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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Gaitán

"Osvaldo Nicolás Fabián Gaitán é o jogador mais talentoso a jogar em Portugal. Da Argentina, nesta década, aliás, passaram pelo seu e meu clube, o Benfica, jogadores inesquecíveis: Aimar, Saviola, Garay, Enzo Pérez, Di Maria e Sálvio.
Sempre gostei da escola argentina: jogadores tecnicamente evoluídos, capacidade de conjugar o individual e o colectivo, fisicamente do grande combatividade e que, regra geral, se adaptam bem à genética futebolística do Benfica.
Sobre Gaitán está quase tudo dito. Uma coisa é o actual Benfica com ele, outra bem diferente seria jogar sem o seu perfume. Por isso, em vez de se gastarem milhões com risco elevado, mais vale pagar a Nico o suficiente para aliar o gosto de estar no Benfica com a legítima aspiração a, aos 27 anos, querer tirar partido da fase mais determinante da sua carreira.
Gaitán é um jogador inteligente, prodigioso, todos o sabemos. Mas - visto de fora - parece ser um rapaz com cabeça, discretíssimo, tímido, sereno, quase anti vedeta, sem adereços estúpidos, correcto entre colegas e com adversários. Um senhor na linha do inesquecível Pablo Aimar e de Saviola. Justíssimo o Prémio Reconhecimento 2015 atribuído pelo embaixador da Argentina Jorge Arguello (também pensador e escritor e de quem recebi, sensibilizado, o seu recente livro Diálogos sobre Europa) que, na sua intervenção, disse: «Um dos seus segredos é a magia que mostra com a bola os pés; outro é a conduta, a seriedade, o esforço, o compromisso e o fair play. Este prémio representa o reconhecimento pelo comportamento dentro e fora de campo, mas também dentro e fora da Argentina."

Bagão Félix, in A Bola

Benfica - formação: passagem de testemunho

"Ter uma equipa competitiva não significa gastar milhões em estrangeiros e finalmente temos um treinador que aposta nos jovens

E se «todo o mundo é composto de mudança» - como diria Camões - o estranho seria que no Benfica (neste caso, na sua Formação) isso não acontecesse.

Caixa Futebol Campus
1. Tratou-se de um projecto estruturante da ideia de um Benfica virado para a formação, como, durante anos, foi prometendo quem se candidatava ao futuro do Clube.
Sonhando, prometido, adiado,... o Centro de Estágio ou de Formação do Benfica, inaugurado a 22 de Setembro de 2006, é um dos nossos orgulhos, que exibimos a quem pergunta sobre o que queremos.
É uma das pedras de toque de uma política desportiva seguida com rigor, de acordo com uma estratégia, com objectivos bem definidos.
Uma referência ao nível da formação, quer pela sua filosofia, quer pela sua organização.
Fazendo com que o nosso centro do Seixal seja um verdadeiro exemplo, um modelo a seguir.
Sendo fonte de inspiração de alguns clubes europeus, de quem recebe os maiores elogios a cada visita feita às nossas instalações.
O grau de profissionalismo com que se trabalha no Seixal levou a que o Benfica, nos últimos 5 anos, tenha conquistado 6 títulos nacionais dos escalões de formação (contra 4 do Porto e 3 do Sporting).
Ou, para citar outro exemplo, na época de 2014/15, 50 atletas desses mesmo escalões tenham tido a honra de representar Portugal (contra 22 do Porto e 27 do Sporting), bem longe do equilíbrio existente entre os 3 grandes, na época de 2010/11 (35, 34 2 33, respectivamente).
Ou, na época em curso, dominar a lista de jogadores convocados para a selecção sub-19, que terá a responsabilidade de nos representar, a todos nós, no apuramento para o Euro 2016.
São 10 os nossos jogadores!
É, por isso, digno de um merecido elogio mais do que merecido o trabalho e esforço que o clube tem feito nas camadas jovens.

Armando Jorge Carneiro
2. Armando Jorge Carneiro foi, até há bem pouco tempo, Director Geral da Formação do Sport Lisboa e Benfica.
Foi uma das primeiras decisões a que fui chamado a votar quando fui eleito Administrador da SAD do Benfica.
Fi-lo conhecendo, há muito e bem, Armando Jorge Carneiro.
Hoje, na hora da sua saída, poderemos dizer dele que foi quem deu um impulso decisivo a essa formação do Benfica - que inclui, nos últimos tempos, a responsabilidade pela equipa B - com a força e a convicção de que, num futuro não muito distante, poderemos alimentar, outra vez o sonho de ter um plantel só com jogadores portugueses.
Difícil?
Quase diria impossível, mas se não o tivermos em mente, nunca conseguiremos, pelo menos, aproximar-mos desse desígnio...
Para podermos alimentar a esperança de um dia podermos voltar a repetir... «nem todos os portugueses são do Benfica, mas todos os jogadores do Benfica são portugueses».
Foi com Armando Jorge Carneiro que se começou a modificar - com frutos visíveis - a política de recrutamento das camadas mais jovens.
Hoje, com a recolha dos frutos da mudança operada, é importante continuar o desenvolvimento desse trabalho.
Porque esse é o caminho!
Obrigado, Armando,... por aquilo que deste ao Benfica, pela disponibilidade e pela simpatia de, a cada momento, teres sempre uma palavra de optimismo, até quando sabíamos ser... Quase impossível o que se pedia.

Os que deviam estar a jogar na equipa principal...
3. Recentemente, do Seixal, saíram alguns jogadores que poderiam (e deveriam) estar na equipa principal de futebol, e não estão...
Todos nos lembramos de João Cancelo, Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro, André Gomes...
As primeiras grandes promessas do Caixa Futebol Campus, que estão agora a espalhar magia pelos palcos internacionais!
Podiam, como tantos outros, ter passado ao lado de uma grande carteira... pela falta de oportunidades dadas por quem lhes devia ter dado todas!!!
Só para (re)lembrar os mais distraídos, na época de 2013/14, e a título de exemplo, André Gomes fez 23 jogos pela equipa principal - segundo o Almanaque do Benfica -, 7 dos quais no campeonato nacional... e entrou, pelo menos, 4 vezes ao minuto 90 (Rio Ave vs. Benfica, da 11.ª jornada; Benfica vs. Marítimo, da 16.ª jornada; Braga vs. Benfica, da 25.ª jornada e Benfica vs. Paris Saint-Germain, para a LC) e 3 vezes ao minuto 89 (Paços Ferreira vs. Benfica, da 19.ª jornada; Benfica vs. Sporting para a Taça de Portugal e Benfica vs. Rio Ave para a Taça da Liga)...
Seria preciso ter um grande estofo (diria eu... made in Seixal) para sobreviver à tanta tentativa de destruição de carácter como jogador.
E, como ele, tantos outros!

... e os que poderiam não estar (para já), mas estão
4. Ao invés, porque - ainda é também como diria Camões - «mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», jogam hoje, na equipa principal jovens que, não obstante as suas reconhecidas capacidades e qualidades técnicas, se não fossem as vendas dessa primeira fornada, teriam mais dificuldades em se fixarem nessa mesma categoria.
Mas não ficaram e, como em tudo na vida, é preciso ter sorte...
Que isso nos sirva de lição, não deixando, nunca, nas mãos de um homem, o destino de todos nós, do que sonhamos, do que pensamos para a formação do Benfica.
É, por isso, tempo de reparar os erros, aprender com o passado e ser (mais) competentes no presente, para não comprometermos o futuro...

Nuno Gomes
5. E esse futuro, hoje mesmo já presente, chama-se Nuno Gomes.
Será a ele a quem competirá dar seguimento e melhorar, em tudo  que for possível, o trabalho desenvolvido pelo seu antecessor.
Contará, para isso, por certo com o apoio de Luís Filipe Vieira, bem como com a ajuda preciosa de Domingos Soares de Oliveira.
Mas, contará, essencialmente, com o que representa ter estado... 12 épocas ao serviço do Benfica!
Pela experiência de quem jogou ao mais alto nível, por tudo aquilo que foi e representou em campo e por ser um dos que sabe o que realmente é o Benfica, só poderá ser o homem certo no lugar certo.
Tudo isto a acrescentar ao carácter extraordinário, à personalidade cativante e à simpatia que transmite, de que me apercebi desde que assumiu funções na organização profissional do Benfica.
Nuno Gomes terá um grande desafio pela frente: continuar a formar jogadores para a equipa principal - e não para equipas de segundo plano - e, sobretudo, começar a colocar os jovens jogadores nas selecções... onde têm que chegar, entrar e ficar com 18 anos de idade e não com 26 ou 27, como tem acontecido nestes últimos tempos...
Porque, não faltando potencial, importa manter o foco... gerar ideias e competitividade, para que os jogadores que formarmos possam ser devida e finalmente aproveitados no plantel principal.
Como sempre foi suposto...
Agora, e mais do nunca - já que todas as condições estão reunidas, por termos, finalmente, um treinador que não tem medo (e repugnância) em apostar nos mais jovens - resta continuar o bom trabalho desenvolvido no Seixal e... elevar a fasquia.
Porque esse é o caminho!
Apesar de se tratar de um novo ciclo da nossa formação, estou convicto que Nuno Gomes irá dar continuidade ao excelente trabalho feito no Seixal e que ajudará a construir uma equipa, com jogadores da formação de distinta qualidade... que poderá vir a ser Campeã Europeia (perdoem-me os pessimistas de sempre, mas não me canso de pensar que se não o desejar, nunca terei hipóteses de o festejar...).
Ter uma equipa competitiva não significa investir milhões em jogadores estrangeiros.
Dependerá de uma equipa técnica coerente, com capacidade para criar um grupo coeso, rigoroso e competente.

Como dependerá, também - e para além do próprio discurso - da existência de um plantel equilibrado, onde seja possível enquadrar e dar a devida oportunidade aos nossos jovens da formação e, sobretudo,... acreditar neles!
E Nuno Gomes sabe disso!
Porque acredito que não deixará de ser o que sempre foi: um jogador e um grande capitão à Benfica!"


Rui Gomes da Silva, in A Bola

Luisão aponta o norte

"Sem ser brilhante, mas longe de ser medíocre, o Benfica conquistou mais uma vitória europeia. Está às portas do apuramento, muito graças à união dos jogadores em torno do técnico. Importa realçar o papel de Luisão após a derrota traumática. Um grito de revolta que pode ser decisivo para toda a época.
Nenhum treinador alcança sucesso sem a ânsia de vencer dos seus comandados. À vontade individual de brilhar precisa sobrepor-se, em muitos momentos do jogo, o desígnio colectivo de conquista. Quando cada jogador olha mais para si do que para os movimentos pedidos pela harmonia da equipa, está criado o abismo onde cairá a hipótese de vitória e, com ela, os maiores momentos de brilho individual.
Veja-se o que está a passar Mourinho no Chelsea. Alguma corda se partiu na orquestra antes afinada. Muitas vezes, uma mera decisão imponderada ou injusta torna um ambiente saudável num pantanal onde todos se enterram até chegar um novo líder. Veremos os próximos capítulos do inferno do Chelsea, que tornarão óbvia a incapacidade de Mourinho dar a volta ao balneário ou mostrarão um volte-face que devolva a equipa aos triunfos.
Voltemos ao Benfica, o jogo de ontem mostrou a união que reina na relva. Os jogadores sararam as feridas da dura derrota frente ao Sporting e demandam o futuro tendo Luisão como bússola. Ontem, o capitão decidiu o jogo e, num gesto claro, exigiu respeito. Mas só pode exigir respeito quem se faz respeitar. E, nisso, o grande capitão tem sido exemplar. Para felicidade de Rui Vitória."

O génio faz sempre parte da solução

"Jonas é uma espécie de reserva espiritual de um futebol que nos foge por entre os dedos. Em vez de ser protegido há quem exija a sua cabeça. É preciso ter lata! Ou ser ignorante. Ou as duas coisas ao mesmo tempo.

muita rua naquele futebol de mentira e picardia, aceleração e travagem, instinto e saber; nele concentram-se os traços do malandro comprometido com a causa e que, na hora certa, é capaz da solução personalizada que, afinal, esteve sempre no seu horizonte. Jonas é hoje um craque maduro orientado por sonhos da adolescência e pelo estilo depurado de quem sobreviveu em menino com a bola nos pés. É um mago que gera simpatia pelo estilo e resolve todos os problemas ao contrário do que sugere, de tal forma que, muitas vezes, até os companheiros se perdem. No início dos anos 90, ao serviço do Boavista, Manuel José dizia que João Vieira Pinto, então com 20 anos, que não podia apenas tomar decisões: tinha de anunciá-las com a subtileza de um gesto ou de um olhar cúmplice, sob risco de ninguém o entender. 'Pensas dois ou três segundos à frente e isso pode ser uma dificuldade acrescida para nós', explicava um dos treinadores mais titulados da história do futebol português.
Jonas é um dos melhores jogadores da Liga e um referência do Benfica, ao serviço de quem apontou 39 golos em pouco mais de um ano. O seu perfil futebolístico remete para um modelo de jogo em posse e ataque posicional, preferencialmente num sistema de 4x4x2 (e não em 4x3x3); se a máquina emperra por qualquer motivo, a solução não é abdicar de um génio em nome da táctica mas adaptá-la à melhor forma de potenciar a prestação de um dos expoentes máximos da equipa. Jonas não se realiza na solidão de lutas inglórias com os defesas nem satisfaz a geometria do passe longo; precisa de alguém próximo para consolidar o rendilhado das criações inverosímeis porque os deslocamentos mais amplos e constantes danificam-lhe o instinto goleador. E isso é rouba-lhe armas com exerce na área: onde o tempo passa num estalar de dedos, introduz pausas sem fim; na zona que potencia a ansiedade, a ele baixam as pulsações.
Por todos os motivos, Jonas é um avançado com argumentos para ser letal na zona de finalização, porque os efeitos do seu jogo imaginativo e concreto podem ser devastadores: um simples drible pode criar um latifúndio; os contactos físicos multiplicam as faltas, os cartões e estimulam agitação que também conta para desestabilizar. Em certos contextos tem de ocupar terrenos mais recuados, ocupando espaços importantes para o equilíbrio da equipa. Sente-se menos à vontade, porque se afasta da baliza e fica obrigado a viver segundo códigos de conduta mais rígidos que os espíritos livres e inventivos têm dificuldade em cumprir - longe da área precisa de cumprir regras, fazendo o que deve e não o que sente. Mas nada justifica pô-lo em causa no primeiro grão na engrenagem. De resto, a facilidade com que a recriminação atinge estrelas como Jonas suscita desde logo uma revolta: que raio de desporto é este em que os melhores são postos em causa e os funcionários, como há milhares por aí, são defendidos com unhas e dentes?
Os artistas têm por hábito escandalizar os espíritos mais tacanhos; põem a nu os preconceitos de algumas considerações e suscitam a discussão se merecem liberdade para dar largas ao talento ou se devem seguir o rebanho e serem iguais aos outros. É uma ideia peregrina considerar que uma das razões para o parcial insucesso do Benfica em 2015/16 é um dos seus maiores expoentes; que a máquina tem andado aos solavancos pela presença de um dos seus dois jogadores de nível mundial (o outro é Gaitán). Jonas é um espécie de reserva espiritual de um futebol que nos foge entre os dedos. Em vez de ser protegido como génio manietado num conjunto que não dá saída ao seu futebol de vistas largas, há quem exija a sua cabeça como responsável por muito do que o Benfica não tem conseguido fazer. É preciso ter lata! Ou ser ignorante. Ou as duas coisas ao mesmo tempo.

- Quando chegou, a custo zero, oriundo do Valência. Jonas já tinha passado pela selecção brasileira. Não era um qualquer.
- A dupla com Lima revelou-se absolutamente decisiva para a conquista do título em 2014/15. O entendimento foi perfeito.
- Com Rui Vitória não perdeu o jeito de fazer golos - é o melhor marcador da equipa. Mas ainda não atingiu o máximo.

(...)
As várias lições de Fabiano Soares
O Estoril deu notável demonstração de qualidade na visita ao líder da Liga
Fabiano Soares surpreendeu pela estratégia em Alvalade. O treinador brasileiro recusou-se a especular, assumiu que estava ali para discutir a vitória e jogou de igual para igual com o poderoso Sporting. Foi arrojado sem ser suicida; ambicioso sem ser arrogante; arriscado sem ser inconsciente. Defendeu a integridade da equipa, valorizou os seus jogadores e mostrou que há futebol em Portugal para lá dos grandes.

CR7 já admite o fim da linha
O que já conseguiu em meia dúzia de épocas no Bernabéu é inacreditável
Ronaldo verbalizou por fim a evidência que outros já tinham detectado: pode estar no fim a passagem pelo Real Madrid, que qual deu os melhores anos da carreira. Em Chamartín, CR7 entrou na história como goleador máximo do clube; tornou-se um dos melhores de sempre e bateu os recordes do clube mais ganhador da história do futebol. Mais incrível ainda é perceber que tanto parece não ter sido suficiente."