Últimas indefectivações

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

10 anos

"Cumpriram-se recentemente 10 anos da colaboração ininterrupta deste vosso amigo com este vosso jornal. E assim como não imaginava permanecer por aqui tanto tempo, também terei de fizer que ele passou bastante depressa.
Ao longo deste período pude, a partir da tribuna, festejar 5 Campeonatos, 2 Taças de Portugal, 7 Taças da Liga e 3 Supertaças, ver o Benfica voltar às finais europeias, e assinalar dezenas de títulos nas diversas modalidades. É caso para dizer que me facilitaram o trabalho, pois a exultação dos sucessos foi incomparavelmente mais frequente do que o lamento dos insucessos.
Ainda que de forma extremamente modesta e à medida das minhas capacidades, tem sido uma honra servir o clube. Umas vezes um pouco melhor, outras não tem bem, há algo de que tenho absoluta certeza: em cada momento sempre procurei defender, apenas e só, os interesses do Benfica.
Ao contrário daquilo que os nossos adversários por vezes pretendem fazer crer quando enchem a boca com 'cartilhas' e 'censuras', é importante dizer que, em 10 anos de crónicas semanais, nunca, mas mesmo nunca, recebi qualquer pressão, ou sequer sugestão, nem da direcção do jornal, nem muito menos da direcção do clube, acerca daquilo que poderia ou deveria escrever ou omitir - mesmo nos momentos em que não me eximi de apontar erros, lacunas ou aspectos que me parecia poderem melhorar.
Sempre senti absoluta liberdade para dizer o que queria. E aquilo que eu queira dizer sempre chegou até si, caro leitor, sem qualquer filtro ou cedência.
É assim o Benfica que eu conheço, e que tenho o prazer de servir já lá vão 10 anos."

Luís Fialho, in O Benfica

Criminalidade

"A criminalidade informática é um dos maiores flagelos da sociedade moderna. Há pessoas que fazem desta prática uma forma de vida. O Sport Lisboa e Benfica tem sido alvo da actuação criminosa de gente sem escrúpulos. Graças à perseverança da nossa classe dirigentes, o Glorioso tem sabido defender-se destes ataques torpes e fará sentar no banco dos réus todos aqueles que lhe provocaram prejuízos morais e patrimoniais. Acabámos de obter mais uma vitória judicial. Todos aqueles que andaram a divulgar informação interna e confidencial do nosso clube, em blogues, irão sofrer as consequências.
O Benfica foi vítima do crime de violação da sua privacidade, por via da divulgação de documentos confidenciais. Todos aqueles que difundiram esses documentos, após a primeira divulgação, cometeram um crime. É falso o argumento que se esses documentos estão disponíveis ao público, na Net, podem ser divulgados. Tendo o crime sido cometido através de plataformas informáticas, na Internet, o Benfica viu-se obrigado a agir judicialmente contra essas plataformas, fossem elas quem fossem e de que país fossem. É sabido que maioria dessas empresas está concentrada nos EUA, pelo que para aí foram dirigidos os esforços da nossa competentíssima equipa de advogados. João Correia, José Luís Seixas, Pedro Correia e Miguel Lourenço formam um quarteto com a mesma categoria de André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo. Graças ao seu profissionalismo e dedicação, os objectivos foram alcançados - as empresas foram intimadas judicialmente a fornecer ao Benfica a informação pretendida."

Pedro Guerra, in O Benfica

Futebol social

"Sou do tempo em que me chamavam à janela para parar de jogar à bola e ir fazer os trabalho de casa. A mim e a todos, de tal maneira que se tornava complicado levar um jogo até ao fim com mesma equipa porque as mães não paravam de gralhar pensando que os filhos não estudavam e só jogavam à bola. Afinal, eu, como tantos outros, não menos do que hoje, estudei, e a bola não me impediu de nada, mas a minha mãe não queria ou talvez não pudesse saber disso.
Hoje faz parte do meu ofício utilizar a bola para fixar os jovens na escola e para os ajudar a desenvolver competências pessoais e sociais importantes para a sua vida. Mas também para atingir patamares de integração social e diálogo intercultural difíceis de conseguir com outras estratégicas. Para promover uma cidadania de valores, para organizar solidariedades e assistir vítimas de tragédias, para combater a pobreza, para o envelhecimento activo jogando futebol a andar, para a prática desportiva daqueles a quem a deficiência ostraciza e para tanto mais...
O que mudou então?
Na realidade, nada! Senão, vejamos:
O gosto das crianças e jovens pela bola é uma constante e prolonga-se pela vida adulta até à velhice.
Os benefícios da prática desportiva para a saúde são os mesmos de sempre.
A capacidade de ligar as pessoas e de estreitar relações sociais entre diferentes, mesmo em situações-limite, mantém-se.
E não é de agora, basta saber um pouco de História e ver o que se passou por exemplo nos campos entrincheirados da Primeira Guerra Mundial com jogos na Terra de Ninguém entre equipas inimigas.
Talvez tenha mudado, isso, sim, a nossa capacidade individual e colectiva de ver que há muito mais no futebol do que o próprio futebol. A sociedade percebeu, finalmente, que existe um futebol social e chegou ao entendimento de todos que as grandes mudanças podem também fazer-se à custa das coisas simples da vida. E uma bola é simples, mas na verdade transforma em brincadeira a forma geométrica da perfeição. Precisamente a esfera na concepção de Aristóteles e Pitágoras, dois homens de visão clara que ajudaram a mudar o mundo..."

Jorge Miranda, in O Benfica

O veludo e a serapilheira

"Não se sabe quem terá dito ou escrito que, com certas pessoas, 'primeiro, vêm sorrisos; a seguir, mentiras; e, por fim, o tiroteio'.
Não é por acaso que a baderna mediática das mais recentes semanas e dos últimos dias confirma a asserção.
Todo o entusiástico acolhimento que os nossos inimigos têm concedido às maliciosas insinuações, às desbragadas falsidades e aos inacreditáveis disparos de canhão boçados (pasme-se!) por alguns Benfiquistas contra os seus próprios correligionários não engana. Pudera! Que melhor 'pratinho de arroz doce' podia ser, assim, servido gratuitamente e de mão beijada, às alarves refeições dos batalhões do antibenfiquismo, do que estes constantes ataques de três 'frasquinhos-de-veneno-com-pernas', ao serviço da sua pequenez e das suas desmedidas ambições, perante a grandeza do Benfica?
Sem, afinal, demonstrarem suficiente consciência do que faziam, começaram a trocar o veludo dos sentimentos pela dureza da mais rude serapilheira das palavras com que verbalizam o seu fel; e, ao se deixarem envolver nas 'canções dos bandidos', parece que sentem gosto em se esfregar nessa lama de uma das mais despudoradas campanhas de ataque que, de fora para dentro, vivemos na centenária história do Benfica. Que lhes faça bom proveito; mas, diante do pasmo geral dos adeptos incrédulos, é certo que cada vez mais perdem as máscaras do bom senso e da credibilidade, gerando crescentes antipatia e repulsa no universo que pretenderiam seduzir.
Diz o povo que a asneira é livre e, num clube construído com base nas diferenças de todos ('E pluribus unum'), mais se aplica a sentença.
Mas tudo tem de ter o seu limite. Como, para nós, e designadamente no nosso contexto e nas presentes circunstâncias, tem de haver balizas para as agendas pessoais; tem de haver contenção nas manifestações de discordância ou nas patológicas pulsões de despeito, de presunção ou de ambição pessoal...

Recomendo a esses que, de uma vez por todas, tenham juízo!
É que, perante o vendaval de alucinados ataques exteriores que se abateu sobre o Benfica, visando denegrir a nossa grandeza histórica e também condicionar e intimidar os frágeis institutos da Justiça portuguesa, depois de 1904, ninguém aqui dentro pode querer 'ser o Benfica'. Nem com base em patranhas e mentiras. Nem com meras manias de grandeza. Nem, muito menos, à força de uns baldes de whiskey..."


José Nuno Martins, in O Benfica

Cadomblé do Vata (especial Amesterdão)

"Vi o Ajax - Benfica através de um canal televisivo holandês chamado VeronicaTV (isto logo à partida é capaz de tirar credibilidade ao que vou escrever a seguir), com comentários pré-jogo, ao intervalo e possivelmente pós-jogo (como deverão perceber, nesta altura o ecrã a minha tv já era só um rectângulo escuro) de um descabelado e de Frank de Boer, que até podia ser o Ronald de Boer, não tenho como saber qual dos dois era... começam a ser demasiadas dúvidas para um parágrafo inicial.
Após uma primeira parte de "Ajax ao ataque e SLB a jogar para o pontinho" como é nota dominante nos comentários ao jogo, foi pedido ao mano de Boer, que elegesse o principal destaque dos 45 minutos iniciais. Este com a pouca experiência que tem de bola, nomeou as oportunidades do SLB. Em rodapé surgia algo como "kansen Benfica" e no ecrã sucediam-se as imagens de jogadores do SLB na área adversária... a jogar para o pontinho. Do que o meu futebolês entendeu do neerlandês grafado nas imagens, foram 10 remates, 4 deles perigosos e 2 enquadrados.
Para início de discussão isto poderia ser suficiente, mas ontem vi a conferência do técnico dos de Amesterdão e não consegui ficar indiferente ao entusiasmo com que se referia a um jogo dividido de "Ajax a atacar e SLB a jogar para o pontinho"..."de cada vez que piscávamos os olhos, o Benfica estava na nossa área... e nós também tivemos oportunidades e isso é muito bom". Que São Eusébio e a Nossa Senhora de Mafalala protejam o pobre Erik ten Hag na visita a Lisboa, de uma turba ameaçadora com faixas em holandês perfeito "Herege: o SLB nunca ataca".
A verdade nua e crua que saiu de terça feira à noite, é que os adeptos do SLB já não conseguem ver além do ódio ao Rui Vitória. O resultado não interessa, a exibição é de somenos e o desinvestimento avultado é pormenor. A Nação Encarnada entaipou os olhos com a cara do treinador do SLB e nada mais interessa. Pode vir um furacão de títulos, que naquelas casas nem uma brisa de Benfica vai entrar. Rui Vitória é aos olhos dos adeptos, uma enorme esponja que absorve todos os problemas do Glorioso. Não sendo inocente das desfeitas do nosso futebol, é apontado como único culpado. O chapéu de chuva perfeito que caiu no colo de LFV.
Ontem acusaram-me de ser "vitoriano". Numa conversa com um benfiquista que respeito muito, ele dava-me razão mas acrescentava "e eu não sou vitoriano, como sabes". Sinto que regredimos 10 anos e voltamos aos anos da catalogação do Benfiquista. O que foi em tempos uma luta "vieiristas / anti-vieiristas" que desfaleceu esmagada pelos títulos, é agora "vitorianos / anti-vitorianos" que nem os títulos conquistados mitiga. Penso seriamente que atingimos aquele momento em que temos de fazer uso da exclamação que continuamente proferimos: ninguém está acima do Benfica. O ribatejano é hoje visto como algo maior do que o Benfica, demitam-no, por favor."

Alvorada... do Gonçalves

Contra factos não há argumentos

"Diz-se que a paciência da massa adepta é normalmente curta, o que se percebe pela vontade de querer que a sua equipa vença. Perdoa algumas falhas, mas o que quer é mesmo a vitória. A qualidade de jogo é esquecida quando a equipa ganha, as falhas individuais fazem parte do jogo se o resultado não é influenciado por esses erros, caso contrário o jogador que cometeu é o responsável pelo resultado negativo e a qualidade de jogo responsabilidade quase exclusiva do treinador. Estas reacções são próprias dos adeptos, fruto da paixão pela equipa e do orgulho no sucesso do emblema. É um quadro normal. O mesmo já não direi de quem tem tempo para reflectir e, por vezes, com uma simples frase cria problemas bem maiores por ser mais adepto do que propriamente responsável.
Todos temos tendência para nos esquecemos que os elementos que marcam a diferença  no jogo se encontram dentro do campo. A sua capacidade é determinante para o sucesso da equipa. Como tal a escolha dos jogadores, e a respectivo formação da equipa, é o momento mais importante da época. Este período, entre épocas, é decisivo para o sucesso futuro. A escolha acertada é a chave do sucesso. Veja-se o que sucedeu este defeso com a nossa maior referência dentro das quatro linhas.
Normalmente temos a tendência de não valorizar devidamente o que, apesar de excepcional, se repete com alguma frequência. O estranho é quando Cristiano Ronaldo está algum tempo sem fazer golos. Agora marcou mais um, que não foi simplesmente mais um. Foi o golo 400 marcado nas Ligas inglesa, espanhola e italiana. São muitos golos em três das Ligas mais competitivas do mundo. Parece tão fácil que este facto não teve o relevo que virá a ter dentro de alguns anos. O mesmo se passou com outros grandes jogadores e goleadores, mas a História (também a de Ronaldo) está feita e nunca pode ser desfeita!"

José Couceiro, in A Bola

Esta crónica não é falsa

"As fake news vão destruir a democracia. E daí? Quem se importa? Que partidos políticos estão a colocar na agenda o combate à praga? Afinal, a quem está a dar o seu dinheiro ou a entregar poder sempre que clica, partilha ou comenta uma notícia falsa?

As fake news são como algum vestuário que se compra nas feiras. Às vezes nem se percebe a diferença. E usamos os artigos sem hesitação, indiferentes se estamos a contribuir para um crime de contrafacção.
E, tal como nas feiras, o embuste só se combate com legislação e acções de fiscalização, mesmo que isso signifique colocar a cabeça no cepo de grandes poderes económicos, de grandes líderes mundiais, de grandes potências. É preciso que os governos e a justiça não se acobardem e que façam algo antes que seja tarde demais para todos nós.
Mais uma vez, assistimos a uma epidemia. Desta vez, durante a campanha para a segunda volta das eleições presidenciais do Brasil, vários empresários pagaram pela circulação de mensagens falsas contra o candidato Fernando Haddad. Facebook e WhatsApp reagiram. Bloquearam e apagaram.
Mas desenganemo-nos. Enquanto as fake news forem um modelo lucrativo para os emissores, mas sobretudo para os distribuidores, vão continuar a invadir as nossas redes sociais. O modelo funciona para políticos, para empresários, para grupos económicos. Não parece claro que haja de facto vontade política para combater a peste.
E também não chegam boas intenções, por muito mérito que tenham. Por cá, elogie-se, ao menos, a intenção de criar um observatório para os média digitais, que incluirá a monitorização de notícias falsas.
Porque, de resto, até os "influencers" digitais estão mais preocupados com "um até amanhã se Deus quiser" ou com o "beijo imposto do neto ao avô". Vai dar cliques e muitos likes. E essa é a verdade que de momento importa."


PS: É sempre engraçado, quando alguém critica aquilo que faz, sem se aperceber que está a fazer isso...!!!

Morder o Diabo enquanto ele esfrega um olho

"Por muita falta de ideias que o Inter manifeste na procura do golo, a serpente que Spalletti pôs dentro da área ‘rossonera’ nunca deixou de estar em modo de ataque. O jogo pode estar quase parado, num marasmo, mas nunca desliga verdadeiramente, pois na frente ‘nerazzurra’ está um predador que mata à primeira tentativa, seja ela mais ou menos preparada. Aquele é o seu território. Mauro Icardi, ponta de lança do Inter, é uma das figuras mais letais à face da terra e comprovou-o no dérbi de domingo, no Meazza, mordendo o Diabo enquanto ele esfrega um olho.
O Diabo, neste caso, acaba por ser mais personificado em Musacchio, enganado no serpentear do assassino ‘rosarino’, mas há também um movimento decisivo de Vecino (autor do cruzamento) a atrair Romagnoli para a linha lateral do campo, quando Candreva levou Rodríguez para uma zona de nenhures. Atenção a este detalhe importante porque foi a troca de posições defensivas no flanco esquerdo do Milan que fez com que Musacchio tivesse ficado em situação mais vulnerável no 1v1 com a serpente, pois Romagnoli deixou de lá estar para preencher a zona do primeiro poste.
A saída de Donnarumma não foi boa, mas a súbita urgência na linha mais recuada do Milan, inclusive de Musacchio, resulta do facto de Romagnoli ter deixado a zona central (1.º poste) para fechar Vecino junto do flanco porque Rodríguez se deslocou para o meio arrastado por Candreva, o médio-direito do Inter.
Embora o momento de organização ofensiva do Inter não me encante, este lance não foi mal gerado. A equipa de Spalletti luta mais do que joga e não me parece que o treinador de Certaldo queira outra coisa. Mas se, pelo menos, não hesitarem em lançar a bola para Icardi, então não está tudo perdido porque o avançado conserta tudo.
Sem Fabián Ruiz, migrado para Nápoles, mas com Lo Celso, outro esquerdino perfumado, trazido por Serra Ferrer, o Betis também encontrou forma de morder o Diabo em Milão, agora na Liga Europa. Admiro o jogo proposto por Quique Setién e tão cedo não me esqueço da construção que culmina no remate esplêndido de Gio Lo Celso. Na ausência de Guardado, foram Canales e William Carvalho a assegurar a condição técnica do meio-campo do emblema heliopolitano ao lado de Lo Celso e o melhor elogio que podemos fazer é mesmo esse: que a forma de estar do Betis em campo fica na memória.
Importa-me mais isso do que saber se ficam em 5.º, 9.º ou 12.º na tabela final. Pode acontecer que fiquem, pode acontecer que não fiquem. Mas sabem entreter, jogam no campo todo contra qualquer oponente e daqui a vários anos vamos lembrar-nos da alegria e da audácia desta malta e de como jogam com mais estilo do que a maioria.
Nesta semana de provas europeias, regista-se também os dois golos de Guerreiro pelo Dortmund ao Atlético, em menos de meia-hora. Continua a ser a melhor opção de Fernando Santos para lateral-esquerdo, desde que se livre dos impedimentos físicos."

Esperanças Olímpicas: o tempo urge. Paris 2024 é já ali

"A menos de dois anos de Tóquio 2020, começa a ficar cada vez mais definido o grupo de atletas e equipas que poderão garantir a sua qualificação para os Jogos Olímpicos. Alguns deles terão também expectativas de participação em 2024 e 2028. Mas não são os únicos.
Milhares de outros jovens têm o sonho de vir a representar Portugal em Jogos Olímpicos. Este é, aliás, o mais comum dos sonhos entre jovens desportistas.
No entanto, nem sempre o processo de treino está orientado para os objectivos dos atletas a longo prazo. Seja por desconhecimento dos treinadores ou por uma suposta necessidade urgente de vitórias, cometem-se erros nos escalões de formação muito limitadores de elevadas performances a longo prazo, sob o ponto de vista físico, técnico, táctico ou psicológico.
Estudos longitudinais são claros nas suas conclusões ao apontarem uma linearidade muito mais frágil do que se poderia supor entre jovens campeões e os que conseguem elevadas performances enquanto adultos. Décadas depois dos primeiros estudos realizados em algumas das principais ligas mundiais que provaram uma maior incidência de atletas nascidos no primeiro semestre do ano de nascimento em relação ao segundo semestre, continua a verificar-se a mesma tendência nos dias de hoje, provando que os inúmeros erros na detecção e orientação de talentos, que privilegiam geralmente o produto em vez do processo independentemente do nível maturacional dos atletas, não foram ainda ultrapassados.
A ausência de uma filosofia e planeamento a longo prazo para os atletas, tendo em conta as etapas do seu desenvolvimento, adaptados às características individuais dos mesmos e apoiados nas diversas áreas científicas, tem levado à perda de inúmeros talentos que se vêem preteridos nas escolhas de quem decide o seu futuro. Escolhas essas muitas vezes centradas no suposto talento excepcional de um ou outro atleta que frequentemente acaba por não se confirmar, pelo facto das características necessárias para o sucesso ao mais alto nível serem tão diferentes das que permitem o sucesso nos primeiros anos de prática.
Porém, felizmente existem exemplos de processos de treino centrados nas reais necessidades de longo prazo dos atletas e menos nas exigências, a curto prazo, de treinadores, dirigentes, clubes, federações ou pais. Onde o projecto desportivo é integrado no projecto de vida de cada um dos atletas. Em que o conhecimento das diferentes áreas científicas é integrado a partir da intervenção de profissionais especializados e posto à disposição das reais demandas dos atletas.
O Comité Olímpico de Portugal lançou o Projecto de Esperanças Olímpicas visando Paris 2024, onde o destaque nas apostas individuais é substituído por um enfoque no desenvolvimento de projectos de grupos de treino em conjunto com as diferentes federações. O objectivo é a melhoria do processo de treino e o aumento da experiência internacional de elevado nível em contexto de treino, onde a cultura de excelência e de trabalho sustentado em bases científicas sejam a prioridade. Procura-se criar uma dinâmica de equipa através de encontros anuais de Esperanças Olímpicas, onde será possível traçar um perfil geral de cada um dos atletas e implementar um plano de formação de treinadores focado em aspectos fulcrais da transição dos escalões de formação para seniores. Tentar-se-á ainda promover a valorização social dos atletas integrados e o apoio da sociedade local aos mesmos, sinalizando os espaços onde estes treinam.
O tempo urge. Paris 2024 é já ali!"

Salvio 250

Conversas à Benfica - episódio 41

Benfiquismo (CMXC)

Sorriso...

Aquecimento... Aniversário, Sr. Shéu, Amesterdão, Jamor...