"Quando, no próximo domingo, sacar da sua esferográfica para votar nas Presidenciais de 2021, lembre-se da história de democracia e igualdade do Sport Lisboa e Benfica. São quase 117 anos de luta e de superação, mas também de solidariedade, humanismo e respeito pelas diferenças.
Este é o clube do povo, e com muito orgulho. Começou com poucos recursos, fez-se grande graças aos seus atletas, dirigentes, sócios e adeptos e assumiram-se como um exemplo para o resto da sociedade.
Guilherme Espírito Santo, o primeiro atleta negro a representar a selecção nacional de futebol (1937), é um dos nossos atletas históricos. Ainda Portugal vivia os tristes anos da ditadura, e já no seio do Glorioso as eleições eram democráticas e representativas. O primeiro hino do Clube - Avante p'lo Benfica - foi proibido pelo regime de Salazar e forçada a mudança, na comunicação social, da palavra 'vermelhos' para 'encarnados' de forma a evitar conotações políticas. Nos anos 1940, o primeiro director desde nosso jornal - José Magalhães Godinho - foi um antifascista visado pelo poder vidente. Mário Coluna, o 'Monstro Sagrado', foi um dos defensores da independência do seu país, Moçambique, no tempo em que opor-se a Salazar era sinónimo de perseguição. Eusébio da Silva Ferreira, o maior símbolo do Clube, veio de um bairro pobre de Moçambique para se tornar um astro internacional imune à diferença na cor da pele. Nos anos 1960, o regime ditatorial proibiu a ida do Clube à então União Soviética para um jogo de catácter particular. Os dirigentes benfiquistas responsáveis pela viagem foram interrogados pela infame polícia do Estado. Quando, um ano antes da Revolução dos Cravos, foi fundado o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, tanto o King como António Simões, outra das grandes glórias do SLB, estavam na direcção. O trabalho da Fundação Benfica é hoje elogiado pelas suas vertentes de inclusão, apoio aos mais desfavorecidos e trabalho social.
Tenha tudo isto em mente quando pegar na esferográfica."
Ricardo Santos, in O Benfica