Últimas indefectivações

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Zivkovic, réu ou vitima?


"O talento e potencial do sérvio é indiscutível. Por isso sempre que se fala da longa ausência de Zivkovic surgem questões não relacionadas com o que poderá ser a sua performance no relvado. 
Bruno Lage referiu que no passado o sérvio abdicou de tentar estar na equipa. E quando assim é, não há qualquer alternativa possível ao treinador. Apostar em quem não cumpre nunca trará mais benefícios que problemas – Maioritariamente ao nível dos aspectos da liderança. Sim, porque o melhor onze nunca é aquele que é composto pelos melhores onze jogadores enquanto individualidades – Coisa que Zivkovic também ainda não provou, diga-se.
Quem seguiu as performances de Andrija nas grandes competições de futebol jovem não pode deixar de recordar um jogador com uma capacidade de desequilíbrio muito acima da média e capaz de chegar a patamares de excelência. Contudo, ver em Zivkovic um jogador de rendimento e capaz de por si só ajudar o Benfica a ultrapassar problemas é apenas uma espécie de “wishfull thinking” de quem, sempre que o sérvio for chamado a jogo sem corresponder, terá uma desculpa diferente para que tal aconteça.
Os treinadores vivem com dados e não com “ses”. Vivem do rendimento efectivo e não de miragens presentes apenas na visão das massas.
Não esteve feliz, no entanto, Bruno Lage nas declarações no final do jogo. Embora perceba o seu sentimento, não deveria ter enviado publicamente recados para quem sonha com um Zivkovic a um nível que simplesmente não está – Mas poderá um dia vir a estar – E isso dependerá bastante mais de Ziv do que de qualquer treinador, ao contrário do que provavelmente a maioria pensará.
Zivkovic vinha de uma longa paragem e a sua performance não sendo boa, não destoou do plano exibicional da restante equipa, embora tenha sido evidente a melhoria do Benfica pós substituições – Também bastante pela entrada de Taarabt. E sobretudo, Bruno Lage não precisa de demonstrar para o exterior que tem ou não razão nas opções que toma. Mesmo que o ruído seja tantas vezes injusto. 

«Este ano, com o fecho do mercado, tem treinado de forma tranquila, a tentar evoluir, a tentar melhorar o registo e a tentar lutar pela posição. Para este jogo senti que lhe podia dar a oportunidade de jogar. Não foi por ele que não criámos mais oportunidades. Pensei nele para jogar entre linhas, jogar por dentro e procurar o remate»
Bruno Lage

A própria avaliação à performance de Zivkovic na Covilhã, não corresponde às declarações finais que acredito visaram sobretudo o exterior, mais que o “interior”. E essa é uma guerra que Lage não deverá nem poderá comprar por toda a razão que possa ter, afinal quem está de fora tem sempre razão e mesmo quando a linha não segue recta, haverá sempre algo que a fundamente…"

Substituições, essas sobrevalorizadas

"Edmundo, celebrado animal nos relvados, brasileiro de talento raro para driblar e assistir, é hoje comentador, ou comentarista, como por lá se diz. Para sublinhar o mérito de Jorge Jesus na final da Libertadores, escolheu uma ideia clássica da análise no futebol: uma substituição bem-sucedida. E não foi sequer a de Gerson por Diego, que alterou de facto as dinâmicas da equipa e a face do jogo, mas em que o desgaste se antecipou à vontade do treinador. Ou seja, teve de ser, que Gerson simplesmente já não andava. Onde Edmundo viu o dedo mágico do português, agora incensado, foi na troca de Arão por Vitinho aos… 86 minutos, rigorosamente três minutos antes do golo do empate. Acontece que Vitinho não tinha feito nada de relevante nesse curto tempo, o que é normal, e nem sequer teve participação directa no triângulo mágico estabelecido entre Bruno Henrique, De Arrascaeta e Gabigol. É, todavia, o modo tradicional de avaliar um treinador a partir do momento em que a bola rola: se mexeu bem ou mal, pensando sobretudo nas três (ou quatro) hipóteses que tem para lançar jogadores a partir do banco. E se estivera a perder, a “boa” troca é sempre aquela em que sai um jogador mais defensivo, como Arão, para entrar um ofensivo, como Vitinho.
Esta forma de olhar vem de um tempo em que a estratégia dominava o jogo. Ou seja, o essencial para aferir da qualidade de um técnico relacionava-se com o talento para escolher os jogadores titulares e a astúcia para surpreender o adversário, fosse nessas escolhas iniciais ou nas mudanças que seria capaz de introduzir. Nada disto deixou de ser (muito!) relevante, pelo contrário. Não só escolher os melhores jogadores para cada partida é muito difícil e tantas vezes decisivo, como gerir bem os noventa minutos, mexendo com o jogo a partir do banco, pode ser obviamente determinante. Mas o que hoje é parte antes era o todo, no tempo em que só havia rudimentos do treino que hoje conhecemos - e essencialmente físico – e os princípios de jogo estavam tão distantes como a capacidade de medir ondas gravitacionais. Hoje, essas dimensões estão englobadas no que chamamos “plano de jogo”, com grande contributo da estratégia, que é a forma como pretendo surpreender o rival e evitar que me surpreenda. E a anteceder as opções concretas para cada jogo está sempre a definição de um modo de jogar - e de treinar esse jogar – que dará corpo a um modelo de jogo, feito de princípios e que corporiza a identidade.
Nos últimos dias, assisti também a apreciações críticas sobre Bruno Lage, porque não lançou Jardel para defender os últimos minutos na Alemanha, ou Diego Simeone, porque trocou João Félix por Vítolo. Claro que se trata de uma análise feita em ambiente de resultado. Lage mexeu mal porque estava a ganhar e empatou com o Leipzig, e Simeone mexeu mal porque estava a empatar e perdeu com o Barcelona. Não coloco sequer em causa o demérito das opções, porque é aceitável que se diga tanto que Jardel podia ter ajudado a conter a ofensiva aérea alemã como que Félix teria sempre hipótese de fazer a diferença num momento de passe ou finalização, em que é melhor que os outros. A questão é reduzir o essencial dos jogos a essa opções e a relevância do treinador a uma troca. E o que me parece é que nenhum dos resultados dependeu directamente de qualquer troca de jogadores. O Benfica não deixou de ganhar na Alemanha por causa de uma substituição, mas antes por falta de um modelo que lhe permita ser forte com os fortes , e que, naquele caso concreto, teria permitido ter mais a bola no meio campo contrário, sobretudo nos momentos em que o desgaste já arrastava para junto da baliza uma estratégia defensiva (até então executada de modo competente e rigoroso). E o Atlético de Madrid também não perdeu por ter trocado Félix por Vítolo. Perdeu porque houve Messi, claro, e Ter Stegen também, mas sobretudo porque Félix - como antes dele Jackson, Gaitan ou Óliver, para falar dos que conhecemos melhor - não está a beneficiar de um modelo que lhe permita ser quem é. Vi no Canal 11 ser apresentada uma estatística reveladora: no jogo em que mais vezes tocou na bola no interior da área contrária ao serviço do Atlético, Félix fê-lo por 4 vezes; no jogo em que o fez menos vezes no Benfica, foram as mesmas 4. E a média - de momentos em que toca na bola dentro da caixa defensiva rival - é agora de 3 por jogo quando antes era de 6. A metade e o dobro. São factos, que se acrescentam aos argumentos. Para o adepto, há sempre uma substituição melhor, sobretudo quando perde, como o jogador que faz mais falta é sempre o que não entrou ou nem sequer foi convocado. E o treinador é por regra criticado se tarda a mexer ou não esgota as substituições, como se um coelho fresco valesse sempre mais que uma lebre cansada. Antes de ser de substituições, este é um jogo de convicções, e faz mais sentido discutir estas do que aquelas.

Nota coletiva: Leicester na sombra de um Liverpool demolidor, é a outra equipa que mais brilha na Premier League deste ano. 2016 será eterno no clube, pelo título mais inesperado em muitas latitudes, mas nunca será lembrado pela qualidade de jogo. O título pode agora ser miragem, que os homens de Klopp não facilitam, mas vai ser difícil esquecer estas raposas de Brendon Rodgers. O mérito do técnico começa na escolha dos jogadores. Grandes e intensos? Não, rápidos e inteligentes. E com o talentoso sempre na base, particularmente nos pés - móveis, dinâmicos, verdadeiramente criativos - de Maddison, Tielemans, Barnes, Ayoze Perez. E até do jovem central Soyunçu, que não deixa lembrar que Maguire existiu e até faz da venda do inglês ao United talvez o melhor negócio da história do Leicester.

Nota individual: Justin Kluivert Filho de arte é a expressão dos italianos para craques que descendem de outros. Justin tem do pai Patrick os traços do rosto e os genes de talento, mas em campo é outra coisa. Bem mais baixo, só que mais rápido e criativo, mais homem que respira a partir das alas que habitante do corredor central, ele é um craque precoce na bela Roma que Paulo Fonseca constrói. E já tem mais que o talento selvagem que os 20 anos garantem, com uma compreensão do jogo que lhe permite ser agitador quase sempre, finalizador cada vez mais (5 golos em 17 jogos esta época) e equilibrador quando necessário. Um craque dos pés ao alto do seu 1,71m."

O Brinco do Baptista #20 - Futebol em Perspectiva Cavaleira

Antevisão...

OPA(h)!

"Para que serve a OPA parcial da Benfica SGPS SA – detida a 100% pelo Benfica – a accionistas dispersos, que detêm 28% do capital social?
Na cabeça de cada benfiquista, o Clube deve ser dono do seu futebol. Logo, recuperar 28% de quem é dono do futebol do Benfica é um propósito "à Benfica". Mas outros objectivos intermédios devem ser ponderados. Por que razão existirão na SAD do Benfica accionistas que, em conjunto, podem eleger um administrador, ou podem aceder, ao abrigo do direito à informação societária, a informações privilegiadas do futebol benfiquista?
Seria aberrante, por exemplo, que o accionista Joaquim Oliveira – sim, esse que também é, ou foi, accionista do Porto e outros clubes concorrentes do Benfica - se unisse ao accionista José António dos Santos para aceder a documentos da SAD do Benfica, como contratos, listas de credores, devedores, fluxos financeiros, etc. No entanto, isso pode acontecer enquanto tiverem as posições qualificadas que têm.
Por outro lado, quem garante aos benfiquistas que esses accionistas não vendem as suas acções a Jorge Nuno Pinto da Costa, Fernando Madureira ou Francisco Marques? Estranho, não é? Mas pode acontecer. Agora, imaginem os calafrios que o Sporting não passa com a posição da Holdimo na sua SAD!
Com uma posição superior a 90%, o Benfica faz o que quiser. Até pode querer vender parte do capital pelo justo valor da SAD, sem que accionistas desalinhados com o Benfica o possam impedir. Essa decisão é - deve ser - dos Benfiquistas.
Por fim, porque é que o Benfica há de estar sujeito à pressão de distribuir dividendos para fora do seu universo, especialmente num ano excepcional - como este de 2019 - em que foi vendido um jogador por um preço superior à valorização no balanço de todos os nossos activos com duas pernas?
Porquê agora, é a questão que se segue. Não é pela ocorrência de nenhum fenómeno cósmico, mas quase. Agora, pela primeira vez em quase vinte anos, o Benfica tem os capitais próprios recompostos, tem capacidade financeira para investir no seu principal activo – a propriedade do seu futebol – e manter o necessário investimento no plantel.
A permanência da SAD em bolsa facilita o recurso à emissão de empréstimos obrigacionistas, ainda que se revelem cada vez menos necessários (já “só” devemos 150 milhões de euros) e mantém a pressão saudável sobre a gestão, pois qualquer interessado – a começar e a acabar nos benfiquistas - pode consultar os documentos publicitados pela emitente Benfica SAD tornando, por isso, a informação mais credível e transparente.
Para a sobremesa fica o preço.
Numa OPA não há vários preços. Ou seja, um para fundadores, outro para órgãos sociais, outro para benfiquistas, outro para não benfiquistas, um para portugueses, outro para estrangeiros. Numa OPA há apenas um preço, e esta é a modalidade de compra legalmente possível.
Tirando da controvérsia do preço aqueles benfiquistas que são accionistas de centenas de acções e que nunca as venderão, restam os investidores financeiros e/ou aqueles com posições qualificadas, neste grupo se inclui Luís Filipe Vieira. A propósito, o Benfica tem utilizado a sua participação accionista conjugada com a do seu presidente e de mais ou outro investidor de 2001 para formar maiorias qualificadas. Mas quem garante que isto será assim para sempre? Alguém sabe como pensam os seus herdeiros?
O preço de cada acção reflecte o valor da sociedade anónima e para chegar ao valor justo há um sem número de critérios, sobre os quais não especularemos.
Saber se o valor de 5 euros proporciona mais valias, se não releva a desvalorização sofrida pelos accionistas fundadores ao longo deste período, se premeia o risco daquele momento, se é, por esses e outros motivos, excessivo ou escasso, é assunto que diz respeito a quem tem de decidir se vende.
O que é certo é que o Benfica se disponibiliza a comprar e, se o faz em contexto de intensa regulação, é porque o pode fazer.
O pior que lhe pode acontecer é sofrer uma “contra-OPA”, algo que não se pode excluir neste momento. Aí contaríamos com o benfiquismo de quem tem as acções para não as vender, ou vender apenas se o Benfica cobrir tal oferta. Não se verificando esta hipótese, resta a esperança de que o Benfica reforce o mais possível a sua posição.
Teorias da conspiração sobre conflito de interesses? O campo é fértil e a esta hora não faltarão denúncias. Tanto melhor!"

Afirmação do futebol

"Num momento em que tanto se discutem a qualidade e a competitividade do futebol português, importa destacar alguns factos que demonstram a qualidade do trabalho feito neste sector:
1. Na presente temporada, Portugal tem vindo a cimentar a sexta posição no ranking de clubes da UEFA, só abaixo de Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, cujas ligas são consideradas, há muitos anos, as mais ricas do mundo, além de se tratarem de países cujo desenvolvimento económico e dimensão do mercado interno, em quantidade e valor, em muito excedem os nacionais. Logo a seguir estamos nós integrando claramente o pelotão da frente do conjunto europeu;
2. O sector do futebol tornou-se num exportador de excelência. Entre as centenas de jogadores e as dezenas de treinadores que procuram a sua sorte no estrangeiro figuram alguns dos mais reconhecidos no futebol mundial. Em recente eleição somos o único país que tem dois jogadores entre os dez melhores do mundo. Três nos trinta. Além de vários treinadores consagrados além-fronteiras, bem-sucedidos desportivamente, e até um empresário considerado, por muitos, como o mais influente a nível mundial. Sem capacidade de organização e muita competência na formação de jogadores e treinadores, esta dinâmica, acentuada na última década, não poderia existir;
3. O sucesso desportivo das várias selecções atesta o notável trabalho que tem vindo a ser feito pelos clubes ao nível da formação nas áreas técnicas, organizacionais e infraestruturais, e também da própria Federação, que soube criar as condições para aproveitar o muito talento desenvolvido pelos clubes. Basta lembrar que somos Campeões da Europa e vencemos a nova Taça das Nações;
4. Compare-se o número e nível de opções que o actual seleccionador tem à sua disposição com o que acontecia até há poucos anos. Para além do grau de experiência internacional com que os jovens talentos chegam aos escalões principais;
5. Este sucesso não se limita ao futebol profissional e à formação, mas também ao futsal e futebol de praia. Os títulos sucedem-se, granjeando prestígio e dignificando o país;
6. Nas competições nacionais, temos assistido a uma cada vez maior aproximação entre equipas dos vários escalões, nomeadamente nas condições de trabalho, o que se reflecte, em particular, nas Taças, em que se têm verificado, com cada vez maior frequência, as chamadas surpresas. A qualidade de jogo apresentado por essas equipas demonstra o valoroso trabalho realizado por dezenas de clubes. 
Muito mais poderíamos destacar, sem que deixemos de reconhecer o muito que está por fazer. Mas talvez seja a altura de nos consciencializarmos de que o futebol português é um sector que se distingue, pela positiva, da esmagadora maioria dos sectores de actividade em Portugal, obtendo um reconhecimento ímpar no estrangeiro e marcando presença em lugares cimeiros dos mais variados rankings, mesmo apesar de vários constrangimentos.
Um deles tem a ver com a falta de público – ainda mais gritante noutras modalidades – o qual aponta, como razão principal da ausência de estádios, os preços excessivos dos bilhetes.
Neste âmbito, importa referir a discriminação de que o desporto é alvo presentemente, sendo-lhe aplicada a taxa normal de IVA (23%), contrastando com outros espectáculos em que lhes é aplicada a taxa mínima (6%).
Esta é uma situação incompreensível, já que o desporto cumpre os critérios evocados para outros tipos de espectáculos, tais como, por exemplo, o seu carácter tradicional e a implantação em todas as regiões do País. Além de que viu a taxa de IVA aumentada aquando das medidas da “Troika”, não tendo sido agora alvo de reversão, à semelhança de muitas outras recentemente.
Se existe sector que muito tem prestigiado o País é a indústria do futebol, e pela riqueza directa e indirecta que gera não está a exigir nada a que não deva ter direito."

Cadomblé do Vata (Ciclos...!!!)

"1. O Vitória saiu com a vitória do jogo contra o Vitória e o Benfica já só vê Braga por uma palhinha bem fininha... ficamos perto de confirmar que na Taça da Liga andamos claramente em contraciclo: quando não valia chavelho varríamos tudo; a partir do momento em que passou a ser equiparada a campeonato, deixamos de a ganhar. 
2. André Almeida continua lesionado e a imprensa diz que está em risco para a Champions... detesto quando individualizam as coisas, especialmente neste caso em que toda a equipa do Benfica está em risco na Champions.
3. Uma vez mais, o FC Porto rotulou de estranha a forma como o Marítimo se apresenta quando defronta o Benfica e até à data, nenhum madeirense contestou as declarações oficiais do clube portuense... eu aproveito para rotular de estranha a forma como os maritimistas nunca respondem às constantes acusações vindas do Dragão.
4. Em Inglaterra, Marco Silva segue de mau resultado em mau resultado e pouco falta para ter as malas à porta do estádio... é mau porque as duas coisas que mais contribuem para a contestação de um treinador do Benfica, são o Jesus a ganhar e o Marco desempregado.
5. O Presidente da UEFA anunciou que vai propor uma tolerância de 10 a 20 centímetros nos foras de jogo... entendendo-se portanto, 10 centímetros para os clubes pequenos e 20 centímetros para os clubes grandes."

Os números mágicos de Lage: só mesmo o algodão não engana

"São 31 jogos na Liga com 29 vitórias e só uma derrota. São 101 golos marcados e somente 20 golos sofridos. Uma média de 3,3 golos por jogo. Estes números são impressionantes. Principalmente quando olhamos para o contexto deste treinador. Bruno Lage é um estreante. Estreou-se enquanto treinador principal de um equipa principal aos 42 anos. Foi no dia 6 de Janeiro de 2019. Agarrou uma equipa em cacos e quase sem treinos teve de enfrentar a desconfiança que os adeptos e dirigentes do clube tinham num desconhecido. E ainda por cima aos 20 minutos já perdia por 0-2. E foi a partir daí que se lançou para o estrelato. Virou o resultado e mais à frente virou o campeonato.
Campeão nacional, vencedor da supertaça com um expressivo 5-0 frente ao Sporting CP e ao fim de 12 jornadas lidera o campeonato com 11 vitórias e somente uma derrota. São 12 jogos, 29 golos marcados e somente quatro golos sofridos. Simultaneamente líder, melhor ataque e melhor defesa do campeonato. Com este registo é necessário recuar a 83/84 para encontrarmos um melhor arranque de época dos encarnados.
Apesar do que estes números fariam acreditar, a contestação ao actual treinador do Sport Lisboa e Benfica é cada vez maior. O sucesso na Liga é proporcionalmente inverso ao sucesso europeu e o futebol visto nos relvados é cada vez mais desapontante.
Os números de Lage também lhe trazem um problema: a expectativa. Os adeptos encarnados tinham as expectativas bem lá no topo quanto à transformação que o novo técnico poderia operar no futebol da equipa. Mas tem sido de uma enorme pobreza.
E o adepto vai ao estádio em festa, quer assistir à sua equipa vencer, mas também brilhar. Quer empolgar-se com os jogadores e as suas jogadas. Quer divertir-se e apaixonar-se. Hoje temos um Benfica de futebol amorfo e aborrecido. Um futebol que não convence e que deixa a clara impressão de que qualquer adversário com alguma qualidade pode começar a ferir gravemente a águia.
O que aconteceu ontem – o empate na Covilhã – já poderia ter acontecido antes. Bruno Lage tem razão quando diz que o SL Benfica pelo que jogou podia ter vencido. Mas pelo que jogou, empatou e também o podia ter perdido. E tal como empatou ontem, quando poderia ter ganho, também em Vizela, Tondela, nos Açores e em Moreira de Cónegos poderia ter empatado ou perdido, mas venceu. 
E este é o problema que assola os benfiquistas. Os números de Lage são espantosos e continuam a crescer, contudo é um crescimento cada vez com menor fulgor. Fica a sensação de que a qualquer momento, sem grande alarido nem revolução, estes números tão positivos podem começar a ficar na sombra de outros fortemente negativos.
Há uma lição neste contexto que usualmente não é muito entendida pelos nossos lados. Um treinador não é bom porque ganha, nem é mau porque perde. Sim, os resultados são o objectivo final, mas a qualidade de um treinador percebe-se na forma como esses resultados foram obtidos e isso é impossível ler em tão básicas estatísticas e indicadores.
Depois de um bom resultado com uma má exibição, virá sempre um novo jogo. A competição e a análise não acabam naquela vitória. Não perceber os deméritos na vitória e os méritos na derrota só aproxima a equipa de futuros maus resultados.
Bruno Lage tem os números a seu favor, mas tanto ele como a estrutura directiva do clube têm de perceber que esses números somente indicam um excelente arranque no que a resultados diz respeito. Nada dizem sobre a qualidade do jogo da equipa, a qualidade do trabalho técnico e muito menos sobre como decorrerá o resto da época. A cegueira perante estes míticos indicadores poderá muito facilmente levar a que o fantástico arranque seja enterrado por uma histórica queda na segunda volta do campeonato."

Lanças... João Paulo, José & Júlio

O cantinho do Olivier #16

Benfiquismo (MCCCLXXIII)

Bola para um lado...!!!

Derrota... com grande exibição!!!

Perugia 3 - 1 Benfica
25-18, 24-26, 25-15, 25-19


É raro, assumir uma derrota do Benfica, com 'satisfação'!!! Mas o Perugia é uma das melhores equipas do Mundo! É um dos principais favoritos (top-3) à conquista desta competição! Tem um dos melhores jogadores do mundo... para alguns, o melhor mesmo: Leon!!! Todos sabemos que o Voleibol português, está a um nível muito inferior... O Benfica nesta competição não tem obrigação de ganhar qualquer jogo!!! Mas se os Italianos 'pensaram' que podiam 'descansar' jogadores, acabaram por ser obrigados a colocar todos os titulares na quadra!!!
Dito isto, jogámos muito bem... Praticamente no máximo das nossas possibilidades. Terá faltado o Théo do 'ano passado', de resto...
E apesar das várias 'estrelas' que compõem o plantel do Perugia, quase todos eles potenciais titulares do Benfica, foi de facto o Leon que desequilibrou o jogo para o lado dos Italianos: 9 ases!!!


Vitória curta...

Benfica 74 - 70 Ovarense
18-19, 18-16, 14-15, 24-20

A equipa parece cansada, e os próximos jogos Europeus não vão ajudar... Hoje, além do Micah e do Tomás, não jogou o Fábio Lima. Será muito importante nos próximos meses, antes dos Play-off, ter o mínimo de lesões possíveis, com as viagens Europeias, o plantel vai ser 'esticado' até ao máximo...
Valeram os momentos finais, porque tivemos quase sempre em desvantagem...

Derrota em Braga...

ABC 28 - 27 Benfica
(13-9)

Resultado muito difícil de engolir! O actual ABC não pode ganhar ao Benfica! A 'expulsão' do Ristovski não pode ser desculpa...

Ganhar minutos

"A fase de grupos da Taça da Liga tem sido, regra geral, utilizada para testar novas soluções tácticas ou simplesmente dar ritmo de jogo a jogadores menos utilizados, em particular os mais jovens. Acrescem os problemas resultantes da utilização, em simultâneo, de uma maioria de jogadores menos rotinados e entrosados entre si.
Não surpreendem, portanto, as dificuldades sentidas neste tipo de partidas, em que a gestão do plantel, fruto de um calendário muito preenchido (nove jogos em trinta dias), se torna imprescindível. Ontem não foi excepção e há que admitir que, não obstante a criação de oportunidades de golo mais que suficientes para vencer o jogo caso os níveis de eficácia tivessem sido os habituais, a exibição foi menos conseguida.
Infelizmente, as contas do grupo ficaram mais complicadas quanto ao nosso apuramento para as meias-finais, e consoante o resultado da outra partida desta jornada, que se realizará hoje à noite, ficaremos a saber exactamente o cenário que nos espera na última ronda. Certo é que restarão possibilidades de passar à etapa seguinte, independentemente do desfecho do jogo entre Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães.
Pela positiva, além da utilização, no onze inicial, de sete jovens formados no Seixal (a maior parte jogara há um ano, pela equipa B, frente ao Covilhã) e a estreia de Jota a marcar um golo pela equipa principal, há que realçar o ambiente festivo vivido na Covilhã ao longo do dia. A raridade da presença da nossa equipa naquela região do país ao longo das últimas décadas explica o entusiasmo existente.
E sem desprimor para a justiça do resultado, para a qualidade, mérito e empenho da equipa do Covilhã ou o reconhecimento da exibição menos positiva da nossa equipa, cabe-nos, infelizmente, ter de referir a arbitragem lastimável, desta feita, de Rui Oliveira.
Uma arbitragem que faz recordar aquela das meias-finais da Taça da Liga da temporada passada, contribuindo para o crescente descrédito desta competição.
É incompreensível que a falta para grande penalidade, cometida sobre Raul de Tomas na primeira parte, não tenha sido assinalada. Houve diversos lances mal ajuizados e o mais caricato ocorreu nos últimos minutos da partida, com um livre potencialmente perigoso à entrada da área do Covilhã transformado em livre contra o Benfica.
Dias e noites infelizes todos temos, mas há uns que têm mais que outros e Rui Oliveira parece ser um desses. Basta relembrar que, sentado no conforto de uma cadeira enquanto VAR, certa vez não viu uma grande penalidade favorável ao Santa Clara e noutra ocasião promoveu a reversão de uma boa decisão – um fora de jogo bem assinalado – que penalizou o Feirense, concedendo um golo ilegal ao adversário. Coincidentemente, ambos os erros ocorreram no Dragão, favorecendo a equipa da casa. 
Agora há que centrar o foco no Bessa, já na sexta-feira, para procurarmos a conquista dos três pontos e, assim, mantermos a liderança isolada no Campeonato Nacional. #PeloBenfica

P.S.: Hoje, às 19h30 (hora de Portugal continental), dar-se-á a estreia do Benfica na Liga dos Campeões de voleibol em casa do Perugia, em Itália, a equipa que é considerada favorita no grupo em que o Benfica está inserido. Trata-se de um momento histórico para o voleibol nacional, com a presença da nossa equipa entre as vinte melhores da Europa."

Grupo F

"1. «Sporting perde com o Gil Vicente e não aproveita deslize do Famalicão». Esta notícia diz tudo sobre o estado do SCP, cujas retomas têm sido como muitas promoções da Black Friday: fictícias.
2. Qualquer miúdo que jogue Football Maneger consegue fazer melhor plantel do que Hugo Viana, mas Silas também não ajuda: a insistência no fetiche Tiago Ilori já começa a roçar o sadomasoquismo.
3. Concorde-se ou não com as votações, não ir às galas quando não se ganha é saloia falta de desportivismo. Ronaldo também não iria a jogo se soubesse que Maurizio Sarri o tiraria aos 55'?
4. Fábio Veríssimo consegue complicar a errar até com o jogo parado. É obra. Tirar o golo a Carlos Vinícius é aberração.
5. Depois de andar a jogar a Liga dos Campeões como se fosse a Taça da Liga, esperava-se que o SLB jogasse a Taça da Liga como se fosse a Liga dos Campeões.
6. Curiosidade estatística: o médio Alfa Semedo tem tantos golos no Nottingham Forest, em menos jogos e minutos, do que RdT no Benfica: dois.
7. Lance Amstrong: «Não me deixam sequer jogar ténis de mesa ou badminton». Não devia sequer jogar palavras-cruzadas, sopa de letras ou sudoku.
8. João Félix anda irritado com as substituições no Atl. Madrid. E com razão. Em média é utilizada só 68,6' por jogo.
9. Sobre a indemnização de €3M do SCP a Mihajlovic: Sousa Cintra não pode achar que fez trabalho infalível só porque ama o Sporting de forma incondicional.
10. Ganhar a Libertadores não é garantia de que vai aparecer o tal grande europeu que Jorge Jesus tanto deseja (e merece). Marcelo Gallardo ganhou duas vezes o troféu e continua no River Plate.
11. O grupo de Portugal no Europeu-2020 só podia ser o F, a primeira letra da palavra que quase todos pensámos e muitos soltaram após o sorteio.
12. Fernando Madureira e o sorteio da Taça de Portugal: «Queríamos o Benfica em nossa casa para conhecerem a raça, a mística e o ADN do Canelas». Do Canelas e nas canelas.

P.S. - Obrigado, Zé Luiz. Golaço!"

Gonçalo Guimarães, in A Bola

O sapateiro e o rabecão

"O Mundial de futebol de 1998 marcou o início da padronização dos critérios quanto aos marcadores dos golos. O princípio, claro e justo, pretendia premiar a iniciativa atacante, atribuindo a quem rematava enquadrado com a baliza a autoria do tento. Para chegar a este resultado, a FIFA trabalhou com peritos, ex-jogadores e treinadores, que estavam abalizados a produzir doutrina.
Aos árbitros, que já têm tanto com que se preocupar, não deve ser pedida, ainda, a responsabilidade adicional se serem os decisores de quem é que marcou o golo, porque não estão tecnicamente habilitados para tal.
Na última jornada da Liga, Vinícius, do Benfica, rematou para a baliza do Marítimo e, em desespero, já perto do risco fatal, um defesa insular mais não fez do que confirmar o golo. Interpretando correctamente os ditames da FIFA, quase toda a gente atribuiu o golo a Vinícius. Apenas o árbitro Fábio Veríssimo marchou com o passo trocado e decidiu que tinha sido um autogolo, o que mostra que pode conhecer as leis, mas não percebe minimamente o jogo. E sem perceber o jogo, como sucede a muitos árbitros de aviário, nunca poderá ter bons desempenhos...
Aqui chegados, não seria de bom tom que a Liga de Clubes, para evitar que as estatísticas oficiais fiquem adulteradas (porque tanto para a Bola de Prata quanto para a Bota de Ouro o que releva é a opinião do jornal A Bola...), aliviasse os árbitros deste fardo de serem eles a decidir quem é o autor do golo e entregasse as situações que podem envolver alguma polémica (e nem é o caso em apreço, tão claro que ele é) a um painel que percebesse o que está em causa? Fica a sugestão..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Prémio justo

"Benfica superior e mais controlador. Covilhã com muita coragem e muito organizado

Equilíbrio
1. Destaque para o onze inicial apresentado por Bruno Lage, com muitas caras novas em relação ao último jogo oficial. Mais uma vez, o treinador do Benfica a passar a mensagem de que todos contam. Lage continua fiel ao que tem dito e ao projecto da sua formação.
Se de um lado estava uma equipa com os melhores valores individuais, do outro um Covilhã comum onze com mais rotinas colectivas, concentração e determinação. Parece que foram estes os factores que equilibraram o jogo.
Não tenhamos duvidas de que tudo isto que os leões da serra apresentaram por vezes supera valor individual.
Prova disso mesmo é o início das duas partes do Covilhã.
Com o desenrolar da primeira parte e o aumento da velocidade da circulação de bola, o Benfica consegue maior controlo do jogo, dispondo mesmo de algumas oportunidades para marcar.

Organização ofensiva
2. Benfica: saída de bola com centrais abertos e laterais adiantados; dois médios de ligação, uma linha de quatro com Gedson perto de Raul de Tomas.
Gedson procura espaços livres entre a linha média e defensiva, Zivkovic dava largura num corredor para receber e procurar depois zonas interiores, quer em condução quer em tabelas. No corredor contrário, Jota procurou mais jogo interior pelo seu posicionamento, para libertar o corredor lateral para o Nuno Tavares.
Nas dinâmicas do último terço, movimentos de aproximação de Zivkovic para atrair o lateral, com a movimentação de Gedson para o corredor, deslocando desta forma um defesa central, permitindo uma situação de homem contra homem (Raul de Tomas mais central). Outra forma de procurar e espaço era com o jogo interior de Jota, procurando servir Raul de Tomas, aproveitando o espaço entre lateral/central ou central/central.

Lições
3. Se o início da partida poderia ter servido de lição para o Benfica, e quando tudo fazia prever que a lição estava assimilada, a verdade é que o início da segunda parte demonstrou exactamente e contrário, só que desta vez a lição teve custos (golo sofrido).
Perceptível alteração, ao intervalo, de Bruno Lage ao colocar Vinícius, isto porque, na primeira parte assistimos a duas realidades diferentes. Por um lado, o Covilhã sempre que chegava à área ofensiva fazia-o com três/quatro elementos em zonas de finalização, já o Benfica demonstrou alguma dificuldade em colocar mais do que um ou dois elementos para finalizar.

Conclusões
4. Influência ou importância que escassos momentos de desconcentração podem ter no desenrolar de um jogo. Se a vantagem trouxe ainda mais motivação e entreajuda ao Covilhã para justificar o golo marcado, já a desvantagem provocou sentimentos contrários ao Benfica, a obrigação de vencer, o querer fazer muito rápido e o arriscar em demasia, provocando desequilíbrios defensivos, permitindo ao Covilhã contra-ataques perigosos podendo avolumar a vantagem.
Conclusão: Benfica superior e mais controlador. Covilhã com muita coragem, muito organizado e com prémio justo."

Armando Evangelista, in A Bola

Entre o Euro(continente) e o Mar(ítimo)

"Este 5.º jogo europeu da época prova que teria sido perfeitamente possível prosseguir para os oitavos da Liga do Campeões. Fica a lição.

1. Em Leipzig, terminou o jogo e eu maldisse o fatídico minuto  92. Num ápice, passou-se da possibilidade de continuar na Champions para tal bastando uma vitória em casa contra o Zenit, para uma mais difícil possibilidade de apenas continuar na Liga Europa. É assim o futebol, em que tudo se transforma em positivo ou negativo num qualquer instante. O tal minuto em que, por exemplo, Jorge Jesus ao serviço do Benfica perdeu um título nacional e uma final europeia é o mesmo minuto que lhe permitiu festejar heroicamente a ambicionada Taça dos Libertadores sul-americana.
Este 5.º jogo europeu da época prova que teria sido perfeitamente possível prosseguir para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Bastava ter jogado quanto foi conseguido, em grande parte do encontro, na Alemanha. Fica a lição.
Desta e de anteriores campanhas europeias do Benfica há uma conclusão que tiro: a de que numa competição altamente exigente e com uma intensidade ininterrupta, a equipa precisa de ganhar peso corporal e de choque, para juntar à capacidade técnica que existe. Por exemplo, Vinícius provou por que razão a sua presença em Leipzig foi importante. Seria, aliás, interessante conhecer uma estatística sobre a percentagem de duelos ganhos (ou melhor, perdidos) em bolas divididas neste cinco jogos já disputados, com as consequências que daí advieram.
Nas horas seguintes ao jogo, ouvi alguns protagonistas habituais da análise e comentário perorarem sobre o jogo, as suas contingências e as opções de Bruno Lage. Embora desolado, sorri de quando em vez. É que, mais uma vez, constatei quão científico é comentar e criticar as incidências de uma partida de futebol depois de ela se ter realizado. Por outras palavras, é o resultado no fim do jogo que sempre estabelece o racional (ou irracional) do comentário. Neste caso, bastaria o jogo não ter tido os minutos finais, e como seriam outros os comentários e como se tiraria o chapéu às opções do treinador. Disse-se, insistentemente, que Bruno Lage a ganhar por 2-0 num jogo decisivo e faltando poucos minutos para tudo acabar, deveria ter reforçado a defesa e o meio-campo defensivo. Compreendo, mas imagino o que é que se teria dito se, por exemplo, Jardel e Florentino tivessem entrado e o Leipzig marcasse os tais dois golos. Que o treinador teve medo, que recuou em demasia, que o Benfica deixou de existir no meio-campo contrário e se ofereceu ao adversário. Enfim, é proverbial esta compulsiva tendência para oscilar entre o bestial e a besta, já com o resultado definido e o totobola conhecido.
Ainda sobre os comentários e, em nota de rodapé (ainda que não em rodapé), acho absolutamente insólito e deslocado que, na TVI, que transmite jogos da Champions, o principal comentador (para além de antigos atletas) da única equipa que disputa esta competição, que é o Benfica, seja o comentador residente do FC Porto de todas as semanas. Com isto, não estou a desmerecer a pessoa em causa, mas seria de elementar bom-senso que se evitasse tal opção oblíqua. Pouco cuidado, para não dizer outra coisa, de quem lá manda. Também aqui não basta ser, é preciso parecer. E, apesar do esforço do comentador, nem sequer vale a pena ser politicamente correcto porque a normalidade clubista está para além do habitual pregão de «acima de tudo, sou português, e eu do clube X desejo que os rivais vençam sempre». Em geral, abomino a hipocrisia de que, muitos adeptos incondicionais de um clube grande, proclamam «com sinceridade» o desejo de um seu rival ter assinalável êxito fora do país. Há uma palavra em alemão, de difícil tradução, Schadenfreude, que exprime em sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio de um terceiro. Por muito que se disfarce o Schadenfreunde, mais tarde ou mais cedo ele é perceptível. E, no caso em apreço, não havia necessidade...

2. Três dias depois, o Benfica prosseguiu a sua caminhada de liderança. Bom jogo contra um Marítimo atrevido na dianteira, mas vulnerável na defesa. Seja qual for o próximo futuro, a nível nacional, os números falam por si: 12 jogos no campeonato, 11 vitórias e apenas 4 golos sofridos. Nunca é demais repetir, sobretudo para quem gosta de pôr em causa ou criticar pavlovianamente o trabalho e competência de Bruno Lage (mesmo entre os adeptos do clube) sempre que algo corre mal ou comete um erro, que o treinador encarnado atingiu na principal competição nacional 31 jogos, tendo vencido 29 (94%!), perdido 1 e empatado um outro, sendo o percurso fora de casa 100% ganhador.
No jogo de sábado, ficou à vista de todos que Carlos Vinícius é um bom jogador e só tem olhos para a baliza contrária. Marca golos com uma excelente média de jogo e se é certo que também falha, isso acontece porque, em regra, está no sítio certo para chutar. Creio que ainda haverá muita gente que tem de digerir a costumeira observação dos tais 17 milhões que custou...
Por fim, como é importante, para uma equipa tecnicista como o Benfica, ter um relvado à altura das suas exigências. Isso foi por demais evidente na estrela do novo tapete. Por isso, mais me custa perceber como é que se andou com um relvado de tufos aos saltinhos e de chuteiras presas em qualquer girândola das pernas, de que resultaram duas lesões bem prejudiciais, a do já renascido Chiquinho e a do insubstituível Rafa.

3. Terminada a fastidiosa fase de apuramento para o Campeonato Europeu de selecções, lá aconteceu um também fastidioso sorteio, onde a inovação foi a de não se saber a constituição completa dos grupos dependendo de um emaranhado de play-off. A Portugal terá calhado a fava, em parte devido ao facto de só ter ganho um dos jogos contas as únicas equipas medianas do seu grupo de apuramento (Ucrânia, uma derrota e um empate, e Sérvia, um empate e uma vitória, esta no melhor jogo da nossa Selecção). Mesmo assim, sabendo-se que a fase de grupos agora sorteada é mais para multiplicar jogos do que outra coisa, porque continua a haver a possibilidade de o terceiro classificado entre quatro selecções poder continuar na prova, creio que Portugal vai ultrapassar esta fase (não nos esqueçamos, aliás, que, felizmente, somos campeões europeus, depois de termos ficado na tal terceira posição, com 3 empates em 3 jogos e atrás da Hungria e Islândia).
Fazendo uma retrospectiva do apuramento das 24 selecções, algumas conclusões se podem tirar sobre a tonta excitação de jogos que só se fazem para entreter, fazer uns dinheiritos e possibilitar recordes de golos, presenças e estreias de jogadores seleccionados que assim aumentam o seu currículo.
Todo o calendário até agora serviu, sobretudo, para eliminar os colossos europeus, cujo objectivo nobre foi o de perderem por poucos. Assim, houve sete selecções que não ganharam sequer um jogo: Montenegro, Lituânia, Estónia, Gibraltar(!), Azerbeijão, Liechtenstein e São Marino, e que nos seus jogos totalizaram - imagine-se o entusiasmo! - 21 golos marcados e 230 sofridos. Se juntarmos outros colossos que só ganharam às atrás referidas selecções, temos mais cinco equipas: Luxemburgo (o que se disse das dificuldades de Portugal antes do jogo com eles foi caricato...), Bielorrússia, Andorra, Ilhas Feroé e a dantes temida Bulgária. No total 12 selecções com a brilhante figura de terem marcado 45 e sofrido 329 golos. Enfim, tanta jogatana de índole quase turística e estatística. É obra.
Acresce que esta fase final, por brilhante ideia de Platini, não se sabe se a troco de alguma coisa, vai ser jogada em regime itinerante entre dez cidades do Continente. Uma espécie de carrossel que vai preceder uam outra maravilhosa e proveitosa (para os do costume) competição mundial no Catar!

Contraluz
- Marca: a de Pizzi, no jogo contra o Marítimo: 250 jogos pelo Benfica, dos quais 218 como titular. Um jogador, por vezes mal-amado, que muito aprecio e que tem tido um desempenho magnífico ao serviço do clube. Não tem tiques de vedetismo, joga com inteligência, é consistente e, não sendo ponta-de-lança, marca golos com frequência.É actualmente o melhor marcador do campeonato.
- Competitivo: o segundo escalão do nosso futebol continua a ter uma intensidade competitiva que pode meças ao campeonato primodivisionário. Este ano, com a bem-vinda revelação do Sp. Farense, guia isolado, bem como do Leixões, dois clubes de grandes tradições, já no plano oposto, a Académica tem revelado um percurso muito insuficiente.
- Campeões: Actualmente somos campeões europeus de futebol, de futsal e, agora, (tri)campeões mundiais de futebol de praia. Absolutamente notável!
- Critério: Fábio Veríssimo continua no seu melhor. Desta vez atribui um golo do Vinícius a um jogador do Marítimo que se limitou a confirmar uma bola que estava a entrar na baliza. Um árbitro que gosta de dar nas vistas, quanto mais não seja pelos disparates.
- Significativo: Doze jornadas decorridas, o Vitória de Setúbal marcou apenas 4 golos (tantos quantos o Benfica sofreu), mas já tem 13 pontos (2 vitórias e sete empates)..."

Bagão Félix, in A Bola