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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Os perdões imperdoáveis


"Porque é que um banco que é tão rápido a executar clientes comuns aceitaria revender os VMOCs ao Sporting com um desconto tão grande?

Na véspera das últimas eleições no Sporting, Frederico Varandas anunciou, com pompa e circunstância, que tinha resolvido um dos problemas que mais atormentava o Sporting, através de um acordo para a recompra dos valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) detidos pelo banco Millenium BCP.
Na altura, o Benfica criticou duramente o negócio através da sua newsletter, falando do “tristemente histórico dia em que foi consumado um perdão de dívida gigantesco à Sporting, SAD. (…) Um dia em que um banco intervencionado pelo Estado com dinheiro dos contribuintes, numa altura em que há cada vez mais investidores externos no futebol português, se desfez apressadamente de um ativo com 70% (ou mais) de desconto. Ativo esse que, por sua vez, já tinha sido sobrevalorizado aquando do início da operação“.
Para compreender a dimensão do desconto em questão, precisamos de voltar atrás para perceber os sucessivos perdões de dívida de que o Sporting beneficiou:
- Em 2011, o Sporting, que estava a enfrentar grandes dificuldades financeiras, com capitais próprios negativos e uma dívida exorbitante à banca, emitiu 55 milhões de euros em VMOC.
- Em 2014, voltou a recorrer aos mercados para emitir mais 80 milhões no âmbito de um Acordo de Reestruturação Financeira. No total, passaram a ser 135 milhões de euros em dívida sob forma de VMOC A e VMOC B.
- A partir de aqui, começam as operações de cariz altamente invulgar. A 8 de janeiro de 2016, a banca decide prolongar a maturidade dos VMOC em 10 anos, até 2026, introduzindo, também, uma cláusula que declarava que os juros, com uma simpática taxa de 4%, só seriam pagos “caso a SAD do Sporting tenha lucros e distribua dividendos”. Seguramente todos gostaríamos de ter gestores de conta tão generosos quanto este.
- Em 2018, quando ambos os bancos já tinham registado os VMOC como imparidades, Bruno de Carvalho revela num artigo que o Sporting os renegociou para pagar, em 2026, apenas 40,5 milhões de euros – 30 cêntimos por ação em vez de um euro, um desconto de 70%. Esperemos que os bancos estejam preparados para ter a mesma clemência para com os muitos portugueses que terão em breve de enfrentar a subida da taxa de juros no crédito à habitação.
- Em 2021, os bancos mandataram a Rothschild & Co para vender os VMOC, seguramente um ativo muito atraente para vários investidores que, em 2026, os poderiam converter em capital. Também em 2021, o BCP e o Novo Banco concederam ao Sporting uma dispensa para regularizar as suas obrigações até ao final do ano, já depois do clube ter entrado em incumprimento com o acordado.
- Finalmente, a 4 de Março de 2022, Frederico Varandas anuncia a recompra dos VMOC ao BCP, por apenas 14 milhões – muito abaixo dos 25 milhões de euros acordados aquando da renegociação feita em 2018 por Bruno de Carvalho. Curiosamente, o Novo Banco, à data com o Fundo de Resolução a controlar muitas das operações, não chegou a acordo. Mas o BCP sim – e decidiu vender milhões por tostões.
Ora, quando a decisão foi inicialmente anunciada, a venda dos VMOC gerou alguma estupefação. No entanto, desenvolvimentos recentes tornaram este negócio ainda mais incompreensível.
John Textor, investidor americano que tem tentado investir em diferentes SADs do futebol nacional, declarou publicamente que, pouco antes do anúncio de Frederico Varandas, tentou abordar os bancos com uma oferta de 150 milhões de euros para reaver as VMOC. O americano declarou ainda que, dadas as eleições prestes a acontecer, o clube rejeitou cabalmente encontrar-se com ele.
Olhando para trás, com a informação da tentativa de investimento de John Textor, levanta uma questão fundamental: Porque é que um banco, que é tão rápido a executar clientes comuns mal estes se atrasem com qualquer pagamento, aceitaria revender os VMOCs ao Sporting com um desconto tão grande – sobretudo tendo propostas superiores em cima da mesa?
Convém lembrar que, durante este período de tempo, o Sporting continuou a investir robustamente no plantel da equipa principal.
O certo é que, de um euro por ação, chegamos, uma década mais tarde, a 17 cêntimos, um desconto de mais de 80%. No total, o calote foi de mais de 100 milhões de euros. Há que perguntar aos acionistas do BCP como é que nunca questionaram a administração do banco sobre esta transação quando tinham uma proposta bem melhor. Mas, até existir uma explicação mais aceitável, o favorecimento sistemático da banca ao Sporting aparenta não passar de uma série de perdões imperdoáveis."

O coração mole do Nariz de Ferro


"Caju foi um jogador extraordinário - tão extraordinário que viveu entre Pelé, Tostão, Chico Buarque, Bob Marley e Salvador Dalí

O cognome ficava-lhe a matar. Na verdade, o nariz de Caju parecia um ferro de engomar. Nasceu pobre como Job e viria a ter a sua recompensa por nunca ter blasfemado em queixas contra o Senhor. Desde garoto que foi crente. Fedelho inquieto da favela da Cachoeira, em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde nasceu no maldito dia 16 de junho de 1949. Pelo menos o pai, mestre de obras, achou o diabo do dia tão maldito que saiu de casa para nunca mais voltar, deixando-o sozinho com a mãe e a irmã. Dormia quase todas as noites em casa de um amigo, Fred, que começara a dar uns pontapés no Flamengo. Fred gostava de Paulo Cézar, o pai de Fred gostava de Paulo Cézar, a mãe de Fred gostava de Paulo Cézar e Paulo Cézar gostava de família de Fred. A mãe de Paulo Cézar nunca tinha dinheiro para feijão com arroz: lá em casa, a janta era ou feijão ou arroz, nunca os dois juntos. Fred tinha 11 anos, mais um do que Paulo Cézar, e pediu ao pai: «Paiê! Adota ele!» Foi adotado. A sua vida mudou para sempre.
O pai de Fred era treinador de futebol e aceitou o cargo de seleccionador das Honduras. Uma vez, quando estava no aeroporto de San Salvador, à espera de um avião para Tegucigalpa, um brasileiro curioso perguntou-me: «Para onde cê vai?» e Eu. «Tegucigalpa». Haviam de ter visto o ar horrorizado do hoem: «Tegucigaupa???!!! Cê vai deliberadamentchi pra Tegucigaupa???!!!». Fui. E muito antes de mim, Paulo Cézar, que tinha o apelido de Lima mas ficou com a alcunha de Caju, também esteve deliberadamente em Tegucigalpa e jogou futebol por lá. Futebol do bom. Paulo Cézar foi um dos melhores de todos os tempos e ponto final. Tornou-se, mais tarde, um bêbado incorrigível, um pinguço de cair com a cara na sarjeta. Mas nunca enquanto jogou futebol. Mantinha acesa na memória a frase que o pai adotivo lhe ensinou: «Ele nos dizia que o dinheiro ia embora com cigarro, farra e mulheres. Fiquei no meu pedaço, tranquilão, jogando a minha bolinha e me mantive fora de sarilhos».
Livrou-se de sarilhos e teve uma vida boa. Recusou a naturalização hondurenha porque queria ser campeão do mundo pelo Brasil e foi-o na melhor selecção de todos os tempos: a do Mundial de 70, no México. Jogou no Flamengo, no Fluminense, no Botafogo, no Vasco da Gama, no Grêmio, no Corinthians e no Marselha, lá da França. Tinha dinheiro como carraça em cão vadio. E gostava e encher aa boca cm aquilo que comprava: «Trouxe o surf, dos Estados Unidos. Tinha um apartamento no Leblon, em 70, importei uma Fiat Spider 174, abóbora e preta, da Itália, tirava onda pelas ruas do bairro e também colecionava quadros de Portinari, Picasso, Monet, Renoir, van Gogh e Salvador Dali». Não, Paulo Cézar não era nenhum pacóvio. Dos Estados Unidos, onde esteve numa longa digressão com a seleção brasileira, trouxe também o cabelo tingido de ruivo, como os Black Panthers, apologistas do poder negro. Foi por causa do raio do cabelo avermelhado que começaram a chamar-lhe Caju.
Paulo Cézar Caju adorava música. Era amigo de toda a gente que compusesse um samba, uma bossa nova ou um reggae e por isso não admira que apareça em fotos aos molhos acompanhado por Chico Buarque ou Bob Marley, que gostavam por seu lado tanto de bola como ele de balançar a anca na praceta. «Eu não era ‘negro sim senhor’. Era negro de bom gosto, barriga barra de chocolate, calça boca de sino, black power». Isto foi antes de se dedicar furiosamente, durante quinze anos, ao álcool e à cocaína. Também foi craque nisso. Tal e qual como tinha sido no futebol. Ou até melhor ainda, de tal forma se desgraçou perante toda a família e amigos que já não podiam nem vê-lo. Mas Paulo Cézar tinha um nariz de ferro e um coração mole. Por causa de uma paixão shakesperiana, abandonou os vícios e nem mais uma cachacinha emborcou na hora do cérebro começar a ficar embaciado.
Se foi em França que se ligou aos maus vícios, querendo passar por um monsieur de sociedade bebedor de champanhe ao pequeno-almoço, viu dois autores brasileiros, Roberto Corrêa e Jon Lemos, encaixarem-no de vez na história da Música Popular Brasileira. Cantava o Trio Maravilha:
«Faltavam só cinco minutos pra terminar o jogo
E o adversário fazia uma tremenda pressão
Sofria como um louco com o rádio colado ao pé do ouvido
Mas a nossa defesa é segura, é mesmo de seleção
Meu time bem armado, tranquilo, era final, era uma decisão
Até que o juíz apitou falta a favor do ‘mengão’
Paulo César prepara o seu chute fatal
Na barreira confusão é geral 
Atenção (thururu thururu thuthu)
Preparou (thururu thururu thuthu)
Correu (thururu thururu thuthu)
E chutou/É gol...
Que felicidade!
gol o meu time é alegria da cidade...».
Agradeçam tanta alegria ao Nariz de Ferro..."

26 de Outubro


Vermelhão: Magia... e uns pozinhos de sofrimento!!!

Benfica 4 - 3 Juventus


Foram 75 minutos mágicos, do melhor futebol jogado na nova Luz, por uma equipa do Benfica, com um 4-1 contra a Juventus, como prova... e que até podia ter sido 'maior'! Só o Rafa, tem dois desperdícios incríveis, aliás, o fim da magia, começou naquele desvio de aba levantada do nosso Speddy Silva!!! E se os minutos de sofrimento final foram totalmente desnecessários, acredito que para um 'independente', esta partida, foi um jogão!!!


Com o empate a ser suficiente, voltámos a jogar para ganhar... Voltámos a pressionar, voltámos a procurar a felicidade, voltámos a montar a nossa equipa, às nossas 'necessidades' e deixamos para o adversário as adaptações!!!

E sim, a Juventus tem vários lesionados... mas os aptos, seriam provavelmente um dos melhores plantéis que o Tugão alguma vez viu!!!

Não fomos perfeitos, por exemplo na 1.ª parte, deixámos em algumas ocasiões, os nossos 2 centrais, 'sozinhos' para 3 adversários!!! Os laterais tiveram que mudar o posicionamento, e começaram a jogar em zonas mais interiores... A pressão alta do Tino e do Enzo, muitas vezes, 'destapa' a zona central.

Mas não complicámos a 1.ª fase de construção, e o adversário tentou condicionar a nossa saída de bola, com muitos jogadores! Fizemos bem, as mudanças de flanco, para 'balançar' a defesa contrária... Como é habitual fomos tímidos no remate, com algumas combinações demasiadas elaboradas, que pediam mais objetividade... mas voltámos a marcar na sequência de um Canto (curto, mas foi um Canto), e se em igualdade não conseguimos muitas transições rápidas, em vantagem fomos muito eficazes, até ao 4-1, mas depois...!!!!

Agora é fácil, mas o Roger devia ter mexido mais cedo na equipa... Mas se Gilberto 'facilmente' entra para o lugar do Bah, no meio-campo é mais complicado! Jogar com Tino, Enzo e Aursnes a titular cria um problema: ficamos sem ninguém para os substituir...!!! E como o Roger, não é treinador de adaptar Centrais a Trincos, ou de 'meter' 3 Centrais para defender resultados, temos que 'defender' resultados com bola... e quando isso não acontecer, vamos ter problemas!

Rafa, Aursnes, João Mário, Enzo, Tino, Tó Silva, Grimaldo muitíssimo bem... Curiosamente, hoje, o Nico principalmente na 1.ª parte, 'falhou' alguns duelos, nada habitual... O Ody quase não teve trabalho!!! O Gonçalo fez um trabalho de grande sacrifício, muita pressão e muitas 'linhas' abertas para os companheiros... O Bah levou algum tempo a encaixar no Kostic, mas acabou por perceber como condicionar o Sérvio... mas com a entrada do Iling o cansaço foi evidente!

Estamos nos Oitavos, e vamos a Israel 'lutar' pelo 1.º lugar! Com o Maccabi e a Juventus a lutar pela Liga Europa, o jogo não será fácil, ainda por cima sem o Enzo, castigado.
E se a diferença entre o 1.º lugar e o 2.º lugar no Sorteio dos Oitavos, é 'grande' (apesar de com o Benfica, a nossa 'sorte' é sempre madrasta nas 'bolinhas'!), a verdade é que nota-se alguns jogadores cansados... tendo assim o Roger a possibilidade de fazer alguma gestão, nas próximas partidas, dando prioridade ao Tugão nestas 5 jogos que faltam, antes do Mundial!!!


Uma nota final sobre mais um grande ambiente na Luz! Ainda esta semana, falei com um casal de Americanos, conhecedores do 'nosso' Futebol, que foram ao Dragay ver o Clássico, com eles a contarem-me algumas histórias da aventura, e da perplexidade com o estilo de jogo do Tugão: as faltas, as simulações, as confusões, os Amarelos, os assobios, o ódio, a presença de elementos claramente ligados ao crime, facilmente visíveis em redor do estádio, etc...!!! E apesar de não terem planeado, tentei convence-los a ir hoje à Luz, ver o Benfica, na Champions, contra a Juventus. E expliquei-lhes, que o ambiente seria completamente diferente, nas bancadas... e no relvado, a atitude dos jogadores, das duas equipas seria totalmente oposto ao que eles assistiram no Porto!!! Não fiquei com o contato deles, mas se eles conseguiram arranjar bilhetes, tenho a certeza que eles neste momento estão a agradecer o momento em que seguiram o meu conselho!!!

Nos últimos temos tido alguns grandes ambientes em jogos Europeus, mas noutros nem por isso... A grande diferença, é que este ano, os Benfiquistas 'acreditam' na equipa, pois jogamos nos olhos, seja quem for o adversário!!!



Vitória na Eslováquia...

Presov 25 - 29 Benfica
(9-15)

Fim desta 'digressão' internacional com uma vitória na estreia da EHF European League, contra um adversário que em condições normais, seria acessível, mas com as lesões e as viagens, podia-se tornar perigoso, mas acabámos por 'facilitar' a nossa tarefa, vencendo de forma clara... A margem relativamente curta, pode enganar, já que a poucos minutos do fim, tínhamos o dobro da vantagem...

Importante não dar abébias, pois o nosso grupo não é nada fácil...

Derrota...

Benfica 78 - 97 Manresa
26-32, 23-26, 16-18, 13-21

Os Espanhóis, são melhores, ponto. Só um alinhamento estelar raro, com um exibição de superação do nosso lado, poderia contrariar a lógica, e hoje, cometemos alguns erros desnecessários, portanto o resultado acaba por ser normal... se calhar um pouco largo, mas justo!

Agora, estamos na luta pelo 2.º lugar... que poderá dar a qualificação!


Eliminados...

Benfica 2 - 3 Juventus


Segunda parte desastrosa, depois de uma excelente vantagem de 2-0, voltámos a 'conseguir' perder no Seixal, e dizer adeus à Youth League! Numa época, onde tudo aconteceu, mas onde cometemos demasiados erros...
Os plantéis da formação, são são todos iguais, e só porque ganhámos o ano passado, não éramos 'mais' favoritos este ano, mas mesmo assim, devíamos e podiamos ter feito mais...

O FC Porto - Benfica, os maus exemplos e uma malandrice em Chaves

Terceiro Anel: Antevisão...

A Verdade do Tadeia - Mundial no Bar #7 - O Maracanazo

Estórias...!!!

Os limites do mau perder

Vasco Mendonça, in A Bola

Grande Zé Manel. 💖

Liga da Farsa, in Facebook

25 de Outubro