Últimas indefectivações
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Atitudes
"1. Pinto da Costa irá continuar como presidente do FC Porto. Segundo os estatutos do clube (bem estranhos, por sinal), ele pode optar entre continuar mais um ano ou ir para eleições para novo mandato de três anos. Como sempre tem acontecido (e acontecerá...) vai lançando a ideia de que brevemente terá que sair, que não sabe se se recandidata, que um dia terá que ser substituído. Mas, depois, chega a altura e, claro, continua. E continuará. No FC Porto nem são necessários sistemas electrónicos para contagem dos votos. Na última eleição (ou 'eleição' com aspas?), nem foi tornado público o número de votantes e o resultado. Será que desta vez se saberá?
2. Segundo alguns sportinguistas intelectualmente menos honestos, o semanário do seu clube comemorou o 91.º aniversário, sendo 'o jornal de clube mais antigo da Europa'. Vão afirmando isso até à exaustão e como uma mentira muitas vezes repetida...
O n.º 1 do jornal saiu em 1949 e, 28 anos depois (1977), o Sporting resolveu saltar do n.º 1360 (numa semana) para o n.º 1529 (na semana seguinte), englobando os 168 boletins que, de forma irregular (chegaram a estar quatro anos sem publicação), foram distribuídos aos sócios entre 1922 e 1949 à média de... seis por ano! Tal como o FC Porto, mais recentemente, inventou anos de existência (sem existir), o Sporting inventou anos de publicação de um jornal que não foi mais que um boletim interno que saía quando saía...
3. Há dias veio a público que José Mourinho chegou a assinar contracto com o Sporting, o qual Luís Duque foi depois obrigado a rasgar por pressão da Juventude Leonina. Nada que surpreenda. Quando Mourinho, a seguir à vitória sobre o Sporting, 'exigiu' a Manuel Vilarinho que renovasse de imediato contracto com ele, ameaçando que sairia caso não o fizesse, já estava garantido com a proposta do Sporting. Perante tal exigência do treinador, o presidente do Benfica só tinha uma resposta possível: então saia (Mourinho não passava, então, de um treinador promissor). Depois, a história é conhecida: Mourinho tornou-se o melhor treinador do Mundo, como treinador, e o pior como pessoa. É assim que o vejo e os exemplos, num caso e noutro, são constantes."
Arons de Carvalho, in O Benfica
Objectivamente (1 de Abril)
"A antiga tradição de atirar mentiras para as primeiras páginas dos jornais no dia 1 de Abril veio mesmo a calhar ao «Record». No dia das mentiras o jornal aproveitou para contar a história que gostaria de contar como verdadeira sobre a saída de Jorge Jesus do Benfica para o FC Porto. E faz uma narração perfeita de como seria bom que assim acontecesse porque dá a ideia que é esse o desejo de muito muito boa gente naquele jornal mais virado para o Sporting e seus aliados estratégicos!
Não viria mal ao Mundo se Jesus saísse do Benfica e fosse para outro qualquer clube, pois a vida dos profissionais de Futebol tem destas coisas. A questão aqui é diferente. É a forma como se menta a «mentira» tão cheia de pormenores deliciosos, como sejam conversas de Jesus com Pinto da Costa ou os recados de Luís Filipe Vieira para os jornais através de um seu assessor, uma vez que o presidente do Benfica não se dignou sequer a falar com o treinador, limitando-se a um «qualquer dia falamos»...
Curiosa é também a forma como o Record «avia» de uma assentada os dois treinadores - Vítor Pereira e Jesus! Um, o do FC Porto, foi avisado depois de ter sido afastado da Liga dos Campeões e num jantar em Espinho foi avisado que sairia no final da época, mas com a garantia tradicional de uma colocação no estrangeiro em equipa que luta na Liga Europa.
O outro, Jesus foi avisado do interesse de Pinto da Costa através de um amigo comum.
O pormenor da resposta de Jesus também é interessante. Iria mas só se não chegasse a acordo com o SLB. Isto é, como o Benfica deseja baixar-lhe substancialmente o vencimento, ele sairia para o FC Porto pelo mesmo que aufere agora no Benfica. E pronto... o negócio estava feito.
Para compor o ramalhete, uma foto que já saiu várias vezes no citado jornal com Pinto da Costa e Jesus muito sorridentes trocando confidências como dois bons velhos amigos. E assim se constrói uma boa mentira!"
João Diogo, in O Benfica
Sempre Benfica
"Hoje, por coincidência, é dia de aniversário para mim. Com 53 anos, que tributei, imodestamente, a várias lutas, muitos afectos, enormes prazeres. Também, nos mesmos 53 anos, colectei dissabores, angústias, raivas.
Lembro-me dos meus primeiros anos de vida? De forma muito obscurecida, muito distante. Mas já me lembro do Benfica, do Benfica desde os primeiros tempos de vida. Do Benfica do Eusébio, do Coluna, do Simões, do Zé Augusto. Do Benfica de jogadores espectaculares, hoje espectacularmente meus amigos, grandes amigos.
Mal sabia que idade tinha, mas sabia que era do Benfica. Do Benfica que foi a maior fábrica de sonhos do século XX português. Do Benfica que me fez sonhar, mas que transformou sonho em realidade. Esse Benfica que preencheu, preencheu sempre o meu quotidiano. O Benfica que tem um pedacinho de mim. De mim e de milhões de outros, constituindo-se num colectivo amado em todas as latitudes, elixir de agrado, suspeita de triunfo, certeza de vitalidade.
O que seria, desde o mais dócil da idade, a minha vida sem o Benfica? Inconcebível, inimaginável, impensável. Hoje, posso sentir-me realizado em aspectos múltiplos, mas sempre com o transporte do Benfica. Transporte emocional que me faz feliz, transporte comovedor que me faz afortunado, transporte emocionante que me faz bem-aventurado.
Quis o Benfica, quase sem saber porquê, já lá vão 53 anos. Quero o Benfica, sabendo porquê, mais alguns anos. Porque o Benfica, como nenhum outro emblema desportivo nacional, traduz os valores mais arreigados da portugalidade. Por isso, o Benfica é mais Benfica. Por isso, eu sou mais eu. Gloriosamente."
João Malheiro, in O Benfica
O alargamento que encolhe o futebol
"Mesmo que o Boavista não consiga inscrever-se, o alargamento da Liga Zon Sagres mantém-se. Mais palavras para quê?
Os clubes que compõem a Liga decidiram que a partir da próxima época haverá 18 clubes a disputar a Liga Zon Sagres.
O argumento para o alargamento é a necessidade de acolher o Boavista entre os maiores, na sequência da prescrição do caso que levou à despromoção dos axadrezados. No entanto, se o Boavista (que deve cerca de 20 milhões de euros ao Fisco) não tiver condições de se inscrever, o seu lugar será preenchido por outro clube.
Gato escondido com o rabo de fora. Se a verdadeira razão para o alargamento fosse de facto o Boavista, na impossibilidade de participação deste clube tudo deveria ficar na mesma, ou seja, com 16 clubes. Mas não é o Boavista a razão do alargamento, é apenas um pretexto invocado por aqueles que fizeram da possibilidade de uma Liga a 18 bandeira eleitoral e que, há um ano, foram derrotados por uma decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
No sábado, o alargamento da Liga Zon Sagres foi aprovado pelos clubes. Pudera. Com as competições a decorrer, cada emblema fez contas de cabeça e na hora de votar olhou para os seus interesses próprios, algo que nunca deveria acontecer: mudar as regras do jogo a meio de uma prova é um crime que não devia compensar porque atenta contra os mais básicos princípios de transparência e credibilidade.
Vejamos então: Na I Liga há seis clubes que lutam pela permanência, enquanto que na II Liga outros tantos são candidatos à liguilha que passou a estar contemplada. Só aqui temos 18 votos com interesse comprometido por um objetivo concreto e imediato.
A batata quente passa agora para a esfera da FPF, que terá a palavra seguinte neste inquinado processo de alargamento. O mais normal, em defesa da indústria do futebol - a que os clubes, maioritariamente, se mostraram insensíveis - é que a entidade presidida por Fernando Gomes chumbe a decisão e faça tudo voltar à estaca zero.
Porque, em limite, para reintegrar o Boavista - se for esse o entendimento - não é necessário alargar a I Liga. Se a questão é o regresso dos axadrezados, porque não descer de divisão mais um clube? Mas o Boavista é apenas um pretexto para a concretização de um plano adiado. Porque se a FPF pactuar com o alargamento e depois o Boavista não tiver condições para cumprir os requisitos de inscrição na Liga Zon Sagres, haverá, mesmo assim, 18 clubes a disputar a competição.
Sejamos muito claros: o futebol português não precisa de mais clubes na I Liga, precisa de menos; o futebol português não precisa de mais jogos sem qualidade, precisa, isso sim, de jogos que levem público aos estádios, motivem os patrocinadores e aumentem as audiências. Essa é a única via de regeneração do futebol português.
Quem tiver dúvidas do que estou a dizer tem bom remédio. É ir ao site da Liga de clubes - www.lpfp.pt - e ver os números de espectadores nos jogos do futebol profissional em Portugal...
OITO semanas depois, onde para a polícia?
«O computador portátil de Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, também foi furtado no assalto à sede do organismo.»
A Bola, 14 de Fevereiro de 2013
RECAPITULEMOS: Há mais de OITO semanas a sede da FPF foi assaltada, pensava-se que só tinham sido roubados dois computadores, do oitavo andar, mas o portátil do presidente dos árbitros, no sexto andar, também desapareceu. O ladrão, de cara destapada, foi caçado pela vídeo vigilância. Deixou um rasto de sangue e impressões digitais. E nada?
(...)"
José Manuel Delgado, in A Bola
Sem emenda
"A Liga e a maioria dos dirigentes dos clubes não têm emenda. A habitual fuga em frente ontem sufragada ressurge como a solução milagrosa, felizmente condenada à recusa pelo plenário da Federação, a quem compete impedir o último passo para o abismo.
Um ano depois de ter assumido uma derivação positiva na gestão do futebol profissional, prometendo mais dinheiro, mais notoriedade e mais independência, a nova direcção da Liga só averbou derrotas e desconfianças.
Perdeu para sempre a possibilidade de entendimento com o principal contribuinte líquido da televisão, bilheteira e merchandising, o Benfica, que inviabilizou uma futura negociação em bloco, viu o campeonato desaparecer do sinal aberto das televisões pela primeira vez em 50 anos, perdendo margem de negociação com os patrocinadores, e ficou nas mãos da Federação e da tutela governamental em todos os itens desportivos, da arbitragem à justiça, da calendarização à segurança.
Portanto, no atual contexto nacional, a Liga não serve para nada, está moribunda, mas parece que ainda não percebeu.
A divisão administrativa das duas entidades, com a organização dos jogos ainda delegada, não tem razão de ser, representa um custo acrescido em tempo de crise aguda e sugere um regresso às origens, com a Federação a dever retomar conta de todo o futebol nacional e não apenas das selecções.
Semana após semana, a Liga assiste envergonhada e impávida às notícias sobre a concorrência desleal de clubes que não pagam salários e têm contas cheias de buracos.
Em vez de encontrar soluções para os sócios que ainda podem ser recuperados e revitalizados, de acordo com a lei, propõe-se agravar as condições em que todos se debatem, aumentando o grupo dos incumpridores e desportivamente desleais.
Em vez de olhar em frente, a Liga volta-se para o passado: não são boas vistas."
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