Últimas indefectivações

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lamentável

"1. Lamentável. Como é que um estádio (e para mais moderno) de um dos principais clubes nacionais sofre uma avaria na electricidade que aparece e desaparece várias vezes? Culpa do clube? Culpa da autarquia? É, pelo menos, lamentávle, tanto mais que as condições atmosféricas estavam normais. O haverá algo mais?

2. Lamentável também. Enquanto o jogo estava interrompido, a claque bracarense repetiu até à exaustão os insultos ao Benfica que são habituais nas claques do FC Porto. Não apoiam o seu clube, insultam o adversário. Nada a que não estejamos já habituados. O triste é que em Braga se sigam os maus exemplos de um clube que é internacionalmente conhecido pelos piores motivos.

3. Lamentável igualmente. Mais uma vez o árbitro Pedro Proença marcou um penálti forçadíssimo (quase diria inexistente) contra o Benfica e não marcou um outro (sobre Luisão) que a transmissão televisiva mostrou claramente. Mais uma vez fomos fortemente prejudicados.

4. Lamentável ainda. A falta de comparência da formação espenhola do Liceo da Corunha à final da Taça Contimental do Hóquei em Patins, frente ao Benfica. Conquistámos o título mas sem o sabo que constituira uma vitória em campo. Um clube campeão europeu deveria ter mais respeito pela modalidade, a principal prejudicada com esta ausência.

5. Regressando ao Futebol. Um ponto apenas separa os três grandes, concluindo que está o primeiro terço do Campeonato. Mas o Benfica já foi ao Porto e a Braga (para além da sempre complicada Choupana). E, para além do FC Porto-Benfica e do SC Braga-Benfica, ainda faltam todos os restantes jogos entre os quatro primeiros dos últimos campeonatos... As perspectivas são optimistas mas a equipa terá que o confirmar em campo, onde não tem estado tão bem como na primeira fase do Campeonato e em alguns jogos europeus..."


Arons de Carvalho, in O Benfica

Pode ter sido o ponto do título

"O empate em Braga teria sido positivo, mais ainda depois do Porto ter empatado em Olhão, não tivesse sido obtido num jogo tão manhoso. Este Braga, embora organizado, não está tão forte como nas últimas épocas. Aos três minutos houve uma expulsão perdoada ao jogador do Braga, aos 13 penalty sobre Luisão não assinalado, no 30.º minuto de desconto da primeira parte existe penalty muito discutível que marca a atitude de um árbitro cujo critério mais conhecido é prejudicar o Benfica para mostrar isenção. Lamento porque tinha tudo para ser dos melhores árbitros da Europa.

Se não tem condições para arbitrar o Benfica, Pedro Proença pode pedir escusa dos jogos encarnados, é melhor que fazer uma carreira com erros grosseiros e sistemáticos em prejuízo do clube de que se diz adepto. Eu se fosse árbitro não teria capacidade de isenção para arbitrar o Benfica, reconheço, digo isto na profunda convicção que Pedro Proença é dos melhores árbitros portugueses e um homem sério.

Estiveram menos de 18 mil adeptos em Braga, a maior parte dos quais adeptos do clube minhoto, esta realidade é o corolário da derrota da estratégia seguida pelo clube da Cidade dos Arcebispos, sistematicamente satelizado nas suas atitudes e criando um clima de guerra e intimidação constantes nas deslocações do Benfica a Braga. A verdade e que se o Braga tem conseguido resultados desportivos, (o Benfica vinha de três derrotas em Braga) também é verdade que Braga passou a ser um sítio onde a generalidade dos benfiquistas não gostam nem querem ir, um lugar onde o futebol deixou de ser uma festa. Como diz Artur, em Braga «acontecem coisas», ora o túnel é armadilhado, ora os jogadores simulam faltas, ora não há luz, ora falta água quente, ora o speaker irrompe os jogos com provocações. É tudo por acaso, mas também por acaso há quem não acredite. Tenho pena porque gosto do Braga desde pequeno. Espero que este tenha sido o ponto do título."


Sílvio Cervan, in A Bola

O aeroplano

"Certamente todos vocês se recordam daquele filme enlouquecido de perfeito 'nonsense' que levou o nome de 'Airplane', em português 'O Aeroplano', realizado por Jim Abrahams e pelos irmãos Zucker. O 'American Film Institute' considerou-o o décimo filme mais engraçado de todos os tempos. Ora, se os senhores do 'American Film Institute' tivessem visto a versão recente da obra levada à cena há uns dias, sem Leslie Nilsen mas com D. Palhaço numa interpretação inesquecível, talvez o elegessem como o filme mais grotesco de todos os tempos. É verdade que a fita só foi vista pelos próprios actores e que as versões divergem quanto ao conteúdo. Há até quem diga que chegou a ter minutos de suprema pornografia, senão visual pelo menos vocabular, com insultos a esmo e, tal e qual como na versão original de 1980, peixe estragado a ser servido aos passageiros.

A sarrafusca foi de tal ordem que, de repente, o Madaleno começou a esvaziar como um balão. Lembram-se do filme? Lembram-se de Otto, o piloto automático insuflável? Pois eis que o passageiro do lugar 2A começa a largar ventosidades e nem por isso agradavelmente perfumadas. Pânico a bordo! Três pessoas acorrem em auxílio do arfante; as restantes continuam a ler jornais, a dormir ou a jogar às cartas, já enfastiadas de tanto flato por parte da atolambada figura. Entra então em cena a marafona que, tal como a Eleine do filme, trata de lhe soprar flebilmente no pipo que o pândego esconde no umbigo. Há quem vire a cara, enojado, à medida que a jovem flausina arfa no seu esforço de o devolver às medidas convencionais. É um espectáculo deprimente. O Madaleno ganha, finalmente, cor. Aquele tom amarelado de quem tem a bílis a percorrer toda a corrente sanguínea.

Quando desembarca já é chamborgas do costume, cheio de goela e bazófia. Mas todos nós sabemos que é apenas um bufão insuflável."


Afonso de Melo, in O Benfica

Coisas estranhas

"Antes do início do jogo, o treinador do nosso Benfica pediu apenas que, desta vez, em Braga, não ocorressem “coisas estranhas”.

Findo o jogo, constatámos que todo ele foi feito, mais uma vez, de coisas estranhas. Estranhamente faltou a luz por três vezes, durante a primeira parte do jogo. A EDP terá declinado responsabilidades, quem tem responsabilidades em organizar o jogo diz que é alheia a qualquer responsabilidade, o presidente da Liga de clubes demite-se de responsabilidades e de apurar responsáveis – nada de novo, vindo de quem vem – e o próprio Braga, num comunicado que poderia fazer parte do anedotário nacional, ainda acaba por ameaçar quem ousar questionar as suas hipotéticas responsabilidades no sucedido. Pela minha parte, quando as coisas são estranhas, questiono e não é com ameaças mais ou menos veladas que deixarei de as questionar. As coisas estranhas começam a acontecer com uma tal recorrência naquele estádio, aquando das visitas do nosso Benfica, que seria cegueira não as questionar.

Por falar em cegueira, pergunto-me o que terá levado o árbitro do jogo, o inefável Proença, a não querer ver uma grande penalidade sobre Luisão, uma agressão de Djamal a Gaitan, uma entrada violentíssima de Alan sobre Javi Garcia e a querer ver uma muito discutível grande penalidade do Emerson. Não incluo a exibição do senhor Proença no rol das coisas estranhas, pois a sua carreira habituou-nos a decisões deste teor, sempre extremamente criteriosas, que fazem dele um digno sucessor de árbitros da estirpe de Jorge Coroado ou Fortunato Azevedo.

Para finalizar, deixo ainda uma palavra a Alan e à sua indignação perante as palavras que, supostamente, Javi Garcia lhe teria dedicado. Alan habituou-nos a duas coisas: a enganar, através da simulação de agressões, a verdade desportiva; e a obedecer, de forma solícita, às orientações que lhe são dadas pelos seus superiores. Logo, não estranho as suas declarações, estranho o crédito que alguns lhe dão."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica