"A pequenez é tanta que até se 'agigantam' pedindo a mudança do nome do organismo para Turismo de Lisboa... É o ridículo em que caem.
Anthony Vizzaccaro, o adepto francês que, após a final do Campeonato da Europa, estava desfeito em lágrimas e o pequeno Mathis, de 10 anos, que, com a camisola de Portugal, o consolou, estiveram em Lisboa.
As imagens desse pequeno gesto de consolação emocionaram o mundo. Por força dessas circunstâncias, o Turismo de Portugal convidou-os a visitarem Portugal. Um bonito gesto, com a preocupação adicional de dar a conhecer alguns pontos de interesse do nosso País. Entre eles, como não poderia deixar de ser, Lisboa, Cascais e Óbidos. Nada de grave ou de anormal até aqui.
Ora, sendo o Estádio da Luz paragem obrigatória para qualquer turista que gosta de futebol (ainda mais se o relacionarmos com um Campeonato da Europa), para o adepto francês e para o pequeno português não poderia ser excepção. Tudo normal, até soarem os sinos dos Clérigos! Porque, para esses, o roteiro desses turistas deveria ser outro, chegando-se a qualificar a visita ao Estádio da Luz como «inaceitável», «dentro daquela ideia muito lisboeta que o clube da Luz é uma espécie de Luís XIV do desporto».
Por isso, a visita ao Estádio da Luz, que curiosamente foi pedida expressamente pelo adepto francês, não deveria ter sido concretizada.
Mais: seria uma atitude de «bom sendo» não o levar àquele que é um dos pontos de referência da cidade e de Portugal!
Ora, para esses mesmos, o Turismo de Portugal não deveria «misturar clubes numa coisa destas». Parece-me que essa reacção é bem reveladora de falha de bom sendo e do, sempre presente, complexo de inferioridade para com Lisboa.
A mesquinhez é tal que veem maldade em tudo, mesmo quando está em causa uma vontade expressa por alguém que pediu para visitar o Estádio da Luz. A pequenez é, também, tanta que até se agigantam a pedir a mudança em causa, sugerindo um «Turismo de Lisboa».
Mas o mais grave de tudo é não perceberem no ridículo em que caem. Sistematicamente. Já nem sequer os aconselho a ler a História de Portugal, de Oliveira Martins, para perceberem a importância de Lisboa «na nossa existência, como País».
Mas, sem esquecer que o futebol move grandes paixões, neste caso só estava em causa uma visita curta, cujo programa teve como objectivo dar a conhecer, não o País todo, de Norte a Sul, mas alguma diversidade e oferta do nosso património turístico.
De facto, só vê maldade nisso quem está em permanente busca do conflito (gratuito) e quem tem complexos de inferioridade. Só isso justifica a tacanhez da guerra travada com a capital do império. Como se não pertencêssemos todos à mesma Pátria.
Aqueles que dizem ser «1 de 11 milhões» só o são nas competições de selecções, sentimento generalizado não aplicável ao resto do ano.
Uma guerra que, surgida do Benfica vs. Porto, é aplicável, de forma desmedida, a Lisboa vs. Porto (eu sei que os outros são mais pequenos, apesar de se porem sempre em bicos de pés, mas não os devemos esquecer).
Ainda assim, não obstante essa visita não ser mal interpretada por pessoas de bem, o Turismo de Portugal teve a necessidade de esclarecer o óbvio!
Porque - já agora não ficam sem uma recordatoriazinha - «inaceitável» é o que se ouve no âmbito do Apito Dourado, para prejudicar, invariavelmente, o Benfica. «Inaceitável» é falsificar resultados, negociar e reduzir castigos, oferecer «fruta» como prémio de certas arbitragens e ameaçar fisicamente quem ousa apitar sem falsear a verdade. «Inaceitável» é, por isso, tudo o que nos últimos anos foi acontecendo, contra a verdade desportiva.
São livres de acharem e de escreverem o que quiserem, mas urge ter em atenção aquilo que verdadeiramente é inaceitável...
Ou «imoral» (de acordo, com a definição da imoralidade de Kant). E imoral não será, certamente, ter vontade de visitar um dos mais belos estádios do Mundo: o do Sport Lisboa e Benfica!
Supertaça
Domingo, todos a Aveiro! Para que, desta vez, conquistemos a Supertaça. No ano em que fomos tricampeões, começamos mal, com uma pré-época desastrosa e com o sentimento, felizmente não generalizado, de quem tudo ia perder.
Acabámos, infelizmente, por perder o primeiro título da época, mas por ganhar o campeonato e a Taça da Liga e por fazer uma grande campanha na Liga dos Campeões. Este ano quero que esse caminho de vitória seja mantido.
Desde já, quero ganhar a Supertaça. Pela frente espera-nos um Braga, forte, que vai querer (muito) conquistar este título. E que tem um treinador que quererá ganhar, até para mostrar isso ao outro lado, de onde vem.
Com a consciência de que faltam limar muitas arestas, de parte a parte, e de que os plantéis ainda não estão fechados. E até ao encerramento do mercado a normal turbulência de início de época manter-se-á.
Numa altura em que todas as equipas ainda apostam no futuro, fazem escolhas, compram e vendem. E a nossa não é excepção. Continuamos em busca de um grupo de trabalho equilibrado e coeso, para que possamos dar muitas alegrias aos benfiquistas. Sabemos o que queremos e para onde vamos. Sabemos que, apesar de estarmos, naturalmente, ainda longe de ter uma equipa já definida, estamos a construir uma base sólida. A atitude de cada um dos nossos jogadores será fundamental. Só assim teremos a força de vencer. Tudo! Sabemos quais são os objectivos. Para que o essencial não falhe. Porque só queremos ganhar. E não apenas atingir esta ou aquela fase de cada competição. Tal como Cosme Damião nos ensinou. Porque ganhar é o limite e porque é a nossa obrigação, também esta época, conquistar tudo o que muitos ajudaram a ganhar! Sempre, com um grande adicional de alma, de mística e de muito querer, que se renova a cada época. Que tudo isso se comece a concretizar, já no próximo domingo! Para que, depois, possamos rumar ao Tetra, às Taças de Portugal e da Liga e... tudo o resto.
VAMOS A ISTO, BENFICA!
Moniz Pereira
Morreu Moniz Pereira, reconhecidamente, um dos grandes Homens do Desporto. Uma distinta e reconhecida referência do atletismo português!
Um Homem que não sabia só de desporto, mas que fazia do desporto a sua vida.
E que o viveu de forma exemplarmente. Destacou-se, essencialmente, como referiu Luís Filipe Vieira, pela defesa intransigente dos valores subjacentes aao desporto. Também por isso, um exemlo de dedicação, de competência e de vitória.
Porque, no fundo, é a vitória que nos move.
Paz à sua alma!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola