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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Benfica FM #258 - Famalicão...

Falar Benfica #145

O Benfica Somos Nós - S03E29 - Famalicão...

RND - Carrega: Mais uma 'ajuda' de 100 milhões aos Viscondes...

Benfica Podcast #512 - Happy New Year

Visão S05E18 - Ano Novo, Vida Nova

5 minutos: Diário...

Mata Mata: Jornada da LP e LP2, Mercado de Inverno, Jovens Revelações, Rodrigo Gomes, Tiago Gouveia...

105X68, excerto...

No Princípio Era a Bola - O que se passa com os reforços do FC Porto e a lista definitiva dos melhores jogadores da I Liga fora dos quatro primeiros

Apagou fotos do Instagram?


"DEIXEM O RAFA SER RAFA E AJUDAR A ALCANÇAR O 39!

1. Sempre gostei do Rafa enquanto jogador.
2. Sempre soube que o Rafa tem uma personalidade "fora da caixa".
3. Nunca me interessaram as redes sociais do Rafa, muito menos a sua vida privada.
4. Pouco me importa se o Rafa apagou do Instagram as fotografias relacionadas com o Benfica.
5. Desde que não nos queira trocar por um rival, jamais levarei a mal que o Rafa queira aproveitar o próximo contrato para se encher ainda mais - e ao empresário - de dinheiro.
6. Muitos craques, inclusive superiores ao Rafa, jogaram e deixaram de jogar no Benfica e o clube nunca deixou de ser o maior.
7. A única coisa que verdadeiramente me interessa é ver o Rafa ao mais alto nível até ao final desta época - e que nos possa assim ajudar à conquista do ambicionado 39!"

Teremos sempre Inglaterra


"Querem um exemplo de estagnação? Vejam o pré-jogo da maior parte dos jogos da Liga em Portugal e comparem-no com o que se fazia há 20 anos: está tudo igual

O futebol em Portugal vive há bastante tempo um daqueles dilemas existenciais que em última instância leva muitos à loucura: o adepto deseja, por um lado, ver o craque no seu clube, inveja os grandes jogadores que atuam no estrangeiro, mas na hora de decidir se o meio para atingir esse fim for o da abertura de capital (maioritário ou não) a tendência é para a recusa.
É, no fundo, a consequência de uma cultura do associativismo ainda muito enraizada em Portugal, desde a base da pirâmide ao topo. Cá em baixo, onde residem os clubes desportivos e sociais de bairro, ainda é tudo feito à base da carolice, um conceito que expõe o melhor que o ser humano tem mas que não responde às novas exigências da sociedade, mesmo daquele tecido afastado das grandes cidades.
Por exemplo, o que os pais de atletas exigem de treinadores, coordenadores, staff e dirigentes em 2024 é muito diferente do que pediam em 2014. A mudança da forma como o associativismo é encarado do ponto de vista legislativo é um tema que já foi abordado pelo atual secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, o que revela, pelo menos, atenção a uma realidade que tem um impacto muito maior na sociedade do que realmente se pensa - não por acaso, Portugal continua a ser um dos países com uma das menores taxas de prática desportiva da União Europeia.
Isto também se reflete na forma como ainda são geridos os grandes clubes. Talvez por não haver, ainda, um exemplo transformador de um investidor (ou um grupo) que tenha chegado a Portugal e mudado verdadeiramente um clube e a própria liga, a desconfiança ainda é elevada. De certa forma, legítima: por cada bom exemplo (Famalicão, Portimonense) há os casos que acabaram mal (BSAD, Desportivo de Aves…) e nem o Boavista, que tem um dono com rosto, serve de referencial: os anos passam e os axadrezados continuam a ser notícia por terem salários em atraso.
Tal como em muitos setores, o futebol parece viver ainda numa espécie de capitalismo popular, quando outros países já avançaram com quadros regulamentares adequados a um capitalismo global, onde a transparência e escrutínio andam de mãos dadas, mas são aceleradores de inovação, em contraste com uma estagnação desoladora em Portugal (Querem um exemplo? Assistam ao pré-jogo na maior parte dos estádios da Liga e comparem-no com o que via há 20 anos: está tudo igual).
É por esta razão que o Sporting pode vir a desempenhar um papel decisivo. Frederico Varandas não tem a oratória de Pinto da Costa nem a astúcia negocial do self made man lusitano que fez de Luís Filipe Vieira o líder mais longevo da história do Benfica, mas arrisca-se a ser um dos presidentes mais importantes da história dos leões. É por demais óbvio que mais cedo ou mais tarde parte da SAD vai ser comprada por um consórcio (dos donos do Chelsea) e o sucesso ou insucesso da empreitada terá óbvios efeitos de contágio na concorrência (maior do que a entrada de capital do Catar na SAD do SC Braga). Se hoje não há amante de futebol que não goste do campeonato inglês também se deve recordar que fez em junho 20 anos que Roman Abramovich comprou o Chelsea e no que a Premier League se tornou daí para cá: todos os outros clubes passaram a ser detidos por capital externo e a crise de identidade é só conversa de pub.
Continuar com o modelo tradicional será sempre uma opção, claro. Dá menos trabalho e chatice e mantém-se o status quo. Até porque podemos sempre pegar no telefone e ver o Brighton contra o Nottingham Forest."

A Verdade do Tadeia #2024/99 - Uma nova roupagem

Zero: Flash - Marcos Leonardo...

Aguilar: Raminhos o Central !!!

Benfiquista de Gaia: Famalicão...

Tuga810: Famalicão...

6, excerto...

Hora 2, excerto...

Hora, excerto...

Mercados, excerto...

A Verdade do Tadeia - Flash - Sporting...

A Verdade do Tadeia - Flash - Braga...

Vamos a isso


"1. Feliz ano novo, Benfica! Em janeiro temos a decisão da Taça da Liga, e, para além desse troféu oficial que queremos recuperar, 2024, arranca com uma eliminatória da Taça de Portugal na Luz frente ao SC Braga. São muitas emoções e muitas responsabilidades, Benfica, vamos a isso.

2. Dois jogadores formados nesta casa - Bernardo Silva e Rúben Dias - são campeões do mundo de clubes. O Manchester City venceu o Fluminense na discussão pelo ceptro mundial de clubes com a chancela da FIFA - ou seja, é um título a sério - e, é caso para dizer que 'isso nos envaidece' pela parte que nos diz respeito. O Benfica moderno é uma fábrica de campeões.

3. Bernardo Silva foi eleito a figura do ano do futebol português pelo jornal A Bola e concedeu uma longa entrevista a esse jornal. Referiu-se ao Benfica, naturalmente, em diversos passos dessa conversa. Quando lhe perguntaram, por exemplo, qual foi o melhor presente que recebeu na vida, respondeu assim: 'O melhor presente foi quando me inscreveram nas escolinhas do Benfica, quando tinha 6 ou 7 anos. Portanto, foi o meu início de futebol um bocadinho mais a sério, tirando o de escola e de rua'.

4. Rúben Dias e Bernardo Silva são a dupla de benfiquistas no clube campeão da Europa e do mundo. Mas são mais do que isso. Partilham sonhos e projetos. Ambos gostavam de vir a ser treinadores. 'Nós às vezes brincamos e dizemos que vamos ser o adjunto ou do outro. Num ano, é ele (Rúben Dias) o principal e eu o adjunto, no outro seria eu o principal, mas acho que não. Acho que ele vai ser um grande treinador principal um dia. E espero que sim porque ele tem um entendimento do jogo muito bom', revelou Bernardo a A Bola. Daqui deste cantinho seguiremos sempre com carinho a caminhada destes dois que são 'nossos'.

5. Para desconsolo de muitos astrólogos cujas provisões falharam rotundamente, o nosso ex-jogador Darwin Nuñez continua a sua saga no futebol inglês impondo-se no Liverpool onde o seu fã número 1 é, justamente o treinador Jurgen Klopp. E, 18 meses depois de ter saído do Benfica, o avançado uruguaio continua a produzir lucro para a parte vencedora. Na semana passada, frente ao Burnley, completou o seu 35.º jogo na condição de titular da equipa do Liverpool e rendeu mais 5 milhões. O negócio, para já, vai nos 85 milhões.

6. Sabemos todos que o Benfica é um clube de futebol e que não é um clube de negócios, mas saudamos todos a competência dessa 'virtude' para desconsolo de muitos astrólogos.

7. Mas o ano ainda não terminou. Há um jogo com o Famalicão a disputar para o Campeonato, e depois, sim, chega 2024, que, de janeiro a maio, nos traz uma responsabilidade: recuperar a liderança da Liga e revalidar o título. Vamos a isso, Benfica."

Leonor Pinhão, in O Benfica

Circuitos benfiquistas


"Em 1973, a última etapa do campeonato nacional de Karting foi organizada pelo Benfica, em Camarate

O Karting nasceu de uma brincadeira nos Estados Unidos da América, em 1956. Dois anos depois, deu lugar os primeiros passos em Portugal. No entanto, a sua adaptação territorial levou algum tempo para se consolidar. O ano de 1964 trouxe boas notícias, com a inauguração de uma pista no Porto e o início da construção de uma pista em Camarate. Foi um alívio para os praticantes da modalidade, que se diziam 'fartos de fugir à polícia sempre que queriam treinar' no único local possível, junto às docas.
Com a possibilidade de se poder praticar com maior segurança e melhor, o Karting expandiu-se em Portugal, não só desportiva como regulamentarmente. Foi nestas circunstâncias que o Benfica integrou a prática da modalidade, em 1966, dentro da secção de motorismo. Chegada a década de 1970, o Karting português tinha sido impulsionado para um novo nível depois de ter tido contactos externos, através da participação e organização de provas internacionais, que mormente se efectuavam na pista, também recente, do Estoril.
Em 1970, a imprensa regozijou-se com a criação de uma pista de Karting ao redor do Estádio da Luz, um trabalho da secção encarnada. Efetivamente, a secção do motorismo do Clube não só foi uma das duas que chegaram ao fim dessa gerência com contas positivas, como foi a que mais lucro gerou.
Com este currículo de fundo, o Benfica levou a cabo a organização da última de dez provas do Campeonato Nacional de Karting de 1973, fechando a competição com 'chave de oiro', nas vésperas de a crise petrolífera atingir o país a ter refreado a expansão do Kart luso.
O Circuito do Benfica evidenciou 'a carolice dos elementos da secção de Motorismo do Benfica', nomeadamente Daniel Serrano, Manuel Castanheira e o presidente Fernando Valério.
A prova teve um interesse especial porque havia a oportunidade de Di Lara, um dos mais afamados corredores de Karting portugueses, renovar o seu título, podendo destronar José Manuel d'Ávila, que seguia na frente da competição, o que de facto aconteceu.
Houve problemas que normalmente se encontravam inerentes a estas provas, como a invasão de público nas boxes, apesar do bom serviço dos 'fiscais de linha'. A revista Mundo Motorizado enalteceu a organização da prova como 'óptima, sendo os horários rigorosamente cumpridos e a sequência das manches rapidíssima', pois decorriam em simultâneo corridas das categorias nacional e internacional, tarefa que 'não é fácil' de gerir. A impressão geral foi boa e engrandeceu a imagem da secção Benfica.
Conheça outras iniciativas do automobilismo encarnado na área 4 - Momentos Únicos, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Agora escolha


"Há os estúpidos, há os maldosos e há os estúpidos que são maldosos e vice-versa, agora escolha o leitor. Lanço este desafio referindo-me ao autor anónimo de uma peça publicada no Record na sequência do jogo com o AVS, intitulada “Luz teve a pior casa da época”. O antetítulo também é sugestivo e, por isso, deve ser igualmente considerado: “Menos de 50 mil para o jogo da Allianz Cup”.
Dirá o Record, os factos estão correctos. Mas a forma como os factos são apresentados não tem justificação aceitável. Repare-se no teor da notícia: “Com o Natal a aproximar-se e a uma quinta-feira à noite, o duelo decidia o futuro do Benfica na Allianz Cup, mas a Luz ficou bem longe de uma enchente. De resto, o recinto das águias registou a pior assistência na atual temporada, com 48.959 espectadores presentes nas bancadas, face aos 52.609 que haviam assistido ao triunfo sobre o Famalicão (2-0), a 25 de novembro, para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal.”
É óbvia a tentativa de criação de uma imagem de fracasso de afluência de público. E esta é a versão corrigida! A original dizia, em mau português, porém mais revelador, “(…) 48.959 espectadores presentes nas bancadas, a superar os 52.609 que haviam assistido ao triunfo…“. A superar a pior anterior, atenção!
Haveria outras formas de apresentar estes mesmos factos, talvez desrespeitando critérios editoriais desta publicação. E não me parece que só por benfiquismo se justificaria a opção por elas:
- Foi a 7ª maior assistência da temporada em todas as competições nacionais (de todos os clubes – as seis primeiras são do Benfica para o Campeonato Nacional);
- Foi a 11ª maior assistência da temporada em todas as competições oficiais (de todos os clubes – as nove primeiras são do Benfica para o Campeonato Nacional e Liga dos Campeões, mais um jogo do FC Porto na Liga dos Campeões);
- Foi a 2ª maior assistência de sempre na Taça da Liga. O jogo do Benfica com o AVS só foi superado pelo embate com o Sporting, também no estádio da Luz, das meias-finais em 2010/11, no qual estiveram presentes 49.652 espectadores.
Portanto, agora escolha!

P.S.: A Liga Portugal, bem, tem envidado esforços na atracção de público aos jogos e empenha-se ainda mais na autopromoção das suas iniciativas no âmbito deste desafio. Infelizmente, até hoje (26 de dezembro de 2023, 22:13), esta extraordinária afluência de público não motivou qualquer menção no seu site oficial. Um lapso, certamente."

João Tomaz, in O Benfica

Entrar com o pé direito


"Ou com o esperado. Ou de cabeça, calcanhar e até de barriga se não houver mais nada à mão. É isso que desejo para o novo ano, para o futebol do SL Benfica, masculino e feminino e em todos os escalões. Que a bola entre mais vezes nas balizas adversárias, permitindo que a supremacia que demonstramos em termos de organização, de projeto e de recursos humanos possa, também, refletir-se na conquista generalizada de troféus.
O que também quero para 2024 são mais vitórias nas modalidades. Não é que tenhamos razões de queixa. Basta pensar em voleibol, basquetebol, hóquei em patins e atletismo no masculino para sorrirmos. Ou andebol, futsal, hóquei e polo aquático no feminino para virem à ideia outras grandes conquistas, mas queremos sempre mais. Queremos vitórias gloriosas na Europa (como e das mulheres na Champions de futsal), queremos dar o exemplo de integração e de como é possível dignificar e divulgar o papel da mulher no desporto.
Em 2024, vamos ter Jogos Olímpicos e, com eles, dezenas de atletas do SL Benfica em ação. Esse será outro dos momentos a ter em conta no novo ano. Em Paris, quero muito os êxitos pessoais de cada um dos atletas presentes, mas acima de tudo quero que não se esqueçam do apoio que tiveram para chegarem a este patamar tão elevado.
No fim do dia, do mês, da temporada, do ano civil, é bom que cada um dos nossos e das nossas atletas, em qualquer modalidade, se lembre de que acima dos egos está o bem maior - o Sport Lisboa e Benfica e aquilo que o Clube representa. E que tenham noção de que a visibilidade e o alcance de que gozam estão diretamente ligados à grandiosidade do Clube e da sua história."

Ricardo Santos, in O Benfica

Um ano à Benfica


"O 2023, que agora termina, foi um ano em grande para o nosso clube. Após três temporadas de jejum, o Benfica voltou a sagrar-se campeão nacional de futebol, exibindo uma superioridade inequívoca e reconhecida até pelos mais empedernidos rivais.
Resistindo à saída inesperada de Enzo Fernández, a meio da temporada, a equipa uniu-se e soube reagir a preceito. E nem uma semana difícil em abril, com a série negra de três derrotas, desviou o conjunto de Roger Schmidt da rota do título - consumado na Luz, diante do Santa Clara.
Na frente externa, e pela segunda vez consecutiva, os encarnados atingiram os quartos de final da Liga dos Campeões. O pragmatismo italiano do Inter de Milão matou o sonho de voltar a uma final - na qual, confesso, cheguei a acreditar.
Já a abrir a nova época, nova conquista: uma saboroso Supertaça, alcançada frente ao FC Porto.
Daí para cá, são de sublinhar os triunfos nos dois clássicos da 1.ª volta, em particular a épica remontada diante do Sporting na Luz. E, apesar de algumas exibições mais acinzentadas, partimos para 2024 com todas as ambições em aberto.
No futebol de formação ficámos a uma jornada de conquistar o campeonato de juniores e fazer o triplete de títulos - que seria inédito na história do Clube. Vencemos em juvenis e em iniciados.
Também nas modalidades o ano foi largamente positivo. Destaque para as dobradinhas no voleibol e no basquetebol, bem como para o campeonato de hóquei em patins e a Taça de Portugal de futsal, entre outros troféus. Já na nova temporada, várias Supertaças cimentaram a hegemonia benfiquista.
No sector feminino, o Benfica voltou a ser esmagador, ganhando praticamente tudo em futebol, hóquei, futsal, andebol e polo aquático. Esperemos repetir todos estes títulos e, se possível, acrescentar os poucos que faltaram.
Venha, pois, 2024."

Luís Fialho, in O Benfica

Família benfiquista


"Todos querem ver o Benfica jogar, mas, infelizmente, nem todos têm as condições necessárias para o fazer, porque a vida não lhas proporciona. A paixão, porém, está lá, imensa e intacta, à espera de oportunidade para comungar do ambiente contagiante da Luz. E, claro, o Benfica não pode sempre, mas, sempre que pode, abre-lhes as suas portas de alma e coração. Então, como desta vez, entram aos milhares novos e velhos, crianças e jovens, pessoas portadoras de deficiência e toda a variedade de públicos a quem o Benfica apoia através de parcerias da Fundação com as suas instituições. Três milhares de pessoas e uma centena de instituições lá estiveram de olhos postos no relvado e na equipa para verem o seu emblema do coração a brilhar e a vencer.
Estes são momentos únicos para estas pessoas, mas também para toda a família benfiquista, que reafirma a sua união em torno do Clube e dos seus sucessos, mas também de todas as pessoas que fazem do nosso querido Benfica um imenso e apaixonante espaço de pertença e identidade coletiva. Pode parecer pouco, mas é muito, mesmo muito, por muito só que se esteja, ou por muito mal que se possa estar, nunca se está verdadeiramente mal ou só enquanto foi possível sentir bem perto a presença fraterna e reconfortante do outro. Vibrar e acreditar em conjunto na multidão dum estádio, gritando pelas mesmas cores, pertencendo-lhe e vivendo intensamente o momento, é tão importante quando libertador. No Benfica, orgulhamo-nos de ser e de fazer disso uma prática através do trabalho da Fundação, porque, como alguém escreveu um dia numa frase feliz, 'só nós sentimos assim!'."

Jorge Miranda, in O Benfica

Núm3r0s d4 S3m4n4


"1
O Benfica venceu, pela 1ª vez, o Futsal Women's European Champions, a Liga dos Campeões oficiosa do futsal no feminino;

2
O Benfica é campeão nacional de natação nos masculinos e nos femininos na mesma temporada, o que já não acontecia desde 1988. Nos homens, é o bicampeonato nacional; A equipa feminina de luta do Benfica é bicampeã nacional;

4
Di María chegou aos 4 golos na Taça da Liga e integra o grupo dos 8º melhores marcadores do Benfica na prova;

7
Ao fim de 4 jornadas na fase de grupos da Liga dos Campeões, a equipa feminina de futebol benfiquista já estabeleceu novo máximo de pontos: 7. A passagem aos quartos de final é uma forte possibilidade nesta altura, o que, por si só, já é extraordinário;

10
Aursnes é o 3º membro do plantel a chegar às 10 participações diretas na finalização de golos em jogos oficiais na presente época (2 golos + 8 assistências). Rafa lidera com 14 (8+6), seguido por Di María, com 11 (9+2);

20
O Benfica conquistou, nas várias modalidades, pelo menos 20 títulos e troféus desde o início da temporada 2023/24 (seniores);

30
Rafa é o 3º a chegar às 30 assistências para golo em jogos oficiais neste estádio da Luz. Antes só Gaitán e Pizzi;

51’’00
Diogo Ribeiro estabeleceu o novo recorde nacional dos 100 metros mariposa: 51 segundos. Também o quarteto feminino benfiquista nos 4x200 metros livres conseguiu a melhor marca portuguesa (8.03,35 minutos);

48959
No jogo do Benfica com o AVS, no estádio da Luz, foi registada a 2ª maior assistência de sempre na Taça da Liga, atrás dos 49652 que estiveram na Luz para assistir ao Benfica-Sporting das meias-finais em 2010/11."

João Tomaz, in O Benfica

𝗣𝗔𝗥𝗔𝗕𝗘́𝗡𝗦 𝗔𝗢 𝗖𝗔𝗠𝗣𝗘𝗔̃𝗢 𝗗𝗢 𝗔𝗡𝗢 𝗖𝗜́𝗩𝗜𝗟, 𝗢 𝗙𝗖 𝗣𝗢𝗥𝗧𝗢, 𝗘 𝗔𝗢 𝗖𝗔𝗠𝗣𝗘𝗔̃𝗢 𝗗𝗘 𝗜𝗡𝗩𝗘𝗥𝗡𝗢, 𝗢 𝗦𝗣𝗢𝗥𝗧𝗜𝗡𝗚!


"Não deverá existir, em toda a história do futebol, campanha igual àquela que a imprensa nacional está a promover este ano contra o Benfica.
De um lado, o enorme FC Porto, que termina o ano em 1.º lugar no campeonato virtual do ano civil. Do outro, o enorme Sporting, que em 80% das vezes que terminou o ano em 1.º lugar, foi campeão. O pequeno detalhe dessa percentagem é que o Sporting só atravessou o ano em 1.º por 5 vezes nos últimos 50 anos e, enquanto equipa, não têm nem o melhor ataque, nem a melhor defesa e nem sequer o melhor marcador do campeonato, não obstante de terem atualmente no seu plantel o sucessor do Peyroteo.

PS: Já o Benfica, vencedor do único troféu da corrente época e que não perde para a liga portuguesa desde 14 de agosto de 2023, na primeira jornada, não conta nem para o totobola."

Janeiro de trabalho

Menos guerra, mais amor


"Devemos ser mais exigentes. Começaria por exigir que se faça tudo por manter o Rafa, como gostaria que o Grimaldo tivesse ficado

Antes que alguém decida ir por aí, o texto desta semana não é sobre quem é mais Benfiquista. Os adeptos criticados neste texto não são inferiores a mim em nada. Provavelmente até são melhores indivíduos do que eu na maior parte dos aspetos, incluindo no Benfiquismo. De resto, quando penso nas pessoas a quem as críticas deste texto se referem, um montão de gente com que me fui deparando ao longo dos anos, encontro um pouco de tudo e, neles, encontro um pouco de mim também. Mas hoje apeteceu-me deitar isto cá para fora.
Faço-o em parte por alguma indignação com o tema da semana, a saída do Rafa, mas também por um motivo mais bonito. Senti-me inspirado por uma bonita iniciativa de Natal da Fundação Benfica, que abriu as portas de várias Casas do clube para receber pessoas que iam passar mais um Natal sozinhas. Fiquei genuinamente comovido com as imagens e lembrei-me que devia fazer mais pelos outros no próximo Natal, ou talvez já este mês. A mensagem, publicada nas redes sociais do Benfica no dia 31 de dezembro, assinava com uma frase simples mas poderosa: que em 2024 a família se mantenha mais unida do que nunca.
Uma família mais unida do que nunca. Pus-me a pensar no que pode ser feito para lá chegar, e nas armadilhas que às vezes surgem nesse caminho. Nunca fui fã de unanimismos estúpidos ou de endeusamentos, seja onde for. E, como muitos outros, acho que tem de existir espaço para a crítica, incluindo numa instituição com a dimensão e importância social e formativa do Benfica. Mas, e já aqui o disse quando Rui Costa foi eleito, na altura sem o meu voto, também não sou apreciador de guerras infinitas nem dos belicismos verbais que galvanizam alguns adeptos, às vezes parecendo mais movidos pelo ódio do que pelo bom senso.
Enquanto alguém que participou da forma mais ativa possível numa campanha eleitoral que tinha como adversário o então presidente Luís Filipe Vieira, e que se orgulha de o ter feito, sinto que devo fazer uma confissão. Passaram alguns anos e ainda hoje dou por mim a pensar no efeito que essa campanha teve no meu Benfiquismo e no de muitos outros sócios. Poucas coisas na minha vida passada a acompanhar o clube (que é, digamos, a maioria da minha vida) me deixaram tão doente como essa eleição. Nunca mais vi ou senti o Benfica exatamente da mesma forma, penso que por me ter desencantado com algumas coisas e ter perdido ilusões face a tantas outras.
Hoje, acho que conheço melhor o Benfica e mantenho uma enorme vontade de voltar a participar de forma mais ativa na vida do clube, seja numa campanha, dentro do Benfica, ou cá fora, a ser o melhor adepto que puder ser. Desde essa altura, aos poucos, uma das coisas que decidi praticar foi a aceitação, em especial desde que Rui Costa foi eleito com um resultado sem margem para dúvidas. Não se tratou de uma aceitação acrítica, mas antes de uma evolução da minha relação com o clube. Continua a interessar-me muito pensar ou discutir as dimensões institucionais, estatutárias ou organizacionais do clube, mas, se formos absolutamente francos, a maioria dos adeptos do Benfica estão, em qualquer momento das suas vidas, muitíssimo mais interessados em ver a equipa jogar bem e ganhar, em encher os estádios para cantar e conviver, em encontrar aqui uma fuga épica à banalidade da vida quotidiana, e em fazer desta experiência mais visceral, muitas vezes irracional, uma parte das suas vidas que levam para toda a parte e se lembrarão para sempre, assim como os seus filhos, os netos e quem mais vier. Pode às vezes parecer, mas não há nada de acrítico nisso. É mesmo o melhor combate que se pode travar na vida de um clube de futebol. E não há percepção gerada pela bolha das redes sociais, sempre aptas a travar mais uma guerra ou instruir os Benfiquistas sobre como devem praticar o Benfiquismo, que supere esta convicção.
Às vezes as guerras infinitas acontecem contra direções, outras vezes são movidas contra jogadores. Sem questionar a legitimidade de umas e outras, parece-me que às vezes somos pouco inteligentes a escolher as batalhas. Contra mim falo, que também as travei ao longo do tempo, umas mais estúpidas do que outras. Vem tudo isto a propósito do desprezo e da revolta que a aparente saída do Rafa, comunicada pelo próprio, parece ter suscitado em alguns adeptos. Permitam-me por isso aprofundar o tema da guerra infinita: existe uma corrente de clubismo no Benfica que só parece sentir-se preenchida no seu Benfiquismo se puder diabolizar e polarizar a discussão, qualquer discussão. A condição tornou-se uma espécie de clubismo performativo, segundo o qual alguns demonstram que são melhores adeptos do que os outros. É verdade que uma família em 2024 deve acomodar as mais diferentes sensibilidades e escolhas pessoais, mas às tantas já chateia. Ligo-me às redes sociais ou aos fóruns online e vejo muitos para quem hoje no Benfica só existem culpados. Julgo conhecer bem a doença. Emana do Benfiquismo, mas não é bem a mesma coisa. É uma estirpe de fundamentalismo ideológico que leva o adepto a convencer-se de que quem hoje trabalha no Benfica, seja qual for a função ou departamento, não faz o seu melhor, não tem competência, não vive para o clube, não sofre como os adeptos, não quer o mesmo que eles, não decide a pensar no bem coletivo e nas vitórias, e não quer exatamente a mesma coisa que os milhares que enchem os estádios ou os pavilhões. Como me costumavam explicar em criança, essa teimosia e fanatismo faz-nos fazer perder a razão. No final, não levo a mal, e ninguém é menos Benfiquista por ser assim. Mas chateia.
Desta vez a vítima da guerra foi um jogador acusado há anos de ter feito a cama a treinadores e de não gostar do Benfica, marginalizado por não publicar as coisas que devia no seu Instagram, criticado por não ser suficientemente dado aos adeptos, os mesmos que arrastam o seu nome na lama como se fosse a fonte dos insucessos do clube e de nenhuma das conquistas. A julgar pelas muitas reações que vi nos últimos dias, o Rafa tinha obrigação de ter marcado mais golos do que os 81 que marcou nos últimos 300 jogos, devia ter vergonha de ter feito apenas 60 assistências, podia ter fintado mais vezes, devia ter passado a bola, devia sentir vergonha de ter ganho apenas três títulos nacionais, devia ter decidido melhor, e devia ter sido mais isto ou aquilo, mesmo que praticamente ninguém que tenha coexistido com Rafa ao longo dos seus anos no Benfica tenha feito melhor do que ele. Bem vistas as coisas, creio que só mesmo a presença do Rafa em campo impediu o Benfica de conquistar as últimas edições da Liga dos Campeões.
Caro leitor, também eu acho que devemos ser exigentes. Começaria por exigir que se faça tudo o que for possível para manter o Rafa no plantel, da mesma forma que gostaria que o Grimaldo tivesse ficado por cá, mesmo que tivesse sido necessário quebrar algumas regras de racionalidade financeira. Se acabar por ir embora, que seja homenageado com a gratidão que merece, mesmo que não tenha correspondido exatamente ao ídolo canónico que todos desejámos que fosse. Eu vou sentir falta dele e acho que não estou sozinho. E, agora que arrancamos para um novo ano, desejo a todos os Benfiquistas que façamos essa despedida no Marquês de Pombal e em Dublin, com menos guerras e a família cada vez mais unida. Tenho a certeza de que nada mais irá interessar. Mais do que um sonho, este cessar fogo é uma ambição legítima e concretizável. Votos de um excelente 2024 a todos!"

A traição de Rafa


"No final da época, já com 31 anos, terá o caminho livre para prosseguir a carreira onde receber o que o Benfica não pode, ou não quer, pagar…

Rafa Silva surpreendeu ao dizer o que disse depois de defrontar o Famalicão. Fê-lo de livre vontade. Não foi ingénuo, ele sabe que há oportunidades que não devem perder-se. Por isso, viu nesta declaração, depois do último jogo do ano, que até lhe correu bem, o momento ideal para fazer o anúncio de uma eventual despedida do Benfica. Foi um golpe à traição...
Não sei se a cena estaria preparada, mas estranhei a pressa com que o treinador o corrigiu, ao assegurar que este mês ele não sai, mas não é cem por cento seguro que isso não aconteça mais adiante, para ir à sua vida «como campeão e com títulos». Vistas assim as coisas, estará tudo encaminhado, apesar da posição enigmática assumida por Roger Schmidt. Muita gente quis que ele saísse, referiu, transferindo para terceiros a eventual responsabilidade pela posição bem calculada de Rafa. Por exemplo, porque não a tomou a seguir ao empate com o Farense, há duas jornadas? Ou porque não a tomou antes de Braga, quando Schmidt confessou que se Rafa fosse eficaz «marcaria 25 ou 30 golos por época». Pois é, a eficácia, ou falta dela, sempre foi o seu calcanhar de Aquiles e mais evidente se torna à medida que os anos passam e a disponibilidade física regride.
Li em a A BOLA que o jogador tomou a decisão de sair quando percebeu que a administração encarnada não lhe deu o que ele solicitou para renovar, o que é perfeitamente normal. Uma parte pediu e a outra parte, com a mesma liberdade, recusou, tanto mais que Rafa, ultrapassada a barreira dos 30 anos, não parece em condições de profissionalmente oferecer mais do que até agora foi capaz de dar, sendo certo que o Benfica fez dele um jogador ricamente pago, apaparicado e ao qual dispensou sempre uma infinita tolerância, Schmidt incluído.
Tudo tem o seu tempo, porém, e o presidente Rui Costa já fez saber que quer dar o passo em frente para devolver ao emblema da águia o estatuto de grande europeu. Dizem os maledicentes da paróquia que isso é uma ilusão. Sê-lo-á, de certeza, se não houver ousadia para fazer o que é preciso, no sentido de enriquecer o plantel com sangue novo, juventude bem preparada, irreverente e corajosa, já representada por Trubin, António Silva, João Neves, Florentino Luís ou Tomás Araújo, mais Tiago Gouveia, por exemplo. Nem todos serão estrelas, mas todos serão importantes e é assim que se constrói um plantel, com onze titulares e mais uma dúzia de suplentes a pressionarem diariamente o treinador para serem também titulares.
Rafa Silva já não tem futuro ao mais alto nível competitivo e, como é fácil de entender, não faz parte deste processo. Acaba contrato e o seu empresário deve sonhar com um camião de euros ou de dólares em comissões das arábias, mas um jogador com apenas 25 internacionalizações A, sem registo de golos marcados, que abdicou da própria Seleção por razões que só a ele dizem respeito e que, em termos de cotação nos mercados, em nada o beneficiaram, não está em condições de fazer grandes exigências. Portanto, no final da época, já com 31 anos, terá o caminho livre para tomar a decisão que quiser e prosseguir a sua carreira onde receber o que o Benfica não pode, ou não quer, pagar…
Uma especulação ainda, ou talvez não: por que foi agora que Rafa resolveu ser o protagonista? Porque não estavam cá nem o capitão Otamendi nem a principal figura do plantel, Di María, os campeões do Mundo.

Leão é líder
O Sporting entrou em 2024 como líder da classificação. Com apenas quinze jornadas cumpridas tem pouco sentido erguer cenários sobre o futuro do campeonato, mas é sempre melhor ser primeiro do que segundo, seja qual for a fase da corrida.
Se me perguntarem se o leão é o principal favorito, direi que sim, pela circunstância de somar mais pontos, estar a jogar bem e ter um plantel que lhe oferece segurança, apesar de ausências importantes, durante este mês de janeiro. No entanto, na discussão restrita pelo título, que prevejo em campeonato a quatro, o Benfica exerce claro domínio, com nove pontos, correspondentes a três vitórias (Sporting, FC Porto e SC Braga), contra quatro do Sporting (vitória com FC Porto e empate em Braga) e um do SC Braga (empate com Sporting). O FC Porto ainda não pontuou, o que reflete o período crítico por que passa o grupo de Sérgio Conceição, incapaz de disfarçar as saídas de Uribe e de Otávio, principalmente este.
O Sporting bateu-se bem em Portimão e justificou a liderança, embora pareça que Ruben Amorim nunca está satisfeito, quer sempre mais e melhor. Os treinadores são assim. Há uns tempos escrevi que ele só tem olhos para o titulo. As contratações do sueco Viktor Gyokeres e do dinamarquês Morten Hjulmand foram dois tiros certeiros que estão a fazer toda a diferença.
‘Dupla do leão mete medo’, assinalei neste espaço, em 29 de agosto de 2023.
Não é tanto o Paulinho, é mais o Gyokeres, ou o enquadramento perfeito entre ambos que ajuda explicar a transformação operada no futebol leonino, de novo pujante, audaz e temido.
Por outro lado, Hjulmand, com as devidas cautelas, dá indicações de muito depressa fazer esquecer Ugarte por ser um jogador de tração à frente e com mais presença em campo do que o uruguaio.
Está tudo a correr bem ao Sporting, mas em futebol nunca se sabe como será o dia seguinte, o que justifica a disciplina de ferro imposta por Ruben Amorim."

Águia: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Será necessária muita coragem para enfrentar e vencer desafios


"A escassez de infraestruturas, a deficiente atividade física dos portugueses e a capacidade do futebol profissional para competir na Europa e no Mundo são problemas que temos de atacar em 2024. Estou ao dispor para ajudar nesse processo

O ano de 2024 dificilmente poderia começar melhor: na última semana de 2023 alcançámos novo máximo de federados em Portugal. Ao dia que escrevo, temos 218.845 praticantes de futebol e futsal nas 22 associações distritais e regionais, dos quais 16.375 mulheres. Um número que continuará a crescer nos próximos seis meses.
Estes atletas significam instalações preenchidas, treinadores e dirigentes competentes e um campo de recrutamento abrangente que tornará mais sólida a pirâmide desportiva.
O futebol português nunca foi tão procurado pelas famílias.
O desporto que prometemos desenvolver e promover está na melhor fase da sua história, no que à prática diz respeito.
Na última década desenvolveram-se ferramentas que tornaram possível esta solidez, nomeadamente a certificação das entidades formadoras e o licenciamento para as provas nacionais. Hoje, os clubes sabem os deveres a que estão obrigados e o apoio que recebem.
O maior combate do futebol português, na próxima década, não estará na captação e na retenção de jovens praticantes. Nem sequer na organização de provas distritais ou interdistritais, uma solução urgente face ao anunciado flagelo demográfico. A quantidade, qualidade e utilização de infraestruturas e a capacidade para competirmos na Europa e no Mundo - esses sim! - são os verdadeiros desafios e é nisso que penso no arranque de 2024, ano em que as provas de clubes da UEFA entram num novo ciclo.

UM PAÍS QUE PRECISA DE SE MEXER
O problema das infraestruturas desportivas é crónico.
Durante anos discutimos com as diversas entidades, trabalhámos em conjunto, canalizámos avultados fundos federativos. Algumas associações construíram academias, há diversos projetos em andamento e clubes com instalações renovadas. Mas é evidente que apesar do esforço diário das autarquias, temos de olhar de outra forma para o desporto.
Ninguém tem dúvidas sobre o que enfrentaremos, como país, nos próximos anos.
Viveremos mais tempo, mas as condições em que o faremos dependerão muito da criança e do adulto que formos.
A nossa atividade física é escassa e isso leva-me a pensar que o desporto é um dos maiores investimentos que devemos fazer em nós próprios. Desde cedo, em qualquer idade, ao longo de toda a vida. Para isso precisamos, repito, de privilegiar a atividade física. Infelizmente, a nossa posição entre as nações europeias entristece-nos, o que torna urgente que este tema seja central em qualquer discussão sobre o futuro de Portugal e dos portugueses.
Nos três mandatos à frente da FPF colocámos 34 milhões de euros em planos de recuperação de espaços de clubes e construção de academias. Mas precisamos de pelo menos cinco vezes esse valor, até porque esperamos milhares de novos praticantes, sobretudo raparigas.
Cada euro investido em desporto pela comunidade será devolvido mais tarde, em qualidade de vida e poupança do Estado, nomeadamente nos serviços de saúde.

LUTAR PELA NOSSA DIMENSÃO
Outro tema em que penso diariamente é a capacidade de competirmos na Europa e no Mundo.
Ninguém tem dúvidas sobre a excelência dos nossos melhores jogadores e treinadores.
Somos um inequívoco produtor de qualidade.
Fruto dessa capacidade de formar e trabalhar que os clubes desenvolveram e da competência dos nossos treinadores, as seleções entram hoje em campo com o único pensamento: vencer. Portugal pode bater-se com qualquer país. Se o nível do trabalho for mantido, o futuro não será diferente.
A maior preocupação - especialmente num ano em que as provas da UEFA se alteram - é garantir que os clubes de um país com a nossa dimensão conseguirão ser competitivos no contexto europeu e mundial.
Estou no futebol há tempo suficiente para saber que a única coisa realmente garantida é a incerteza. E não falo da bola que bate no poste. Penso no relevo que hoje em dia têm diferentes receitas: a bilheteira, os sócios, os parceiros, as transmissões televisivas, a participação nas provas europeias, as transferências.
Quando comecei a minha vida de dirigente desportivo, algumas destas linhas tinham pouco peso na vida de um clube. Outras praticamente nem existiam.
Desejo, por isso, que a primeira metade de 2024 seja de recuperação no Ranking UEFA. Portugal precisa urgentemente de pontuar, pois só essa competitividade lhe permitirá ter mais clubes, em melhores posições. Os fluxos financeiros provenientes das provas europeias tornaram-se fundamentais. Mas a capacidade de participar não se avalia apenas quando jogamos. O que fazemos durante 90 minutos é, aliás, resultado de tudo o resto.
Se não criarmos as condições necessárias para fazer crescer o nível de competitividade interna, enfrentaremos o risco de cair na segunda divisão europeia. Esse não é o lugar que merecemos, mas não podemos tomar o estatuto atual por garantido, sob pena de nos afundarmos na nossa própria sobranceria.
O perigo é real e se não houver muita coragem para tomar as medidas certas e mudar, então perderemos muito daquilo que tanto trabalho deu a conquistar nos últimos anos.
O desafio - ser forte e competente na Europa e no Mundo - implica ser capaz de construir os calendários mais adequados, ter os formatos mais equilibrados e o jogo útil mais exigente. É isso que decidirá o futuro próximo do futebol português. A transação centralizada de direitos será também uma peça importante, se complementada por muitas outras. Até porque o processo de centralização - vender os direitos, concretizar a chave de distribuição que potencie o equilíbrio e entregar um produto igual aos melhores - demorará várias épocas. E a necessidade é urgente.

RESPEITO OS MEUS COMPROMISSOS
Na última década alterámos os quadros competitivos da formação e hoje somos uma potência reconhecida por todos. Criámos a Liga Revelação, por onde passam centenas de jogadores numa fase decisiva da sua carreira, a caminho das ligas profissionais. Refundámos o terceiro escalão, com 20 clubes na Liga 3 e um espaço de eleição para as equipas B. Só nas competições profissionais não foram introduzidos quaisquer ajustamentos relevantes, um aspeto para o qual chamei a atenção diversas vezes.
Eu respeito os meus compromissos e sei bem o que representa ser presidente da FPF.
Quando fui reeleito em 2020, assumi diretamente no meu programa (compromisso 98) a vital importância de manter uma relação de parceria com a Liga de forma a podermos construir novos quadros competitivos no futebol profissional propostos pelos clubes e articulados com a FPF.
É o que tenho procurado fazer.
Reafirmo, agora, neste momento tão decisivo, a minha total disponibilidade para colocar ao dispor do edifício do futebol profissional todo o conhecimento e experiência acumulados na FPF de forma a atingirmos objetivos que são, pela sua própria natureza, os de todos nós: a salvaguarda da saúde económica e a afirmação desportiva do futebol português.

DESAFIOS NO FEMININO
Os temas que os clubes da Liga BPI enfrentam na Europa não são menores. O ranking UEFA feminino será particularmente importante em 2024.
Os pontos conseguidos pelo Benfica nas últimas épocas são exemplo do investimento acertado do clube, mas também da capacidade de adaptação de todos os que se envolveram na busca do formato mais equilibrado, que permita jogos competitivos que preparem melhor as jogadoras para os confrontos europeus.
No feminino, os tempos também são de mudança na UEFA. Se Portugal chegar ao final da época no sexto lugar que atualmente ocupa (ou até mais acima…), em 2025/26 teremos uma equipa diretamente na fase de grupos e mais duas nos play-off da Champions. Este é o momento indicado para investir. Meios, claro, mas sobretudo horas de reflexão, análise e discussão partilhada.
Cada vez que um clube entra em campo numa prova europeia, na verdade somos todos nós que lá estamos.

MAIS EXIGENTES DO QUE NUNCA
Quando penso em 2024, não posso deixar de pensar também em 2030, o ano em que todo o mundo olhará para Portugal. E em como as próximas seis épocas serão repletas de temas com que teremos de saber lidar com equilíbrio, capacidade de diálogo, experiência e sobretudo verdade.
No desporto começamos sempre do zero e temos de saber reconstruir-nos, todos os dias, de forma a estarmos à altura do que somos. Essa é a nossa gigantesca tarefa: mantermo-nos no topo. Sem medo de procurar as melhores soluções, mesmo que isso signifique arriscar e fugir de unanimismos artificiais.
Em 2024 seremos mais exigentes do que nunca e deixaremos as associações distritais - a verdadeira base de futebol, futsal e futebol de praia - mais sólidas e qualificadas, com a sua autonomia e independência reforçadas.
Deixo uma palavra final sobre as provas de seleções em que participaremos neste ano. O EURO 2024, mas também os mundiais de futsal e futebol de praia, e as diversas qualificações. Os portugueses podem contar com a nossa qualidade, mas sobretudo com uma certeza: tudo faremos para tornar 2024 o melhor ano da história do futebol português."