"Quanto menos Vítor Pereira falasse menos hipóteses haveria de responder a perguntas como: 'não acha que com o que a equipa produziu nem com o Carlos Calheiros a apitar?'
«Estes indivíduos não percebem nada. Não têm noção do ridículo em que caem. Estão a dar cabo do futebol e a criar um sistema insustentável para os árbitros que têm sido uns heróis»
Pinto da Costa, 24 de Agosto de 2011
SE o futebol se decide com golos então é caso para se dizer que em Santa Maria da Feira houve Varelas e mais e em Barcelos houve Varelas a menos.
Este é um modo objectivo de resumir em poucas palavras o que foi a última jornada do campeonato para o Benfica e para o FC Porto no momento em que o zodíaco chinês festejou a chegada do Ano do Dragão.
O zodíaco chinês deve estar avariado porque o Dragão não só perdeu o jogo como reclama ter sido gamado em duas grandes penalidades pelo árbitro Bruno Paixão que, de certeza absoluta, também devia estar um bocado para o avariado.
O treinador do FC Porto queixou-se da «vergonhosa» arbitragem. Compreende-se. Vítor Pereira, por razões óbvias, não ia desatar a queixar-se do treinador porque é ele o treinador e ficava-lhe esquisito.
Foram breves as palavras de Vítor Pereira. Foi uma boa opção. Quanto menos falasse depois do jogo menos hipóteses haveria de ter de responder a perguntas atrevidas, como então, mister, agora o Helton já não é o capitão e passa a ser Rolando, mas porquê? Ou mesmo a perguntas muito atrevidas como mister, não acha que perante aquilo que a sua equipa produziu nem o Carlos Calheiros a apitar a vitória seria certa?
Mas Vítor Pereira nem deu hipótese. Disse mal do árbitro mas não disse mal de si próprio. Assim, acabou Vítor Pereira a destoar, por razões compreensíveis, da esmagadora maioria dos adeptos portistas que se queixam tanto do árbitro como do treinador.
Uma pessoa também se sente estranha ao ouvir o FC Porto a queixar-se dos árbitros. Não é costume. Raramente há razões para tal, o que tem permitido ao presidente do clube uma abordagem exclusivamente de índole desportiva aos problemas que atormentam o sector.
Os árbitros são uns heróis e ridículos são aqueles que se queixam dos árbitros, não é verdade?
É verdade que sim. Daí o silêncio de Pinto da Costa. O presidente sabe de árbitros mas também sabe de futebol. E por isso sabe fazer contas: mesmo que Bruno Paixão tivesse assinalado os dois castigos máximos e mesmo que Kléber os convertesse a preceito, mesmo assim não dava para ganhar o jogo em Barcelos.
Ficava a coisa num 3-3 sem graça nenhuma.
BEM vistas as coisas até parece que a vitória do Benfica na casa do Feirense não estava incluída no programa das festas. Mas de nada valeu o sacrifício económico dos altruístas responsáveis do Feirense nem de nada valeu o consentimento da Liga para que o jogo se realizasse num tapete honesto mas impróprio.
O Benfica ganhou por 2-1, trabalhou, melhor dito, lavrou no campo todo, criou inúmeras oportunidades e só um guarda-redes muito inspirado como esteve Paulo Lopes na noite de sábado impediu que só Rodrigo à sua conta marcasse por duas vezes.
É uma pena que os árbitros não falem depois dos jogos. O árbitro Rui Costa, que esteve na Feira, poderia assim explicar se invalidou um golo ao Gil Vicente por um fora-de-jogo que não existiu ou se por ter visto o pé em riste de Ludovic sobre Luisão no início do lance.
Na verdade, nem fez grande diferença. Ficava a coisa num 2-2 a ser desempatado por aqueles dois penalties que os benfiquistas juram que o Gil Vicente cometeu.
O Benfica saiu da última jornada com 5 pontos de avanço sobre o 2.º classificado o que é animador mas está longe de significar mais do que isso: uma agradável animação e mais nada.
Ver os rivais tropeçar é sempre motivo de contentamento para os adeptos de qualquer clube, em Portugal e na Cochinchina, mas esta derrota do FC Porto foi muito saborosa para os benfiquistas que veem assim posto em paz o velho recorde de John Mortimore: 56 jogos invictos para o campeonato.
O FC Porto teve o grande mérito de perseguir essa marca, chegou ao jogo 55 mas sucumbiu ao jogo 56, que era o tal do gostinho especial. Muito mais do que os tais 5 pontos de avanço, que neste momento não valem nada, continua gloriosamente a valer o recorde do Benfica de Mortimore.
Agora, quem quiser lá chegar, vai ter de começar pelo princípio.
Diz que dá uma grande trabalheira.
FOI um excelente fim-de-semana para dois antigos jogadores do Benfica que deixaram um mais do que respeitável bom nome na Luz. Em Sevilha, contra o Bétis, Carlos Martins assistiu para o primeiro golo da sua equipa e fez o segundo golo, o da vitória por 2-1, vitória importantíssima porque o Granada luta para não descer.
No Funchal, contra o Marítimo, Nuno Gomes fez exactamente a mesma coisa com a camisola do Sporting de Braga. Assistiu primeiro e marcou depois, estabelecendo o resultado em 2-1 favorável à sua nova equipa. Tratou-se de uma vitória importante na luta do Sporting de Braga pelo acesso à Liga dos Campeões.
Os sucessos de Carlos Martins e Nuno Gomes só podem provocar alegria entre os benfiquistas. É gratidão.
JOSÉ MOURINHO garante que não têm grande significado para ele os 7 pontos que leva de avanço do Barcelona e faz bem em dizê-lo para desdramatizar a vantagem em seu favor e manter os seus jogadores atentos e focados na competição.
No entanto, porventura ou desventura, o Real Madrid não ganhar esta Liga a reputação portuguesa na capital espanhola vai ficar pelas ruas da amargura e torna-se difícil até imaginar qualquer pacato turista nacional a passear-se pela Gran Vía sem ser instado a regressar rapidamente a casa porque de portugueses não querem os madrilenos-madrilistas nunca mais ouvir falar.
Só por uma vez na história, teve o Real Madrid 7 pontos de avanço e acabou por perder o título. Aconteceu na época de 2003/2004, era o português Carlos Queiroz treinador dos merengues, coadjuvado por José Peseiro. O Real acabou por perder essa vantagem, aparentemente enorme, e foi o Valência de Rafa Benitez o campeão espanhol com 7 pontos de avanço sobre a equipa de Madrid.
Conclusão 1: muito deve Rafa Benitez a Carlos Queiroz a sua posterior carreira internacional.
Conclusão 2: muito deve Mourinho à nação portuguesa o favor de se sagrar campeão de Espanha este ano.
E longe vá o agouro de tal coisa não acontecer.
FECHOU o mercado. De agora até aos Santos Populares não se fala mais de contratações. Mas dificilmente não se falará de outra coisa até lá do que da contratação de Yannick Djaló pelo Benfica, dê para onde der.
Uma amigo, benfiquista, reagiu assim quando soube da contratação de Djaló:
-Mas para quê, para quê chatear os nossos amigos lagartos se já tínhamos o Bojinov?...
Outro reagiu assim:
-O Jesus vai fazer dele o melhor lateral-esquerdo da Europa!
Pela minha parte, reagi assim:
-O Benfica é muito mais do que um clube, é uma obra social.
E depois se verá se o Yannick Djaló é uma mais-valia ou uma mais-não-valia.
A verdade é que o Benfica é uma obra social na qual se insere também, em lugar de grande destaque, a cedência de Rúben Amorim ao rival Sporting de Braga. Com o nosso Rúben Amorim na Pedreira é certo e sabido que nunca mais teremos de jogar às escuras."
Leonor Pinhão, in A Bola
«Estes indivíduos não percebem nada. Não têm noção do ridículo em que caem. Estão a dar cabo do futebol e a criar um sistema insustentável para os árbitros que têm sido uns heróis»
Pinto da Costa, 24 de Agosto de 2011
SE o futebol se decide com golos então é caso para se dizer que em Santa Maria da Feira houve Varelas e mais e em Barcelos houve Varelas a menos.
Este é um modo objectivo de resumir em poucas palavras o que foi a última jornada do campeonato para o Benfica e para o FC Porto no momento em que o zodíaco chinês festejou a chegada do Ano do Dragão.
O zodíaco chinês deve estar avariado porque o Dragão não só perdeu o jogo como reclama ter sido gamado em duas grandes penalidades pelo árbitro Bruno Paixão que, de certeza absoluta, também devia estar um bocado para o avariado.
O treinador do FC Porto queixou-se da «vergonhosa» arbitragem. Compreende-se. Vítor Pereira, por razões óbvias, não ia desatar a queixar-se do treinador porque é ele o treinador e ficava-lhe esquisito.
Foram breves as palavras de Vítor Pereira. Foi uma boa opção. Quanto menos falasse depois do jogo menos hipóteses haveria de ter de responder a perguntas atrevidas, como então, mister, agora o Helton já não é o capitão e passa a ser Rolando, mas porquê? Ou mesmo a perguntas muito atrevidas como mister, não acha que perante aquilo que a sua equipa produziu nem o Carlos Calheiros a apitar a vitória seria certa?
Mas Vítor Pereira nem deu hipótese. Disse mal do árbitro mas não disse mal de si próprio. Assim, acabou Vítor Pereira a destoar, por razões compreensíveis, da esmagadora maioria dos adeptos portistas que se queixam tanto do árbitro como do treinador.
Uma pessoa também se sente estranha ao ouvir o FC Porto a queixar-se dos árbitros. Não é costume. Raramente há razões para tal, o que tem permitido ao presidente do clube uma abordagem exclusivamente de índole desportiva aos problemas que atormentam o sector.
Os árbitros são uns heróis e ridículos são aqueles que se queixam dos árbitros, não é verdade?
É verdade que sim. Daí o silêncio de Pinto da Costa. O presidente sabe de árbitros mas também sabe de futebol. E por isso sabe fazer contas: mesmo que Bruno Paixão tivesse assinalado os dois castigos máximos e mesmo que Kléber os convertesse a preceito, mesmo assim não dava para ganhar o jogo em Barcelos.
Ficava a coisa num 3-3 sem graça nenhuma.
BEM vistas as coisas até parece que a vitória do Benfica na casa do Feirense não estava incluída no programa das festas. Mas de nada valeu o sacrifício económico dos altruístas responsáveis do Feirense nem de nada valeu o consentimento da Liga para que o jogo se realizasse num tapete honesto mas impróprio.
O Benfica ganhou por 2-1, trabalhou, melhor dito, lavrou no campo todo, criou inúmeras oportunidades e só um guarda-redes muito inspirado como esteve Paulo Lopes na noite de sábado impediu que só Rodrigo à sua conta marcasse por duas vezes.
É uma pena que os árbitros não falem depois dos jogos. O árbitro Rui Costa, que esteve na Feira, poderia assim explicar se invalidou um golo ao Gil Vicente por um fora-de-jogo que não existiu ou se por ter visto o pé em riste de Ludovic sobre Luisão no início do lance.
Na verdade, nem fez grande diferença. Ficava a coisa num 2-2 a ser desempatado por aqueles dois penalties que os benfiquistas juram que o Gil Vicente cometeu.
O Benfica saiu da última jornada com 5 pontos de avanço sobre o 2.º classificado o que é animador mas está longe de significar mais do que isso: uma agradável animação e mais nada.
Ver os rivais tropeçar é sempre motivo de contentamento para os adeptos de qualquer clube, em Portugal e na Cochinchina, mas esta derrota do FC Porto foi muito saborosa para os benfiquistas que veem assim posto em paz o velho recorde de John Mortimore: 56 jogos invictos para o campeonato.
O FC Porto teve o grande mérito de perseguir essa marca, chegou ao jogo 55 mas sucumbiu ao jogo 56, que era o tal do gostinho especial. Muito mais do que os tais 5 pontos de avanço, que neste momento não valem nada, continua gloriosamente a valer o recorde do Benfica de Mortimore.
Agora, quem quiser lá chegar, vai ter de começar pelo princípio.
Diz que dá uma grande trabalheira.
FOI um excelente fim-de-semana para dois antigos jogadores do Benfica que deixaram um mais do que respeitável bom nome na Luz. Em Sevilha, contra o Bétis, Carlos Martins assistiu para o primeiro golo da sua equipa e fez o segundo golo, o da vitória por 2-1, vitória importantíssima porque o Granada luta para não descer.
No Funchal, contra o Marítimo, Nuno Gomes fez exactamente a mesma coisa com a camisola do Sporting de Braga. Assistiu primeiro e marcou depois, estabelecendo o resultado em 2-1 favorável à sua nova equipa. Tratou-se de uma vitória importante na luta do Sporting de Braga pelo acesso à Liga dos Campeões.
Os sucessos de Carlos Martins e Nuno Gomes só podem provocar alegria entre os benfiquistas. É gratidão.
JOSÉ MOURINHO garante que não têm grande significado para ele os 7 pontos que leva de avanço do Barcelona e faz bem em dizê-lo para desdramatizar a vantagem em seu favor e manter os seus jogadores atentos e focados na competição.
No entanto, porventura ou desventura, o Real Madrid não ganhar esta Liga a reputação portuguesa na capital espanhola vai ficar pelas ruas da amargura e torna-se difícil até imaginar qualquer pacato turista nacional a passear-se pela Gran Vía sem ser instado a regressar rapidamente a casa porque de portugueses não querem os madrilenos-madrilistas nunca mais ouvir falar.
Só por uma vez na história, teve o Real Madrid 7 pontos de avanço e acabou por perder o título. Aconteceu na época de 2003/2004, era o português Carlos Queiroz treinador dos merengues, coadjuvado por José Peseiro. O Real acabou por perder essa vantagem, aparentemente enorme, e foi o Valência de Rafa Benitez o campeão espanhol com 7 pontos de avanço sobre a equipa de Madrid.
Conclusão 1: muito deve Rafa Benitez a Carlos Queiroz a sua posterior carreira internacional.
Conclusão 2: muito deve Mourinho à nação portuguesa o favor de se sagrar campeão de Espanha este ano.
E longe vá o agouro de tal coisa não acontecer.
FECHOU o mercado. De agora até aos Santos Populares não se fala mais de contratações. Mas dificilmente não se falará de outra coisa até lá do que da contratação de Yannick Djaló pelo Benfica, dê para onde der.
Uma amigo, benfiquista, reagiu assim quando soube da contratação de Djaló:
-Mas para quê, para quê chatear os nossos amigos lagartos se já tínhamos o Bojinov?...
Outro reagiu assim:
-O Jesus vai fazer dele o melhor lateral-esquerdo da Europa!
Pela minha parte, reagi assim:
-O Benfica é muito mais do que um clube, é uma obra social.
E depois se verá se o Yannick Djaló é uma mais-valia ou uma mais-não-valia.
A verdade é que o Benfica é uma obra social na qual se insere também, em lugar de grande destaque, a cedência de Rúben Amorim ao rival Sporting de Braga. Com o nosso Rúben Amorim na Pedreira é certo e sabido que nunca mais teremos de jogar às escuras."
Leonor Pinhão, in A Bola