"Sem Futebol a sério, o período que vai do fim de Maio (fim de Junho, quando há Europeus ou Mundiais), até meados de Agosto, é altura para prestar atenção a outras modalidades, e a outros palcos do Mundo do Desporto. É altura, por exemplo, de acompanhar a Volta à França em Bicicleta, uma das mais belas competições desportivas do planeta, recheada de história e de lendas, que me encanta desde tenra infância.
Devo confessar que despertei para o Ciclismo e, em particular para o Tour, por via de um... sportinguista. Eram tempos em que o clube de Alvalade ainda impunha algum respeito, discutindo títulos em várias modalidades, e ostentando figuras de renome. Falo naturalmente do grande Joaquim Agostinho, cuja trágica morte - de camisola amarela vestida, numa rua de Quarteira - me deixou destroçado.
Agostinho, como também, por exemplo, Carlos Lopes, eram atletas de excepção à época totalmente incomum em desportistas portugueses (só a de Eusébio se lhes sobrepunha).
Tinham o senão de vestirem as cores erradas (embora os melhores tempos de 'Tino' tivessem sido passados ao serviço de equipas estrangeiras), mas nem por isso deixavam de ser objecto de admiração e estima de todos os seus compatriotas. Os dois terceiros lugares de Agostinho, sempre atrás de Bernerd Hinault e Joop Zoetemelk, são as mais remotas memórias que tenho de uma modalidade que desde então me apaixona profundamente.
Mesmo sem que o Benfica faça parte do seu universo presente - coisa que lamento, mas não deixo de compreender face às especifidades financeiras do Desporto velocipédico.
Particularmente as subidas aos Alpes, aos Pirenéus, e a chegada aos Campos Elísios (que em 2011 tive a felicidade de presenciar ao vivo), são momentos que o meu Verão não dispensa. E nem os casos de doping, passados e presentes, me afastam da 'Grand Boucle', ou das suas histórias de sofrimento, coragem e resistência, sempre emolduradas pelas deliciosas paisagens que a França tem para mostrar ao Mundo."
Luís Fialho, in O Benfica