Últimas indefectivações

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Chama Imensa... Pré-época e o resto...!!!

Crime com marca registada

"Confrontada com mais uma divulgação criminosa de documentação privada, por parte do blogue “Mercado do Benfica”, desta vez sobre os contratos firmados recentemente com os jogadores Nicolás Castillo e Facundo Ferreyra, a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa:
1. Estes contratos foram objecto de registo em quatro entidades diferentes, a saber: plataforma FIFA TMS, na Liga Portugal, Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e, por se tratar de jogadores estrangeiros, no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF);
2. Estamos a analisar a situação e divulgação, sendo que para cada um dos contratos foram feitas marcas personalizadas encapotadas que permitirão identificar a origem do documento em causa;
3. Como tal será efectuada a participação criminal competente logo após esta análise."


PS: Basicamente, o Benfica está a 'exigir' uma investigação, por parte da 'entidade' que na minha opinião, é a maior suspeita, da 'fuga de informação': a PJ !!!

Ebuehi & 2.º dia em Inglaterra...

As Regras dos Jogos... Violência

Alvorada... do Júlio

O 'jour de gloire' chegou. Sem surpresa

"A França é um caso muito sério. Nestes tempos, a periferia de Paris acolhe um sem-número de talentos que podem mudar o futebol.

A França sagrou-se, com mérito, campeã do mundo, depois de sete jogos em que demonstrou qualidade técnica, espírito colectivo e uma assinalável maturidade. Há que contar com estes gauleses para o futuro, porque além de terem apresentado uma equipa que, em altíssima percentagem, pode estar no Mundial de 2022, possuem um plantel notável e contam com terceiras e quartas gerações de afrodescendentes que lhes garantem o melhor dos genes africanos e a cultura táctica e preparação física-atlética europeia. Os arredores de Paris são, hoje em dia, um centro de formação de talentos que pode influenciar a história do futebol europeu. Se a este factor juntarmos o crescente investimento, quer nos clubes, quer no produto televisivo, temos condições para acreditar que a França vai manter-se no top do futebol à escala global. E, porque as coisas estão a mudar, ninguém pode adormecer à sombra dos louros conquistados. Senão vejamos: a Itália, campeã do mundo em 2006, falhou a qualificação para a Rússia, o mesmo acontecendo à Holanda, finalista em 2010 e terceira classificada em 2014. Já a Alemanha, vencedora há quatro anos no Brasil, não passou da fase de grupos, ficando atrás da Suécia, México e Coreia do Sul. Portugal, que dispõe de uma boa geração e tem outros valores seguros a caminho, vai permanecendo numa segunda linha, à imagem da Bélgica e da Croácia, que lhe permite sonhar com um título. Há dois anos tivemos o alinhamento astral certo para tocarmos as estrelas; na Rússia as coisas podiam ter corrido melhor, especialmente se ficássemos no lado certo da grelha. Mas a próxima tarefa de Fernando Santos será encontrar um defesa que esteja à altura das responsabilidades e ambições lusas.
Mais duas notas (além do déjà-vu do presidente da FIFA a dizer que este foi o melhor torneio de sempre), a primeira para o VAR, irrepreensível nas acções de fora de jogo e no local exacto das faltas. O resto, não tem a ver com a tecnologia, mas com o critério de cada árbitro. Uma coisa é certa, foi o Mundial com menos casos.
Finalmente, a decisão da FIFA de impedir os realizadores de mostrarem caras bonitas nas bancadas: quando jogar a Inglaterra, Meghan Markle vai dar o lugar a Camila Parker Bowles, e já ontem a madame Macron foi mais vista que Kolinda da Croácia...

Ás
Didier Deschamps
O seleccionador gaulês entrou numa lista muito restrita de personalidade do futebol que venceram o Mundial como jogadores e treinadores. Deschamps juntou o seu nome a Zagallo (Brasil) e Beckenbauer (RFA) e depois de ter perdido a Champions para o FC Porto e o Euro para Portugal deixou de ser, em Moscovo, o treinador do quase.

Ás
Luka Modric
É a grande figura de uma Croácia que é pequena em território mas imensa não só no futebol, mas na actividade desportiva. O título teria ficado bem no playmaker do Real Madrid, mas a verdade é que o passo era maior que a perna e acabou por imperar a lei do mais forte. Mas o pequeno Luka saiu da Rússia com o prestígio reforçado.

Ás
Kevin de Bruyne
Grande torneio da Bélgica e da sua geração de ouro, que andou muito perto de erguer a Taça. Kevin de Bruyne, juntamente com Éden Hazard, é o porta-estandarte de uma equipa que não se esgotou na Rússia e com a qual há que contar no futuro, fruto de um trabalho em profundidade da federação belga, que frutificou.

O 21.º Capitão Mundial
Hugo Lloris foi o quarto-redes da história a erguer o troféu de campeão do mundo de futebol, sucedendo a Giampiero Combi (Itália, 1934), Dino Zoff (Itália, 1982) e Iker Casillas (Espanha, 2010). Ou seja, 19 por cento dos capitães que venceram o Mundial, são guarda-redes, sendo que esta posição representa apenas nove por cento dos titulares numa equipa de futebol. Curiosamente, de 1930 até hoje, nunca qualquer jogador ergueu o troféu mais do que uma vez. A lista (de honra) completa é esta: José Nasazzi (Uruguai, 1930), Gianpiero Combi (Itália, 1934), Giuseppe Meazza (Itália, 1938), Obdulio Varela (Uruguai, 1950), Fritz Walter (República Federal Alemã, 1954), Hilderaldo Bellini (Brasil, 1958), Mauro Ramos (Brasil, 1962), Bobby Moore (Inglaterra, 1966), Carlos Alberto Torres (Brasil, 1970), Franz Beckenbauer (República Federal Alemã, 1974), Daniel Passarella (Argentina, 1978), Dino Zoff (Itália, 1982), Diego Maradona (Argentina, 1986), Lothar Matthaus (República Federal Alemã, 1990), Dunga (Brasil, 1994), Didier Deschamps (França, 1998), Cafú (Brasil, 2002), Fabio Cannavaro (2006), Iker Casillas (Espanha, 2010), Philipp Lahm (Alemanha, 2014), Hugo Lloris (França, 2018).

CR7: 'There's a new kid in town'
Cristiano Ronaldo já está em Turim, onde é apresentado hoje. A cidade do norte de Itália vive em Ronaldomania e os números de venda de camisolas (à escala global) do novo número sette da vecchia signora são fenomenais: 54 milhões de euros! Este foi o primeiro golo de CR7 pela Juve e muitos outros se seguirão.

É desta massa que são feitos os campeões...
«Fui operado, estive seis meses fora do circuito e tive algumas dúvidas se seria capaz de voltar. Não podia ter tido um regresso melhor...»
Novak Djokovic, tenista
Novak Djokovic regressou ao seu melhor nível e conquistou Wimbledon pela quarta vez, depois de uma final acessível, frente ao sul-africano Anderson e uma meia-final que foi na realidade e decisão antecipada, contra Nadal, num jogo épico e de extraordinária qualidade.
PS - Os semifinalistas deste ano eram trintões; a longevidade no desporto está a aumentar..."

José Manuel Delgado, in A Bola

França ganha sem explorar todo o seu potencial

"A França, uma equipa que busca a sua identidade através de bons jogadores, mas que pratica um futebol medíocre, pôs fim na Rússia a um ciclo de futebol caracterizado pelo passe curto e muita posse de bola, representado por Espanha e Alemanha nos dois mundiais anteriores. É o corolário de um torneio que terminou com um jogo estranho, quase surreal.
Sem se aproximar da área e sem um remate à baliza croata, a França marcou dois golos na primeira parte. O autogolo de Mandzukic e o penálti de Perisic - mão na bola que mereceu a intervenção do VAR e que o árbitro Néstor Pitana julgou de maneira contrária à sua decisão num lance semelhante de Chicharito Hernández no México-Suécia - foram produto de qualquer coisa menos de bom futebol. Ganhou a França e todas as análises vieram em socorro do vencedor, como quase sempre acontece no futebol. No entanto, esta é uma equipa que está muito longe de alcançar o seu máximo. Sobra-lhe potencial; falta-lhe grandeza.
A Croácia jogou melhor e com mais destaque na primeira parte e na meia hora final do jogo. Perdeu porque insistiu em dar tiros no próprio pé - nos dois golos do primeiro tempo - e porque não conseguiu controlar Mbappé por breves momentos. Mbappé tem os rasgos dos jogadores que marcam o tempo. Sabe ganhar jogos e fá-lo de mil maneiras diferentes: é imparável em contra-ataque, remata bem de meia distância, move-se como uma enguia na área, dispõe de todo o tipo de recursos técnicos e é capaz de jogar com máxima precisão em velocidade máxima. Só é normal no jogo aéreo.
Mbappé é um dos dois jogadores com menos de 20 anos que marcaram um golo numa final do Campeonato do Mundo. O outro é um tal de Pelé. Não se pode falar de coincidência. É um jogador que coloca as defesas em pânico. Infelizmente, o plano miserável de Deschamps, um treinador sobrevalorizado que irá receber elogios universais depois da final, voltou a reduzir a influência de Mbappé e de Griezmann. O técnico francês, trabalhado como jogador no futebol italiano, defendeu um modelo estritamente defensivo que retirou poder de fogo e naturalidade à sua equipa.
Com enorme fadiga nas pernas depois de três eliminatórias decididas no prolongamento, a Croácia jogou melhor na primeira parte. Superou com alguma facilidade o muro defensivo francês e conseguiu algumas oportunidade na área de Lloris. Não cuidou dos detalhes, tão decisivos num jogo que nem sempre premeia o mérito. Acabou por afundar-se quando a ansiedade e a fadiga se juntaram. A equipa foi reorganizada para atacar o começo da segunda parte, uma péssima ideia quando pela frente está uma selecção com a da França, um conjunto de atletas que se deslocam a todo o vapor nos espaços vazios. Ninguém representa melhor este tipo de futebolistas do que Mbappé e Pogba. Os dois marcaram na final.
O 4-1 antecipava uma goleada histórica, mas nem com uma vantagem tão cómoda a França se libertou. Esteve a um pequeno passo de repetir o final de jogo angustiante por que passou frente à Argentina. O erro de Lloris no segundo golo da Croácia fez multiplicar as cautelas da equipa francesa, fechada no seu meio-campo durante meia hora, perante um adversário destroçado pelo cansaço mas liderado pelo fenomenal Modric, que sai do Campeonato do Mundo como um futebolista que marca uma era.
A vitória consagra o curioso ciclo francês. A cada 20 anos - 1958, 1978, 1998, 2018 - aparece uma grande geração de jogadores. A França ganhou o Mundial, mas não deslumbrou. É uma equipa jovem, com um potencial enorme. Merece a grandeza e não ficar limitada a este perfil que Deschamps escolheu. Esse é um debate para o futuro. Hoje apenas sabemos que a França é a nova campeã mundial."

Egalité, Fraternité, Mbappé

"Dois anos após perder o Europeu frente ao pragmatismo português, a França pragmática e colectiva se tornou. Num jogo em que foi, essencialmente, muito eficaz a aproveitar os erros do adversário e a matar na hora certa, os gauleses sagraram-se campeões do Mundo pela segunda vez, 20 anos depois, após vencerem a Croácia por 4-2. Depois de Mandzukic marcar na própria baliza, apareceram as figuras: Griezmann, Pogba e Mbappé, o futuro que já é presente, o homem que fechou a contagem 

Falou-se de trauma. De um excesso de confiança tal que acabou em trama. Há dois anos fomos a Paris bater os franceses em casa e eles não esqueceram. Esta semana voltaram muitas vezes àquele dia 10 de Julho de 2016, à lição que aquele golo de Eder lhes deu, ao que aprenderam.
E connosco a França de Deschamps não aprendeu só a não festejar antes do tempo. Também nos foi beber o pragmatismo, a objectividade, a ideia colectiva que os jogos são, mais do que para jogar, para ganhar. E nós sabemos muito bem, há dois anos que o sabemos, que é possível ganhar sem jogar bem.
A França é campeã do Mundo e talvez tenha um agradecimento a fazer-nos. A vitória por 4-2 frente à Croácia fez-se de muita racionalidade, eficácia, de aproveitamento máximo dos erros do adversário. E fez-se de saber marcar nos momentos certos e da preponderância de Griezmann na 1.ª parte e de Pogba e do menino Mbappé na 2.ª, quando a França, jogando na expectativa, foi implacável.
E há melhor maneira de acabar com um trauma?
Tudo isto num jogo, digamos, estranho. Porque foi um jogo com poucas oportunidades e que ainda assim teve seis golos, coisa estranhíssima se olharmos para as finais dos últimos Mundiais. Porque foi um jogo de muitos erros, em que não houve grande futebol e quando houve até foi mais da Croácia, nomeadamente no arranque da 2.ª parte, quando a equipa dos balcãs, que surgia aqui com vontade de dar um final feliz à sua história da Cinderela, tentou com todo o seu talento dar a volta ao 2-1 a desfavor com que tinha terminado o primeiro tempo.
Uma 1.ª parte nervosa, com consequências para o espectáculo. A França marcou primeiro, aos 19’, após um golo de Mandzukic na baliza errada. Habituado a marcar, o avançado tocou involuntariamente numa bola vinda de um livre de Griezmann. A reacção croata não demorou nem 10 minutos, também na sequência de um livre directo. Modric lançou para a direita da área, a bola andou de cabeça em cabeça até chegar a Vida, este amorteceu para Perisic que controlou o ímpeto de rematar de primeira. Com o pé direito tirou um adversário do caminho e com o esquerdo rematou cruzado e com força, fora do alcance de Lloris.
O belo golo de Perisic dava justiça ao resultado: a Croácia tinha mais bola, jogava melhor, mas a França de 2018 é uma França que tem poucos problemas em dar a iniciativa ao adversário.
Quer é ganhar.
Ainda para mais quando o adversário vai deixando presentes pelo caminho. Depois de fazer o golo do empate, Perisic lançou a mão à bola dentro de área, movimento que Nestor Pitana não viu à primeira, mas não passou despercebido ao VAR. E aos 34 minutos, no primeiro remate que fez à baliza em toda a 1.ª parte, Griezmann marcou a grande penalidade que colocou novamente os gauleses na frente.
A Croácia veio do intervalo a todo o gás e aos 48’ quase empatava por Rebic, com Lloris a opor-se bem ao remate do extremo. Com Modric e Rakitic ao comando, a Croácia continuou à procura, face a uma França que mostrava algum nervosismo.
Mas apesar de estar cheia de jovens, de vários dos jogadores do onze serem estreantes em Mundiais, a França é uma equipa madura. E quando se sentiu cercada, atacou. Ou melhor, contra-atacou. Aos 59 minutos, Pogba começou e acabou a jogada do 3-1: lançou na profundidade Mbappé, que numa corrida desenfreada deixou toda a defesa croata aos papéis. A bola seguiu então para Griezmann e de novo para Pogba, que à segunda rematou para o fundo das redes de Subasic.
E ainda antes da Croácia se refazer do choque, outra jogada rápida da França, que aos 65 minutos acabou com a final. Kylian Mbappé, o melhor jogador jovem do Mundial, o mais que provável futuro melhor jogador do Mundo, com um remate de fora da área, naquela sua calma, com aquele seu sorriso na cara, como se isto fosse só mais um jogo e não a final de um campeonato do Mundo. Ele tem 19 anos, ainda tem autorização para levar estas coisas assim.
A fífia de Lloris uns minutos depois, que tentou fintar Mandzukic e acabou fintado, ainda deu alguma emoção à parte final, mas à Croácia começaram a faltar as pernas, as ideias. E só o coração (e provavelmente o apoio de grande parte do planeta não-francófono) não chegou para tornar ainda mais épica uma história que, por si, já é impressionante.
O galo que está na camisola francesa, a olhar para a estrela ali cosida há 20 anos, terá agora mais uma para olhar. Quanto ao Mundial, volta daqui a 4 anos (e uns meses).
E neste momento, 4 anos parecem-me uma eternidade."

Vacina antiarrogância

"Houve jogo ontem? Não dei por nada, estive a ver o Somos Portugal, já que o Mundial rapidamente se transformou em Fomos, Portugal. Não, é óbvio que vi, até porque é mais fácil aguentar um minuto de comemorações cretinas do Griezmann do que cinco horas de música pimba.
O avançado festeja os golos com uma dança do Fortnite, um videojogo de tiro, o que faz sentido, porque ficamos com vontade de o alvejar. Admito que foram justos vencedores. Lamento, amigos croatas, mas ganhar a França não é para todos. É só para sortudos. Isto engrandece o nosso feito: ganhámos aos futuros campeões do mundo! Deschamps é o terceiro campeão do mundo como jogador e treinador. O quarto será Ronaldo. Só precisa de ganhar no Qatar 2022 e tornar-se treinador. 
Duas coisas tão prováveis como trocar a Juventus pelo Bétis, para ser apresentado como William, com uma fotomontagem manhosa. Os franceses encararam a final de forma séria, depois de terem levado a injecção portuguesa contra a arrogância, mas Lloris (o mesmo que disse estar lesionado no golo do Eder) é claramente do movimento antivacinas, porque continua cheio de soberba. Só isso explica aquela "finta" a Mandžukić. Foi o momento do jogo. Para relembrar que mais difícil do que saber perder é saber ganhar."

A vingança francesa

"Se Fernando Santos tivesse optado por um futebol mais agressivo, de ataques rápidos, teria tirado muito melhor rendimento de jogadores que, à partida, eram vistos como as nossas grandes esperanças

O Mundial da Rússia acabou, para tristeza dos amantes do futebol. E convém não confundir estes com os adeptos dos clubes. Gostar de futebol é uma coisa, ser adepto de um clube é outra. O adepto gosta que o seu clube ganhe, nem que seja com um penálti inexistente. O amante do futebol gosta de ver bons jogos e quer que ganhe a melhor equipa.
Há amantes do futebol que são também adeptos de clubes, há amantes do futebol que não são adeptos ferrenhos de clubes e, sobretudo, há adeptos de clubes que não são amantes do futebol. Há de tudo. 
Ontem, ganhou a equipa mais forte, embora não a equipa que praticou melhor futebol neste Mundial. Essa distinção vai para a Croácia e para a Bélgica, as equipas que deram mais espectáculo e que tinham os dois melhores jogadores: Modric e Hazard. Os portugueses só têm olhos para Ronaldo, mas é um regalo ver jogar aqueles dois futebolistas, baixinhos mas poços de força, habilidade, engenho e técnica. Jogadores completos, que enchem o campo com a sua magia.
As grandes desilusões foram a Alemanha, a Espanha e a Argentina. São três equipas completamente diferentes. A Alemanha é uma divisão Panzer, sem grandes estrelas mas com grande capacidade colectiva, que claudicou pontualmente mas vai continuar a dar cartas; a Argentina é uma equipa de estrelas, sem nenhuma capacidade colectiva; a Espanha foi traída pela saída de Lopetegui, em consequência de um erro crasso da federação espanhola, que decidiu fazer uma manifestação de autoridade no momento errado.
O Brasil, não ganhando nada, não desiludiu como noutras ocasiões. Funcionou como equipa e caiu aos pés de uma grande Bélgica. E houve boas surpresas como a Suíça, a Inglaterra, o México, o Japão e até Marrocos. Todos prometeram um futuro risonho.
Aliás, de um modo geral estiveram presentes na Rússia excelentes equipas de futebol. Mas assistimos a poucos grandes jogos, com muitos resultados de 1-0 ou 1-1 e com muitos golos de bola parada. E isto porque o futebol se tornou muito táctico e as equipas, antes de procurarem jogar, preocupam-se em não deixar jogar o adversário. Com estas tácticas negativas, o futebol perde muito da sua dimensão espectacular.
Quanto a Portugal, foi aquela equipa pastosa que vimos. Se Fernando Santos tivesse optado por um futebol mais agressivo, de ataques rápidos, teria tirado muito melhor rendimento de jogadores que, à partida, eram vistos como as nossas grandes esperanças: Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Bruno Fernandes e mesmo Gelson Martins. Mas com aquele futebol de contenção, de posse de bola, que não anda nem desanda, ninguém brilhou.
Há dois anos ganhámos o Europeu sem sermos mais fortes que a França; ontem, a França vingou-se sendo em muitos períodos do jogo inferior à Croácia.
E agora até daqui a quatro anos, no Qatar!"

A República das 24 Horas é Campeã do Mundo

"Foi um torneio de choques, desde os primeiros dias. Os campeões em título foram eliminados ainda na fase de grupos, algo que nunca lhes tinha acontecido. E a selecção que recolhia à partida grande parte do favoritismo (pelo menos no mercado de apostas) acabou por cair precocemente, derrotada pelos anfitriões.
O jogo derradeiro colocou frente a frente uma das selecções mais fortes (a única a resistir à vaga revolucionária) e a mais resiliente das surpresas - uma equipa inegavelmente talentosa, mas cuja presença na final poucos adivinhariam no início da competição. Qualquer final é decidida por pequenos pormenores: momentos em que meio segundo ou meio centímetro transformam irrevogavelmente o futuro; esta não fugiu à regra. 
O candidato mais plausível a "momento tudo-poderia-ser-diferente" ocorreu ao minuto 79. O médio-ala Unal Kaya esgueirou-se pelo flanco direito, avançou até à linha e sacou um cruzamento milimétrico para a área da Carpatália, onde o possante avançado Mehmet (1,90m de altura) evadiu a até aí cerrada marcação de Alex Svedjuk, e cabeceou de cima para baixo. A bola bateu no chão, meio metro à frente do guarda-redes Béla Fejér, que ergueu os braços por instinto, o suficiente para desviar a trajectória ascendente e fazer a bola pingar duas vezes na barra antes de sair. Foi a última oportunidade de golo clara produzida pelo caudal ofensivo da República Turca do Norte de Chipre. O nulo manteve-se até ao apito final e a decisão foi adiada para as grandes penalidades.
Estes empolgantes acontecimentos tiveram lugar a 9 de Junho, perante dois mil e quinhentos espectadores, no Estádio Queen Elizabeth II em Enfield, um bairro no norte de Londres. Foi a terceira edição do Campeonato do Mundo alternativo organizado pela ConIFA, organismo presidido por um ex-árbitro holandês e por um excêntrico coleccionador alemão, que reúne associações de futebol independentes não-afiliadas com a FIFA.
Há várias razões para não se ser reconhecido pela FIFA, e os membros da ConIFA exibem um catálogo completo: desde Tuvalu, que não cumpre os critérios de admissão sobre o número apropriado de estádios e hotéis no seu território, até ao Tibete, que não cumpre o requisito de não irritar a China. Os restantes membros incluem toda a espécie de micro-estados, diásporas, minorias étnicas ou linguísticas, acidentes históricos e disfunções geográficas. O próprio local do torneio é um exercício de excentricidade cartográfica: embora tenha decorrido oficialmente em Barawa, uma pequena cidade portuária no corno de África, 200 quilómetros a sul de Mogadishu, os jogos realizaram-se em Londres, pois é essa a sede da Federação do Barawa, criada pela comunidade somali no exílio.
O desempate por grandes penalidades acabou por dar o troféu à Carpatália, que representa um enclave em território ucraniano conhecido como Ruténia ou Transcarpátia, conhecido entre os apreciadores de curiosidades históricas como o Estado independente mais fugaz do século XX. Em 15 de Março de 1939, dia em que as tropas de Hitler avançaram sobre Praga e a Checoslováquia foi desmantelada em protectorados ou estados-clientes do III Reich, a Transcarpátia autoproclamou-se uma república independente às dez da manhã e foi invadida pelo exército húngaro ao anoitecer, sendo formalmente anexada no dia seguinte. Foram vinte e quatro horas de auto-determinação imaginária, numa região que ao longo dos séculos fez parte do Principado da Galícia, do Império Austro-Húngaro, da Turquia Otomana, da Checoslováquia, da Eslováquia, da Hungria, da União Soviética e da Ucrânia.
Portanto uma equipa vinda de lado nenhum ganhou um torneio para o qual nem sequer se apurou. Tal como a Dinamarca no Euro-92, a Carpatália foi convidada pela organização para suprimir uma desistência de última hora - não de um país que tinha subitamente deixado de existir, como a Jugoslávia em 1992 (um risco que os membros da ConIFA, para ser franco, nunca correm), mas de um não-país cujos jogadores simplesmente não conseguiram angariar fundos para viajar até Londres. 
Um resumo alargado da final pode ser encontrado no YouTube. Béla Fejér, o tal que já tinha desviado para a trave um golo feito, defendeu o penálti decisivo com um voo acrobático que tornou a Carpatália campeã de um mundo que não sabe muito bem se ela existe. Pode não ser a história futebolística mais importante do Verão; mas é certamente a que menos vezes inclui a palavra "França", e só isso é mérito suficiente."

No topo do mundo

"Numa final pouco emocionante no cenário deslumbrante de Moscovo, a França superiorizou-se à Croácia e passou a ser detentora do título de melhor selecção do mundo.

Mercê de um futebol muito calculista, ao jeito de Portugal no Europeu de 2016,e jogando quase sempre no erro do adversário, os comandados de Didier Deschamps lograram chegar ao topo conquistando o mundo do futebol que dificilmente teria apostado neste desfecho quando na Rússia foram dados os primeiros pontapés na bola.
A Croácia, grande surpresa e também, por isso, selecção sensação, caiu de pé.
O adversário era forte, tinha argumentos de peso para colocar em jogo no estádio moscovita, mas o primeiro erro de Mandzukichy também ajudou a lançar o pânico em Modric e seus pares, numa altura em que até ficava a sensação de que os jogadores do leste europeu teriam uma palavra importante a dizer até ao fim.
Daí o sentimento doce-amargo expresso por aquele que viria a ser considerado o melhor jogador do torneio.
Esta selecção croata, a aproximar-se lentamente do seu ocaso, chegou a um ponto antes considerado inatingível neste campeonato
Mas não houve no mesmo apenas boas surpresas. Também nos chegaram das outras, as más. 
Alemanha, até ontem campeã em título, Argentina, Brasil e Espanha, o inicial lote de grades favoritos, regressaram a suas casas mais cedo, todos vergados ao peso de uma participação de baixo nível. A todos eles chegou também o sinal de que necessário reformular urgentemente o seu futebol, sob pena de não conseguirem tão cedo alcançar os patamares que já foram seus.
Das boas equipas presentes, o destaque maior segue direitinho para a Croácia, por uma honrosa presença na final, e para a Bélgica que apresentou na Rússia futebol de grande qualidade, que talvez lhe deveria ter permitido ir além o terceiro lugar.
Correram-se os taipais sobre um Mundial do qual não sobram grandes saudades. Daqui por quatro anos haverá mais, noutro local e provavelmente noutros moldes.
Entretanto, de permeio, teremos de novo o Europeu, no qual Portugal vai ter a pesada responsabilidade de defender o título que detém. Veremos se o conseguirá."

A vitória política de França

"França, campeã mundial 2018! Quem está a falar de futebol? Este assunto é muito mais do que uma bola e rapazes em calções, é político. Vamos então falar de política: este assunto - a França, campeã mundial 2018 - já é muito menos de política má. E isso é importante e dá-nos esperança. Não dá esperança porque um fenómeno tão forte e universal ser político seja mau, não. Dá esperança porque houve evolução positiva na noção política do futebol em França. É tão positivo como a democracia hoje vivida em Portugal já não sofrer da histeria vivida no Verão Quente, durante as dores de parto da nossa liberdade. 
A França foi campeã mundial 1998. Isso foi político. Com slogan e tudo: Black-Blanc-Beur, as cores nacionais francesas, bleu-blanc-rouge, substituídas por uma paleta de etnias: negro, branco e descendentes de magrebinos... Na equipa havia negros das Antilhas e de África, brancos de origem gaulesa, portuguesa e basca e muçulmanos árabes e berberes...
Uma mistura que não era precursora na Europa, as selecções portuguesas desde a década de 1960 foram também variadas etnicamente. Mas a importância daquela França de 1998 no contexto europeu era muito mais forte e no virar do milénio o continente descobria os filhos das suas imigrações e os seus problemas de integração. O colorido da equipa nacional francesa teve tal impacto que a vaga atravessou fronteiras: a vizinha Alemanha (a da lei do sangue e não da nacionalidade adquirida pelo nascimento) abriu, então, só então, as suas camisolas nacionais aos filhos dos turcos... O Mundial de 1998 foi um acontecimento político, e bom.
Acontece, porém, que em França esse fenómeno integrador de 1998 não resistiu ao estilhaçar da sociedade, espicaçado também pelo radicalismo islâmico. Logo em 2001, num jogo França-Argélia, em Paris, as bancadas de jovens assobiaram a Marselhesa. Para esses filhos dos arredores parisienses, a "sua" equipa era a outra, mesmo para aqueles cujos pais eram marroquinos... A identidade muçulmana sobrepunha-se à nacionalidade.
Se o maior representante dos beurs na equipa de 1998, Zidane, patrão em campo e patrão de balneários (como se comprovou no seu sucesso posterior como treinador), era um moderado, outros trouxeram para a selecção as pulsões que levavam os jovens das banlieues a sublinhar as diferenças mais do que a identidade. O declínio da equipa de França, com o clímax no Mundial de 2010, com a selecção em rebelião pública, era fruto duma equipa que acabou dividida pelas origens dos futebolistas. Assim não havia linhas de passe que resistissem...
O futebol que parecia promissor, unificador, acabou derrotado. O afastamento de futebolistas, como Nicolas Anelka e Franck Ribéry (convertido em Bilal Yusuf Mohammed), da selecção ajudou-a a atravessar o deserto. E, 20 anos depois, a França volta a ser campeã mundial. Com blacks, blancs e beurs... Mbappé, filho de camaronês e de argelina, já nasceu depois da vitória de 1998. Na véspera da final de ontem, ele disse ao jornal Le Monde: "Quando tu perdes, é um problema desportivo; quando tu ganhas, é um sucesso desportivo." O jornal perguntou-lhe se ele queria encarnar a geração de 1998. E ele respondeu: "Quero encarnar a França, representar a França e dar tudo pela França."
Nesse dia, o jornal Le Monde fez manchete: "O desafio de uma equipa, a esperança de um país". Como eu dizia no início da crónica, este assunto é político. E duma política boa. 2018 é o verdadeiro sucessor de 1998, não os assobios de 2001."

Mundial: 5 ideias

"1. O fracasso de Portugal – Fracasso, sim. O desempenho da Selecção Nacional não foi uma vergonha, longe disso, mas pode falar-se pelo menos em insucesso. De um modo geral, falhou o trio de apoio directo a Cristiano Ronaldo. Fernando Santos tentou várias soluções, mas, talvez exceptuando Bernardo Silva no jogo com o Uruguai, CR7 não teve as indispensáveis ‘muletas’.
2. A penalização da posse de bola em ‘excesso’. Este foi o Mundial da eficácia. Equipas como Espanha, principalmente, e Alemanha, que tiveram muito mais bola do que os adversários mas não arranjaram soluções para desequilibrar no último terço do terreno, foram altamente penalizadas.
3. O vídeo-árbitro. Salvo casos esporádicos, como no Portugal-Irão, por exemplo, o VAR revelou-se indispensável na defesa da verdade desportiva.
4. O meu onze: Courtois; Meunier, Varane, Umtiti e Young ; Kanté; Mbappé, Modric e Hazard; Griezmann e Cavani.
5. O meu pódio. Melhor jogador: 1.º -- Modric; 2.º -- Mbappé; 3.º -- Meunier"

Benfiquismo (DCCCXC)

Ao alto...