Últimas indefectivações

terça-feira, 18 de julho de 2023

Mateus: Kokcu &...

Schmidtologia!

5 minutos: Diário...

Visão: Félix...

Águia: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

1904 quilómetros de Benfica


"Uma mão-cheia de cicloturistas do Benfica levaram o nome do Clube de Lisboa a Paris, liderados por José Moreira de Paiva

A 21 de Maio de 1950, o Benfica homenageou um grupo de cicloturistas franceses que chegavam de um raide que partira de Paris até Lisboa. Logo aí, nasceu na ideia de os cicloturistas de águia ao peito fazerem o sentido inverso. A ideia foi aprovada e ganhou forma.
O cicloturismo era então, no Benfica, uma jovem secção de seis anos, atuando juntamente com o ciclismo como modalidade-propaganda do Clube. Tinha, no entanto, uma adesão de atletas muito superior à sua congénere, que ultrapassava as mais de uma centena de inscrições.
Assim, a caravana de cinco cicloturistas do Benfica que partiu de Lisboa no dia 29 de Julho ia chefiada por José Moreira de Paiva (1900-1986), natural de Nespereira, Cinfães, reconhecido como 'uma vontade firme ao serviço do Clube, um benfiquista para quem os 50 anos de idade não constituem qualquer obstáculo'.
O itinerário contava com 1904 quilómetros e estava gizado para ser percorrido em 13 dias, um deles para descanso, em Burgos (Espanha). A despedida do grupo de cicloturistas, que contava também com José Maria Ribeiro, António Augusto Alves, José Tavares Ribeiro e João Francisco Soares, foi na secretaria, onde receberam 'carinhosa despedida e votos de feliz viagem e os desejos de que tudo decorra de maneira a prestigiar o Benfica e o Desporto Português'.
Na 1.ª etapa, em Sacavém, José Moreira de Paiva teve uma avaria na roda da máquina, levando a um atraso de duas horas, mas foi entendido como um prenúncio de boa prova.
As primeiras três etapas foram de algum azar, devido a avarias mecânicas, o que provocou um atraso de um dia ao atravessar a fronteira. Contaram pelo meio com a boa hospitalidade dos benfiquistas de Benfica do Ribatejo, Chamusca, Gavião, Nisa, Castelo Branco e Fundão.
Para além das avarias que foram sofrendo em Portugal e em Espanha, em França foram apanhados por chuvas torrenciais. No entanto, conseguiram concluir a prova dentro dos limites. Regressaram a Lisboa quase de surpresa, em 16 de Agosto, onde foram recebidos por um elevado número de benfiquistas que os aclamou junto do Rossio.
Para celebrar o sucesso do feito, que ecoou na imprensa francesa e espanhola, a comitiva foi posteriormente recebida oficialmente pela Direção e elogiada pelo serviço de embaixadores do nome do Benfica.
Conheça outros episódios do cicloturismo encarnado na área 4 - Momentos Únicos, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Julho a aquecer


"1. A temporada de 2023/2024 está a começar dentro das quatro linhas e fora das quatro linhas. Dentro das quatro linhas, as equipas começam a evoluir sob a orientação dos seus treinadores. Entretanto, de fora das quatro linhas, já chegou a informação oficial da despromoção do árbitro que foi ameaçado por um dirigente de um clube de futebol em pleno relvado - 'a tua carreira vai ser curta!' - e também, de fora das quatro linhas, já chegou o anúncio de linguagem pitoresca a que são sensíveis os ouvidos dos membros do Conselho de Disciplina da FPF.

2. Florentino Luís jogou os derradeiros 45 minutos do primeiro jogo de preparação desta pré-temporada. No fim foi interpelado pelos jornalistas que quiseram saber a sua opinião sobre o regresso de Di Maria à Luz. 'Recordo os tempos em que eu era apanha-bolas e o via jogar no Benfica. É um grande jogador, é muito bom tê-lo aqui connosco. Disse-nos que vem para acrescentar à equipa', assim respondeu. Tino telegráfico e bem.

3. À chegada ao local do estágio em Inglaterra também o presidente do Benfica foi chamado à conversa e não se escusou. Naturalmente, perguntaram-lhe os profissionais da comunicação social o que tinha a dizer sobre a notícia avançada por um jornal desportivo que, nesse mesmo dia, aventava a possibilidade de João Félix poder regressar a casa por empréstimo do Atlético de Madrid. 'Mas quem é que não gostava de ver João Félix no Benfica?', perguntou Rui Costa aos repórteres que acompanham a primeira semana de estágio do Benfica.

4. Foi uma boa resposta em jeito de pergunta retórica que é aquele tipo de pergunta que traz logo a resposta ao seu enunciado. Não haverá, obviamente, benfiquista que não gostasse de ver regressar João Félix, bem como de ver o regresso todos os outros jogadores formados na casa e que atuam hoje nas melhores Ligas estrangeiras. Mas, devaneios à parte, a época de 2023/2024 vai ser construída pelos jogadores que estão hoje no Benfica.

5. No entanto, a pergunta retórica de Rui Costa aos jornalistas em Inglaterra é uma pergunta que dá para os dois lados. Ou, melhor, que dá para os três lados. Quem é que não gostava de ver João Félix no Benfica? Os Benfiquistas, todos, gostavam. Os adeptos dos nossos maiores rivais internos, é que nem um.

6. O responsável financeiro da SAD de um dos nossos rivais, o FC Porto, disse no início desta semana que o seu clube é o mais sério de Portugal. 'O Porto cumpre a lei, sempre'. Só faltou terminar com um inimputável 'chupem!'.

7. Posto isto, até para a semana!"

Leonor Pinhão, in O Benfica

Aqui vamos nós


"'Mais uma corrida, mais uma viagem', gritava ao microfone o senhor dos carrinhos de choque nas feiras de verão espalhadas pelo país. Não sei se o pregão ainda é popular, mas faz todo o sentido no início de cada pré-temporada futebolística do Sport Lisboa e Benfica. É que, nem estagiando em Inglaterra, na Suíça, nos EUA ou na Cochinchina.
No ano passado, o 'problema' foi Roger Schmidt levar 38 jogadores para estágio. Era um erro, diziam. demasiada gente, uma confusão, bla, bla, bla. Os 38 até podem ter sido reduzidos, mas o número foi sinónimo de sucesso no Campeonato nacional.
Este ano, andam em polvorosa com os valores pagos pelos direitos desportivos de Orkun Kokcu e David Jurásek, como antes questionaram os montantes investidos em Darwin Nunez, Enzo Fernandez, Rafa Silva, David Neres ou Raúl Jimenez. Estamos naquela altura do ano em que os especialistas se deitam à sombra, agarrados aos seus dispositivos e dizem de sua justiça. Uns vivem em euforia extrema. Outros em depressão profunda. Nem outra coisa seria de esperar nesta esquizofrenia coletiva que é o futebol português.
Até ao primeiro jogo do Campeonato, os nossos rivais (e respetivos adeptos e comentadores) vão tentar denegrir tudo o que possa estar relacionado com o Glorioso. Não há qualquer problema com isso, faz parte deste Carnaval de Julho e Agosto. Ao longo da temporada, a verdade virá ao de cima. Seja com os maiores audiências televisivas, as maiores enchentes nos estádios (em casa e fora), o maior impacto a nível internacional, as mais elevadas receitas de merchandising ou a melhor qualidade do espetáculo. Sempre um passo à frente.
Rumo ao 39."

Ricardo Santos, in O Benfica

30 de Setembro


"Os sorteios dos campeonatos são como as sondagens na política: valem o que valem. Enquanto nas provas europeias, ou nas taças, podemos desejar o adversário A, B ou C, e temer o X, Y ou Z, no campeonato sabemos que temos de jogar contra todos, em casa e fora. O sorteio define apenas a ordem das partidas, e só à lupa vislumbramos situações eventualmente favoráveis ou desfavoráveis.
Perante o contexto gerado nos últimos anos - para não dizer nas últimas décadas - há, porém, uma data desde já a fixar. Na 7.ª jornada, a 30 de Setembro, recebemos o FC Porto na Luz.
É lugar-comum dizer-se que os campeonatos se ganham ou perdem contra as equipas pequenas. Falso. Ganham-se ou perdem-se em todos os jogos, sendo que há jogos, digamos, mais iguais do que outros - justamente aqueles em que, além de conquistar os pontos, também os retiramos aos rivais directos.
Não tivéssemos ganho no Dragão e, ceteris paribus como dizem os economistas, não teríamos sido campeões. Andado para trás no tempo, não faltam casos de campeonatos definidos num jogo (o chamado 'jogo do título') entre candidatos.
Infelizmente, quando se trata de Benficas - FC Portos na Luz, as recordações não são boas.
Nos últimos 22 anos só vencemos o FC Porto em casa, para o campeonato, 4 vezes. Perdemos 10. Ora isto é absolutamente inaceitável, e tem de ser urgentemente revertido.
Muitas vezes fomos espoliados, e há razões tácticas e fisico-atléticas que, aos olhos do adepto de bancada, podem explicar alguns desaires. Mas há também um factor mental associado, que se vai acentuando com o tempo, ao qual é preciso pôr fim.
Dia 30 de Setembro temos de ganhar. Nem que para isso se decore o balneário, não com fotos dos triunfos do Benfica, mas com as das sucessivas humilhações que sofremos na nossa casa, e que não mais se podem repetir."

Luís Fialho, in O Benfica

Na Cidade do Futebol


"A Cidade do Futebol recebeu os seus mais recentes cidadãos com todo o carinho e mostrou o acolhimento caloroso da Federação Portuguesa de Futebol às equipas de Walking Football de todo o país. É um orgulho para a Fundação Benfica, ver o desenvolvimento que está a ter esta nova aventura humana pelos caminhos da Bola. Uma aventura que tem muito do nosso ADN e pioneirismo. Que mostra ser acertado o caminho traçado e o trabalho feito em conjunto com outras fundações de clubes europeus desde 2016, quando empreendemos este novo projeto por iniciativa da EFDN (European Football for Development Network), com apoio da Comissão Europeia. Foi aposta ganha, do lado dos clubes e fundações que estenderam o futebol social às camadas seniores da população e do lado das famílias que enriqueceram o seu diálogo intergeracional. Do lado das jogadoras e dos jogadores os benefícios são ainda maiores, seja pelo combate ao isolamento, seja pelo alargamento da rede de suporte social, seja pela prevenção em saúde, seja, ainda, pela valorização positiva da imagem dos nossos mais velhos.
A lição é só uma: Jogar à bola, sempre e bem. De preferência no nosso querido Benfica."

Jorge Miranda, in O Benfica

Núm3r0s d4 S3m4n4


"1
O Benfica sagrou-se campeão nacional de duatlo no feminino;

2
Coincidências ideais para os supersticiosos: no primeiro jogo treino da época, à semelhança da temporada passada, o Benfica venceu, por 2-0, um clube do Championship em St. George’s Park, com ambos os golos marcados numa parte, um por um lateral, outro por um ala (Bah e Gil Dias, que jogou a ala, na temporada passada, Neres e Mihailo Ristic, agora);

2.17,43
O nadador mais novo no Europeu de juniores, Rafael Mimoso, bateu o recorde benfiquista nos 200 metros bruços, que era pertença de Alexandre Yokochi desde os Jogos Olímpicos de Seul, realizados em 1988;

3
Limitação de mandatos (3) nos cargos de presidente de cada órgão social constante na proposta de revisão de estatutos; O topo da pirâmide da formação tem 3 mudanças na orientação técnica: regresso de Veríssimo à B; estreia de Paulo Lopes nos sub23; Luís Araújo está de volta aos sub19;

15
Redução de 25 para 15 anos de sócio efetivo, desde que se um observe um mínimo de 35 anos de idade, para candidatos à presidência dos órgãos sociais na proposta de revisão de estatutos;

16
Futebolistas formados no Benfica entre os 34 no estádio de pré-época em Inglaterra;

21
No primeiro jogo treino da temporada, frente ao Southampton, Roger Schmidt utilizou 21 jogadores;

170
O Athletics Youth Meeting SL Benfica contou com a participação de 170 atletas e Sinísio Ambriz, do Benfica, estabeleceu o recorde nacional de juniores nos 110 metros barreiras (13’42’’)."

João Tomaz, in O Benfica

Anatomia de um fontanário

Vasco Mendonça, in A Bola

Balúrdios!


"Muito se tem debatido nos programas ditos desportivos - daqueles cheios de especialistas em fontes que ninguém sabe quem são, e que mesmo desmentidos, querem manter a sua mentira - que Di Maria vai custar um balurdio ao SL Benfica.
Pois bem, estamos em condições de adiantar (e se quiserem que venha cá alguém desmentir, mas com provas!!) que o jogador campeão do mundo vai custar aos encarnados 4 milhões de euros, ou seja, o mesmo que o alemão Draxler.
Mesmo assim vão aparecer aqueles que gostam de falar em prémio de assinatura. E nós dizemos: Foi BOLA. Um redondo ZERO!! Di Maria não quis prémio de assinatura."

Efab⚽lação (40) Topos de gama e taxas de esforço


"Acordo com “notícia” de centenas de jovens eufóricas a marcar lugar na primeira fila de um concerto musical com início mais de 24 horas depois e em protesto contra a falta de condições do recinto.
Logo seguida de “entrevista” com ministro preocupado com os portugueses que não suportam a “taxa de esforço” para pagar a renda da casa e têm de ser ajudados pelos outros, os que aguentam, ai aguentam, aguentam.
E da “reportagem” à porta do tribunal onde está a prestar declarações um génio do empreendedorismo e da gestão a quem acabam de ser confiscados 18 Ferrari, Lamborghini, Bugatti, Aston Martin e Rolls-Royce, apesar de o seu meio de transporte regular ser o helicóptero.
Num dos jornais fala-se de despovoamento e da sentença de morte das aldeias do interior, cujo “futuro é ir fechando as portas”.
Já não tenho idade para entender o meu país e suporto mal sentir-me estranho a esta bipolaridade entre o novo-riquismo financeiro e o subsidiarismo económico em que vive uma larga franja da sociedade.
Viro-me para a bola.
O Benfica enche de euforia um estádio para um ensaio na Suíça, pondera pagar oito milhões de euros de salário a um jogador que ninguém quer na Europa e prepara-se para contratar o décimo reforço em doze meses, ultrapassando os 150 milhões de euros em compras no estrangeiro, desde o verão passado.
O FC Porto recusa todos os dias uma oferta de 15 ou 20 milhões, às vezes mais, pela sua garagem de topos de gama, de Diogo Costa a Taremi, passando por Otávio, e respira saúde financeira, talvez até capaz de encarar o esforço de construir o seu próprio centro de formação e sair, finalmente, do programa de renda social no condomínio do Olival.
O Sporting marca lugar na primeira fila para conhecer o seu jogador mais caro de sempre, ao mesmo tempo que estuda a “taxa de esforço” para pagar um plantel muito acima das suas possibilidades no limiar de um ano terrível em que só uma genial gestão desportiva e económica pode manter o clube no seu nível histórico. Cristiano Ronaldo, o outro português proprietário de um Bugatti de oito milhões, num raro assomo de modéstia, anuncia que não volta a jogar na Europa, trocando uma casinha na cidade por uma tenda nas dunas sauditas, porque as Ligas europeias perderam muita qualidade, estão em processo de “desertificação” como as aldeias das berças. Regresso ao mundo.
Na televisão mostram um termómetro com 52º graus no Vale da Morte e dizem que é por causa das “alterações climáticas”: finalmente uma notícia em que tudo faz sentido."

RR: Kika...

3x4x3, excerto...

Segunda, excerto...

Na Suíça, em casa


"Mais de 20 mil benfiquistas nas bancadas apoiaram o Benfica em Basileia e assistiram à vitória encarnada, por 1-3. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Sinais positivos
O triunfo assente numa boa exibição em Basileia, a cidade suíça tornada capital do benfiquismo por um dia, é mais um passo na preparação da equipa com vista à nova temporada.

2. Pitchcam
Di María marcou no regresso ao Benfica, Gonçalo Ramos começou a pré-época como terminou a temporada anterior e Jurásek foi autor de um excelente golo na estreia de águia ao peito.

3. Mais um jogo de preparação
Dia 25 de julho, no Restelo, o Benfica defronta o Burnley FC num encontro particular.

4. Vice-campeões da europa
Portugal é vice-campeão europeu Sub-19 de futebol e teve o contributo, na fase final, de Diogo Prioste, Hugo Félix e Nuno Félix.

5. Arranque da pré-época
As Inspiradoras, com muitas ausências devido ao Mundial, regressam ao trabalho amanhã.

6. Feitos importantes
Roger Iribarne venceu os 110 metros barreiras numa etapa da Liga Diamante; Isaac Nader alcançou os mínimos para Paris 2024 nos 1500 metros. Etson Barros conquistou a medalha de prata nos 3000 metros obstáculos nos Europeus Sub23.

7. Vice-campeão mundial
Vasco Vilaça ficou em segundo lugar no Campeonato do Mundo de super sprint."

Cervi, com saudades do Marquês!!!

Neves!

Onde está o dinheiro?!


"Os negócio entre FC Porto e a Altice, relativo às transmissões tv, rendeu cerca de 20 milhões de euros aos empresários Bruno Macedo, Pedro Pinho e a Pinto da Costa.
O Ministério Público está a investigar o acordo e encontrou, aparentemente, desvios que podem ter lesado o Estado Português e a própria Altice, em 100 milhões de euros.
Mas quando o MP investiga situações duvidosas que envolvam o FC Porto, já todos sabemos onde vão parar as investigações: ao caixote do lixo!

Lembrar que o FC Porto, no início do séc. XXI, era o rei das vendas. Hoje não passa de um clube falido e até à semana passada, sob alçada da UEFA.
Lembrar que não faltam exemplos de clubes e empresas, que depois de se associarem aos dragões, faliram ou ficaram em muita má situação.
Veremos se o mesmo não irá acontecer à Altice.
Até lá fica a pergunta:
▶️ Onde para o dinheiro!?
Se querem resposta, perguntem a Pinto da Costa!"

Como passar de disputar a Champions para a luta pela manutenção em três tempos…

Vai uma aposta?!!!

Visão: Di Maria...

BI: Basileia...

RND - Soares: Perri e Nyland...

Quezada: Di Maria...

O sorriso de Di María valeu tanto como o triunfo sobre o Basileia


"Mais um ano volvido, mais uma categórica e marcante exibição de pré-epoca dos encarnados, capaz de iludir qualquer adepto para o resto da temporada. Os encarnados venceram o Basileia por três bolas a uma, onde a primeira parte foi o principal palco de destaque no encontro.
Depois de um primeiro jogo à porta fechada em Inglaterra, Roger Schmidt fez alinhar um novo onze frente aos suíços num estádio repleto de adeptos encarnados ansiosos por ver a equipa e os novos reforços em ação. Tendo isso em conta ou não, Roger Schmidt fez-lhes a vontade.
De início alinharam Vlachodimos, Bah, Morato, António Silva, Jurásek, Florentino, Kökçü, João Mário, Di María, Rafa e Gonçalo Ramos, com principal destaque para os três reforços claro.
Na linha defensiva, António Silva e, Morato principalmente, apresentaram-se de forma imperial em Basel. Depois das notícias sobre a eventual saída do brasileiro, o jogador realizou uma das melhores exibições de águia ao peito desde que chegou aos encarnados. Mesmo que de forma não oficial durante apenas 45 minutos, o nível apresentado por Morato promete dar uma grande dor de cabeça ao treinador caso exibições como esta se repitam no futuro. Com Otamendi lesionado, a oportunidade nas mãos do brasileiro neste momento pode ser a mesma que o companheiro António Silva aproveitou na última temporada.
Nas laterais, tanto Bah como o novo reforço Jurásek, demonstraram verdadeiramente as ideias de Roger Schmidt para as alas no resto da temporada. À semelhança do ano passado, a exigência ofensiva daqueles que lá atuam não baixou de intensidade e o reforço checo percebeu bem essa questão. No plano ofensivo, Jurásek apareceu sempre encostado à linha muito adiantado, oferecendo muita disponibilidade e profundidade à equipa naquele lado. Apesar de não ter começado de forma perfeita o encontro, aos poucos foi encontrando o seu ritmo até ao momento do terceiro golo onde, a passe de Di María, fuzilou completamente as redes adversárias. Uma ótima estreia para o novo lateral encarnado.
Mais à frente no terreno, Florentino e Kökçü formaram dupla no meio-campo e conjugaram-se de forma exímia. O médio defensivo português com o seu novo companheiro fizeram lembrar a dupla formada com Enzo na temporada passada. No processo defensivo Florentino exerceu o papel mais crucial e no processo ofensivo e de construção Kökçü apareceu como um elemento fundamental para o rumo da equipa. Sendo a primeira vez que atuam juntos, os indícios apresentados são muito otimistas e apontam para a provável dupla titular no meio-campo.
O trio ofensivo à frente dos médios também se apresentou a grande nível, com principal destaque para o astro argentino, Di Mária. Aos 35 anos e 13 anos depois, voltou a vestir a camisola do Benfica e não o poderia ter feito de melhor maneira. Pelo lado direito inicialmente, mostrou-se sempre ao jogo de forma irreverente a cada pequeno toque dado. Foi intercalando com Rafa na ocupação dos espaços centrais, e entendeu-se muito bem com Bah principalmente, na ala direita. Muito ativo e participativo em todas as movimentações encarnadas esteve envolvido nos três golos marcados pelo Benfica, tendo marcado um e assistido outro. Um regresso melhor era quase impossível.
No que toca a Rafa, João Mário e Gonçalo Ramos, viu-se o mesmo da temporada passada. O mesmo entendimento, as mesmas funções, o mesmo papel no jogo. Contudo, para Rafa e João Mário, o habitual apresentado pode não ser suficiente face à concorrência existente neste momento.
Na segunda parte, efetuaram-se dez alterações e o jogo tomou outro rumo, mais passivo. Entraram João Victor, Lucas Veríssimo, Tomás Araújo, Mihailo, Chiquinho, João Neves, Schjelderup, Aursnes, Neres e Tengstedt.
Apesar do segundo tempo não ter trazido tanta emoção, foi possível retirar algumas notas de igual forma.
De forma muito positiva surgiu Andreas Schjelderup. Ele que na temporada passada não teve grande papel de destaque após a sua chegada, apresentou ótimos indícios no jogo. Tanto atrás do avançado como encostado a uma das alas, o norueguês destaca-se a partir da sua capacidade de drible e aceleração de forma eficaz. Roger Schmidt impediu o atleta de participar no europeu de sub-19 para integrar o estágio de pré-época e o jogador parece estar a responder de forma positiva. Partindo agora para a sua primeira época completa no clube, espera-se um papel importante por parte do prodígio nórdico no plantel. Este pode ser o seu ano de explosão.
No mesmo patamar esteve Tomás Araújo, que, aos poucos, vai somando boas exibições e destaque no plantel. O central esteve novamente em bom plano na Suíça e continua a ganhar pontos na corrida pela permanência na equipa. No que toca à saída com bola e ao processo de construção a partir de trás, Tomás é o melhor central das águias neste momento. Se necessário, tendo em conta as suas características, o jogador formado no Seixal pode surgir como uma alternativa a Florentino de forma eficaz.
De uma forma menos positiva apresenta-se João Vítor neste momento, não pela sua qualidade enquanto jogador, mas sim pela dificuldade no encaixe no molde pedido por Roger Schmidt ao lateral direito. Sendo a sua posição de origem defesa central, as qualidades do mesmo na ala direita perdem-se um pouco no processo ofensivo. João Vitor pode surgir como alternativa a Bah, mas não exercendo as mesmas tarefas que ele.
Este é o balanço retirado da segunda exibição dos encarnados na preparação para a próxima época que se avizinha. Segue-se o Al- Nassr e uma longa época pela frente."

Temos proposta de novos Estatutos, o que muda?


"Infelizmente, este meu texto tem pouca poesia. Talvez o problema seja meu, mas é difícil escrever com carinho ou sentimento quando o peso de cada palavra é maior do que nunca. Os estatutos de um clube, associação ou coletividade não permitem segundos sentidos, metáforas ou alegorias bonitas. Os estatutos devem ser realistas, práticos e sensatos.
A revisão estatuária do Sport Lisboa e Benfica é uma tema que se arrasta há demasiado tempo. Há várias explicações para esta situação: falta de vontade da anterior direção de mudar os estatutos vigentes; timing perfeito (isto existe?) para fazer este trabalho; capacidade de chegar a um consenso sobre as propostas; "receio" do resultado da discussão que se avizinha.
Hoje, a 14 de julho de 2023, os benfiquistas receberam finalmente a proposta para os novos estatutos do Sport Lisboa e Benfica. O documento apresenta várias alterações, algumas exigidas há muito, outras mais inesperadas, mas não esquecemos as que acabaram por não entrar nesta proposta (muito brevemente contamos gravar uma conversa sobre as ideias que ficaram à porta).
Este meu exercício não pretende avaliar a qualidade das alterações mas apenas destacar o que muda de 2010 para 2023.
A seu tempo, falaremos sobre o que ainda falta incluir para um Benfica melhor e como podemos apresentar propostas conjuntas que resultem de uma discussão coletivo. O trabalho agora é de todos nós, benfiquistas! De muitos, um."

O erro de Descartes e de… Ricardo Araújo Pereira. O entrosamento, a forma, o flow e a necessidade do pensamento complexo. O caso do Benfica 22/23 de Roger Schmidt.

"“(…) é na complexidade humana que se encontra o radical fundamento do futebol, para além da técnica, da táctica e da condição física.”
Manuel Sérgio em (José Neto, 2014)

Ricardo Araújo Pereira atinge a genialidade na sua área, mas também em diversos outros temas. No entanto, naturalmente influenciado culturalmente pelo paradigma de pensamento vigente, e à imagem da maioria de nós onde também se incluem outras figuras que atingiram um elevado nível de conhecimento e cultura geral, o humorista português aparenta ter dificuldades em observar os fenómenos de uma perspectiva complexa. Eventualmente ajudará, tendo em conta a própria sátira que faz de si mesmo, que nos momentos em que fala de Futebol e mais especificamente do Benfica, tornar-se, segundo o próprio, aborrecidamente sério perdendo por vezes até a racionalidade. De qualquer das formas, durante a apresentação do livro Schmidtologia de Luís Mateus, apontou que a direcção do clube devia ter antecipado o que sucedeu no PSV Eindhoven e agido. Que alguém deveria ter aconselhado Roger Schmidt a não dar folgas tão prolongadas. E que todos sabem, porque “está cientificamente comprovado” que tal período de paragem é nefasto para as equipas.
Ora bem… isto coloca-nos logo uma questão prévia. Um treinador de futebol não é o responsável técnico pelo processo da sua equipa? Não é contratado como especialista para o planear e operacionalizar? Para tomar as decisões que achará adequadas em benefício do rendimento da equipa? Não será o mais capaz no clube, pela sua formação, experiência, pela sua proximidade e conhecimento da equipa para o fazer? E se alguém participar nesse processo, ou se tomar as decisões pelo treinador, também será despedido se as mesmas resultarem em insucesso?
Através da forma como a equipa joga ligada nos quatro momentos do jogo, Schmidt mostra, no mínimo, uma sensibilidade para o todo complexo que é o ser humano e consequentemente, o jogo de Futebol. Nessa linha de pensamento, o técnico alemão, como os treinadores que subsistem nos mais altos patamares de rendimento (Ruben Amorim e Sérgio Conceição são outros exemplos por cá), dada a sua relação conhecimento / experiência / sucesso, terão necessariamente, nesta fase de desenvolvimento do jogo e do treino que perspectivar o rendimento de forma complexa. Seja de forma consciente ou inconsciente. O que é que isso significa? Que não separam o “físico” do “mental”, que acreditarão que esse rendimento, tal como a fadiga / desgaste serão alcançados por um todo, que na realidade não pode ser desconstruído em partes, apesar de algumas pistas e indicadores que se poderão obter no processo de forma a possibilitar uma intervenção mais precisa.
Portanto, nada disto, nomeadamente o referido – a tal semana de folga, está realmente “comprovado cientificamente” de que será algo prejudicará a equipa. Porque essa “cientificidade” com que o fenómeno é analisado é mutiladora, e como tal, desfasada da realidade. Deste modo, procurando isolar “partes” e as suas relações de um fenómeno complexo, tem tudo para estar errada. O ser humano não é só físico… Aliás, como já dissemos tantas vezes, o físico é só uma forma simplista e redutora de observar o comportamento humano.

“ (…) de acordo com Gaiteiro (2006) podemos afirmar que aquilo a que chamamos “parte” é apenas um padrão numa teia inseparável de relações, não existindo portanto, partes em absoluto.”
(Joaquim Pedro Azevedo, 2011)

Deste modo, a experiência e sensibilidade de Schmidt face ao contexto, leva-o a decidir, naturalmente pesando os prós e contras, que essa tal folga beneficiará mais do que prejudicará a equipa. Tantas pessoas nas mais diversas profissões, mais ou menos desgastantes, não dizem precisar, ou não fazem mesmo um período de férias a meio do ano para se “desligarem” da rotina e stress acumulado? Claro que que todas as actividades são diferentes. Claro que muitas delas não têm a exigência físico-energética que o Futebol contempla. Claro que a decisão tem riscos. Claro que se realizarmos o exercício teórico de isolarmos esses efeitos físico-enérgicos sobre a adaptação até aí alcançada haverá alguma perda. Mas todas as decisões perante um fenómeno complexo têm riscos. A função do treinador é gerir tudo isso, equacionar as oportunidades e ameaças e procurar a optimização do todo. Focando-se, obrigatoriamente no processo. E não no do PSV Eindhoven. No do Benfica. No “aqui e agora” porque os contextos são todos diferentes.
Não há qualquer linearidade ou receita para se obter sucesso desportivo. No máximo haverão ideias e experiências que levaram a tal, mas sublinhamos… sempre em contextos diferentes. Nem sequer, a paixão, o compromisso e o empenho, unanimemente defendidos, são suficientes por si sós para o alcançar.
Falou-se em “bizarria” perante as decisões de Schmidt. Perguntamos se na altura também não foi bizarro quando os treinadores deixaram de ir correr para o pinhal e para a praia e começaram a trabalhar sempre no campo através do jogo ou de fatias do mesmo? Também não foi bizarro quando Pitágoras anunciou a esfericidade da Terra, ou Copérnico que afinal o Sol não girava à volta do nosso planeta? Por outro lado, autores como Peter Tschiene ainda na década de 80, muitos outros depois disso, e por cá, os professores Monge da Silva, Francisco Silveira Ramos, Jorge Castelo entre outros, defendiam de facto esses períodos, a que chamavam “profilácticos”, nas pausas das competições, ao invés do reforço da “carga” que pressupunha o então paradigma instalado, encabeçado por Lev Matveyev.

“(…) o autor (Peter Tschiene, 1985) defende a manutenção de um alto nível de intensidade durante todo o processo de treino, utilizando fundamentalmente os exercícios especiais de competição, realizando um grande número de competições, tendo como objectivo o aumento da intensidade específica do treino. (…) por outra, a introdução de intervalos específicos “intervalos profilácticos” antes do período de treino, para que o atleta se encontre plenamente descansado para o início de um novo período competitivo.”
(Rui Afonso, et al., 2011)

O próprio (Roger Schmidt, 2023) explicou a decisão pelas mesmas razões, ao defender “que é crucial dar dias de folga aos jogadores neste tipo de calendário competitivo, com mais jogos, mais intensos, com intervalos mais curtos. Se conseguirmos dar algumas folgas aos jogadores, isso é essencial”. Também o treinador, professor e metodólogo (Jorge Castelo, 2022) a propósito do mesmo assunto também apresentou concordância com o treinador alemão. Castelo, formador de treinadores, com vasta experiência e obra no treino de Futebol defendeu ser “absolutamente oportuno, porque começaram a época mais cedo. Naturalmente que é uma situação compreensível, pode ser equacionado o tempo de cinco dias, mas é um tempo que parece ajustado, principalmente para os jogadores mais utilizados. Devem ser monitorizados no sentido do cuidado com o que comem e bebem. São profissionais, há sempre um bichinho de treino que poderão fazer algo durante os dias”.
Por outro lado, Peter Tschiene entre outros autores, também abordam o conceito intensidade, porém, não na perspectiva tradicional ilustrada pelas declarações de Ricardo Araújo Pereira. Elevar a intensidade através de exercícios específicos significa preservar nos mesmos a complexidade do jogo. Como o professor Vítor Frade refere… “reduzir sem empobrecer”. Portanto, estamos no âmbito de uma dimensão que não se circunscreve apenas ao físico-energético. Então… se o jogo é complexo, o treino também tem de o ser. E a tal “forma”? Também não o será? Obviamente que sim. A mesma não passa apenas por “estar bem fisicamente”. Recuperemos ideias de José Mourinho nos “longínquos” anos de 2001 e 2005:

“(…) no “flash interview” ouvi falar de quebras físicas e logo dei por mim a pensar que a minha cruzada vai ser mesmo difícil. É que não consigo mesmo que se perceba que isso não existe. A forma não é física. A forma é muito mais que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física.”
(José Mourinho, 2005)

“(…) a forma desportiva é “o jogador estar fisicamente bem, inserido num modelo de jogo que ele domina na perfeição. Quanto ao aspecto psicológico, que é fundamental para poder jogar ao mais alto nível, o jogador em forma sente-se confiante e é solidário e cooperante com os seus companheiros e acredita neles. Ora tudo isto junto significa estar em forma e traduz-se em jogar bem.”
(José Mourinho, 2001)

Assim, nesta perspectiva complexa de forma desportiva, será que fará sentido chegar à conclusão que as quebras de rendimento do Benfica de Roger Schmidt sucederam por um eventual ligeiro declínio de rendimento físico-enérgico, ignorando por outro lado os efeitos positivos que as folgas terão trazido a todos? Sim, a todos. Porque equipa técnica e staff também necessitam de estar “frescos” e mentalmente bem para tomarem decisões e actuar. A equipa e o seu rendimento, também são… o todo. Ou seja… todos os que no processo influem.
E neste domínio, não terá, a saída de Enzo Fernandez também contribuído significativamente para a quebra de desempenho? Até à pausa competitiva para o Campeonato do Mundo, o argentino assumia-se como um jogador que claramente acrescentava outro desempenho à equipa. Tanto que, também por isso, acabou por sair por um valor incrível para o Chelsea. E já que estamos a falar do Mundial, na folga de 10 dias dada em Dezembro (a maior de todas), os jogadores com mais tempo de jogo ao momento até estavam ao serviço das suas selecções, portanto, nem sequer usufruíram desse prolongado período de folga. Tal como na folga de 5 dias no final de Setembro e na de uma semana em Março.
São portando diversas as hipóteses e é por isso que estamos perante um fenómeno complexo. Certezas nunca teremos em relação a nenhuma formulação. Nada na verdadeira especificidade do jogo pode estar “cientificamente comprovado” porque não há uma linearidade no processo. Pelo menos através do actual conhecimento científico. E na situação em causa, que decidindo uma semana de folga, irá, com certeza, implicar uma quebra de rendimento. Diferentes contextos, seres humanos diferentes, equipas diferentes, lideranças diferentes, trabalho diferente, formas de jogar diferentes, etc., etc.,… resultados diferentes.
Posto isto, chegamos à principal motivação deste artigo. Sublinhamos que certezas sobre causas para determinados resultados, quer antes quer à posteriori, num processo / sistema complexo como é o caso do treino e rendimento de um equipa de Futebol, não existirão. Contudo, poderemos procurar explicações mais prováveis. Neste sentido, naturalmente acrescentando o mérito adversário (porque as equipas nunca jogam sozinhas e os jogos que protagonizaram a perda de rendimento do Benfica eram de dificuldade elevada para o Benfica), e também a saída de Enzo Fernández, no fundo até suspeitamos que terão sido de facto as pausas competitivas para as selecções que terão estado por trás dos três momentos de menor rendimento do Benfica. Porém… por razões diferentes.
Assim, tendo em conta o que José Mourinho sustentava, se o entendimento de forma no contexto do Futebol, nos planos colectivo e individual é estar a jogar bem no âmbito de determinado Modelo de Jogo, com os jogadores manifestando grande confiança em si e nos companheiros, recordamos os momentos em que o Benfica, nomeadamente até Dezembro, transparecia essa confiança, cooperação, solidariedade, criatividade, proximidade com o sucesso e até, felicidade. No fundo… o nosso entendimento de qualidade de jogo. Uma qualidade que parecia transparecer “invencibilidade” e que nem grandes clubes europeus, repletos de qualidade individual, conseguiram contrariar.
O autor (Pedro Bouças, 2011) descreve que “(…) não há diversão igual aquela que se retira quando se consegue jogar de olhos fechados. Aquela que sentimos quando as coisas saem com um entrosamento tal que deixamos o adversário só a cheirar a bola (…)”. Também (Antonio Gagliardi, 2023), num artigo recente em que aborda uma eventual nova tendência evolutiva do jogo, chamada de “relacionismo”, vai ao encontro deste pensamento explicando que tais ideias de jogo, que como o próprio nome indica têm por base os jogadores e as suas relações, portanto, o seu entrosamento, realçam “as qualidades, características e emoções dos jogadores, especialmente os mais técnicos, também porque ao ligar os jogadores entre si, torna todos um pouco mais felizes”.
Neste enquadramento, a forma, será, do ponto de vista colectivo a equipa, e individualmente cada um dos jogadores, manifestar qualidade ou entrosamento, conduzindo a desempenho e rendimento, tendo sempre em conta o contexto competitivo / adversários que defrontam. Passa por um entendimento ou “linguagem” comum, que simultaneamente os jogadores apresentam em relação ao jogo, antecipando até o comportamento de colegas e adversários. E não conseguimos deixar de relacionar este fenómeno, a uma escala incrivelmente mais diminuta, com o entrelaçamento quântico, o qual, segundo a (Wikipédia, 2023), “permite que dois ou mais objectos estejam de alguma forma tão ligados que um objecto não possa ser corretamente descrito sem que a sua contra-parte seja mencionada – mesmo que os objetos possam estar espacialmente separados por milhões de anos-luz”.

“É sobre esta representação que os Jogadores retiram do contexto que fundamenta o quesito comunicação, dado que é desenvolvido e elevado posteriormente a um carácter de Linguagem quando aplicado sobre condições mais complexas e inteligíveis (Capra, 1996). Esta linguagem se tornará na Linguagem da Equipa [Específica] que é um tanto mais «fluente» quando os Jogadores se apresentam entrosados. Tendo em conta as diferentes línguas da linguagem específica do Jogo de Futebol, esta Linguagem Específica da Equipa se torna um dialecto, específico a esta microsociedade (Teodorescu, 2003), fortalecendo que um aumento exponencial [quando em condições cada vez mais complexas] de códigos, e por sua vez informações deste «dialecto» a ponto de se tornar incompreensível para outras Equipas da mesma linguagem específica. A pegar nos exemplos do Brasil e Espanha ambos países com uma diversidade cultural muito grande, esta compreensão do dialecto colectivo Específico é a mesma maneira que a permanência e valoração que os Cearenses ou Gaúchos [respectivamente dos Estados do Ceará e Rio Grande do Sul] atribuem ao seu dialecto Específico e os Bascos sua língua basca, sendo ambas atribuídas à língua portuguesa e espanhola mas, um tanto Específica que os próprios brasileiros e espanhóis em momentos não a compreendem tão bem quando falado.”
(Rodrigo Almeida, 2009)

Como (José Neto, 2014) descreve, estar em forma é então “despertar para uma inteligência colectiva, subjacente a uma exigente adaptação às múltiplas situações, tão rigorosas quão simples, que a prática deste belo jogo impõe”. No entanto, se visamos o máximo rendimento, este articulação relacional não poderá inibir as qualidades individuais dos jogadores, mas sim ponteciá-las, como também não deverá levar, colectivamente, a equipa a se tornar pouco criativa, mecânica e incapaz de se adaptar a novos problemas. Deste modo, o autor (Rodrigo Almeida, 2009), acrescenta que o entrosamento implica que a equipa consiga jogar em “condições Longe-do-Equilibrio e em níveis de complexidade cada vez maiores” e que a leve “a transcender o seu jogar por um grande nível de acções complexas disponíveis, numa forte relação entre os elementos”.
No fundo, a forma e o entrosamento, significam atingir uma fluidez ou estado de flow em que do caos natural do jogo, entre outras qualidades, emergem ordem, organização, cooperação, solidariedade, ambição, inteligência, criatividade, imprevisibilidade, naturalidade, sucesso e felicidade. Como (Óscar Cano, 2022) sustenta, “os jogadores começam a admirar-se entre eles, começam a ver a correspondência que há entre as capacidades de uns e as de outros. Começam a ver quão necessários são os outros para que eu possa fazer o que sei fazer”. Perante esta perspectiva emocional / sentimental, podemos então estar perante a possível justificação para a tal relação… “quântica”.
O treinador e autor (Jorge Maciel, 2012) refere que “quando tais desempenhos se verificam o que se observa é uma fusão intencional e funcional entre os vários Eus (especificidades) que compõem a equipa e que se concretiza pela fluidez e harmonia com que o todo (Especificidade), o jogar da equipa, se expressa”, concluindo que se trata de um processo “no qual partes e todo se harmonizam engrandecendo-se mutuamente”. É então nesse momento que o todo se torna maior que a soma das partes. E uma equipa entrosada, manifesta as partes (jogadores) no todo (equipa), e o todo (equipa / valores e inteligência colectiva) nas suas partes (jogadores / valores / inteligências individuais).

“O entrosamento
É ao acontecer
o acontecimento,
o fazer…
Cada um dos entrosados
faz-se útil no instante,
e mais do que é aqui chegados…
Se o colectivo é dominante.”
(Vítor Frade, 2014)

Nesta linha de pensamento a aquisição de entrosamento implica tempo e trabalho, para além de qualidade individual, se bem que mesmo dispondo de pouca, a equipa que atinge tal qualidade colectiva, irá esconder alguma das suas eventuais debilidades individuais.
Voltando ao exemplo do Benfica de Schmidt, a qualidade e fluidez que a equipa foi manifestando não foi excepção. Necessitou de trabalho de qualidade, quer no período preparatório, quer no competitivo e tempo de consolidação. Importa clarificar que este trabalho não é algo que se realiza apenas no campo de treino. Naturalmente que o sucesso e as vitórias catalisaram o processo, mas estas também surgiram pelo trabalho realizado. A relação é naturalmente recíproca.
Perante tudo isto… perguntamos: o que sucede objectivamente nas paragens para os jogos das selecções? A integração, normalmente dos jogadores mais utilizados noutros contextos e processos colectivos diferentes, com outras ideias de jogo, com outros líderes, com outros companheiros, com outros objectivos competitivos, noutro contexto de treino, operacional e organizativo. Já para não referirmos as viagens, estágios e desgaste daí decorrente, que são de facto extremamente influentes em todo o processo.
E se essa integração, numa selecção que treine com qualidade, que apresente sucesso e na qual o contexto individual seja favorável ao jogador logicamente já implicará influências e mudanças individuais relativas ao seu contexto no clube, ou seja, uma perda do entrosamento que os jogadores apresentavam antes desse momento no seu clube, imagine-se então nos casos em que o contexto é desfavorável ou de insucesso.

“A minha resposta foi que os jogadores, às vezes, vão para a seleção e alguns não jogam, estão 10 ou 12 dias no hotel, praticamente não treinam e por isso perdem alguma forma e intensidade. O problema não é só nosso, é de todos os treinadores, e mesmo assim ganham jogos. Não uso isso como desculpa.”
(Roger Schmidt, 2023)

Portanto, Roger Schmidt até partilha a mesma opinião. Como seria expectável de um treinador deste patamar competitivo. Os que atingem este contexto, como referido atrás, possuirão uma sensibilidade tal para o processo que compreendem-no enquanto sistema complexo, no qual qualquer micro mudança poderá resultar num macro impacto. E neste caso nem estamos perante pequenas mudanças. As diferenças entre o que os jogadores fazem nos clubes e nas selecções são na maior parte das vezes, enormes. Deste modo, a perda de entrosamento tem que ser previsível. No caso do Benfica, perante a qualidade de jogo manifestada até às paragens, ainda mais.
Estar em forma, o emergir de entrosamento, ou o flow é como uma relação de duas pessoas apaixonadas. Os problemas tornam-se desafios, os envolvidos conhecem-se de “olhos fechados” e antecipam os comportamentos um do outro. Emanam cumplicidade, fluidez e o bem mais precioso que o ser humano pode alcançar… felicidade. E nesse contexto, se as partes e todo “não se harmonizarem engrandecendo-se mutuamente” não haverá “rendimento”, ou seja… não haverá amor e felicidade. E é principalmente por isso, ao reproduzir no seu contexto específico o comportamento humano em geral, que este jogo é tão especial.

“Devemos redefinir o que é ordem e organização. O intercâmbio de posições que vimos outro dia no Real Madrid-Sevilha é de jogadores que não olham para o banco, que não olham para o treinador, estão a fluir, a jogar. Tenho um filho de 17 anos e já sabes que têm um vocabulário distinto do nosso, mas há uma palavra que me fascina: flow. Aí está o futebol, no flow. Quando vês uma equipa a fluir, que não se detém, que ninguém pensa onde tem de estar, que ninguém está a pensar, mas sim a sentir, estão a jogar… isso é imparável. Isso é ordem. O caos, ou o aparente caos, é uma forma sublime de ordem. O que acontece é que se reduziu a ordem ao que podemos controlar, e isso é distinto: isso não é ordem, é controlo. Uma coisa é a organização de um conjunto de jogadores, que é uma organização em si; a ordem está sempre, sempre marcada por algo que não se pode medir, que não se pode atestar, que se intui, que se sente. É algo que a ciência não pode definir, é o flow. Quando estou a treinar, a minha grande preocupação é misturar os jogadores até encontrar esse flow que me permite ser menos treinador, não dar tantas instruções, não ser tão invasivo no dia a dia. Afinal, o treinador converteu-se, infelizmente, numa pessoa que oferece e emite informação. E o treino não é isso, não é isso o futebol. Estamos a comunicar: eu através da palavra, porque não posso jogar, e eles através da conduta e comportamento.”
(Óscar Cano, 2022)"

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