Últimas indefectivações

domingo, 26 de julho de 2020

Vinícius pensou: o Sporting vai ficar em quarto e são estas pequenas coisas que nos vão dando força para continuar

"Vlachodimos
Tranquilíssimo entre os postes e sempre disponível para participar na fase de construção, mesmo que às vezes tenha atirado uns tijolos para bancada. Vlachodimos respira segurança e parece pronto para um novo ciclo desportivo com Jorge Jesus. A fase inicial já arrancou: desvalorizar Vlachodimos publicamente com uma notícia estapafúrdia sobre a necessidade de um reforço na baliza. Seguir-se-á o anúncio da contratação de um novo craque, apenas para descobrirmos que tem uma perna mais comprida do que a outra e é afinal defesa central. Faz tudo parte de um plano para espicaçar e daqui a 10 meses elogiarmos o nosso Vlacho numa rotunda de Lisboa. Só falta mesmo o Cavani e uma vacina para a Covid.

André Almeida
Se fosse scout, teria aproveitado a noite de ontem para escrever maravilhas sobre Nuno Mendes. Tratando-se do lateral direito que teve o jovem do Sporting pela frente, talvez não tenha sido uma noite tão agradável para André Almeida. Para nós certamente não foi.

Jardel
Desengane-se quem acha que isto foi a despedida de Jardel do relvado da Luz. Um futebolista que tanto deu ao Benfica não pode incluir na sua festa de despedida um pontapé na atmosfera que quase deu golo do Sporting ou uma desmarcação nas costas de um avançado esloveno de vão de escada. Venha daí outro adversário. Precisamos de uma noite à antiga, sem golos sofridos, com a cabeça de Jardel aberta e uma final de jogo apoteótico com aquela touca mítica na cabeça.

Rúben Dias
Bela assistência para golo na sua provável despedida da Luz. Prosseguirá a carreira num qualquer gigante europeu, em paz consigo mesmo, sabendo que tudo fez para ajudar o Benfica, a partir de agora um homem livre de usar bandolete quando e onde bem entender.

Tomás Tavares
Opção maquiavélica de Veríssimo, que assim mostrou ser capaz de ganhar ao Sporting até com um miúdo de 18 anos a jogar na posição errada. Não sei é se o Nuno Tavares achou muita piada. É que chegou a correr bem demais.

Weigl
Seguro defensivamente e articulado na construção ofensiva, o suficiente para não ser dispensado por Jorge Jesus antes do primeiro jogo treino com o Neuchatel Xamax num sintético de Tróia. Continua com cara de poucos amigos, infelizmente para o Jovane, que levou com uma bolada na cabeça logo no primeiro minuto, ainda o Sporting se encontrava confortavelmente no terceiro lugar.

Gabriel
Faz lembrar aquela história do adepto que vai a pé para uma final da Taça no Jamor. Qual adepto, perguntam vocês. Sinceramente. não sei. Quis apenas imaginar alguém que se dirige a passo para outro local onde teoricamente precisa de estar. No fundo, o que Gabriel faz em muitos jogos.

Cervi
Consigo imaginar Jorge Jesus numa sala de imprensa, bem humorado e cheio de si, com a bazófia que todos aprendemos a amar/odiar, explicar que o Cervi não Cerve, amigues. Próxima qchtão, fáxavôr.

Pizzi
Outro tipo de jogador ter-se-ia colocado no olho do furacão, mas não o altruísta e sensato Luís Miguel. Em boa hora livrou-se dos debates sobre como é possível que um centrocampista amplamente criticado seja o melhor marcador do campeonato. Toma lá a bola, Vinicius. Não se fala mais nisso. É assim Luís Miguel, um homem que vive bem sem as menções destinadas aos protagonistas, um altruísta controverso com participação directa em 41% dos golos da equipa. O nosso Zizou. Veremos se p’ro ano há mais.

Chiquinho
Desde que vi uma selfie dele com um buldogue francês publicada no instagram no mesmo dia em que o FCP foi confirmado campeão que estou convencido da necessidade urgente de um código de conduta para as redes sociais que limite a actuação dos jogadores - e, já agora, que obrigue os jogadores a marcarem golos quando só têm o guarda redes pela frente. Francisco, bem sei que estás a guardá-los para a final da Taça, mas não convém exagerar.

Seferovic
Um dos responsáveis pelo melhor momento do Benfica no jogo, sempre em cima dos nossos amigos, que insistiam em saídas a jogar como se fossem o Bayern ou o Liverpool e nos devolviam a posse de bola um lance após o outro. Marcou e podia ter assistido mais do que uma vez, mas a bola teimava em não entrar.

Florentino
quem procure um ombro amigo. Há quem busque conforto nos indicadores económicos. Há quem procure ajuda divina. Eu olho para o relvado e vejo se lá está o Florentino. Se assim for, sei que é mais provável ficar tudo bem.

Rafa
Entrou com aquele apetite próprio de quem sabe que todos os dias são bons para ganhar ao Sporting. Da última vez fê-lo com um golo nos últimos minutos. Ontem ajudou a moer a defesa adversária até esta soçobrar, ao ponto de o Ruben Amorim ter vindo à sala de imprensa dizer que está muito feliz no Sporting. Lol. Boa tentativa, amigo.

Jota
De volta ao seu papel natural. 19 jogos, 176 minutos. Outros clubes fariam disto uma extraordinária aposta na formação. Já nós questionamos se isto é a sério ou se alguém tira prazer do embaraço causado a este miúdo. Só não foi mais humilhante porque em campo estava um adversário que pagou 15 milhões por um treinador ao Braga e conseguiu acabar atrás deles. Quando assim é, a pessoa acaba por passar despercebida.

Vinicius
Brilhante antes, durante e depois do golo marcado. Antes, ao observar estrategicamente o pé do Matheus Nunes; durante, ao rematar de forma colocada; e depois, juntando ao habitual cruzar dos braços um dedo em riste a apontar para o centro do terreno, que é como quem diz, o VAR esteve a confirmar e o Sporting vai mesmo ficar em quarto. Não é nenhum título e até parece mal, mas são estas pequenas coisas que ainda assim nos vão dando força para continuar."

Cadomblé do Vata (cores!)

"No final do derby disputado na casa lagarta em Janeiro, tentei explicar ao Diogo de Leiria e ao Julinhe de Ponte de Sor que o problema do Sporting CP não são os jogadores ou os treinadores, mas sim o próprio clube. Argumentei então no final da nossa vitória por 2-0, que os fracos jogadores verdes e brancos, se estivessem no SL Benfica, ganhariam aos garbosos atletas do Glorioso se estes vestissem a camisola às riscas. Para quem não acredita em tal equação, basta ver o que o sportinguismo faz a um homem: ao serviço do SC Braga, Rúben Amorim venceu fora o FC Porto e o SL Benfica. Nos mesmos estádios, envergando aquela camisola feia da Macron levou 0 pontos para casa."

Coincidências!!!


"Desta vez foi um fora de jogo de "apenas" 108cm que Sérgio Jesus deixou passar a favor do seu clube do coração. Esta gente nem em jogos a feijões brinca em serviço.
https://www.vsports.pt/vsports/vod/fc-porto-golo-anulado-sergio-45-3-59983
Sérgio Jesus é o fiscal de linha que festeja anulações de golo ao Benfica. É um Andrade fanático e é por isso que já aqui o denunciámos por três vezes.
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=802874783549685&id=126822611154909
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=774245946412569&id=126822611154909
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=773623346474829&id=126822611154909
Infelizmente, na agenda mediática ou da parte do Benfica, nunca se ouviu ninguém a falar neste nome. Interessa a quem manter este fiscal de linha continuar a beneficiar de forma escandalosa e premeditada o seu clube? É que pelo silêncio do Benfica ficamos com dúvidas."

Arquivo da Fruta, in Facebook

Curtas tácticas da 3ª vitória encarnada em 3 derbys, na noite difícil de Plata


"Como desceu a qualidade dos executantes das melhores equipas em Portugal. A quantidade de erros técnicos, de perdas e de golos falhados por jogo é elevadíssima, e por mais que se tente atirar responsabilidades para os tipos que no banco orientam as equipas, é muito fácil para os mais astutos perceberem onde decresceu o nível da Liga.
Uma primeira parte do Benfica, muito forte a controlar a construção do Sporting que lhe permitiu recuperar inúmeras bolas no meio campo ofensivo que originaram imensas situações de finalização. Na segunda parte o Benfica abdicou de pressionar e o Sporting equilibrou o jogo, marcou e foi melhor.
Os encarnados mostraram duas faces no momento defensivo. Pressão com Seferovic, Pizzi e Cervi a pressionar os 3 centrais do Sporting, Chiquinho e Gabriel a pegar os 2 médios e os laterais a defender os laterais adversários. Quando Sporting saía da teia montada, mais baixos no campo, laterais ficaram com extremos e extremos com laterais, algo que fazia o Benfica estender a linha defensiva para 5/6 elementos.
Grande desafio para Ruben Amorim: Por um lado tem de fazer evoluir o modelo, dar-lhe variabilidade e fazer com que seja menos rígido e previsível . Por outro a qualidade dos executantes não se enquadra com o rótulo de candidato ao título. E dificilmente para um competidor ao pódio, até. Esperança, ainda assim, nos meninos que vão encantado. Hoje, mais uma grande exibição de Matheus Nunes, Nuno Medes e uma boa entrada de TT. O problema dos mais jovens estará sempre na irregularidade enquanto o potencial não se transformar em rendimento.
A importância das bolas paradas esteve bem presente em mais um jogo entre os grandes deste campeonato. E quando o nível é tão evidentemente baixo, maior importância estas assumem como forma de se finalizar.
Sem público, sem executantes especiais, sem nada de extraordinário porque lutar (Sporting ainda procurava manter o terceiro lugar), o derby da Luz não deixará saudades.
Substituído ao intervalo, Gonzalo Plata é a prova de que habilidade motora é completamente insuficiente quando não se sabe nada sobre tomada de decisão e eficiência do gesto no jogo."

O derby de 1990

"Será preciso recuar algumas décadas para recordar um derby com tão pouca qualidade individual. Quatro miúdos ainda em idade júnior chamados a jogo (e nenhum deles o Chalana) ajudam desde logo a perceber o nível actual dos eternos rivais.
Tudo o que fazem de bom relaciona-se com o trabalho sem bola. É a organização defensiva, são os timings bem trabalhados para trocar controlo por pressing, é a capacidade para condicionar opositores.
Ofensivamente é preciso saber-se dominar e tratar um objecto esférico, e logo por ai dificilmente as equipas poderiam proporcionar um grande espectáculo.
Em 1999 o Sporting deslocou-se ao Estádio da Luz na última jornada. Não havia muito talento de parte a parte, mas porque se vivia numa era de desorganização o jogo foi aprazível e trouxe um 3 a 3. Hoje, equipas organizadas e trabalhadas tacticamente, foi necessário esperar uma bola parada para se ver um golo.
A superioridade encarnada na primeira metade foi evidente e começou num pormenor tão simples quanto eficaz. Enquanto o Sporting forçou sistematicamente a saída pelo chão e perdeu dezenas de bolas que só não se tornaram extremamente perigosas porque do outro lado faltou talento para definir, o Benfica mostrou estar preparado para contornar pressão usando Seferovic para receber o primeiro passe progressivo da construção que encontrava posteriormente Chiquinho ou Gabriel de frente para o jogo.
Saída do Sporting que perdeu sistematicamente a bola na pressão encarnada
Saída do Benfica – Seferovic referência receber de costas tocando em Chiquinho de frente

A falta de talento bem expressa na incapacidade para executar de forma eficiente qualquer gesto técnico, e a tomada de decisão errática de ambos os conjuntos foi apanágio num jogo, onde nem os muitos erros que possibilitaram ocasiões de golo foram aproveitados por falta de qualidade.
Não desperdiçou Sporar a oportunidade que Jardel ao travar o movimento que vinha a fazer para controlar o espaço nas costas, lhe proporcionou para empatar a contenda. Nota para a boa definição de Tiago Tomás no lance.
Foi Vinícius quem se tornou o melhor marcador da prova sentenciando também as possibilidades de terminar no pódio ao Sporting de Rúben Amorim, respondendo a um cruzamento ao segundo poste. Precisamente a forma como poderá tornar-se útil na época vindoura com Jorge Jesus. Ele que deverá ser um dos poucos da actual equipa com qualidade para poder continuar na equipa. Sim, ninguém acredita que Jesus tenha trocado um projecto vencedor pelo pior plantel que já treinou na última década (vamos esquecer aventura na Arábia) se não tiver garantias de o trocar.
Do outro lado da segunda circular o cenário não é mais animador. Individualmente este Sporting não está preparado para poder sequer competir pelo pódio tal como o fez na presente época. Urge a chegada de uma equipa nova a Alvalade, bem como encontrar um espaço mais correcto para o potenciar de jovens que ainda não estão preparados para este nível.
Notas finais:
Matheus Nunes e Acuña foram os melhores jogadores do Sporting. Fortes nos duelos foram tapando os caminhos da sua baliza ao Benfica, e mesmo muito longe de serem talentos têm segurança no seu jogo, não expõem a equipa e são jogadores capazes. Que ficam, porém, orfãos de talento no onze para se poderem integrar. Nota positiva também para Nuno Mendes – Com erro, pois claro. Quem na sua idade não o tem? mas a demonstrar que pode rapidamente tornar-se um lateral de desequilíbrio. 
Eduardo Quaresma num jogo absolutamente terrível – O número de bolas que perdeu em zona perigosa não encontrará paralelo com nenhuma outra exibição de um defensor na Liga NOS nos últimos anos. Continua a ser um jogador de potencial gigantesco, mas no seu primeiro ano de júnior competir na Segunda Liga já seria “puxado”. Quanto mais entrar na casa do rival para disputar um derby.
Weigl destaca-se de todos os demais pela forma acertada como pensa o jogo. Do meio para a frente nos encarnados, só Chiquinho se aproxima do nível de eficiência e eficácia do alemão. Contudo, a incapacidade que vem demonstrando na zona de finalização prejudica-o e deixa dúvidas sobre a possibilidade que terá para dar um salto para outro patamar que não apenas o de bom jogador.
Cervi, Gabriel e Seferovic no nível habitual. Esforçados, muito fortes no trabalho sem bola mas sem talento para jogar. Deles saíram várias recuperações que permitiram ascendente encarnado, mas também por eles o Benfica não materializou em perigo as recuperações altas contra uma equipa aberta no campo.
Um derby esforçado com os mais esforçados a serem os melhores. Não poderia ser mais sintomático o final da Liga NOS."

Rescaldo...

As lutas pela monopolização do universo desportivo

"A história do desporto é um processo indissociavelmente social e político, que conheceu uma admirável mudança de escala. Dotado de uma fraca autonomia na sua fase primitiva, o desporto foi fortemente instrumentalizado pelos Estados-nação antes de conquistar, através das estruturas internacionais, uma legitimidade própria. Esta impõe-se, actualmente, aos Estados em nome do universalismo dos valores desportivos, que encontra a sua validação na organização e na produção mediática das competições internacionais (Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, etc.), que as instâncias controlam perfeitamente à escala planetária. A construção circular deste universalismo do desporto é uma das condições da adesão popular a estes movimentos desportivos.
O sucesso desta gigantesca operação simbólica, a nível mundial, deriva dos interesses económicos e geopolíticos colossais. Na difusão das competições pela TV, os telespectadores, considerados como simples consumidores, são levados a viver estes encontros na pura tradição de um nacionalismo reduzido aos afectos. No quadro da União Europeia, os Estados continuam a ser os mestres das suas “políticas desportivas” e as instituições desportivas são levadas a respeitar o primado do direito comunitário, assim como as “liberdades” impostas pelos Tratados. Quando o Comité Olímpico Internacional evoca a universalidade do desporto e dos seus valores, que é suposto incarnar, a Europa recorre à racionalidade económica. Na realidade, o desporto sucumbe, muitas vezes, à moda da simplificação. Ele não é uma acção mágica. Exige aprendizagem, instrução e educação. E quando estas condições estão presentes o desporto pode ser um transmissor de valores (disciplina, camaradagem, lealdade, responsabilidade, etc.) que são úteis para a sociedade."

O martelo de Nietzsche XII

"1. O impacto da pandemia atingiu os mais diversos sectores da sociedade, sobretudo aqueles que como o desporto já vinham de há longos anos a esta parte a destilar uma profunda crise de valores, de lideranças e de projectos com o mínimo de credibilidade social. Portanto, o impacto severo que o desporto está a sofrer não é de agora já vem de há muito tempo ao ponto de estar a alterar, radicalmente, a vocação, a missão e os objectivos de funcionamento das organizações desportivas. Em consequência, em muitos países o desporto está a viver uma quebra acentuada nas taxas de crescimento de praticantes federados, pese embora a resiliência e capacidade de superação de muitas organizações desportivas da base da pirâmide de desenvolvimento que, todos os dias, são obrigadas a superar a incapacidade das organizações tanto públicas quanto privadas do vértice estratégico dos Sistemas Desportivos.
2. No quadro da profunda crise que o desporto está a viver, agora agravada com a pandemia, foram os pequenos clubes que, embora abandonados, perante a ineficiência da educação física e do desporto escolar, continuaram a garantir a formação de praticantes a montante dos Sistemas Desportivos. Ao empenho destes pequenos clubes acresce ainda a dedicação de milhares de famílias que a custas próprias têm permitido o funcionamento a montante dos escalões de formação nas mais diversas modalidades desportivas. E, perante a inoperância das organizações de cúpula do associativismo desportivo, são inúmeros os exemplos que ocorrem na base dos Sistemas Desportivos, autênticos milagres, que têm permitido a continuidade da prática desportiva. Infelizmente, algumas organizações do universo desportivo estão a sofrer um severo impacto nas suas fontes de receita, todavia, é necessário saber muito bem quais são as organizações e identificar, quais os impactos sob pena dos eventuais apoios acabarem nos orçamentos daqueles que menos necessitam. Sendo o desporto uma actividade polimórfica e polissémica pelo que, para além do jogo de interesses que fazem a vida de muitos dirigentes desportivos e políticos, os contribuintes devem exigir que os recursos aplicados nas organizações e nos projectos sejam muito bem esclarecidos e controlados sob pena de só servirem para reforçar os poderes daqueles que autocraticamente vivem agarrados ao poder há dezenas de anos.
3. Embora os impactos da pandemia na prática desportiva sejam dramáticos, todavia, não se deve acreditar no fantasma que anda a ser exibido por alguns dirigentes que afirmam que estão em vias de extinção inúmeras instituições desportivas com o consequente risco de abandono de praticantes, técnicos e dirigentes. O amor ao desporto é muito maior do que os burocratas da cúpula dos Sistemas Desportivos, habituados às mais amplas mordomias à custa dos contribuintes, são capazes de imaginar. Por isso, os olímpicos histerismos de alguns responsáveis desportivos que por aí se ouvem leva-os o vento porque a prática desportiva retomará de acordo com as condições que a pandemia vier a determinar independentemente dos habituais discursos de crocodilo que não servem senão para os institucionais orgânicos do costume conseguirem mais uns trocos do erário público que nunca chegarão onde deve acontecer a prática desportiva. E não vale a pena estarem com ameaças e reprimendas aos governos porque até Thomas Bach o líder da joia da coroa do desporto internacional que é o Comité Olímpico Internacional (COI) não está certo daquilo que deve ser feito ao ponto de já admitir que se não houver vacina não haverá Jogos Olímpicos. Por isso, ver alguns dirigentes desportivos, há longos anos a saltitar entre diversos órgãos do poder burocrático, sem nunca terem realizado nada de significativo para além de construírem inúteis castelos de burocracia, a exigirem a acção dos governos que, por sua vez, também não sabem o que fazer, parece-nos do mais primário oportunismo de gente a tentar tirar partido de uma situação a todos os títulos catastrófica.
4. Mas ainda se percebe menos a ansiedade das lideranças que nunca se interessaram por nada, a não ser pelo rendimento, os recordes e as medalhas dos atletas sob a sua alçada que lhes proporcionam protagonismo, agora estarem tão preocupados com o direito constitucional à prática desportiva dos cidadãos dos respectivos países. O direito ao desporto é uma responsabilidade inalienável do Estado, por isso, não venham agora alguns dirigentes com discursos de crocodilo a exigirem soluções de acesso dos cidadãos à prática desportiva quando nunca se interessaram minimamente por isso.
5. Não há cultura desportiva sem educação e não existe educação sem prática desportiva do ensino ao alto rendimento. O desporto, enquanto educação que é, está implicitamente expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nos países que apresentam resultados de excelência nas competições internacionais suportados em altas taxas de prática da generalidade da população o que, por via de regra, resulta numa forte e esclarecida cultura desportiva, é natural que exista uma certa preocupação relativamente à quebra de receitas capturadas através das estratégias e planos de marketing fora dos dinheiros públicos. Nestas circunstâncias, o apoio oficial ao desporto deve ser equacionado com urgência, mas também, com o máximo rigor equitativo.
6. Nos países em que os Sistemas Desportivos, com um padrão de subdesenvolvimento nas suas assimetrias sociais e económicas, vivem atavicamente dependentes dos habituais envelopes financeiros das respectivas tutelas politico-administrativas, não se justificam quaisquer apoios especiais uma vez que as despesas logísticas de suporte de vida das organizações estão garantidas por via da tutela e as despesas relativas às operações desportivas deixaram de existir. Por isso, não se percebe a perturbação de alguns dirigentes cujos Sistemas Desportivos apresentam taxas de prática desportiva mais do que medíocres e resultados nos Jogos Olímpicos absolutamente miseráveis quando, com ameaças de extinção e colapso das respectivas estruturas de base do desporto, exigem apoios financeiros sem que se perceba para quê ! E até fazem chegar às respectivas tutelas documentos reivindicativos, vazios de conteúdo e ausentes de propostas para além do “queremos mais dinheiro”.
7. Se, no âmbito da Agenda 2020, o COI tivesse mantido a tradição que vinha do tempo de Monique Berlioux (antiga directora geral da instituição) dos CONs apresentarem um relatório circunstanciado relativo à situação do desporto nos respectivos países o que, para além das habituais festarolas do Dia Olímpico, os obrigava a conhecerem e reflectirem o desporto bem como a terem uma visão estratégica aberta à sociedade sobre o seu desenvolvimento, hoje, não tínhamos de assistir, em vários países, à triste figura de alguns dirigentes desportivos, tal qual baratas tontas, sem saberem o que fazer nem para onde ir, a correr inutilmente de capelinha política em capelinha política e a produzir documentos de uma mediocridade confrangedora que não servem para nada a não ser para mostrar serviço e entreter os basbaques.
8. Se os CONs, para lá das soluções providenciais como de vez enquanto acontecem protagonizadas por dirigentes com uma agenda própria e da boa vontade dos grupos espontâneos que se desfazem às primeiras dificuldades, tivessem promovido, como muita gente alertou para a necessidade, uma cultura de participação e reflexão estratégica, com a produção de verdadeiros documentos de trabalho, compreendidos e assumidos pelos diversos agentes que, posteriormente, após negociações verdadeiramente úteis e leais com a tutela, se encarregariam de os pôr em execução, o ambiente desportivo que se vive em muitos países seria muito diferente daquele que nos é dado assistir. Nos países desenvolvidos liberais e democratas de economia de mercado não é aos governos que compete essa missão é ao Movimento Olímpico cujos dirigentes, sob pena de serem afastados dos lugares que ocupam, deviam ser obrigados por aqueles que os elegem assumir essa responsabilidade. Se os atletas são controlados segundo a segundo, centímetro a centímetro, destreza a destreza, golo a golo e vitória a vitória, se os técnicos são controlados e responsabilizados pelos resultados dos atletas e das equipas que orientam, porque é que os dirigentes não hão de ser responsáveis quando, ao cabo de vários anos de poder, os resultados são cada vez piores.
9. Dizem que é nas crises que surgem as grandes oportunidades. E aqueles que acreditam em tal metáfora até explicam que no mandarim a palavra crise resulta da conjugação da palavra risco com a palavra oportunidade, ideia que, segundo a Wiki, é muito utilizada nas palestras e nos textos motivacionais. Não posso garantir que assim seja, todavia, o que posso garantir é que seria de todo conveniente utilizar este compasso de espera que está a afectar todo o mundo para, além das proclamações estafadas dos feiticeiros de Oz que por aí pululam, perspectivar o desenvolvimento de um desporto novo que, à primeira grande dificuldade não se desmorone sobre si próprio como agora está a acontecer em muitos países. Esta situação fica em grande medida a dever-se ao facto da generalidade dos dirigentes desportivos do vértice estratégico dos Sistemas Desportivos apresentarem uma confrangedora ausência de percepção dos impactos sociais, culturais, políticos e económicos do desporto, pelo que se permitem tomar decisões à revelia das estatísticas que caracterizam a situação desportiva dos países e das respectivas modalidades enquanto instrumento de fundamental importância para a tomada de decisões. Ora, não existem boas decisões sem informação estatística. Decisões sem informação estatística não passam de decisões de conveniência. Alguma informação existe, outra está dispersa e outra não existe. O problema é que se veem dirigentes a pedirem cada vez mais dinheiro e nunca os vemos a solicitarem mais informação capaz de sustentar as decisões que tomam. E esta informação tem de ser conseguida em tempo real uma vez que existe uma interação dinâmica entre a informação e os seus efeitos no sistema que por sua vez vai gerar nova informação. Informação que os pode levar a perceber que:
(1º) Não é criando mais burocracia e controlo que, algum dia, os Sistemas Desportivos poderão desenvolver-se. O desporto moderno desde a sua origem tem demonstrado uma extraordinária capacidade de auto-organização que deve ser estimulada e apoiada. Sempre que os dirigentes políticos e desportivos resolvem introduzir novas burocracias para resolverem problemas que eles próprios criaram só provocam caos e subdesenvolvimento;
(2º) O dinheiro para o desporto deve, prioritariamente, ser fornecido à base dos Sistemas Desportivos, quer dizer, aos clubes, sobretudo aos pequenos clubes que produzem prática desportiva e não às estruturas do topo que, tendencialmente, evoluem para produzir cada vez mais burocracia. Por isso, integrar um sector de natureza associativa e não lucrativa a funcionar no âmbito da economia social nas linhas de financiamento e mecanismos de apoio à economia real trata-se de uma opção contranatura que é necessário, a todo o custo, contrariar. A promiscuidade que hoje já habita no desporto deve ser combatida sob pena do desporto se transformar num simples espectáculo circense (o que em muitas circunstâncias já está a acontecer) à semelhança daquilo que se passava na Roma antiga;
(3º) A valorização social do desporto tem-se traduzido na valorização social e política dos seus dirigentes, enquanto os ex atletas andam completamente ignorados e perdidos pelos cantos do esquecimento. Por isso, hoje, em muitos países, valorizar socialmente o desporto significa valorizar social e politicamente os dirigentes. Quando tal acontece através da constituição de fundos especiais à custa do dinheiro dos contribuintes trata-se de uma aberração;
(4º) Diz-se que Salazar quando não queria resolver um problema criava uma comissão ou um grupo de trabalho. Propor a revisão geral do sistema fiscal e incentivos fiscais para o desporto!!! Para quê? O desporto do que mais necessita é de programas de educação desportiva, promotores de cultura desportiva. O resto e tudo o mais virá por acréscimo;
(5º) A escassez de agentes desportivos é outro mito que salta para o discurso politicamente oportunista. Escassez baseada em que estudos? Faltam dirigentes profissionais? Benévolos? Ninguém sabe! E qual é a escassez? De quantidade? De qualidade? Escassez baseada em que fundamentos: Num modelo de desenvolvimento sustentado no mercado ou sustentado no Estado?
(6º) A inclusão da ideia peregrina que, geralmente, salta para o rol de reivindicações é o turismo. Na realidade, o turismo necessita do desporto nos seus vários aspectos para o desenvolvimento de projectos. Já o desporto, de acordo com as características de cada país, pouco ou quase nada necessita do turismo para o seu próprio desenvolvimento. Neste sentido, o melhor que o desporto pode fazer a fim de valorizar a interface que estabelece com o turismo é promover o seu próprio desenvolvimento do ensino ao alto rendimento. Quer dizer, se as Federações Desportivas tratarem do desenvolvimento das suas modalidades o Turismo, depois, saberá tirar partido desse desenvolvimento que se repercutirá no desenvolvimento do desporto. Não vale a pena andarem a inventar à custa do dinheiro dos contribuintes;
(7º) Na primeira metade do século passado e nos países menos desenvolvidos até finais dos anos setenta, as campanhas de sensibilização da importância do desporto tinham alguma lógica. A vinte anos passados sobre o século XXI regressar ao passado é de uma falta de visão confrangedora sobre o que deve ser o desenvolvimento do desporto no século XXI. Se o Estado cumprir as suas funções a sociedade civil, naturalmente, também o saberá fazer. O problema é que as estruturas do vértice estratégico dos Sistemas Desportivos, em muitos países do mundo, foram capturadas pelos Estados neomercantilistas e transformadas em meras repartições administrativas. O melhor que pode acontecer ao desporto é que elas não atrapalhem.
10. Relativamente às questões que acabámos de equacionar Portugal podia estar numa situação privilegiada e, até, ser um exemplo. E porquê? Porque, em Junho de 2013, foi criada uma Comissão de Orientação Estratégica que tinha por função o aconselhamento crítico do COP. Tinha uma missão de natureza consultiva e assumia-se como “um fórum de discussão e crítica sobre os eixos de orientação estratégica nas questões ligadas ao cumprimento da missão e finalidades do COP”. E devia assumir-se como um “espaço de diálogo e intercâmbio de ideias, acompanhando as políticas para o desporto e reflectindo sobre o seu posicionamento estratégico e o respectivo modelo de desenvolvimento”. Era constituída pelo presidente do COP, presidentes das Federações Desportivas membros do COP e ex presidentes do COP. Segundo o regulamento, podiam ainda participar, sempre que fosse entendido conveniente, “outras personalidades que não integrem a composição da Comissão”. Ao tempo, a 6 de Novembro de 2013 (Sapo), Mário Santos, Chefe de Missão aos Jogos Olímpicos de Londres (2012), em afirmava: “em Portugal gostamos de fazer análises, mas não de mostrar números”. Na realidade, Mário Santos alertava para a necessidade de se iniciar uma nova era para o desporto nacional em que as decisões deviam passar a ser sustentadas por processos de tomada de decisão que as fundamentassem. Desde logo porque era inconcebível e hoje ainda é que pomposos documentos de orientação estratégica os únicos números que apresentavam e ainda assim acontece eram e são os que referenciam a ordem das páginas. Mas também não se percebe como é que as organizações desportivas do vértice estratégico do desporto nacional não percebem a necessidade de existir um sistema de informação estatística sobre a situação desportiva nacional que, em matéria de políticas públicas, permita tomar decisões minimamente credíveis. Nesta perspectiva, a tal Comissão de Orientação Estratégica podia ter iniciado um ciclo novo, todavia, se alguma coisa aconteceu ou foi produzida ficou no segredo dos deuses do Olimpo porque nada chegou aos simples mortais que habitam nas mais diversas organizações do desporto nacional. Se aquela Comissão de Orientação Estratégica tivesse, realmente, funcionado ao longo dos últimos sete anos, hoje, para além de ser um exemplo para o mundo, o COP estava seguramente munido da inteligência, da informação, do conhecimento e das competências necessárias e, sobretudo, de uma cultura sustentada numa estratégia operativa que permitiria tomar decisões em ambientes de grande complexidade caracterizados pela sua incerteza, volatilidade e dúvida permanente que caracterizam os tempos de pandemia que o Mundo está a viver. Se assim tivesse acontecido, o País não tinha de assistir à mais antiga instituição desportiva do vértice estratégico do desporto nacional a solicitar soluções ao governo quando se sabe que, nos tempos que se vivem, nenhum governo tem capacidade para as dar. Mas este é um imbróglio burocrático que, certamente, o presidente do COP já teve oportunidade de explicar aos presidentes das Federações Desportivas. Entretanto, para memória futura, espero que também explique, muito bem explicadinho, ao País."

Vermelhão: Justiça nos últimos instantes...

Benfica 2 - 1 Sporting

Odysseas; Almeida, Dias, Jardel, T. Tavares; Weigl, Gabriel(Tino, 65'), Pizzi, Cervi(Jota, 90'); Chiquinho(Rafa, 75'), Seferovic(Vinícius, 65')

Mais uma vez, fizemos tudo para dificultar a nossa vida! Num jogo nivelado por baixo, contra um adversário 'quase' sub-23, fomos melhores, criámos mais oportunidades, mas o desperdício esteve quase a ser fatal... E onde a 'gestão' da vantagem mínima foi novamente deficiente! Sendo que desta vez, foram os Cantos a nos safarem!!!
Num jogo que para nós, só interessava pela rivalidade, e pela motivação para o jogo da final da Taça do próximo Sábado... mas que para o Sporting, acabou por os empurrar para o 4.º lugar, e uma maratona de qualificações para a Liga Europa!!!