"Com o mercado a encerrar a 2 de Setembro, há ainda tempo para entradas e saídas no plantel do SL Benfica. Apesar de bem apetrechado, com várias soluções de qualidade e polivalência, há ainda espaço para entradas e ainda mais para saídas. Bruno Lage quer contar com um plantel curto e competitivo, com cerca de 20 jogadores de campo. De momento, trabalham exclusivamente às ordens do setubalense 26 futebolistas que não os guarda-redes. Como tal, até final do mercado, deverão abandonar o grupo seis jogadores. Por outro lado, acredito que se juntem três novos nomes aos comandados de Lage, que terá na equipa B um viveiro, onde jovens como Nuno Santos e Tiago Dantas poderão crescer e ingressar no plantel mais tarde.
Saídas
Svilar – O guarda-redes belga, prestes a fazer 20 anos, chegou como promessa e continua a sê-lo. Para ser uma certeza, precisa de espaço para se afirmar e não o tem nem terá no SL Benfica. Pela qualidade que me parece ter, não deverá ser vendido, mas sim emprestado (preferencialmente, sem opção de compra) a um clube que dê ao jogador e ao clube da Luz garantias de (muito) tempo de jogo. As notícias veiculadas e a ausência de Mile Svilar dos convocados para a Supertaça deixam claro que só faltará escolher o destino do belga e, possivelmente, contratar quem o renda como segundo guarda-redes. A isso já lá vamos.
Ebuehi – Contratado há cerca de um ano, foi impedido de jogar por uma grave lesão. Já recuperado mas longe da melhor forma física e desportiva, não se perspectiva que terá muitos minutos se permanecer no plantel encarnado, especialmente depois de André Almeida ter realizado uma das suas melhores épocas e de Lage ter preterido o nigeriano por Nuno Tavares no jogo frente ao Sporting CP. No entanto, à semelhança de Svilar, deverá ser apenas cedido por uma temporada, podendo voltar para corroborar ou refutar o que dele se esperava quando ingressou no clube proveniente do ADO Den Haag.
Conti – Com 25 anos, está na altura de este central argentino se afirmar como titular da sua equipa. Mas essa equipa não será o SL Benfica. É, de momento e de longe, o quarto central do SL Benfica e tal situação terá de ser vista pelo jogador como insuportável. Nenhum jogador quer ser a última solução para a sua posição quando está na idade mais propensa a alcançar a melhor forma física e desportiva da carreira. É mau para o futebolista e para o clube, que poderia e deveria ter – e acredito que terá, já lá vamos – um jovem central como quarta opção para o plantel principal e como primeira para a equipa secundária. Assim, o empréstimo é uma opção, no entanto, tendo em conta os jovens centrais de qualidade que despontam nas formações secundárias do SL Benfica, a saída em definitivo é o cenário ideal.
Fejsa – Campeão, capitão, ídolo, líder, orgulhoso dono de um carrapicho. O internacional sérvio foi tudo isto e muito mais no SL Benfica. Foi e é. Contudo, e ainda que a qualidade não o tenha abandonado, a sua forma já não é condizente com a exigência de Bruno Lage. O treinador pretende montar, em cada jogo, uma equipa avassaladora, que pratique futebol de excelência a alto ritmo. E, ainda que grande seja o apreço que tenho por Fejsa, o sérvio já não consegue aportar à equipa nem um futebol de excelência, nem um ritmo alto. Dessa forma, acredito ter chegado ao fim a bonita história de amor e conquistas que viveram, durante seis épocas, o clube da Luz e o médio sérvio.
Zivkovic – A debandada sérvia deverá prosseguir com Andrija Zivkovic. Depois de este país dos Balcãs ter servido de viveiro do SL Benfica anos a fio, os encarnados preparam-se para, na época 19/20, ver dissipar-se o contingente sérvio do qual fizeram parte Jovic, Markovic, Saponjic, entre outros. Ao contrário de Fejsa, Zivkovic não chegou sequer a construir uma história bonita com as águias, sendo a sua saída quase natural, pese embora a qualidade que demonstrou ter desde que chegou. Belíssimo pé esquerdo. Todavia, a sua falta de vontade e de empenho sempre suplantaram o seu talento. Fala-se num empréstimo, mas a venda seria a melhor opção.
Cervi – Pé esquerdo menos belo, mas ainda assim capaz de estragos, num daqueles dias. O problema é que esses dias têm sido escassos nos últimos tempos, ainda que o argentino tenha demonstrado muito mais empenho e vontade de dar a volta por cima do que Zivkovic. Trata-se, acima de tudo, de uma questão de encaixe. Franco Cervi tem qualidade e capacidade de trabalho, mas falta-lhe uma pitada de criatividade que lhe permita desequilibrar na frente como tão bem o faz Rafa e como tão bem o parece fazer Caio Lucas. Não serve para Lage, que o levou ao Algarve, mas que o deixou na bancada, e, como tal, a sua saída aparenta ser um dado adquirido.
Cádiz – Sempre foi uma incógnita para mim. Via nele potencial, mas via no plantel que se formava demasiada concorrência para que o venezuelano se afirmasse. A lesão que sofreu no jogo de apresentação frente ao RSC Anderlecht travou qualquer crescimento que pudesse ter e ditou claramente o seu destino: Jhonder Cádiz vai ser emprestado. Belenenses SAD (ainda será?) apresenta-se na frente da corrida, seguido por clubes estrangeiros, isto, claro, de acordo com a comunicação social desportiva portuguesa. O destino é ainda incerto, mas a viagem está programada e, talvez, até marcada. Para o ano há mais, Cádiz, para o ano há mais.
Entradas
Guarda-redes – O brilhantismo de Vlachodimos nos mais recentes jogos não anula a necessidade de aquisição de um outro guardião por parte do SL Benfica. Aliás, até torna essa necessidade mais premente. “O SL Benfica tem um belíssimo guarda-redes”, leio e ouço, “para que é que precisa de outro?”. Porque um não chega. Porque as grandes equipas devem ter dois jogadores de valia equivalente para cada posição. Para mim, Vlachodimos não provou frente ao Sporting CP que não é preciso contratar um concorrente. Provou o contrário. Provou que o nível está cada vez mais alto e, consequentemente, é exigível que haja uma segunda opção a esse nível. A diferença entre Zlobin/Svilar e Vlachodimos é cada vez mais notória e abismal e isso Obriga à aquisição de um guarda-redes que concorra e compita com o grego. Porque, de momento, não há concorrência. Além disso, o jogo de pés do Odysseas continua ao nível do Fejsa, se o Fejsa tivesse uma perna engessada. Também há esse pormenor.
Lateral-direito – Ebuehi deve mudar-se para outro clube, Nuno Tavares deve, numa curta viagem, mudar-se para o flanco que é seu (é de Grimaldo, na verdade) e André Almeida continuará senhor da lateral direita encarnada. Posto isto, será necessário fazer ingressar no plantel um digno concorrente para a posição (de preferência alguém com seguro anti lesões, aprendamos com o passado recente). A opção mais acessível e mais badalada nos últimos dias dá pelo nome de Tomás e pelo sobrenome Tavares (sim, outro. Não, não é o último). Dotado tecnicamente e polivalente (direita e esquerda, como alguns partidos), trata-se de um lateral com grande propensão ofensiva, estatura considerável (1,87 m), ainda que esguio e pouco possante (74 kg), inteligente a defender, forte no 1 vs 1 ofensivo e defensivo, grande pulmão e ainda maior margem de progressão. É uma óptima solução e nem a idade me preocupa. Mas preocupa-me o facto de só começar a trabalhar nesta nova época dia 10 de Agosto, por via da participação no Campeonato da Europa de sub-19. Assim, o recurso ao mercado poderá revelar-se necessário.
Central – Com a saída de Conti, o SL Benfica precisará de suprir a ausência do argentino e completar o lote de quatro centrais com um jovem de qualidade garantida que esteja já num patamar de maturidade competitiva mais alto do que aquele em que se encontram Kalaica ou Pedro Álvaro, por exemplo. Alguém que tenha já assumido um papel preponderante na sua equipa. Alguém como Starhinja Pavlovic. O central sérvio do FK Partizan tem sido apontado como alvo do SL Benfica para fazer precisamente a ponte entre as equipas secundária e principal e vejo com bons olhos (apesar das muitas dioptrias) a sua contratação. Após assumir-se como titular no renomado clube sérvio (13 jogos), terá já capacidade para crescer na equipa B encarnada, treinando com Lage e sendo opção em jogos de menor dificuldade teórica, podendo ser aposta forte na época seguinte."