"Um modelo de desenvolvimento do desporto que não é alimentado a montante com novos praticantes, conhecimento, recursos e actividades dirigidas à generalidade da população, principalmente à mais jovem, de modo a produzir educação, cultura e hábitos de prática desportiva, por muitos campeões do mundo e olímpicos que possa gerar, é um modelo a caminho da entropia.
Um modelo de desenvolvimento do desporto que equaciona as suas políticas exclusivamente a partir de resultados desportivos nas competições internacionais, sem se preocupar minimamente com o que se passa na base da pirâmide de desenvolvimento, é um modelo que até pode entusiasmar dirigentes desportivos de fraca cultura e, claro, dirigentes políticos de vistas curtas mas não passa de um equívoco social ao serviço das oligarquias político-partidárias que governam os países.
Um modelo de desenvolvimento do desporto que se limita a arrebanhar, para os grandes jogos de futebol, populações completamente alienadas por uma competição clubística e chauvinista só serve para destruir o próprio desporto e corromper a alma dos praticantes.
Nestes termos, a pergunta a fazer é simples:
Para o que é que serve uma medalha olímpica se ela não for promotora de desenvolvimento e de progresso do atleta, da modalidade, do desporto e do País?
O que hoje é indesmentível é que:
1º - Políticas Públicas centradas na obsessão esquizofrénica de conquista de medalhas olímpicas, para além de não conduzirem a lado nenhum, ainda acabam por embaraçar o desenvolvimento de modalidades que, devido, fundamentalmente, ao esforço das famílias até conseguem resultados de excelência no alto rendimento;
2º - Políticas Públicas que proclamam os resultados desportivos internacionais como promotores da história do país, como se a história de um país pudesse estar na performance de um atleta ou num resultado desportivo, não passam de instrumentos que só servem para alienar as populações dos verdadeiros problemas nacionais em países que vivem num miserável padrão de cultura desportiva;
3º - Políticas Públicas, em regime de exclusividade, direccionadas para os Jogos Olímpicos acabam por transformar o estádio grego num circo romano, os dirigentes desportivos em lanistas, os atletas em gladiadores e a população, através do “efeito de manada”, numa massa acéfala de consumidores de espectáculos desportivos que fazem dos resultados das suas equipas a razão de ser da felicidade das suas vidas.
Pelos extraordinários resultados conseguidos nos últimos anos, uma das modalidades desportivas que melhor põe em evidência a mais completa e confrangedora ausência de Políticas Públicas em Portugal é, seguramente, a canoagem.
Vítor Félix presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), imediatamente depois de ter sido eleito, dizia ao jornal Record (2013-12-09): “A canoagem tem andado entre os 2000 e os 2500 atletas. Com as condições meteorológicas do nosso país, o aumento do número de praticantes deve ser uma meta desta direcção”.
Passado que foi o Ciclo Olímpico do Rio de Janeiro, através da consulta às estatísticas oficiais, podemos verificar que se, em 2012, existiam 2357 praticantes de canoagem em 2016, foram contabilizados 2588. Em quatro anos, a modalidade cresceu 231 praticantes o que dá uma média de 58 praticantes por ano. Ora, considerando que, em 2012, existiam 84 clubes significa que aconteceu um crescimento anual por clube de 0,69 praticantes.
Apesar das excelentes potencialidades da modalidade e os extraordinários resultados competitivos conseguidos, a conclusão que podemos tirar da situação em que a canoagem se encontra é a de que as Políticas Públicas determinadas entre a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto (SEJD) e o Comité Olímpico de Portugal (COP) desde 2004/2005 se traduzem num redundante fracasso. E o que se passa na canoagem passa-se noutras modalidades desportivas pelo que, em consequência, Portugal apresenta as mais baixas taxas de participação desportiva entre os países europeus e as prestações nos Jogos Olímpicos têm vindo a ser cada vez piores. E porquê?
Oiçamos, novamente, o presidente da FPC. Numa entrevista ao Record (2014-07-15), Vítor Félix alertava para a situação que se vivia na canoagem e dizia que a relação da generalidade dos políticos para com a canoagem era do estilo de “palmadinhas nas costas”. Dizia ele que o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o Secretário de Estado do Desporto e Juventude, entre outros, reconheciam os feitos da modalidade mas nada mais acontecia e “… a canoagem e os seus atletas não vivem de palmadinhas nas costas”. Realmente, não há resultado desportivo de nível internacional, da petanca ao futebol, que não ponha os políticos nacionais num estado de infantil euforia a proclamar o seu amor ao desporto com umas “palmadinhas nas costas” aos atletas, treinadores e dirigentes. O problema é que as “palmadinhas nas costas” não passam de um amor platónico que, raramente, chega a vias de facto, isto é, a Políticas Públicas minimamente consistentes para o desenvolvimento do desporto nacional.
Pelo contrário, Políticas Públicas de olímpicas “palmadinhas nas costas” não conduzem a lado nenhum. Todavia, tenho para mim que Vítor Félix, tendo razão, está a ver a questão só por um dos seus lados. No quadro da ausência de Políticas Públicas com alguma credibilidade são os dirigentes políticos e desportivos do vértice estratégico do desporto nacional que esperam receber umas “palmadinhas nas costas” dos atletas e dirigentes a quem, magnanimamente, atribuíram uns subsídios à conta do erário público. E, por isso, não existe Missão Olímpica que, em vésperas de grandes competições internacionais, reverentemente, porque o respeitinho é muito bonito, não se desloque a Belém e a São Bento a fim de cumprir o tradicional “beija-mão” tão do agrado dos políticos. E quando os dirigentes políticos do topo da nação não se dignam deslocar aos eventos desportivos, como se viu recentemente numa Missão Olímpica a Espanha, suas excelências os dirigentes desportivos choram convulsa e ridiculamente na comunicação social porque, também eles, não pensam noutra coisa senão em receberem umas “palmadinhas nas costas” das entidades que os tutelam. (Cf. Observador.pt, 2018-07-01)
Temos um Sistema Desportivo que, ao nível do vértice estratégico, vive a pensar no “dress code” das olímpicas festarolas e a distribuir “palmadinhas nas costas” sem nunca chegar a vias de facto de maneira a, decididamente, atingir as populações mais desprotegidas, sabendo-se que 25% das crianças portuguesas vivem abaixo do limiar de pobreza.
É evidente que neste quadro, em que todos vivem na lógica das “palmadinhas nas costas”, percebemos bem a angústia de Vítor Félix quando afirma ao jornal Record (2014-07-14) que a canoagem está a ser prejudicada relativamente a outras modalidades: "Existem outras federações que recebem muito, provavelmente o dobro de nós, e fazem metade”. E conclui: “A canoagem tem noção que se recebesse mais no que toca ao financiamento da administração pública e desportiva podia fazer muito mais".
Ora bem, das palavras do presidente da FPC conclui-se que existem dirigentes desportivos que são mais competentes do que outros no que toca à arte de darem “palmadinhas nas costas” pelo que conseguem melhores financiamentos do Estado.
Mas também não chega a um presidente de uma federação dizer que, com mais dinheiro, é capaz de fazer muito mais. É necessário, no âmbito das Políticas Públicas, numa estratégia integrada, definir, antecipadamente, aquilo que, realmente, deve ser feito de acordo com o posicionamento das várias modalidades desportivas no quadro do desenvolvimento do desporto no País. Quer dizer, nem a FPC nem o COP têm competência para tal. Por isso, percebemos as palavras de Vítor Félix mas não as aceitamos. Ele tem razão mas está enganado. Tem razão na medida em que, de facto, as potencialidades da modalidade estão a ser coartadas por uma visão olimpicamente vesga daquilo que deve ser o desenvolvimento do desporto no País. Está enganado porque, infelizmente, na ausência de Políticas Públicas, há muito que as Federações Desportivas vivem numa guerra financeira de “todos contra todos” numa lógica de soma nula em que, para que algumas modalidades possam sobreviver, outras têm de morrer, como está a acontecer.
Por isso, quando o presidente da FPC pede mais financiamento a fim de poder fazer mais não nos quer parecer que, à margem de uma estratégia integrada de desenvolvimento desporto nacional, tal possa ser aceitável sem que, à partida, esteja garantido um correspondente apoio ao crescimento na base da prática desportiva, sob pena da modalidade seguir o exemplo do atletismo nos anos noventa, princípios do novo século. Na realidade, o discurso do presidente da FPC faz-me lembrar a lógica do discurso dos anos noventa do presidente da Federação Portuguesa de Atletismo que conduziu a modalidade a uma situação de estagnação, ao ponto de, hoje, a esperança de ganhar uma medalha nos próximos JO, estar num português naturalizado “à la minute” que até já informou que se as condições que Portugal lhe proporcionar não lhe agradarem vai treinar para Espanha. (Expresso / Tribuna, 2018-08-06).
Nestas circunstâncias, pergunta-se:
Até que ponto é que uma Federação Desportiva, por iniciativa própria e à conta do erário público, pode crescer no alto rendimento sem que, correspondentemente, a base da pirâmide de desenvolvimento apresente um volume de prática desportiva correspondente ao número de atletas e aos resultados conseguidos no alto rendimento?
A oportunidade desta pergunta relaciona-se com o facto do diminuto número de praticantes da canoagem, de há muitos anos a esta parte, estar praticamente estabilizado apesar de, nos últimos anos, se terem construído infra-estruturas de grande qualidade, contratado técnicos nacionais e estrangeiros e obtido resultados de excelência ao mais alto nível.
O que acontece é que, na mais completa ausência de Políticas Públicas o desporto nacional está a funcionar em “roda livre” e ao estilo do salve-se quem puder.
E, há muito que este problema tem vindo a ser alertado. Por exemplo, em 2013, a canoagem, depois de ter ganho uma medalha nos JO de Londres (2012), ficou "chocada" com o "corte cego" de 20 por cento. Ao tempo, o presidente da federação Mário Santos, segundo a Agência Lusa (2013-05-22), dizia ser, tal corte, “muito desmotivante”. Quatro anos depois estava tudo na mesma ou pior. E de tal maneira que, em 2017, Vítor Félix manifestou a sua preocupação ao Jornal Record (2017-12-06). Disse ele: "Nós estamos muito preocupados com a preparação olímpica. Foi-nos comunicado por parte do Comité Olímpico de Portugal um corte de 50%, o que provoca constrangimentos financeiros às federações”. (…) Tendo em conta os resultados dos nossos atletas, essa dotação foi esgotada. É manifestamente insuficiente, …”. Neste particular, Vítor Félix engana-se completamento no alvo para onde deve apontar.
Não vale a pena ter ilusões. No actual cenário de desenvolvimento do desporto a única coisa que Vítor Félix bem como os demais presidentes de Federações Desportivos podem esperar é, na ausência de Políticas Públicas, cada vez mais “palmadinhas nas costas”, confusões e desilusões.
O Movimento Olímpico, para além do mero oportunismo político, está a funcionar à margem de qualquer racionalidade. Desde logo porque não faz qualquer sentido a duplicação de meios e o desperdício de dinheiros públicos que decorrem do actual Programa de Preparação Olímpica. O que deve existir é um programa de Alto Rendimento sob administração política, monitoragem e controlo da tutela Político Administrativa, gerido pelas Federações Desportivas e executados pelos clubes, perfeitamente integrado na lógica do processo de desenvolvimento do desporto nacional. Em consequência, e de acordo com a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto e a Carta Olímpica, é do programa de Alto Rendimento que deve resultar a organização da Missão Olímpica.
No quadro do desenvolvimento do desporto nacional a canoagem não é a única modalidade com enormes potencialidades, dirigentes superiormente empenhados, técnicos sobejamente competentes e atletas de excelência, que vai a caminho de lado nenhum. E a canoagem, infelizmente, não é caso único. Se analisarmos as estatísticas oficiais das Federações Desportivas quanto ao número de praticantes desportivos, embora relativamente a algumas delas se perceba, à “vista desarmada”, terem sido “academicamente marteladas para cima” (o que não é o caso da canoagem) a situação é, no mínimo, preocupante. Tendo em atenção os vários ciclos olímpicos, através de uma desagregação por género, escalões etários, grupos socais e, entre outros, distribuição distrital, é possível constatar que o actual modelo de desenvolvimento do desporto nacional, instituído em 2004/2005, está a produzir estragos que só muito dificilmente e à custa de muitos anos poderão ser superados. Este estragos, nos diversos factores de desenvolvimento, até acabam por começar a ser estruturais. Por exemplo, o buraco financeiro de 650 mil euros do Programa de Preparação Olímpica do Ciclo Olímpico do Rio de Janeiro (2016) que, por decisão política, através de um adiantamento financeiro, deslizou para o Ciclo Olímpico de Tóquio (2020) sem quaisquer explicações ou assunção de responsabilidades (A Bola, 2017-12-05) levanta sérias questões acerca da gestão dos dinheiros públicos. E este facto é preocupante uma vez que significa que o Programa de Preparação Olímpica do Ciclo Olímpico de Tóquio (2020), mesmo antes de começar, já estava a funcionar com um défice de 650 mil euros e, muito possivelmente, pelo andar da carruagem, quando são anunciadas cinco Missões Olímpicas para 2019, o Ciclo Olímpico de 2024 já começa a estar em causa.
Perante este cenário, infelizmente, desconhece-se qualquer avaliação independente realizada por uma entidade competente e credível sobre os milhões de euros gastos nos Programas de Preparação Olímpica desde 2004. Pergunta-se: O Conselho Nacional do Desporto nunca sentiu necessidade de estar na posse de um relatório independente, exaustivo e circunstanciado, relativo aos Programas de Preparação Olímpica que, nos últimos catorze anos, gastaram, certamente, mais de cento e cinquenta milhões de euros? Se teve, onde está esse relatório?
Por isso, não estamos de acordo quando, na linha de outros dirigentes desportivos, Vítor Félix reivindica mais dinheiro do erário público. Porque, o que mais faz falta ao desporto não é mais dinheiro. Desde logo porque, não é atirando com dinheiro para cima dos problemas acerca dos quais se desconhece a solução que eles se resolvem. Quando tal acontece, fica-se sem o dinheiro e aumentam-se os problemas.
Em 2004 o Governo, através da tutela administrativa, entendeu assinar um Contrato Programa de Preparação Olímpica com o COP convencido que tinha descoberto a “galinha dos ovos de ouro”, quer dizer, uma máquina olímpica, à semelhança das democracias populares, capaz de, rapidamente, produzir medalhas olímpicas para honra e glória do País que o então Primeiro-ministro dizia “estar de tanga”. Então, os presidentes das Federações Desportivas não foram tidos nem havidos. Por isso, não é nem a Vítor Félix nem aos seus antecessores que se podem pedir responsabilidades. Nem à generalidade dos presidentes das Federações Desportivas. A quem se pode e deve pedir responsabilidades é ao Governo e ao COP, entidades que, respectivamente, no âmbito do Estado e no da Sociedade Civil são, perante os portugueses, responsáveis pelo que, em matéria de desenvolvimento do desporto, está a acontecer no País.
Assim sendo, só por ingenuidade se podem aceitar as declarações de Vítor Félix à TSF (2018-06-10), quando diz que “lamenta que nem sempre os meios de comunicação social concedam o mesmo destaque a todas as modalidades”; Que os “títulos não faltam, mas poderia haver mais visibilidade em Portugal”; Que “depois do título conquistado por Fernando Pimenta, vemos as capas dos principais jornais da imprensa desportiva e acabam por ser as contratações dos três grandes do futebol nacional em detrimento de um título de campeão da Europa"; E termina dizendo: "como se um título de campeão da Europa fosse uma coisa normal para o Desporto português".
É evidente que um título de campeão da Europa não é uma coisa normal para o desporto português. Mas, também, é mais do que evidente que a canoagem, com dois mil e quinhentos praticantes, num país com cultura desportiva que faz lembrar o belicismo desportivo medieval dos torneis e das justas, não tem massa crítica para provocar qualquer interesse mediático por uma medalha seja ela olímpica, mundial ou europeia. O empenho da comunicação social resulta da força das audiências. E a canoagem, quer se goste quer não, apesar das condições naturais do País e dos meios materiais, humanos e financeiros de que, de há diversos anos a esta parte, dispõe, não tem uma audiência capaz de entusiasmar a comunicação social. Mas o que é mais preocupante e os dirigentes da canoagem deviam estar bem preocupados, é que a modalidade está a ser ultrapassada por outros desportos que, devido a circunstâncias especiais do seu impacto social, estão a conseguir audiências significativas em consequência da prática desportiva que acontece para além resultados competitivos.
No estado de subdesenvolvimento em que o desporto nacional se encontra, o que mais faz falta não são medalhas olímpicas. O que mais faz falta ao desporto é: Mais massa cinzenta; Mais democracia participativa; Mais ética social. Porque, num desporto sem massa cinzenta, sem democracia participativa e sem ética social, uma medalha olímpica, para além do prazer e do orgulho dos próprios e entidades directamente envolvidas, em termos sociais, não serve para nada. E quando, em termos sociais, uma medalha olímpica, aos olhos da generalidade dos portugueses não serve para nada e os atletas que as ganharam são esquecidos e ostracizados pelas organizações desportivas, significa que o Movimento Olímpico está profundamente doente. Então, à semelhança daquilo que já aconteceu no passado, o COP corre o sério risco de começar a ser visto como uma edição pós-moderna da extinta Mocidade Portuguesa. Esperamos que tal nunca mais volte a acontecer.
O actual modelo de desenvolvimento do desporto:
1º - Focado no “dress code” das festarolas, serve, fundamentalmente, a uma olímpica socialite e não a um verdadeiro projecto de promoção da prática desportiva, do treino e da competição no País. Todavia, o que se verifica é que, quanto mais as coisas mudam, mais o desporto fica na mesma ou pior;
2º - Na dinâmica destrutiva de um jogo de soma nula vai involuir até ao ponto em que praticar desporto se torna num privilégio social. Todavia, a tolerância, a diversidade e a inclusão são direitos humanos que fazem parte dos princípios do Olimpismo;
3º - Cativo de uma lógica esquizofrénica de conquista de medalhas olímpicas apresenta uma configuração ideológica anti-social. Todavia, a verdadeira missão do Olimpismo é proporcionar à juventude as ferramentas necessárias para que possa, em plena liberdade, praticar desporto.
Há quem diga que, na base da “teoria da classe ociosa”, o desenvolvimento do desporto sempre foi apanágio de uma socialite egoísta e pouco educada que, num jogo de soma nula, não tem quaisquer preocupações de ordem social. Pode ser que seja verdade, porém, a degradação do desporto nacional nunca foi tão acelerada e evidente como se tem vindo a verificar desde 2004 /2005.
Se Vítor Félix deseja realmente prestar um serviço à canoagem e, por extensão, ao próprio desenvolvimento do desporto devia mobilizar os demais presidentes das Federações Desportivas a fim de:
1ª Alertarem o Governo, para o facto de, no desrespeito pela Constituição da República e da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, o desporto nacional não está a ser convenientemente alimentado a montante pelo que o trabalho das Federações Desportivas está a ser prejudicado pela completa ausência de Políticas Públicas destinadas a promoverem a prática desportiva, sobretudo entre as populações mais carenciadas;
2ª Exigirem ao Governo que assuma a responsabilidade política sobre o Alto Rendimento Desportivo restituindo às Federações Desportivas o pleno direito de, de acordo com o Regime Jurídico das Federações Desportivas, gerirem o Alto rendimento dos respectivos desportos e especialidades como sempre aconteceu, dispensando-se a inútil intermediação burocrática por parte do COP que deve centrar os seus esforços no cumprimento da sua verdadeira vocação que é a de promover os valores do Olimpismo e organizar a Missão (ões) portuguesa (s) aos Jogos Olímpicos;
3ª Sugerirem ao Governo e aos Partidos representados na Assembleia da República a necessidade de celebrarem um acordo de regime que explanado num Programa Estratégico de Desenvolvimento, projecte o desporto nacional num futuro a três / quatro legislaturas.
Em conclusão diremos que a última coisa que o desporto necessita é de uma visão egocêntrica e anti-liberal do desenvolvimento centrada numa organização fechada que não tem legitimidade democrática para gerir os destinos do desporto nacional que, infelizmente, vai a caminho de lado nenhum."