pelo Barça nos oitavos-de-final da prova, suponha-se terem aí passado o testemunho ao novo vencedor da competição.
Um confronto entra David e Golias
O Barcelona, com o futebol profissionalizado há bastante tempo, para chegar a Berna deixou por terra o 'Pentacampeão' Madrid, mas também o grande Hanburgo de Uwe Seeler. Na extinta Taça Latina arrecadara dois troféus, em 1949 e 1952. Ao invés, o Benfica um clube que abraçara o profissionalismo somente em 1954, participava na Taça dos Campeões pela segunda vez e lutava pelo reconhecimento a nível europeu e mundial, apesar, de ter, como se sabe, triunfado no Campeonato Latino de 1950. Portando, constava-se um desafio entre dois pólos opostos.
Os espanhóis iniciaram o encontro numa toada lenta. Todavia, fruto da superioridade que ostentavam, inauguraram o marcador à passagem do minuto 20, por intermédio de Kocsis. Com Costa Pereira na baliza, os raçudos Mário João e Ângelo nas laterais, os consistentes Neto, Germano e Cruz na zona central, e veloz José Augusto, o estandarte Coluna, os tecnicistas Santana e Cavém e o 'matador' Águas reagiu o Benfica à vantagem 'culé'. À meia-hora, após jogada rápida pela esquerda, o 'capitão' empurrou para o empate. Um minuto depois, as 'águias' colocaram-se em vantagem, beneficiando da infelicidade da defesa catalã, com Ramallets a marcar na própria baliza. Reviravolta na 'placard' e agora a história haveria de ser definitivamente diferente.
Grande Benfica para a vitória
Entrada forte do 'Glorioso' no segundo tempo. Quando a televisão suspendia a emissão, por falta de condições técnicas, o Benfica ampliava a vantagem para dois golos. Coluna, com um potente e colocado remate na zona da meia-lua da área do Barcelona, ascendia o marcador para 3-1, aos dez minutos da etapa complementar. Um sensacional disparo, a recordar o chamado 'pontapé de moinho', para o ângulo inferior direito da baliza de Ramallets.
A capacidade de sofrimento dos atletas encarnados foi sublime até final. Aos 75 minutos, o Barça reduziu, grande tento de Czibor, de pé esquerdo, sem 'chances' para Costa Pereira. O Campeão espanhol começou a apertar, em busca da igualdade. Mário João e Ângelo limpavam o esférico do perigo, o gigante Germano varria as bolas difíceis e o Guarda-redes Costa Pereira realizou a exibição de uma vida, impedindo o golo por diversas ocasiões. Ele... e os postes, diga-se. É que perto do fim, os jogadores Benfica viram a bola na madeira direita, para logo em seguida observarem novo lance, em que a 'redondinha' pingou num poste, andou sobre a linha e embateu no outro poste. Sorte para as 'águias'. E a definitiva glória estava ali tão perto. Pertíssimo, fazendo o clube jus à ostentação do nome de 'Glorioso' para a enternidade.
Um emblema português, de um pequeno país marcado por uma ditadura fascista, tornava-se no sucessor do Real Madrid de Puskas e Di Stefano. A Europa futebolística passou a respeitar o Benfica, como um grande do 'Velho Continente'. Ganha a dimensão europeia, faltava mantê-la. Bem se pode dizer que, 50 anos depois, os jogadores que têm defendido as cores 'encarnadas' dignificaram o nome do Benfica, prestigiando o Clube pelo mundo. Vejamos: nova vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1962, três presenças na final da Taça da Europa na década de 60, outras três aparições nos anos 80, inúmeras presenças em fases adiantadas das competições europeias e muitas digressões pelo planeta, onde o Benfica é chamado a representar o nome de Portugal.
31 de Maio de 1961 foi há 50 anos. Comemora-se a primeira vitória da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Parabéns aos 14 atletas, que ilustraram o imaginário de sonho dos benfiquistas. Mas acima de tudo, Parabéns ao Sport Lisboa e Benfica!"
João Queiroz, in O Benfica