Últimas indefectivações

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Lindo!

Benfica 4 - 4 Barcelona


Cruel, muito cruel sofrer o empate, na última jogada da partida! Se a vitória teria sido impensável - foi quase -, o empate também não é menor 'triunfo'!!! Sem a Kika, sem a Norton (além da Pauleta...), jogámos muitíssimo bem, com muita coragem, praticamente com marcação individual a todo o campo, algo que praticamente ninguém faz contra este Barcelona (a melhor equipa do Mundo, uma autêntica constelação de estrelas... um All-Star Mundial!!!).

Pauels, Christy, Laís, Lúcia, Gasper, Alidou, Jéssica e Nycole com exibições gigantes... O 3.º golo foi uma maravilha, e será visto por milhões nos highlights da jornada!!!

Nos últimos minutos, com o cansaço, com a lesão da Christy jogámos vários minutos com 10, e depois a Lúcia também foi tocada, e a equipa perdeu a noção do posicionamento! Foi pena...

A única a destoar hoje, foi a Seiça, que falhou nos golos... já tinha ficado com a impressão, que a Seiça, rende muito mais, se jogar como Central numa das laterais, do que no meio, onde posicionalmente ainda lhe falta mais experiência!

Mas o ponto mais negativo, foi mesmo a lesão da Christy! Parece grave, provavelmente ligamentos, provavelmente fim desta época, e provavelmente de fora na maioria da próxima! E a Christy tem sido sucessivamente a nossa melhor jogadora, completamente dominadora na defesa! Sem a Christy nos Quartos-de-final da Champions, as nossas hipóteses que já eram baixas, ficam ainda mais baixas!!!

Agora, venha o diabo e escolha! Mas, reafirmo aquilo que já escrevi após o jogo da Suécia, prefiro o Chelsea! Mas antes dos Quartos, temos o campeonato e o jogo na Madeira é potencialmente perigoso!

Regresso às vitórias...

Benfica 5 - 2 Braga

Primeira parte morna, e 2.º tempo melhor... algo que tem acontecido várias vezes...

Prestianni


Finalmente, Prestianni confirmado, mesmo à conta, antes do fecho do mercado, e após o seu aniversário!
18 aninhos de muito talento, muito potencial, mas sem jogar à muito tempo, vai demorar um pouco a entrar na equipa, e não me admirava que inclusive fizesse alguns minutos na equipa B!


Extremo, driblador, rápido, agressivo, competitivo, tem tudo para chegar a titular da Seleção Campeão do Mundo... Uma contratação a pensar no futuro, tal como o Rollheiser, a apontar para a próxima época, com as muito prováveis saídas do Rafa, Di Maria e talvez o João Mário!

5 minutos: Prestianni...

BI: Prestianni...

Janeiro: Cabral...

Até a estratégia de defesa, é mafiosa!

Mas então, eles não eram um Canal regional, e não um Canal de Clube?!!! Não me digam que os Subsídios públicos, estão a financiar um organização criminosa, privada!

Dinheiro e Armas!!!

Violência!

Pedei...!!!

Que manhã mais saborosa... É só detidos!!


"É "Macaco", é Catão, é mulher do "Macaco", é Oficial de Ligação aos adeptos!!
Está a arder!? Deixa arder...🔥"

Zoo...

Servir Benfica: Proençadas!

RND - 45 minutos...

5 minutos: Diário...

Águia: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Mercado - Live - 22h30

Zero: Mercado - Live - 17h

Zero: Mercado - O rescaldo das últimas horas, com destaque para Otávio

Betano: Pre-Bet Show - S02E27 - Bruno Andrade...

Fora de jogo: 90+3 #24 - Bruno Andrade...

Desafio exigente


"A BNews de hoje destaca o embate entre Benfica e Barcelona da última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões de futebol no feminino.

1. Passo evolutivo
O Benfica recebe hoje, no Benfica Campus, o campeão europeu de futebol no feminino em título, Barcelona.
Filipa Patão salienta o valor do adversário e encara o desafio como uma oportunidade: "O Benfica tem de centrar-se no seu processo evolutivo, ou seja, tentar fazer sempre melhor do que nos outros anos, inclusivamente melhor contra o Barcelona do que aquilo que fizemos no ano passado. Tentar fazer o melhor jogo possível, tentar dignificar o melhor possível a camisola, num jogo que sabemos de antemão que vai ser muito difícil."

2. Hóquei em patins na Luz
O Benfica recebe hoje, às 18h00, o HC Braga. Diogo Rafael apela à presença dos Benfiquistas: "Esperamos poder contar com o apoio efusivo dos nossos adeptos."

3. Recorde nacional
Isaac Nader é o novo recordista nacional dos 1500 metros.

4. Reconhecimento 
Paulo Moreno, capitão do andebol benfiquista, foi considerado o melhor pivô do CAN2024.

5. Agenda
Na quinta-feira, às 19h30, o Benfica recebe o FC Porto em voleibol no feminino. Na sexta-feira, às 21h30, o Benfica visita o Sporting em futsal no feminino."

Segunda Bola...


Leonor, excerto...

105x68, excerto...

Zero: Negócio Fechado - S02E03 - Ruud Hesp...

A Verdade do Tadeia #2024/120

Três golos, três histórias


"Em cada jornada, as histórias dos golos dos três grandes deixam ao descoberto as dificuldades dos pequenos em criar um plano efectivo para travar o seu maior poderio. A enésima prova é a de que os jogos de domingo (Farense-Porto) e segunda-feira (Estrela-Benfica e Sporting-Casa Pia) trazem-nos também a enésima história sobre mantas-curtas. Mas, antes de partirmos para uma análise que se quer feita de forma neutra, há que acalmar as hostes e perceber-se que essa terá de ser feita tendo sempre em conta a diferença (abissal) de qualidade que existe entre Farense e FC Porto, entre Estrela e Benfica e entre Sporting e Casa Pia. Todas as opções tomadas têm em conta reduzir essas enormes diferenças e, por isso mesmo, em alguma parte dos jogos essas virão ao de cima. Não há panaceias. Há sim uma enorme astúcia e um enorme brainstorming para tentar esbater distâncias entre Mundos completamente distintos. Umas vezes resulta, outras não. Mas contra os grandes há imensas formas de perder e pouquíssimas para ganhar – sendo que nos rescaldos, demasiadas vezes, parece ser o contrário, tal é a indiferença com que se reage a tamanhas diferenças. Isto quando se tem em conta, sequer, as equipas de menor valia.

Evanilsão também na transição
Foi a partir desse pressuposto que José Mota organizou o seu Farense para defrontar um FC Porto em crescendo de objectividade e que ganhou, nas últimas jornadas, uma nova forma de atacar o adversário. Assim, se esperavam um Farense de linha de seis em riste, esqueçam, pois na maior parte do tempo Mota não abdicou da sua maior valência: a transição ofensiva. E para a ter, da forma que lhe tem dado eficácia e uma 1.ª volta tranquila, o experiente treinador sabia que não podia remeter os seus alas para espaços muito recuados. E foi a jogar na maior parte do tempo, com linha de quatro, que o Farense causou dificuldades ao FC Porto, bem patentes numa bola que bateu no poste de Diogo Costa e no penálti azarado de Matheus Oliveira. Um embate táctico que resultava em espaço para um FC Porto com mais espaço do que o costume em organização ofensiva (que ainda assim não foi muito, pois o Farense soube aumentar a linha quando devia). Mas foi em transição ofensiva (a tal fortíssima nova arma dos dragões) que os portistas haveriam de chegar ao golo – castigando a falta de eficácia dos algarvios. Recuperação alta de Evanilson e possibilidades reduzidas para o Farense fechar. É a importância das transições que tornam o comum jogo de xadrez dos nossos tempos em drag races que a maior qualidade não desperdiça.


Numa época atribulada o FC Porto perdeu algumas valências das épocas passadas mas, com esta nova versão, tem recuperado (transição ofensiva e bolas paradas) e a organização (com Pepê como acelerador) encontra agora confiança para começar a carburar – como já se viu num jogo de maior controle na 2.ª parte. Ainda há muitas arestas a limar, mas o FC Porto trabalha agora sobre vitórias e a confiança sobe para ajudar a decisões com maior clareza. Algo que se nota imenso numa transição ofensiva temível e que não se via desde os tempos de Jesualdo Ferreira – uma valência extremamente útil para desorganizar adversários de outra maneira, concedendo bola, forçando o erro e aproveitando espaço.

Estrela nada Amadora forçou, Benfica profissional na verticalidade
Não falamos, assim, de jogos em que os ditos pequenos passaram os jogos condicionados somente a defender. É uma parte importante, obviamente, e essa está cada vez mais trabalhada com argúcia. É agora em outros aspectos que equipas como o Estrela precisam de evoluir para deixarem de sair destas partidas só com o tal bom jogo e essa palmada nas costas. E ao Estrela faltou muito menos do que o resultado indica para o resultado final ter sido bastante diferente. Tal como o Farense (e, se olharmos para outras jornadas várias, outras equipas) faltou ao Estrela último terço para augurar outro controle. Já o sabemos, a única medida real do jogo é o golo. E assente numa organização defensiva com uma linha defensiva bastante alta e com uma linha média a saber quando aumentar o espaço entre-linhas e quando fencurtá-lo, a estratégia de Sérgio Vieira travou, na maior parte dos primeiros 45 minutos, um Benfica que ficou bloqueado sem profundidade e que viu os da casa (à medida que o Estrela ia fazendo uso do seu meio-campo para roubar bolas) criarem oportunidades para mais do que a curta vantagem que conseguiram. E, talvez, o controle do jogo que obtiveram (bem real) subisse para outro patamar que não permitisse ao Benfica (ou ao FC Porto no jogo com o Farense) virar, em pouco tempo, o jogo a seu favor. E se os portistas o conseguiram em transição, coube ao Benfica forçar o jogo mais directo para descoordenar uma linha defensiva que ia expondo várias carências no ataque encarnado, num jogo em que a primeira metade lembrou o empate das águias em Guimarães na passada época. Foi assim, com mais verticalidade, que o plano de Schmidt fez esquecer os longos minutos em que não ganhou as costas da defensiva tricolor e em que não conseguiu encontrar espaço entrelinhas que lhe permitisse ficar de frente para essa mesma linha.


Com o jogo-interior a não funcionar (uma das diferenças em relação à época passada e que retira fluidez) e a profundidade a ficar estancada na estratégia do Estrela, foi no jogo-directo que o Benfica encontrou a solução para virar o jogo o seu favor. Simplicidade na abordagem, ganho da 2.ª bola e libertar de espaço para Rafa, sem que o meio-campo do Estrela (que trabalhou imenso e bem) pudesse intervir. E depois de passar por enormes dificuldades (também defensivas) o Benfica lançou-se para um jogo de maior competência na 2.ª parte fazendo uso, na primeira, de algo não tão habitual no jogo de Schmidt. Algo que revela inteligência, numa era onde nenhum recurso se pode recusar. E com tanta informação, tanta teoria e tanta possibilidade, a sensibilidade de saber quando fazer o quê é agora um dos recursos mais importantes. E o Benfica soube fazê-lo para virar o jogo.

Rúben joga à sueca com Ás de tru(i)nfo
De todos estes embates, o único em que a estratégia da equipa menos cotada falhou redondamente acabou por ser o Sporting-Casa Pia, onde os gansos – mesmo apesar da meia oportunidade criada enquanto o jogo estava em aberto – nunca conseguiram aquela qualidade necessária em organização defensiva para travar o maior poderio do adversário. À semelhança do Estrela, o Casa Pia fez uso de uma linha defensiva bastante adiantada, mas a pressão na bola não teve o vapor necessário para a proteger. E com sucessivas bolas descobertas, o fabuloso ataque à profundidade do Sporting encontrou na primeira meia-hora espaço para criar um jogo onde a real diferença de orçamentos encontrou real correspondência no resultado. Jornada após jornada os pequenos tentam esbater essa diferença, conseguindo estancá-la até por muito mais tempo que o esperado. Mas, algumas vezes, na tentativa de criar um ponto de vantagem nas suas estratégias, as equipas com menores recursos acabam por se expôr de maneira irremediável e irreversível. É o Mundo cruel do futebol onde o risco de querer algo mais depende em demasia da inspiração do grande que se defronta. E no caso deste Sporting-Casa Pia, os leões foram demasiado tudo para um Casa Pia que nos faz voltar a uma conversa que, pela crescente competência das organizações defensivas em Portugal, já estava meio esquecida. Falamos das bolas cobertas e bolas descobertas que entrou no léxico das análises quando havia imensas situações onde o controle da profundidade ficava exposto. E, nesta segunda-feira, essa conversa volta a ser tema porque contra o Sporting não se pode, sequer, querer controlar profundidade. Tem mesmo de se atacar também, como avançados leoninos o fazem (especialmente aquele rapaz nórdico que faz lembrar um XC90 com motor V8). Um desiderato difícil, mas que poderia ter a ajuda da pressão mais adiantada na bola – algo que não aconteceu e que tornou o plano numa via sacra. Acontece a quem se dá à coragem de andar nisto e não merece escória e mal-dizer, mas sim a compreensão de quem sabe é tarefa inglória fugir ao erro neste tipo de jogos. E, por vezes, a vários e imensos erros. Faz parte, sendo que a reação a essas inevitabilidades é agora o mais importante.


O à-vontade com que Hjulmand recebe entre as linhas de ataque e meio-campo do Casa-Pia traçou o destino dos gansos neste lance. Falta de pressão ou condicionamento para cobrir a bola, tornou impossível a uma linha defensiva, que também não reagiu em conformidade, recuperar espaço para avançados embalados desde trás. Com a bola descoberta por tanto tempo (o dinamarquês recebe e vira-se de frente passando alguns segundos com a bola e ainda armando o passe sem oposição) retirar esses metros (antes de Pote) teria obrigatoriamente de ser feito."

SL Benfica: o melhor e o pior sítio para se ser avançado


"Chegado aqui rapidamente perceberá (e por isso mais vale avisar) que esta é mais uma crónica que, sem o ser, se relaciona com um jogo das meias-finais da Taça da Liga. Neste caso, o Benfica-Estoril. Um jogo que nos demonstra padrões tácticos que têm continuidade com o que tem sido a época dos encarnados, mas também do Estoril. Padrões já deveras conhecidos e que, nestes dois textos sobre as meias-finais, decidi deixar, para já de parte, para centrar atenções em aspectos psicológicos que, no meu entender, condicionam as execuções. E o Benfica é um caso sui generis nesses aspectos. Caso que para ser explicado nos fará recorrer à ferramenta que o ser humano usa para mais escapar à realidade: a criação de expectativas. Assim, se tiver que ser brutalmente sincero, o Benfica (como a maioria dos clubes, atenção) raramente vive no presente, no agora. Os problemas do dia actual não lhe chegam e anda numa cruzada para se validar como merecedor do estatuto glorioso que quer sempre colado a si. A mente linear do Benfica vive em constante comparação entre a performance actual e a performance exigida – a tal da expectativa, a de um passado recente ou distante, ou a de um futuro que há-de estar para vir. De todas as maneiras, sejam comparações com o passado ou aspirações futuras, estas análises constantes entre o estado actual e o estado que deveria ser, criam um espaço onde se movimentam emoções extremas.
E nós sabemos o que o Benfica pode ser quando corresponde às expectativas. Sabemos da onda encarnada que se cria quando a equipa corresponde e os adeptos apanham, momentaneamente, a cenoura que andam a perseguir desde que se tornaram adeptos do gigante clube da Luz. E aí, é o melhor momento para se ser avançado no Benfica. Sendo que a criação de oportunidades num grande é sempre em número considerável (ainda ontem, quarta-feira, num jogo que acabou com um resultado desfavorável, o Benfica criou imensas), quando a positividade impera, a bola parece que tem íman em direção aos cordames. Se olharmos para a performance de Cardozo, de Lima, de Mitroglou, de Jiménez (mais vezes vindo do banco para facturar), de Jonas, de João Félix e de Gonçalo Ramos, nunca duvidaremos da sua qualidade, mas rapidamente os associaremos a momentos onde essa onda esteve também presente. Mas como tudo em futebol (e na vida) está sujeito à dualidade, a outra face da moeda castiga avançados como Raúl de Tomás, como Darwin (que num período positivo do Benfica teria facturado muito mais), e como agora Arthur Cabral, Musa e Tengsted. Bem sei que a avaliação fácil é comparar a qualidade dos que triunfaram com a dos que falharam. Mas para fazermos uma análise honesta, teremos de perceber que o rendimento desses, mencionados acima, que triunfaram, não foi fora da Luz, o mesmo alto rendimento que tiveram no Benfica – pelo menos com a mesma regularidade e qualidade.
Não reduzirei então tudo a qualidade, embora me pareça que há diferenças dessa ordem entre os jogadores que triunfaram e os que falharam. Porém, o que tento trazer à discussão é o tema de que o momento das equipas afeta o rendimento, a decisão e a execução. E mesmo que isto pareça não ter nada de novo, não se conhece outra solução se não a de substituir gente que não rende por gente que (com três avé-marias) passe a facturar. Parecia ser o caso do jovem Marcos Leonardo, ao qual ninguém negará as qualidades. Na movimentação, no segurar, no entregar, a mobilidade do jovem do Vila Belmiro emprestará certamente coisas parecidas com aquelas que vimos a Gonçalo Ramos. Contudo, depois de duas aparições altamente eficazes, também ele não foi capaz de manter a bitola, falhando uma situação de golo iminente e um penálti no desempate que deu a vitória ao Estoril.
Mas Marcos Leonardo ainda tem capital. Arthur, outro avançado com qualidade, também tem acusado excessivamente o peso (no pun intended) da responsabilidade. E Musa, entre acertos e falhanços, demora ainda a ganhar capital suficiente. Sobra ainda Tengstedt neste atirar de avançados lá para dentro, que mais não faz do que provar que a auto-estima de um jogador é sempre relativa (e este é todo o ponto do texto). Sempre relativa a algo e nunca incondicional. Isto porque há expectativas a materializar e, assim sendo, a auto-estima de um avançado estará sempre intimamente ligado à efectifidade, eficiência e eficácia da sua performance. Mas, mais ainda, essa auto-estima está também directamente conectada ao momento do clube e à comparação constante entre o que deve ser e o que tem sido. E se bem que isto é um processo normal, o que me parece exagerado, e altamente condicionante, são as reações que se geram no Benfica quando a expectativa não é cumprida. Já o disse acima, o Benfica é um clube que vive de emoções extremamente voláteis causadas por ter uma bitola extremamente alta para a realidade actual.
E por isso parece-me válido relacionar essas emoções extremamente voláteis com o desempenho de equipas que, sem surpresa, são também extremamente voláteis na sua performance. Parece-me por isso haver relação com as reações dos adeptos, dos dirigentes, dos treinadores e dos jogadores, e a performance que oscila rapidamente entre o que é considerado brilhante e o que é considerado medíocre. É por isso imperativo que a auto-estima esteja assente em mais do que essa volatilidade. Para a performance estabilizar, o Benfica, como todo, terá que estar muito mais preocupado com o dia de hoje, do que com o que foi antes e o que terá de ser (obrigatoriamente e com muita força na mente de alguns) amanhã. E para isso, lá está, a auto-estima terá que ser incondicional, pase lo que pase. Contudo aqui, informo desde já, esse não é um desiderato fácil, porque não é factual para a enorme maioria das pessoas que possa haver auto-estima sem essa estar relacionada com algo. Só o ser, só o estar, não chega para a mente que tem, necessariamente, que fazer algo para não duvidar de si própria. Tem de estar em algum caminho, em algum projecto, em alguma carreira. Contudo, o que proponho não é que passemos o resto da vida a meditar numa gruta ou num mosteiro. O que proponho é que o que fazemos não esteja afectado por emoções negativas que condicionam a performance. E para essas emoções negativas desaparecerem, na maioria das vezes, temos de reformular expectativas. Sendo que a verdadeira questão é: está o Benfica preparado para reformular expectativas?
É que vender o sonho de uma grandeza maior do que a dos outros todos juntos não tem feito nenhum favor ao Benfica para ganhar mais campeonatos do que os outros todos juntos. Aqui, se ao lerem isto sentirem uma reação, façam o favor de a analisar. Sentem que o Benfica deveria ser isso mesmo, maior que todos os outros? Sentem que em 10 campeonatos, algo aceitável para o Benfica seria ganhar oito? ou passam imediatamente para o outro lado da barricada, caindo em depressão por o Benfica não conseguir, na maioria das épocas, materializar essa expectativa na Europa e em Portugal? O que proponho é olhar-se para essa expectativa e para a forma que, tal como no Manchester United pós Sir Alex, está a condicionar a performance. Guardar a imagem na mente que o Benfica tem de ser, imperativamente, um colosso europeu com reduzida oposição, não deixa respirar jogadores que só mostram ainda margem para render (potencial). Por mais que haja momentos onde essa expectativa parece que se vai concretizar (como na época passada) a verdade, a nua e crua verdade, diz-nos que a diferença (se é que existe) para os rivais não é assim tanta e, possivelmente, não terá de ser. Pelo menos a forçar-se que o seja. Porque a perigosidade do Benfica para os adversários é a de quando não está dividido entre o que é e o que deveria ser. E por mais que oiça muitas juras de amor ao clube, há sempre alguma condicionante, alguma divisão que os faz parar o rio, a onda. Ama-se o Benfica que poderia ser, e não o de um dia-a-dia normal onde, como todos os outros clubes, tem de ser realista, olhar para o que está menos bem e melhorá-lo. Mas isto sem carradas de nervos, sem acusações, sem garrafas atiradas ao treinador, mas sim de maneira neutra, racional e humana – sendo que humana é tendo em conta o falível, em relação a alguma expectativa, que todos nós somos. E isto seria só o princípio. É que a vida de um clube não é tão glamourosa como quem não trabalha nele acredita que é. É um processo que não envolve uma equipa sentada num trono onde é inquestionável. Tudo em futebol é questionável, tudo é efémero, tudo está em constante mudança. Tudo menos expectativas irreais que condicionam todo e qualquer jogador – para o muito positivo e… para o muito negativo. E o Benfica, por mais estatuto que tenha, não pode fugir a estas questões – sem perder a ambição mas perseguindo-a sem medo de não ser o que deseja ser. É que entre o que somos e o que desejamos ser há um espaço. E se há um espaço, parece-me lógico dizer que se há esse gap então não somos o que queremos ser. Poderemos vir a ser um dia, quem sabe. Mas não será mais construtivo aceitarmos já o que somos, estarmos de bem com isso e tentar melhorar dia-a-dia, aceitando o processo e vendo onde se pode chegar com ambição, com aceitação, mas sem medo? Talvez Marcos Leonardo tivesse falhado na mesma a oportunidade no final do jogo, mas talvez não tivesse falhado a seguir o penálti. Ou então falharia as duas, aceitaria, continuaria a trabalhar e faria uso da equipa para marcar a dobrar no jogo seguinte. Quem sabe seria assim, não sabemos. O que sabemos é o resultado oscilante que tem sido o normal modo de pensar do Benfica e seus adeptos."

O preço de apoiar o Benfica

O 'stop' a Kokçu num Benfica permissivo sem Florentino


"Turco continua sem se adaptar ao modelo de jogo no Benfica

O resultado acabou por ser expressivo, porém os primeiros 45 minutos do Benfica diante do Estrela da Amadora foram pouco convincentes.
É verdade que o conjunto de Roger Schmidt chegou ao intervalo a vencer, porém a produção atacante foi escassa e os dois golos surgiram de dois lances com elevada carga individual: cruzamento de Di María para uma boa desmarcação, domínio com o peito e finalização de bicicleta de Arthur Cabral; passe no limite do avançado brasileiro para uma, não tão frequente quanto isso, boa definição de Rafa no momento da finalização.
Com bola, as águias estiveram sempre demasiado estáticas. Não promoveram combinações pelos flancos, onde a contínua falta de largura se acentuou esta época com Aursnes e Morato como laterais, naturalmente menos eficazes perante blocos baixos, por culpa de limitações técnicas e de velocidade evidentes.
Já o Estrela, com seis elementos no meio (três centrais, dois médios-centro e o ponta de lança) e boa pressão sobre o portador, dificultava também a progressão em apoio pelo corredor central.
Além disso, aliado a uma primeira parte para esquecer de Otamendi, com vários erros comprometedores, a equipa de Roger Schmidt foi extremamente permissiva aos ataques rápidos e transições ofensivas dos tricolores. Novamente com os setores muito afastados, sobressaiu a falta de timing de Kokçu na abordagem a esses momentos. Parece tão ou mais perdido no relvado hoje quanto estava quando chegou à Luz.
Uma equipa que não se sente confortável defensivamente dificilmente terá um compromisso total na pressão alta e na reação à perda, e se partirá em duas. Com João Neves a ter de acorrer a demasiados fogos, os locais chegaram o 1-0 e ameaçaram o segundo antes da reação do Benfica. Valeu Trubin.
Se Roger Schmit costuma mudar tarde, desta vez decidiu-se logo ao intervalo. O turco saiu, entrou Florentino e, finalmente, a equipa começou a ganhar a bola mais alto no terreno. Capaz de pressionar em vários locais e recuperar a bola, colocando de imediato a equipa na cara do golo, o médio português foi naturalmente decisivo para o bem melhor segundo tempo das águias.
À entrada de Florentino junta-se ainda expulsão de Regis e a subida de Aursnes para a posição que melhor sabe desempenhar, com o regresso de Bah, além da libertação de João Neves para a organização. Apesar de uma outra jogada perigosa do Estrela, os encarnados podiam ter construído um resultado ainda mais volumoso do que o 4-1 final.
É difícil imaginar um Benfica bem-sucedido sem Florentino em campo, seja na Liga ou na Europa. Não resolve todos os problemas, porém definitivamente soluciona alguns.
De Kokçu também não haverá grandes dúvidas. Ou o turco entra num esquema diferente ou terá de ser encontrada outra posição para ele. Terceiro médio? Médio a entrar da esquerda? Ali, definitivamente, acrescenta mais fragilidades que soluções, e não há sinais de evolução.
A grande diferença para os rivais é essa. Sérgio Conceição decifrou o puzzle criado por Otávio e Rúben Amorim não tem dúvidas onde cada pedra encaixa. Schmidt tem certezas de que já muita gente duvida."

Amorim e Klopp: pontos em comum


"Anúncios marcantes a meio da época que também criam responsabilidade acrescida aos jogadores

Transparência também é isto: impedir que a especulação vença, ser dono da agenda e adiantar-se a uma eventual notícia que reduziria o impacto do anúncio. Jurgen Klopp afirmou, na semana passada, que vai abandonar o Liverpool no final da presente época, num timing pouco comum e que desafia a lógica vigente dos discursos redondos e que decisões como esta só podem ser tomadas e publicadas no final de uma temporada. É precisamente por ter sido a meio do trajeto, ainda com tudo para ganhar ou para perder, que o técnico germânico provocou um sentimento no plantel que muito dificilmente não se transformará em energia: não há maior motivação para os jogadores que tentar ganhar títulos para uma saída em ombros daquele que lhes proporcionou, provavelmente, os melhores anos das respetivas carreiras. No primeiro jogo dos reds após a bomba, a equipa goleou o Norwich por 5-2. Significativo.
Numa a realidade diferente, vimos também Rúben Amorim traçar o futuro com linhas grossas a meio da temporada em curso, reiterando que sairá do Sporting pelo próprio pé se chegar a maio sem qualquer título conquistado. Além de representar uma mudança estrutural na cultura do clube (assumir que dois anos sem nada ganhar é sinónimo de fracasso num emblema que andou décadas afastado das grandes festas) o treinador campeão pelos leões em 2021 colocou também a responsabilidade nos jogadores: se querem que o técnico que fez deles (e tem feito deles) melhores do que o eram antes de chegarem às suas mãos, é bom que deem aquele extra mile. No primeiro jogo dos leões após as palavras gravadas em pedra de Amorim, a equipa alcançou frente ao Casa Pia a maior goleada do campeonato dos últimos 50 anos. Sintomático.
Cada um no seu contexto social, desportivo e cultural, Jurgen Klopp e Rúben Amorim representam uma forma diferente (para melhor) de comunicar, tratando todos os que estão do outro lado como pessoas dotadas de inteligência e não apenas recetores de mensagens sectárias no alvo e simplistas no argumento. Saindo o alemão do Liverpool, sabemos o vazio que ele irá deixar no histórico emblema da cidade portuária, por ter marcado uma era, independentemente do número de troféus conquistados (tanto ou mais quanto o que venceu, foi como o venceu); abandonando o jovem técnico português o comando do Sporting é garantido que quem vier terá vida difícil, mesmo que as últimas páginas da história dele venham a estar em branco no que respeita a títulos. Porque há treinadores cuja obra é muito mais do que a soma do metal depositado nas prateleiras dos museus."

Guardiola e Amorim: não é fácil lidar com fantasmas


"Pep Guardiola fez-se jogador de futebol em Barcelona, onde durante 10 anos como sénior conquistou 16 títulos. Andou por Itália e pelas Arábias e foi fazer-se treinador, de novo, em Barcelona.
Teve no balneário um conjunto de jogadores quase incomparável. Estudou os fundamentos de Johann Cruyff, incorporou a cultura especial do clube e dirigiu uma das melhores equipas da história do futebol. Abro naturalmente o espírito a outras convicções, mas não me recordo de tanta diversão e prazer a ver o Grande Jogo como com o Barcelona de Pep (e Messi, e Xavi, e Iniesta). Parecido só o Brasil de 1982, vítima do maior crime lesa-futebol positivo que a Humanidade testemunhou.
Xavi fez-se jogador (e que jogador!) em Barcelona. Andou pelas Arábias e foi tentar fazer-se treinador em Barcelona. Há pouco dias anunciou que está de saída no final da época, vergado a uma pressão inusitada e vítima de um clube em convulsão. Um clube sem Messi (ainda não percebi a quem aproveitou a saída do argentino), sem Xavis e sem Iniestas na equipa. Com muitos e caros craques, mas sem o sentido do tempo de Guardiola.
Xavi, por todos os paralelismos, apresentava-se como a encarnaçãode um possível Guardiola II. Foi campeão e venceu uma Supertaça, mas isso não chegou. Vamos ver se será feliz noutras paragens.
Cerca de 1250 km a sudoeste, salvaguardadas todas as outras distâncias, um grande clube português está a caminho de criar um fantasma para os os próximos largos anos.
Além do nível de conquistas, qualidade global e orçamentos, há diferenças óbvias entre os casos, desde logo porque Rúben Amorim se fez jogador no maior rival do Sporting, nunca tendo aliás escondido as palpitações do coração enquanto adepto.
Mas a partir daí surgem as semelhanças. Mesmo que saia no final da temporada, como já afirmou ser inevitável caso não conquiste títulos, Amorim será o segundo treinador com mais anos seguidos no banco leonino. O primeiro é Joseph Szabo (1937-1945). Neste século só Paulo Bento lhe chega próximo.
Ganhou, até ver, uma Liga, uma Supertaça e três Taças da Liga. É pouco? Vejamos então o historial de conquistas do Sporting desde a década de 80 do século passado. Ficou claro?
Rúben Amorim defendeu uma ideia de construção de futuro da qual pouco se tem desviado. Chegou e venceu pouco tempo depois. É jovem, simpático e excelente comunicador. Reuniu um cocktail perfeito para uma comunhão suprema com a massa associativa leonina.
Desde 2020 a equipa tem naturalmente oscilado entre melhor e menos bom futebol, entre maior e menor eficácia. Mas tem um rumo definido.
A dúvida para o futuro próximo do Sporting é se o projeto é mesmo do clube/SAD ou do próprio treinador. Se a segunda hipótese estiver certa (e nada nos garante que esteja), os futuros treinadores terão de lidar com fantasmas do tipo Guardiola, o que não é fácil."

Isto vai, Benfica


"No futebol, as melhores crises são as que acontecem apenas na nossa cabeça. Não sei se todos sabem do que falo, mas já terá acontecido a alguns. É aquele momento em que parecemos ser os únicos capazes de antecipar uma tragédia enquanto o mundo à nossa volta sorri, não necessariamente porque tudo está bem, mas porque não está tudo mal. Havemos de sorrir quando percebermos que não tínhamos razão, nem que seja às escondidas.
O meu cérebro reagiu mal à eliminação da Taça da Liga e passou os dias seguintes convencido de que nos esperava um Estrela da Amadora sem medo nem misericórdia. E assim foi durante 40 minutos. Parece mentira, mas só consegui sair desta fossa depois de um pontapé de bicicleta de um atleta que há coisa de um mês me dirigiu um pirete, algo inédito num jogador do meu clube. Problema resolvido. A vida já deu algumas voltas para Arthur Cabral, como aliás tem acontecido também com o Benfica. Não está a ser uma época constante e não estou certo de que os próximos meses venham a ser uma calmaria, mas, talvez por desconhecimento, não consigo vislumbrar os motivos para alarme que alguns persistem em identificar. Explico porquê, e não tem nada que ver com falta de exigência. Tem que ver com a exigência que é devida no momento atual.
É um facto que a eliminação na final four da Taça da Liga foi um desfecho bastante irritante. É verdade que podíamos e devíamos ter arrumado aquele jogo sem dificuldades. Sejamos realistas. É assim em todos os jogos realizados nas competições internas. Não consigo olhar para o plantel do Benfica e esperar outro desfecho que não uma vitória. É de tal maneira assim que passei o jogo todo, penáltis incluídos, calmamente convencido de que imperaria o mais elementar bom senso cósmico e o Benfica passaria à final. Ainda assim, mais do que o resultado, talvez o que mais me incomodou tenha sido a resposta de Roger Schmidt em que esta explica que «não é uma vergonha perder com o Estoril». Já me devia ter habituado a estes momentos de bonomia, mas é difícil quando coincidem quase sempre com empates ou derrotas.
Eu julgo que Schmidt não faz por mal, mas o treinador do Benfica gosta por vezes de presentear os jornalistas com respostas que aludem mais a um reconhecimento do adversário do que à necessidade de apresentar justificações aos seus acionistas, no caso os sócios do Benfica. Também eu reconheço que o Benfica tem adversários e que, ocasionalmente, esses adversários se superiorizam ao Benfica. Consigo até, no grande esquema das coisas, perceber que nem toda a gente lida com a derrota da mesma forma, ou, por outra, que nem todos somos Benfiquistas. Mas, e digo isto com simpatia, já era tempo de Schmidt perceber que há certas respostas que mais vale guardar para ele.
Felizmente, esta equipa vive demasiado consciente das suas capacidades para se deixar deprimir por causa da Taça da Liga. Levantar a cabeça e vencer o próximo jogo. Agir duas vezes antes de pensar, como diz uma canção de Chico Buarque. Gosto de imaginar esse pragmatismo no atual grupo de trabalho. Sinto que qualquer jogador deste plantel olha à sua volta e percebe que está rodeado de craques. Não é preciso pensar muito para ver uma dúzia de formas diferentes de vencer o jogo, com ações coletivas ou apenas com o talento individual. Poderão alguns argumentar que esse talento individual mascara as insuficiências da época atual, mas, e se Schmidt souber dessas insuficiências e estiver a contar com os tais indivíduos para vencer o que resta desta época? Seria assim tão impensável ou irresponsável, quando já vimos que tantos jogos têm sido resolvidos dessa forma? Ou será que só existe uma forma de ganhar?
É certo que a manobra coletiva da equipa tem imperfeições. É evidente que os laterais nem sempre são os laterais a que nos temos habituado. É claro que nem todas as soluções saídas do banco revelam a mesma eficácia. É certo que nem todos os titulares são tudo aquilo que prometiam no início da época. Mas nenhuma destas unidades tem revelado uma insuficiência tal nos últimos meses que me convença de que estamos a caminho de uma época de insucesso desportivo. Se alguns destes talentos individuais do plantel já são consagrados, outros ainda fazem o seu caminho. Isto diz-nos que aquilo que falta desta época terá provavelmente espaço para todos desempenharem o seu papel.
Os mais experientes, e porventura mais desgastados, mostrarão a sua utilidade através da experiência ou, quando necessário, da genialidade sem pernas, como Di María já fez algumas vezes esta época. Neres e Bah vão voltar e vão voltar a ser úteis. Kokçu pode render muito mais, seja em que posição for. Precisa de tempo. Aursnes vai continuar a render, jogue em que posição jogar. Os mais novos, como Marcos Leonardo, Carreras ou Rollheiser, vão encontrar um grupo de trabalho que, contrariamente aos vaticínios de há alguns meses, permanece coeso. A equipa não apresenta sempre inspiração em níveis máximos, mas os que têm ido a jogo esta época reúnem os atributos que geralmente ajudam a encher salas de troféus: talento, capacidade individual, pragmatismo, entendimento coletivo, solidariedade, capacidade de adaptação e fome de vitórias.
A exigência do momento atual não é que ganhemos cada jogo por quinze a zero. Essa é a exigência imutável e poética do Benfica. A realidade, no entanto, pede-nos apenas uma coisa: deixemos que esta equipa, um projeto inacabado, se continue a fazer. Aliás, até este treinador é uma obra em construção. Pelo menos tem demonstrado mais maleabilidade do que muitos dos seus antecessores. Seguimos em frente. Reconhecer que nem tudo está bem, mas que tudo está longe de estar mal. Chateava-me muito mais se visse, como aconteceu algumas vezes nos últimos anos, que os jogadores não deixavam em campo aquilo que era preciso para vencer. Ou, claro, se não vencessem muito mais vezes do que perdem. É preciso ter calma. Isto vai."

Arbitrar uma final


"Fui um sortudo, um privilegiado durante a minha carreira na arbitragem porque, entre tantas outras experiências memoráveis que pude viver, tive também a felicidade de estar presente em várias finais a nível nacional e internacional.
Digo-o sem vaidade mas com muito orgulho: arbitrei uma final da sempre mítica Taça de Portugal (no Jamor) e outra da Supertaça Cândido de Oliveira (em Aveiro). Fui nomeado 4.° árbitro de uma final da Taça da Liga (no Algarve) e estive presente, como Árbitro Assistente Adicional (vulgo Árbitro de Baliza), numa final da Liga dos Campeões (em Munique) e noutra do Euro-2012 (em Kiev).
Recordo esses momentos com saudade apenas para vos dizer que sei bem o que terão sentido Fábio Veríssimo e a sua equipa quando, apenas há meia duzia de dias, pisaram o relvado do Municipal de Leiria para arbitrarem a final da Allianz Cup.
É normal que quem esteja fora destas lides não tenha noção do que estou a falar. É normal que não compreenda as sensações que estas memórias oferecem. Mas acreditem quando vos digo, é um dos pontos mais altos da carreira de qualquer desportista. Pensem, por exemplo, no orgulho que sentirão jogadores, treinadores e dirigentes quando chegam, com mérito, à final de uma competição. Pensem na excitação e alegria, na forma como isso lhes enche a alma. Pronto. É exatamente isso que sentem os árbitros também.
Ter a possibilidade de estar num desses jogos, seja em que função for, é indescritível. O voto de confiança que recebemos da nossa estrutura e o reconhecimento de que estamos aptos para aquele desafio é a única motivação de que precisamos. Chega e sobra.
É certo que todos os jogos são importantes. Que todos devem ser preparados e encarados do mesmo modo, independentemente da categoria, classificação ou nome das equipas. Sabemos disso. Mas não podemos esconder que aqueles são especiais. As emoções, o frenesim, toda a agitação em torno das finais tem condimento diferente. Só o facto de sabermos que, após o apito final, haverá uma equipa que, em êxtase, levantará o troféu, e outra que ficará com a indesejada medalha de segundo lugar, acrescenta logo outra dimensão e responsabilidade.
É uma pressão diferente, que pesa de outra maneira.
Rebobinando a cassete. Tudo começa a partir do momento em que recebemos a nomeação. Daí em diante somos invadidos por sensações, notícias, atualizações sobre tudo e mais alguma coisa: os onzes prováveis, quem fica fora das opções e quem vai para o banco, como correram os treinos, o que disseram os técnicos, enfim, mil e um comentários e opiniões. É difícil abstrairmo-nos de tanta informação e mediatismo. Se não lermos os jornais e se não evitarmos as redes sociais, haverá um amigo, um vizinho ou um familiar qualquer que fará questão de nos atualizar, de nos manter a tensão a flutuar. É inevitável.
Claro que estamos a falar de boas sensações, daquelas que lá no fundo todos querem sentir e experienciar. Essa ansiedade não é vivida na negativa. Não sentimos medo, não temos pensamentos negativos ou catastrofistas, não ficamos bloqueados na sombra. Sentimos apenas flashes de imagens positivas. A energia flui a uma velocidade estonteante.
No meio de tanta adrenalina e intensidade, o importante é nunca perdermos o foco e percebermos que o nosso trabalho requer equilíbrio, neutralidade e discrição. Não somos os protagonistas daquela festa, somos os zeladores das leis e temos um jogo sério para arbitrar. Somos aqueles a quem compete fazer prevalecer a verdade desportiva com coerência e, de preferência, acerto.
Pés no chão, humildade e cabecinha fria, porque para quem apita sonho e pesadelo estão a um (mau) apito de distância.
Mas são de jogos assim que se constroem (ou destroem) carreiras. E que não restem dúvidas: estar numa final é e será sempre um espetáculo à parte.
O futebol é qualquer coisa, não é?"

Plano estratégico para o desporto nacional


"As crónicas que escrevo mensalmente sob o titulo de “Por águas nunca dantes navegadas” têm por objetivo comunicar, sensibilizar, se possível contribuir para a resolução de problemas existentes no tecido desportivo nacional, na sua estrutura, na prática, mas essencialmente que estes alertas sirvam como oportunidades de melhorias e de mudança.
A semana passada, no final da tarde de quarta-feira, 24 de janeiro, num local icónico, a Tribuna de Honra do Estádio Nacional, fui confrontado com uma agradável supressa. A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) realizou uma sessão de apresentação pública das Cinco Prioridades Políticas para a XVI Legislatura, a saber: a criação de um Plano Estratégico para a década, um novo modelo de financiamento do Desporto nacional, mais Educação Física no 1.º ciclo de escolaridade, mais Desporto no serviço público de rádio e de televisão e a criação do Ministério do Desporto.
De facto, enquanto pessoa interessada pelo fenómeno desportivo e enquanto membro da sociedade civil, em anteriores crónicas, já tive oportunidade de abordar a quase totalidade destes temas a que se referem as cinco prioridades políticas do CDP. Aliás, nem a propósito, no passado mês de dezembro, falei sobre o famoso plano estratégico e explanei alguns dos pressupostos que justificam esta necessidade, com a crónica intitulada "Paris 2024 a um passo... e Brisbane 2032?"
Até para memória futura, e 2 anos passados, aproveito para vos deixar um texto que escrevi em maio de 2022, publicado no DN, que refere, entre outras coisas, aa necessidade de um plano estratégico para o Desporto nacional, e que rezava assim:
"Precisa-se de um plano estratégico para o desporto nacional"
"Planeamento, ou apenas planear pedir mais dinheiro? E se o dinheiro não chega? E se ano após ano apenas sabemos repetir a estafada receita de pedir mais e mais e o resultado da análise de qualquer gestor de recursos escassos, quando não vê inovação, visão, e alinhamento nessa visão, nos vão dando menos e menos, dando assim razão a Einstein que tão bem soube definir loucura, 'continuar a fazer as coisas sempre da mesma maneira e esperar resultados diferentes'.
A mudança e a gestão da mudança fazem parte do nosso quotidiano diários, a imprevisibilidade tornou-se nossa companheira do dia-a-dia, hoje o que é seguro é haver mudança permanente, quem se adaptar melhor e a receber como uma oportunidade, seguramente caminhará no pelotão da frente.
Voltando ao tema que me faz escrever estas linhas, o famoso plano estratégico nacional para o desporto, não é obviamente uma quimera, nem algo que se deva guardar numa gaveta, nem por si só a receita infalível, mas até chegar lá precisamos de saber enquanto stakeholders do fenómeno desportivo, o que queremos, como queremos, para quem, algo que seja pensado, resultado de um inquérito de opinião àqueles que podem definir os melhores objetivos e que sabem que o desporto tem um papel essencial na sociedade e pode efetivamente despertar uma nação, são eles a sociedade civil os agentes desportivos e todos aqueles que de uma forma direta ou indireta podem intervir e influenciar positivamente o fenómeno desportivo. Temos que saber como perceber e antecipar o futuro e como vamos envolver todos nesta missão e aí sim talvez venhamos a ter recursos suficientes para financiar essa visão.
Seguramente que a aspiração maior de uma nação é que cada vez mais os atletas subam o mais alto possível no pódio, mas acima de tudo o que esse sucesso também deveria traduzir era o espelho de uma nação mais moderna, mais solidária, mais inclusiva, uma plataforma única de sucesso que o desporto representa para uma sociedade, teríamos que encarar o fenómeno desportivo não como um fim em si mesmo, mas como um meio para uma ambição maior que represente uma sociedade mais moderna e solidária e em constante mudança.
Qual é o ponto de viragem? É transformar e tornar cada um dos intervenientes no fenómeno desportivo, num ator solidário, alinhado e consciente de que juntos podemos atingir os nosso propósito, que está acima de cada um de nós e que visa servir a sociedade. O caminho a percorrer não é fácil, temos que abandonar a imagem corporativa do desporto, de algumas quintas instaladas, da não partilha do conhecimento, temos que passar a ser um grupo alinhado com espírito de colaboração e de coopetição, alinhados numa visão estratégica que possa definir com métricas reais e ambiciosas o que significa a palavra sucesso e seja o exemplo de uma ambição maior.
Temos que perceber e ambicionar envolver os adeptos do desporto nesta visão maior, como inspirá-los e como comunicar esta visão, de que o desporto tem um papel muito para além das medalhas, tem o poder de unir e despertar uma nação, sendo as medalhas uma consequência, o reflexo deste fenómeno e dinâmica aglutinadora.
Para isso voltamos ao ponto de partida, sabendo que os recursos naturais são escassos, como aproveitá-los e aplicá-los da melhor maneira, e saber demonstrar ao poder politico que através de um discurso diferente e um plano estratégico nacional podemos e devemos chegar mais longe.
O financiamento é fundamental, ninguém discute essa parte da equação, mas não o teremos seguramente a pedir mais, a querer gastar mais, a exigir mais, muito provavelmente o problema/oportunidade está na forma como comunicamos e no conteúdo que comunicamos, as entidades oficiais, os políticos têm que sentir este apelo que vem da sociedade civil, faça com que se apropriem deste projeto, têm que ser envolvidas, têm que perceber que o desporto no seu conjunto, e não apenas alguns nichos de sucesso, pode efetivamente despertar uma nação veja-se como bom exemplo e prática o plano estratégico 2030 que a FPF recentemente lançou, com uma visão e uma aposta séria no futebol feminino, que estando a ter um desenvolvimento exponencial em todo um mundo, tem um impacto e uma mensagem efetiva na sociedade civil, uma mensagem social poderosa, e onde se define com clareza o significado da palavra sucesso.
Hoje não precisamos de inventar, de criar de tentar encontrar, hoje temos suficientes boas práticas por essa Europa fora, na vizinha Espanha, na França, Itália Reino Unido, onde perceberam a importância de um plano estratégico para o Desporto, e uma visão inspiradora para envolver a sociedade.
Para tal é preciso criar este movimento, criar este alinhamento estratégico, saber que o resultado final deve vir da soma das partes, perceber que quem só se preocupa com a individualidade, não pode fazer parte desta equação, é preciso sacrificar essa individualidade por um bem maior que é o coletivo, ter um propósito, é preciso trabalhar nessa ambição, é preciso criar uma figura uma entidade supranacional, que pense e execute essa visão e que esteja acima de todas as entidades desportivas, criar um modelo de financiamento que seja a resposta pensada suficientemente ambiciosa desse plano, será necessário obviamente fazer escolhas, num país de 10 milhões não podemos querer tudo, ser os melhores em tudo, a definição de sucesso também passa por aí, é incómodo, é, dá trabalho, dá, mas é seguramente um caminho a experimentar."
Sendo assim, saúdo a iniciativa e a coragem da CDP, na pessoa do seu Presidente, de falar em temas que deveriam ser consensuais, quer pela sua natureza, quer pelo seu propósito, mas que infelizmente são considerados fraturantes. Temos uma oportunidade enorme pela frente, não vamos desperdiçar mais tempo, queremos um país com mais atividade física e todas as consequências positivas que daí advêm, um país com uma estrutura desportiva mais profissional, um país com mais cultura desportiva, e também um país a ganhar mais com mais ética e melhor, porque afinal já muitos países perceberam que o DESPORTO É UM MEIO PODEROSO PARA DESPERTAR UMA NAÇÃO."

Feitas Contas, Dúvidas Desfeitas, excerto...

FanZone, excerto...

6, excerto...

Mercados, excerto...

No Princípio Era a Bola - A goleada histórica do Sporting e um Schmidt “a brincar com o fogo”