Últimas indefectivações

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Tic, tac, faz o relógio do mercado. Quem fica e quem sai?

"Com o mercado a encerrar a 2 de Setembro, há ainda tempo para entradas e saídas no plantel do SL Benfica. Apesar de bem apetrechado, com várias soluções de qualidade e polivalência, há ainda espaço para entradas e ainda mais para saídas. Bruno Lage quer contar com um plantel curto e competitivo, com cerca de 20 jogadores de campo. De momento, trabalham exclusivamente às ordens do setubalense 26 futebolistas que não os guarda-redes. Como tal, até final do mercado, deverão abandonar o grupo seis jogadores. Por outro lado, acredito que se juntem três novos nomes aos comandados de Lage, que terá na equipa B um viveiro, onde jovens como Nuno Santos e Tiago Dantas poderão crescer e ingressar no plantel mais tarde.

Saídas
Svilar – O guarda-redes belga, prestes a fazer 20 anos, chegou como promessa e continua a sê-lo. Para ser uma certeza, precisa de espaço para se afirmar e não o tem nem terá no SL Benfica. Pela qualidade que me parece ter, não deverá ser vendido, mas sim emprestado (preferencialmente, sem opção de compra) a um clube que dê ao jogador e ao clube da Luz garantias de (muito) tempo de jogo. As notícias veiculadas e a ausência de Mile Svilar dos convocados para a Supertaça deixam claro que só faltará escolher o destino do belga e, possivelmente, contratar quem o renda como segundo guarda-redes. A isso já lá vamos.
Ebuehi – Contratado há cerca de um ano, foi impedido de jogar por uma grave lesão. Já recuperado mas longe da melhor forma física e desportiva, não se perspectiva que terá muitos minutos se permanecer no plantel encarnado, especialmente depois de André Almeida ter realizado uma das suas melhores épocas e de Lage ter preterido o nigeriano por Nuno Tavares no jogo frente ao Sporting CP. No entanto, à semelhança de Svilar, deverá ser apenas cedido por uma temporada, podendo voltar para corroborar ou refutar o que dele se esperava quando ingressou no clube proveniente do ADO Den Haag.
Conti – Com 25 anos, está na altura de este central argentino se afirmar como titular da sua equipa. Mas essa equipa não será o SL Benfica. É, de momento e de longe, o quarto central do SL Benfica e tal situação terá de ser vista pelo jogador como insuportável. Nenhum jogador quer ser a última solução para a sua posição quando está na idade mais propensa a alcançar a melhor forma física e desportiva da carreira. É mau para o futebolista e para o clube, que poderia e deveria ter – e acredito que terá, já lá vamos – um jovem central como quarta opção para o plantel principal e como primeira para a equipa secundária. Assim, o empréstimo é uma opção, no entanto, tendo em conta os jovens centrais de qualidade que despontam nas formações secundárias do SL Benfica, a saída em definitivo é o cenário ideal.
Fejsa – Campeão, capitão, ídolo, líder, orgulhoso dono de um carrapicho. O internacional sérvio foi tudo isto e muito mais no SL Benfica. Foi e é. Contudo, e ainda que a qualidade não o tenha abandonado, a sua forma já não é condizente com a exigência de Bruno Lage. O treinador pretende montar, em cada jogo, uma equipa avassaladora, que pratique futebol de excelência a alto ritmo. E, ainda que grande seja o apreço que tenho por Fejsa, o sérvio já não consegue aportar à equipa nem um futebol de excelência, nem um ritmo alto. Dessa forma, acredito ter chegado ao fim a bonita história de amor e conquistas que viveram, durante seis épocas, o clube da Luz e o médio sérvio.
Zivkovic – A debandada sérvia deverá prosseguir com Andrija Zivkovic. Depois de este país dos Balcãs ter servido de viveiro do SL Benfica anos a fio, os encarnados preparam-se para, na época 19/20, ver dissipar-se o contingente sérvio do qual fizeram parte Jovic, Markovic, Saponjic, entre outros. Ao contrário de Fejsa, Zivkovic não chegou sequer a construir uma história bonita com as águias, sendo a sua saída quase natural, pese embora a qualidade que demonstrou ter desde que chegou. Belíssimo pé esquerdo. Todavia, a sua falta de vontade e de empenho sempre suplantaram o seu talento. Fala-se num empréstimo, mas a venda seria a melhor opção.
Cervi – Pé esquerdo menos belo, mas ainda assim capaz de estragos, num daqueles dias. O problema é que esses dias têm sido escassos nos últimos tempos, ainda que o argentino tenha demonstrado muito mais empenho e vontade de dar a volta por cima do que Zivkovic. Trata-se, acima de tudo, de uma questão de encaixe. Franco Cervi tem qualidade e capacidade de trabalho, mas falta-lhe uma pitada de criatividade que lhe permita desequilibrar na frente como tão bem o faz Rafa e como tão bem o parece fazer Caio Lucas. Não serve para Lage, que o levou ao Algarve, mas que o deixou na bancada, e, como tal, a sua saída aparenta ser um dado adquirido.
Cádiz – Sempre foi uma incógnita para mim. Via nele potencial, mas via no plantel que se formava demasiada concorrência para que o venezuelano se afirmasse. A lesão que sofreu no jogo de apresentação frente ao RSC Anderlecht travou qualquer crescimento que pudesse ter e ditou claramente o seu destino: Jhonder Cádiz vai ser emprestado. Belenenses SAD (ainda será?) apresenta-se na frente da corrida, seguido por clubes estrangeiros, isto, claro, de acordo com a comunicação social desportiva portuguesa. O destino é ainda incerto, mas a viagem está programada e, talvez, até marcada. Para o ano há mais, Cádiz, para o ano há mais.

Entradas
Guarda-redes – O brilhantismo de Vlachodimos nos mais recentes jogos não anula a necessidade de aquisição de um outro guardião por parte do SL Benfica. Aliás, até torna essa necessidade mais premente. “O SL Benfica tem um belíssimo guarda-redes”, leio e ouço, “para que é que precisa de outro?”. Porque um não chega. Porque as grandes equipas devem ter dois jogadores de valia equivalente para cada posição. Para mim, Vlachodimos não provou frente ao Sporting CP que não é preciso contratar um concorrente. Provou o contrário. Provou que o nível está cada vez mais alto e, consequentemente, é exigível que haja uma segunda opção a esse nível. A diferença entre Zlobin/Svilar e Vlachodimos é cada vez mais notória e abismal e isso Obriga à aquisição de um guarda-redes que concorra e compita com o grego. Porque, de momento, não há concorrência. Além disso, o jogo de pés do Odysseas continua ao nível do Fejsa, se o Fejsa tivesse uma perna engessada. Também há esse pormenor.
Lateral-direito – Ebuehi deve mudar-se para outro clube, Nuno Tavares deve, numa curta viagem, mudar-se para o flanco que é seu (é de Grimaldo, na verdade) e André Almeida continuará senhor da lateral direita encarnada. Posto isto, será necessário fazer ingressar no plantel um digno concorrente para a posição (de preferência alguém com seguro anti lesões, aprendamos com o passado recente). A opção mais acessível e mais badalada nos últimos dias dá pelo nome de Tomás e pelo sobrenome Tavares (sim, outro. Não, não é o último). Dotado tecnicamente e polivalente (direita e esquerda, como alguns partidos), trata-se de um lateral com grande propensão ofensiva, estatura considerável (1,87 m), ainda que esguio e pouco possante (74 kg), inteligente a defender, forte no 1 vs 1 ofensivo e defensivo, grande pulmão e ainda maior margem de progressão. É uma óptima solução e nem a idade me preocupa. Mas preocupa-me o facto de só começar a trabalhar nesta nova época dia 10 de Agosto, por via da participação no Campeonato da Europa de sub-19. Assim, o recurso ao mercado poderá revelar-se necessário.
Central – Com a saída de Conti, o SL Benfica precisará de suprir a ausência do argentino e completar o lote de quatro centrais com um jovem de qualidade garantida que esteja já num patamar de maturidade competitiva mais alto do que aquele em que se encontram Kalaica ou Pedro Álvaro, por exemplo. Alguém que tenha já assumido um papel preponderante na sua equipa. Alguém como Starhinja Pavlovic. O central sérvio do FK Partizan tem sido apontado como alvo do SL Benfica para fazer precisamente a ponte entre as equipas secundária e principal e vejo com bons olhos (apesar das muitas dioptrias) a sua contratação. Após assumir-se como titular no renomado clube sérvio (13 jogos), terá já capacidade para crescer na equipa B encarnada, treinando com Lage e sendo opção em jogos de menor dificuldade teórica, podendo ser aposta forte na época seguinte."

Cassete Vermelha #45 - Supertaça...

«Lei foi feita para que clubes como o Benfica adeqúem grupos àquilo que são claques»

"E eu que pensava que a lei era geral e abstracta e um instrumento para prosseguir o bem comum... Eis a confissão de que esta proposta de lei quer que exista um modelo único de claque: aquele celebrizado por Juve Leo e Super Dragões. Essas claques são, como todos sabem, incluindo o Primeiro Ministro, uma fraude ética e jurídica. São lideradas por gente pouco recomendável que vive envolta em esquemas. Apesar de serem o maior factor de propagação de ódio a nível nacional, têm guarida na aritmética política mas não passariam num exame de cadastro e de idoneidade fiscal. Juridicamente, servem para que os comportamentos violentos e anti-desportivos que propagam não sejam imputáveis aos clubes que as apoiam e incentivam a serem o que são: grupos de intimidação para agentes desportivos e pessoas comuns. São um para-choques para que alguns clubes atropelem pessoas e instituições. A frase do título da notícia é uma declaração retórica de parcialidade. O Primeiro Ministro pode até ser benfiquista, mas é muito mais dirigente partidário que benfiquista. Posicionamento em que não se revêm 99.999999...% dos benfiquistas, para quem o Benfica é autenticidade e superioridade desportiva e moral. Pois bem, aqui fica um repto para os dirigentes e sócios do Benfica: não nos deixemos intimidar por esta ingerência governamental histórica no movimento associativo desportivo, pois esta lei está para a Constituição como as claques do Governo estão para a pacificação no futebol. Se acham que a Liberdade individual e a dignidade humana podem ser condicionadas pelo critério da conveniência política, aguardemos pela resposta nos locais próprios, a começar pelo Estádio da Luz. Força Benfica, desde 1904!"

Notícia de uma transferência claramente exagerada

"E pronto. Quatro horas da tarde no meridiano de Greenwich e a proposta que o Manchester United estava “a preparar” por Bruno Fernandes não chegou a Alvalade. Neste tempo em que os jornalistas dão as notícias e depois ficam à espera que se confirmem, esta era claramente exagerada, apesar de repetida exaustiva e diariamente ao longo de cinco semanas. Exagerada a notícia e exagerados os valores pretendidos.
Nem o milagreiro Jorge Mendes conseguiu vender Bruno Fernandes pelos números sonhados pelo Sporting, ao ser arregimentado tardiamente e quando os cavalinhos e girafas do seu carrossel já estavam montados e sem dinheiro para mais voltinhas. Nem pela moeda oficial da Gestifute, os famosos “mendilhões”, o negócio rodou.
O capitão do Sporting não está sozinho, não foi caso isolado. Neymar, Pogba, Bale, Coutinho, Milinkovic-Savic, Dybala e Eriksen, todos candidatos a transferências milionárias num valor global projectado próximo dos mil milhões de euros, continuam na sala de embarque à espera que alguém se condoa da chatice das suas vidas nos clubes onde não se sentem bem. Aguentem firme.
Se pensarmos nos 10 por cento dos Mendes e Raiolas desta engrenagem, podemos calcular que haja por aí muita gente com as férias estragadas, em esforço extra para gerar uma nova onda de loucura, antes de Setembro, na Europa sem Inglaterra.
Bruno Fernandes e o Sporting voltam-se agora para este segundo mercado, de valores significativamente mais baixos. Só restarão meia dúzia de clubes capazes de pagar 50 milhões por um jogador (Real, Atlético, Barcelona, Paris SG e Juventus, Inter), mas nenhum deles tem o português no azimute. O bluff de Frederico Varandas não virou a mesa.
Milhares de portugueses interrogam-se sobre a falta de interesse do mercado internacional por Bruno Fernandes. Não entendem que os grandes compradores de jogadores adolescentes com poucas provas dadas por verbas exorbitantes optem pela sensatez quando se trata de atletas experientes e de alto rendimento regular. E este primeiro grande fracasso de Jorge Mendes ainda engrossa o pessimismo e o temor de mais conspiração contra o Sporting e a sua recuperação. O baixo sucesso dos jogadores portugueses que emigraram depois dos 24 anos por verbas elevadas pode ser um dos motivos desta desconfiança. Há a consciência, controversa mas real, de que Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo ou Bernardo Silva não teriam chegado ao topo se não tivessem emigrado tão cedo para ambientes muito mais competitivos e exigentes.
Um investimento de 50 milhões num jogador de 25 anos dificilmente gera retorno financeiro, crescendo a tendência para deixar terminar os contratos e sair a custo “zero”, como aconteceu este ano com os ex-portistas Herrera e Brahimi. Bruno Fernandes vai necessitar de repetir a época passada para voltar a valer metade da cláusula de rescisão, o que não deixa de constituir um teste aliciante para ele e para o clube, dando tempo ao superagente para montar uma operação que resgate honra e prestígio de todos os envolvidos."

No postulado das paralelas

"Havia Gerrit Keizer e Gerrit Keizer. Um não media mais de 80 centímetros, o outro tinha mãos que pareciam o mapa do Canadá.

vidas que, por muito que pareçam cruzar-se são como o postulado euclidiano das paralelas que só se encontram no infinito. Por exemplo, Gerrit Keizer ficou conhecido pelo Gigante Voador e Gerrit Keizer ficou para a posteridade como o Príncipe Anão. Como está bem de ver, logo assim à primeira linha, Gerrit Keizer não é Gerrit Keizer. Não sei que postulado será este, mas concebo-o da forma mais simples possível: um Gerrit Keizer muito alto pode esconder um Gerrit Keizer muito baixo. Este Gerrit Keizer muito baixo mereceu mesmo que Jan van der Mast escrevesse um livro sobre ele – De Kleine Keizer (Wervelend epos de kleinste man ter wereld), algo que traduziria, com a liberdade que o meu desconhecimento sobre a língua neerlandesa me permite, como O Pequeno Imperador (Epopeia em redor do homem mais pequeno do mundo). O imperador funciona, obviamente, como trocadilho entre o antropônimo e o título de nobreza, até porque o pequeno Keizer de imperador não tinha nada a não ser o nome, bem pelo contrário, foi figura circense e andou exposto em excursões por Berlim, Londres, Paris e principalmente pelos Estados Unidos. 
Com 80 centímetros de altura, Le Prince Mignon, afrancesaram-no assim, esteve num museu de curiosidades de Chicago dirigido por Mr. O’Donnnell que, à porta, gritava: «Welcome in our museum! We’ve got the grandest exhibition of living curiosity on the globe!!!». Depois apresentava o pobre Gerrit sentado na mão de um apache gigante que tinha, ao lado, outro gigante apache e eram apresentados como gémeos idênticos embora só fossem parecidos pelos penachos que usavam na cabeça. Isto passou-se no início do século passado e por essa altura havia uma mórbida paixão pela teratologia. Gerrit Keizer e Gerrit Keizer não foram absolutamente contemporâneos.
O Gerrit Keizer maior era um tipo verdadeiramente atlético e com mãos do tamanho do mapa do Canadá. O Gerrit Keizer mais pequeno, que acabaria por se casar com uma tal de Johanna Schier, ainda mais pequena do que ele, como se tal fosse possível, sentir-se-ia absolutamente confortável sentado na mão do seu homónimo. Bem mais confortável, aposto, do que na mão do tal apache gémeo mas pouco.
Andava o minúsculo Keizer por Chicago, a fazer espantar meia-dúzia de saloios, quando o grande Keizer, farto de ser o suplente do guarda-redes Jan de Boer, do Ajax, resolveu tomar o caminho de Londres. De certa forma também foi exposto. Nas balizas do Margate, um clubezinho sem ambições do condado de Kent.
Ao contrário do outro Gerrit, este não era de ficar sentado na mão de qualquer apache ou sequer do último dos moicanos. Era tão hiperativo que ganhou a alcunha de Flying Dutchman, como se tivesse um pacto com o diabo como o desgraçado holandês que foi obrigado a vaguear num filibote até ao final dos tempos. Não tardou a seguir para o Arsenal e, na altura, o Arsenal era a grande equipa de Herbert Chapman, o homem que inventou o WM. 
Poucos conhecem a história de Gerrit Keizer. Vi-me e desejei-me para descobrir pormenores sobre ela, mas não se preocupem, diverti-me à brava, ainda por cima porque, pelo meio, descobri pormenores da vida do ínfimo Gerrit Keizer, que também poucos conhecem. Foi por causa de Gerrit Keizer, o espigadote, que durante anos os jogadores holandeses foram proibidos de trabalhar em Inglaterra. Por causa de Keizer e de um australiano chamado Rudi Hiden, tido como o mestre dos ângulos, capaz de tapar todos os acessos a sua baliza só pelos cálculos euclidianos que processava em segundos, tapando todos os espaços iminentemente vazios. Também não sei como se chamará a este postulado, mas agora já não vou a tempo de me debruçar sobre ele.
Sempre ciosos da sua intimidade – e foi por isso que o bom Deus os enfiou todos numa ilha –, os ingleses trataram de, através da The Football Association, de impedir que Hiden assinasse um contrato com o Arsenal, contrato esse que devolveria Gerrit à sua entediante vida de suplente. Ora, como titular, não se mostrou um keeper por aí além. Era mais circense, como o Keizer raquítico. A crítica tratava-o com bonomia: ia de divertido a errático. Alguns jornalistas consideram-no mesmo um louco varrido que vagueava pela sua grande-área falando sozinho e não prestando a mínima atenção ao que estava a decorrer nos arredores dela. Além disso, o Holandês Voador continuava tão apaixonado pelo seu Ajax que, depois de jogar no sábado em Inglaterra, se metia num avião para ir, no domingo, fazer uma perninha, ou uma mãozinha, nas reservas do Ajax, no domingo.
Há vidas que parecem destinadas a cruzar-se, e tanto Gerrit Keizer como Gerrit Keizer eram suficientemente especiais para isso. Ter-se-ão encontrado no infinito, como as linhas paralelas."

O Brinco do Baptista #11 - Benfica em B Maior

Arranque(s)...!!!

A ambição do 38

"Será já depois de amanhã, sábado, às 21h30, que o Benfica receberá o Paços de Ferreira e se estreará no Campeonato Nacional. O objectivo está bem definido e é, como não poderia deixar de ser, à medida da ambição característica do nosso Clube: ser Campeão Nacional!
A magnífica vitória ante o Sporting na Supertaça já pertence à história. Agora é tempo de nos focarmos no campeonato, afinal, o principal objectivo da nossa equipa.
Será uma longa e certamente difícil caminhada, que se espera de muitas alegrias e poucas tristezas, cujo destino todos desejamos ser o Marquês. Para lá chegarmos, teremos de ser mais fortes que os nossos adversários que, compreensivelmente, procuram ocupar o primeiro lugar do pódio que brilhantemente reconquistámos na temporada passada.
Esta edição do campeonato será um deleite para as centenas de milhares de Benfiquistas residentes no norte do país. Das 18 equipas fazem parte cinco da AF Porto (Boavista, Desportivo das Aves, FC Porto, Paços de Ferreira e Rio Ave) e cinco da AF Braga (Famalicão, Gil Vicente, Moreirense, SC Braga e V. Guimarães). O interior está representado pelo Tondela. Na região de Lisboa, além do Benfica, há Sporting e Belenenses SAD. A sul da capital, o V. Setúbal e Portimonense. E cada um dos arquipélagos está representado por um clube, Marítimo, da Madeira, e Santa Clara, dos Açores. Famalicão, Gil Vicente e Paços de Ferreira regressam à Liga NOS.
O Benfica parte para a 86.ª edição do Campeonato Nacional com 37 títulos e o direito de ostentar, nas suas camisolas, as insígnias de Campeão Nacional. FC Porto, 28 vezes, Sporting, 18, Belenenses e Boavista, uma vez cada, conquistaram os restantes títulos.
Desde que o Campeonato Nacional teve início, na temporada 1934/35, o Benfica, além dos já referidos 37 títulos, ocupou a segunda posição 28 vezes e a terceira 15, só ficando classificado mais abaixo em cinco ocasiões. A título de curiosidade, a posição média do Benfica nas 85 edições já realizadas da prova foi 1,88; a de F.C. Porto 2,4; enquanto que a de Sporting foi 2,61.
Humildade, respeito pelo valor de todos os adversários e ambição continuarão a ser as nossas traves mestras. Treino a treino, jogo a jogo que a festa se inicie.

PS1: Foi confirmada a transferência de João Cancelo, mais uma das várias pérolas do Seixal, da Juventus para o Manchester City. O montante despendido pelos ingleses – 65 milhões de euros – constitui um recorde para a posição de lateral direito. Desejamos felicidade a Cancelo neste seu novo desafio e que continue a demonstrar toda a sua qualidade.

PS2: Passamos a reproduzir um excerto da entrevista, publicada pelo site “Desporto ao Minuto”, a Héldon, antigo jogador do Sporting e confesso adepto leonino. São declarações que falam por si. O Héldon estava no Rio Ave em 2015/16, quando se fala que terá havido um aliciamento a jogadores para perderem contra o Benfica. Alguma vez viu algum indício nesse sentido? “Não, não. Nunca me passou pela cabeça que isso fosse verdade.” É então só mais uma história para incendiar o futebol português? “É mais um daqueles insectos que andam por aí a espalhar polémica pelo futebol português.”"

Benfiquismo (MCCLV)

O fim...!!!

Lanças... Supertaça...

Segunda Bola - Supertaça...

Sinais e finais

"Excelente começo de época. Equipa entrosada, superiormente orientada por Bruno Lage, com estabilidade do plantel e serenidade emocional

1. O Benfica compatibilizou-se com a chamada Supertaça. Nos mais recentes 4 edições, ganhou 3 e nas 6 últimas, ganhou 4. Particularmente significativa foi a retumbante vitória no domingo passado. Que se juntou à vitória na International Champions Cup, sendo o primeiro clube fora das 5 ligas principais da Europa a fazê-lo. Excelente começo de época, não haja dúvidas. Equipa entrosada, superiormente orientada por Bruno Lage, com estabilidade do plantel e serenidade emocional, com boas aquisições e fácil adaptação, com a garantia de profícua competição na maioria das posições. Assim se confirmem as boas expectativas ao longo da época. Na final algarvia, Vlachodimos voltou a mostrar, com classe, por que razão é um excelente guardião. Rafa e Pizzi combinam de olhos fechados. Grimaldo cada vez mais influente. Gabriel jogo e faz jogar. Florentino é já um experimentado veterano de 19 anos. Raul de Tomas é brilhante como a brilhantina do meu penteado. Nuno Tavares promete muito.

2. O balanço de uma pré-época é o que quisermos. Se os jogos efectuados foram ganhos ou bem conseguidos, os mais prosélitos logo pré-determinam o que vai ser a época: avassaladora, dominadora e triunfante. Outros mais prudentes, ainda que satisfeitos, pensarão que se trata um bom indício, mas não mais do que isso. No entanto, se a coisa correu mal, dirão os habituais chavões de que ainda não é a doer e o que interessa é preparar os jogos a sério (curiosa esta expressão de jogos a sério, que se ouve amiúde). Seja como for, mais vale uma boa pré-época resultadista do que o seu inverso, sem que daí, porém, se possa tirar qualquer relação directa estatística para as competições que se irão iniciar. Já vi, por exemplo, o Benfica ter más entradas e excelentes saídas e até me lembro, há uns anos, de o Porto ter praticamente perdido todos os desafios de preparação e depois ter ganho importantes títulos. Em qualquer caso, há jogos e jogos. Há os que se ganham ou perdem com relativa normalidade e sem dramas, como, excepcionalmente, há os encontros cuja vitória e, principalmente, desaire podem constituir um desalento e ter sequelas para memória futura.
Por cá (ainda que, em boa parte, lá), o Benfica teve uma boa pré-época, culminada agora com os 5-0 ao SCP. Na prestigiada International Champions Cup venceu os jogos, quando, em edições anteriores, nem uma vez havia ganho. Se exceptuarmos o primeiro jogo na Luz contra o Anderlecht, num relvado impróprio, nos cinco jogos seguintes (já contando com a Supertaça) marcou 18 golos e sofreu 1. Quanto ao Porto, houve sinais indesmentíveis de algum alvoroço e desorientação, que vão ser postos à prova na eliminatória de apuramento para a Liga dos Campeões. Evidentemente que a saída de importantes atletas terá tido impacto, mas há a ideia - certa ou errada - que o plantel não terá ainda digerido a vitória encarnada num campeonato que Sérgio Conceição e os adeptos deram antes por quase assegurado. A saga do guarda-redes para substituir Casillas - finalmente concluída - é um sinal de que a ida do FCP ao mercado já não é o que era. E o caso de Fábio Coentrão que esteve para entrar, mas já não entrou porque uma claque tornava pública uma 'fatwa' contra o ex-benfiquista e ex-sportinguista, é sintomático. Finalmente, o Sporting: não venceu uma única partida e - observado de fora - ficou atrelado a Bruno Fernandes, mais parecendo que era o clube dependente do jogador que o jogador dependente do clube. O 'fica, não fica' não tem deixado de se reflectir na equipa e, aparentemente, no trabalho da equipa técnica. Em suma, se o futebol fosse seguramente lógico, o Benfica seria quase campeão em 2019/2020. Simplesmente, essa aparente vantagem tem de ser comprovada constantemente numa prova de estabilidade, competência e regularidade.
Houve alguns aspectos curiosos, neste defeso dos principais clubes portugueses. Receio que o Benfica, lá pelas Américas, tenha esgotado o seu pecúlio de bolas na trave e na barra na sua baliza, porque no futebol a sorte também é inerente ao sucesso em qualquer prova. O jogador encarnado que, em boa tese de psicologia, deveria estar mais condicionado pelos acontecimentos envolventes (refiro-me a Odysseas Vlachodimos) fez grandes exibições e mostrou merecer a confiança que nele deve ser depositada. Obrigado a Bruno Lage por ter devolvido ao bom mundo do futebol o marroquino Adel Taarabt, a mais recentes aquisição na Luz. Os 3 grandes perderam o jogo que realizaram em casa, ainda que do Benfica tal tenha acontecido no primeiro jogo e no caso dos portistas e leões tenha sido na última partida da pré-época. O Sporting sofreu sempre 2 golos em cada partida, mais os 5 contra o Benfica (ao todo 17), tendo, curiosamente, feito o melhor resultado com o actual campeão europeu.

3. Nem só de futebol vive o desporto. Já passado o clamor do nosso mundial de hóquei em patins, volto a esta competição. A minha geração é talvez a última que teve neste desporto uma das suas bases emocionais para 'conquistar o mundo desportivo' e 'subjugar Espanha' que, na escola, havíamos aprendido ser o nosso eterno inimigo ao longo da História. Curioso que, se para esta, a Espanha era sobretudo Castela, no hóquei é a Catalunha. Transporto na memória campeonatos a fio vividos em fervor e dedicação, talvez mais que no futebol. Lembro-me perfeitamente de, em 1960,ver a final entre Portugal e Espanha jogada em Madrid, na televisão a preto-e-branco, onde vencemos categoricamente, com a nossa equipa 'moçambicana' que, aliás, ganhou 4 mundiais seguidos. Foram precisos 59 anos da minha vida para voltar a ver Portugal conquistar um Mundial em Espanha, agora em Barcelona! Um título saborosíssimo e conquistado sempre in extremis. Fez-me até lembrar o Europeu 2016 de futebol, ganho também desta maneira, no qual e nos 90 minutos, empatámos  dos 7 jogos (apanhámos apenas ao País de Gales), com vantagem, ou no prolongamento, ou nos penáltis. Salvaguardadas as distâncias, no hóquei também não ganhámos nenhum jogo com os principais rivais no tempo regulamentar: eliminámos os espanhóis no prolongamento, os italianos nos penáltis e os argentinos também nos penáltis na final (já haviam empatado com eles, na fase de grupos). E, evidentemente, tivemos um guarda-redes Ângelo Girão, absolutamente notável.
Uma última referência na distância entre o mundial de 1960 e o deste ano. Hoje, a 'aldeia global' chegou a este desporto, ao contrário de antanho. Vejamos, alguns traços dessa irreversível tendência. Por exemplo, na final, Portugal tinha apenas um jogador do Benfica (Vieirinha) menos do que no adversário, a Argentina, onde jogaram dois atletas encarnados (Nicolia e Ordoñez). Na selecção espanhola, nos 10 hoquistas, havia 6 'portugueses': Casanovas e Adroher (Benfica, Edu Lamas (que vai também jogar na Luz), Ferran Fon e Toní Perez (Sporting), Xavi Málian (FC Porto)! E o seleccionador espanhol, Alejandro Domínguez, é o treinador do... Benfica. Já no vice-campeão, Argentina, jogaram outros 6 'portugueses': Nicolia e Ordoñez (Benfica), Platero e G. Romero (Sporting). Reinaldo Garcia (FC Porto) e C. Acevedo (HC Braga). Aliás, na equipa sul-americana, só um dos 10 jogadores está actualmente a jogar no seu país natal (David Páez). A Itália tem dois atletas que jogam ou vão jogar cá: Cocco (Porto), Nicolás Carmona e Angel Vera (Marinhense), na equipa francesa, Carlo Di Benedetto (Porto), Kevin Correia (Física), Remi Herman (Juventude de Viana). No total 19 hoquistas de outras selecções estão a jogar em Portugal. Já na selecção portuguesa houve dois 'estrangeirados': João Rodrigues (ex-SLB) e agora Hélder Nunes (ex-FCP) a jogar no Barcelona.

4. A Volta à França em bicicleta já terminou há mais de uma semana, agora que está rolando a nossa Volta a Portugal apenas acima do Tejo. Registo aqui apenas uma etapa épica do Tour que nos evidenciou não só a superação do homem na montanha sublime, como a expressão surpreendente dos caprichos da Natureza. Uma das mais notáveis etapas que a televisão alguma vez me proporcionou. Refiro-me à que subiu a 2770 metros no alpino Col de I'lseran, a seguir interrompida porque não lá, mas mais abaixo, a 22 quilómetros da meta, houve uma tempestade de granizo e neve (ao mesmo tempo que paris sufocava de calor!). Naquela mítica subida, o então camisola amarela viu esfumar-se a vantagem, ao mesmo tempo que o vencedor da Volta do ano passado G. Thomas não teve pernas para o seu colega de equipa Egan Bernal, que o venceu categoricamente. Trata-se do mais jovem ciclista vencedor desde 1909 (!) e o primeiro colombiano e sul-americano a ganhar o Tour."

Bagão Félix, in A Bola

Contramão

"1. O Benfica fez bem em evitar ir aos penáltis com o Sporting na Supertaça, mas também não era preciso exagerar. Começou no piropo, passou pelo assédio e acabou em acto exibicionista.
2. «Resultado é enganador». Varandas até pode saber o que faz (tenho dúvidas), mas não sabe o que diz. Parecia aquela senhora de 75 anos e conduzir em contramão na A33.
3. «Estou chateado mas não preocupado». Devia. É que o resultado podia ter sido ainda mais «enganador».
4. Miguel Albuquerque foi outra vez agredido. O homem tem íman?
5. Quando foi eliminado da Taça do Brasil, Jesus disse que os penáltis tinham «um pouco de sorte e azar». Duas semanas depois, após seguir em frente na Libertadores, foi claro. «Não é sorte, é trabalho». Em que ficamos?
6. O Wolves contratou Pedro Neto e Bruno Jordão. O pacote tinha como destino a Luz, mas não se preocupem que os CTT não vão despedir ninguém. O carteiro Jorge Mendes é que manda.
7. «Se acham que eu sou bom, esperem até ver o Fábio Paim», disse um dia CR7. Pior do que desperdiçar o talento é desperdiçar a vida.
8. O Tondela esperneou mas vai jogar (outra vez) à segunda-feira  na segunda jornada. De que lado está a Liga? Parem de matar o futebol.
9. «Estávamos interessados em Maguire mas não o podíamos pagar», disse Guardiola. Verti uma lágrima.
10. Domingos Soares de Oliveira diz que não há condições para o Benfica se sentar à mesma mesa com o FC Porto, mas ambos estão na Direcção da Liga. É a geringonça do futebol.
11. Marchesin diz ser parecido com Conceição. Preparem os extintores.
12. A má notícia é que Sá Pinto foi expulso de um voo da Ryanair. A boa noticia é que pode ir para o banco no próximo jogo. E continua muito calmo.
13. Zidane: «Temos uma grande equipa, só precisamos de ganhar um jogo». Eu também sou milionário, só preciso de ganhar o Euromilhões."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

O inadaptado Varandas

"Os treinadores foram fantásticos e deram uma lição de 'fair play' para memória futura e os jogadores inexcedíveis, em profissionalismo e companheirismo

O Benfica nem precisou de encantar os deuses para construir uma vitória inesperada, mas absolutamente justificada em função do filme de um jogo quase de sentido único a partir do minuto 40, quando Rafa inaugurou o marcador na sequência de um lance que denunciou a completa inutilidade da alteração táctica introduzida por Marcel Keizer, ao acrescentar um central no modelo utilizado durante os jogos de preparação.
A simples alteração foi um sinal de fraqueza, de receio pelo potencial futebolístico do adversário, com reflexos imediatos no estado de espírito dos jogadores leoninos, naturalmente condicionados por uma opção técnica temerosa e dispensável. Argumenta o treinador leonino que jogou dessa forma com o Benfica, em Alvalade, e ganhou por 1-0, o que, podendo corresponder à verdade, apenas envolve uma parte da história, porque a outra tem a ver com a vacilante abordagem do colega Lage, o qual não resistiu à tentação de segurar a vantagem da primeira mão, na Luz, e ao fazê-lo, é dos livros, mesmo sem querer, distorceu a personalidade da águia, impondo-lhe contenção e retirando-lhe irreverência. A equipa ficou expectante, prisioneira do tempo e deixou escapar o controlo do jogo: a um quarto de hora do fim, Bruno Fernandes apontou um golo de se lhe tirar o chapéu e afastou os encarnados da Taça de Portugal.
Este exemplo trazido à colação, significa que Keizer tropeçou num equívoco comprometedor, prova de que não extraiu todas as conclusões desse dérbi de Abril. Nem sequer levou em conta a provocação que Lage lhe lançou na projecção desta Supertaça. Foi anjinho, ao cometer faltal erro de avaliação: se resultou uma vez poderia resultar duas, não se tivesse dado o caso, porém, de o seu oponente ser bom aluno, ter o desejo de aprender depressa e de não repetir actos falhados. Na altura, Lage tinha três meses de treinador principal. Agora, tem oito, incluindo férias. Ainda é um menino. Mas esperto.

As noites de fim de semana em A Bola TV costumam ser animadas, principalmente, quando Vítor Manuel, o meu companheiro de bancada, mister de infinda experiência e firmes convicções, já leva mais de 500 jogos a estudar as manhas dos seus e dos outros, faz valer o estatuto de notável. Eu defendo-me como posso, com o saber que longa carreira jornalística me concede.
No sábado, divergimos nas equipas prováveis, em pormenores, apenas, mas Vítor destacou a possibilidade de Keizer apostar, como apostou, em três centrais (quem sabe, sabe!). No domingo, com as emoções do jogo muito presentes, o debate agitou-se, por não haver convergência em relação ao peso do desempenho leonino. Quanto a ele, relevante até ao minuto 60, em que se deu a tal quebra emocional motivada pelos dois golos benfiquistas no espaço de três minutos. Quanto a mim, de moderado significado e de menos tempo de vida. Primeiro, por, em rigor, apenas registar uma oportunidade flagrante de golo desaproveitada por Bruno Fernandes (37m). No resto, com zero-zero, vi uma trapalhada de Ferro e outra situação normal do capitão do Sporting anulada por boa intervenção de Vlachodimos.
Creio que o treinador holandês não se teria importado de arrastar o jogo para os penáltis mas viu a sua linha de raciocínio contrariada quando sofreu o primeiro golo, à beira do intervalo. Não sei do que se falou nas cabinas, mas sei, todos sabemos, que o período de descanso foi bom conselheiro para os jogadores do Benfica e uma desgraça para os do Sporting. Estes falaram do jogo? Naturalmente que sim, o problema é que talvez, por essa altura, já poucos acreditassem ser possível desmentir uma evidência que a tendência do jogo acentuava: a superior capacidade global do Benfica.

Os treinadores foram fantásticos e deram uma lição de fair play para memória futura. Os jogadores foram inexcedíveis, em profissionalismo e companheirismo.
Tudo correu bem: o abraço respeitoso entre Pizzi e Bruno Fernandes, o cumprimento de Paulinho Gama e Bruno Lage, que mereceu palmas nas bancadas, o conforto de Florentino e Thierry Correia, a declaração de Grimaldo, que considerou o resultado «avultado», a elevação de Luís Filipe Viera, que colocou o Sporting na rota do título e achou que o cinco-zero não reflecte e diferença entre as duas equipas.
Mais: os lugares preenchidos por famílias e adeptos dos dois emblemas em coabitação feliz, a organização cuidada com a assinatura de qualidade de FPF e a tribuna com a nobreza adequada à importância do evento.
Há quatro anos, quando os eternos rivais se defrontaram para discutir outra Supertaça, o brinde calhou ao Sporting e a fava ao Benfica. Agora, aconteceu  contrário. É normal. Jogou-se futebol. Discutiu-se futebol. Houve festa. Só Frederico Varandas não entende: inábil na comunicação, imprudente nas palavras, inadaptado no meio. Um hospital é um hospital, um quartel é um quartel e um estádio de futebol é um estádio de futebol, mas a escolha foi dele."

Fernando Guerra, in A Bola

Não se esqueçam que o lugar de titular ainda é meu!

"Na primeira vez que escrevi sobre Vlachodimos, dei conta da firmeza e segurança que veio a confirmar na baliza encarnada. Sensivelmente um ano depois, o internacional grego já mostrou e demonstrou que faz mais sentido o lugar de titular, como referência nos postes, ser seu.
A escolha não poderia ser mais acertada! Odysseas é fundamental para Bruno Lage como primeira opção. A direcção confia no seu trabalho e, por isso, está a ser estudada a possibilidade de renovação de contrato por mais um ano (até Junho de 2024), com a cláusula de rescisão fixada nos 60 milhões de euros, a que acresce um aumento salarial.
Em paralelo, o mercado avança e, sem existir uma explicação prática, a baliza é um dos sectores a reforçar. É facto que o Benfica está à procura de um guardião e, ao todo, já foram apontados oito nomes: Keylor Navas (Real Madrid CF), Gulácsi (RB Leipzig), Robin Olsen (AS Roma), Gerónimo Rulli (Real Sociedad), Sergio Rico (Sevilla FC), Perin (Juventus FC), Cillessen (Valencia CF) e Mignolet (Club Brugge), sendo que os últimos três, pelo italiano ter chumbado nos exames médicos e por o holandês e o belga terem assinado recentemente, estão riscados da lista.
Esta situação, que como disse carece de uma justificação, coloca uma enorme pressão sobre Odysseas, que pode ver o seu lugar em risco, devido ao facto de todos os nomes mencionados acima serem para a posição de titular. Só assim faz sentido, ou não fossem a grande maioria – com excepção de Navas e Rico – totalistas nos clubes que representam.
Mas Vlachodimos parece não estar afectado, porque a cada jogo que passa – já fez cinco no verão – vai rubricando excelentes exibições, como quem grita em plenos pulmões “Eu estou aqui e não se esqueçam do que posso dar”. Isto inclui as reposições largas de bola, o que implica maior poder muscular nos braços e no tronco, algo que tem vindo a ganhar com os exercícios e treinos diários.
Se se pensar bem, a urgência não é assim tão grande, daí a naturalidade que o 99 vai levando! Como diz Bruno Lage, os reforços – se for caso disso – podem estar no Seixal. Isto porque não vejo necessidade de um reforço de maior nomeada que o próprio Vlachodimos. Como já disse aqui, Zlobin pode ser consolidado como alternativa principal e Bruno Lage é a pessoa indicada para o fazer, ou não se tivesse já cruzado com o russo na equipa B. Já o caso de Svilar não é tão linear quanto a isso. A falta de minutos é uma realidade, não faz bem a qualquer jogador e é certo que o belga será o primeiro a sair se alguém entrar.
Assim, esta busca incessante só tem cabimento se for para o posto de suplente, porque a titularidade não necessita de sair de Vlachodimos, que tem prezado pela segurança, regularidade e atenção na abordagem ao jogo, o que inclui a qualidade nas defesas que realizou em toda a pré-época e na Supertaça. Na mesma medida, tem-se esforçado para melhorar as situações em que é mais fraco, precisamente no ataque à bola com os pés.
Na versão 2019/2020, o Benfica e Bruno Lage contam com Vlachodimos, tal como o fizeram na época passada, onde foi o sexto mais utilizado em todo o plantel, com 50 jogos. A confiança mantém-se e, a poucos dias do arranque do campeonato, não há necessidade de alarmes desnecessários, resultantes do impacto que uma potencial entrada de um reforço para a baliza vai causar no grupo. Odysseas não tem de estar sujeito a isso e, mesmo não sendo tudo garantido na vida, este é um dos casos em que o lugar de titular tem de ser claro desde o início. Afinal, está em causa a estruturação de toda uma temporada. A partir daí, a tarefa passa por consolidar as restantes alternativas à disposição. A missão passa por definir as prioridades na baliza e até que ponto é justificável investir no defeso. Se sim, perceber quais as hipóteses de rendimento para quem chega. Se não, apostar em quem está, selando pelo bem-estar e evolução qualitativa dos atletas envolvidos.
No ataque à nova época, a importância de Odysseas Vlachodimos é crucial. Os primeiros meses de trabalho já serviram para provar que não há que ter qualquer receio quanto à estabilidade que se pede ao sector e, mais importante, que o lugar de Vlachodimos não está à disposição. Resta saber se os rumores se tornarão realidade e de que forma a estrutura benfiquista irá gerir os seus três guarda-redes, nunca esquecendo que o elemento principal já conhece dono.
Irá Vlachodimos manter a titularidade? Será que o Benfica vai conhecer um reforço para a baliza neste defeso? São questões para uma próxima oportunidade, já depois do fecho do mercado de transferências."