Últimas indefectivações

domingo, 7 de agosto de 2011

As grandes esperanças do merceeiro analfabeto

"Esfregando as mãos sebentas, o merceeiro analfabeto confessou, despudoradamente, que deposita grandes esperanças em Vítor Pereira. Pudera! Ano após ano, grandes esperanças são depositadas nos senhores de cócoras. Sempre disponíveis para um jantar de marisco em Matosinhos, nunca recusando um convite para uma deslocação nocturna a um arrabalde manhoso para uma muito católica apostólica romana conversa sobre pecadilhos parentais com o Professor Bambo da Madalena, fiéis utilizadores dos serviços íntimos das senhoras do calor da noite, é nos sequazes de Vítor Pereira que, muito correctamente, o merceeiro analfabeto aposta para mais uma época de vergonhosas fraudes semanais e de títulos de fancaria.

É nesta (in)cultura que tais vermes rastejam e se multiplicam. Sem surpresas. Ou talvez com a surpresa grotesca de ver um parolo tomar de assalto o castelo das Antas. Diz ele, fotografado orgulhosamente em tronco nú, para que todos possamos aquilatar das suas insuficiências e admirar o seu peito de tísico, que viveu os melhores momentos da sua estúpida existência. Parece que o estaminé estava ao abandono. Nem um único steward (provavelmente de cara esmurrada pelo incrível Shrek) lhe surgiu num corredor esconso. Dormiu serenamente, como qualquer habitual flausina, no gabinete onde, pelos vistos, repousam os troféus - eles sabem bem que quem ganha não são técnicos nem jogadores...

Depois, num reflexo de súbita criatividade, desceu ao relvado com duas taças e passeou-se com elas, fingindo ter em seu redor um estádio cheio a aplaudi-lo. O homenzinho pode ser um tonto, mas não é completamente insano. No fundo, limitou-se a fazer aquilo que habitualmente fazem os jogadores do seu clube: passeiam-se pateticamente exibindo taças que não são deles."


Afonso de Melo, in O Benfica

A treta

"Depois do discurso contra o Sul, do discurso sobre a penhora da retrete, do discurso em torno da fruta para dormir, do discurso em que imitava um aparelho de gps e indicava orientações sobre a localização da sua casa a um árbitro na antevéspera de apitar um jogo do seu clube e de tantos outros discursos a que a parvónia denomina “fina ironia”, o sr. Costa surgiu agora com o discurso da treta, referindo-se à venda dos direitos desportivos do guarda-redes Roberto.
Considero que o actual discurso da treta do sr. Costa constitui-se como uma evolução e, finalmente, está adequado à figura que o enuncia. Isto é de louvar. Aliás, foi também interessante ver como a comunicação social alinhada com o senhor do tal discurso da treta tentou, por todos os meios, desvalorizar o adversário do Benfica nesta fase da Liga dos Campeões. Numa atitude bacoca e a roçar um estranho e infundado complexo de superioridade, muitos foram os meios de comunicação social portugueses que não se cansaram de tentar desvalorizar o Trabzonspor. Houve mesmo alguns ‘opinadeiros’ que queriam demonstrar a fraqueza do nosso adversário referindo-se a uma suposta fraca qualidade e desorganização do futebol turco. Isto, meus caros, é uma treta. O futebol turco, no que respeita à tentativa de zelar pela verdade desportiva, dá lições a toda a organização do futebol português. No futebol turco, como se comprova com a actual situação criminal de alguns dirigentes (entre os quais os do Trabzonspor), não se considera uma treta a tentativa de adulterar resultados. Da mesma forma que não é um qualquer cacique de aldeia que, com duas tretas e um par de balelas, escarra na Justiça e leva um conjunto de lorpas a fazerem das tretas letra de lei e código deontológico.
Chegará o dia em que ainda nos vão querer obrigar a acreditar que há dirigentes de clubes que recebem árbitros em casa apenas para terem inocentes conversas da treta. Enfim, isto, como diria um tal de Calheiros, já são outros quinhentinhos…"


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Grande Torino


"Em 1949, o Benfica recebeu e venceu o Torino por 4-3 num encontro ensombrado pela tragédia que se seguiu.

O dia 4 de Maio de 1949 ficou marcado por uma tragédia que ensombrou a história do futebol mundial e a que o Benfica ficou indelevelmente associado. No regresso a Itália, depois de participar no encontro da festa de homenagem ao jogador benfiquista Francisco Ferreira, a equipa do Torino desapareceu tragicamente num acidente aéreo, a dez quilómetros de Turim.

MELHOR QUE A SELECÇÃO
No dia 3 de Maio de 1949, o Estádio Nacional veste-se de encarnado para ver actuar o mais popular jogador português frente aos melhores da Europa. À chegada a Lisboa, o clube grená é o detentor do 'Scudetto' há quatro temporadas e a equipa europeia do momento. Verdadeira constelação de estrelas. Com 52 pontos e 4 de vantagem sobre o Milão, segundo classificado, o Torino caminha confiante para o penta, quando faltam apenas quatro jornadas para o termo da prova.
O desafio está marcado para as 18 horas, com bilhetes entre os 15 e os 80 escudos. Apesar de o jogo ser a uma terça-feira, o público acorre com entusiasmo às bilheteiras.
O encontro termina em festa. O Benfica sai vitorioso por 4-3, superiorizando-se à melhor equipa europeia. O resultado, apesar de, naturalmente , secundarizado pela hecatombe, é, na altura, reconhecido como prestigiante para o futebol nacional, constituindo, então, a segunda derrota do Torino contra clubes estrangeiros nos últimos nove anos.

ATÉ TURIM
Após o encontro, realiza-se no restaurante Alvalade, ao Campo Grande, um banquete, em que tomam parte os atletas e dirigentes dos dois clubes e ainda jornalistas de ambos os países e algumas individualidades.
Durante o evento o presidente do Benfica, Mário Madeira, efectua um discurso em que enaltece Francisco Ferreira, agradecendo a presença do Torino. Ao vice-presidente dos transalpinos Mário Madeira oferece, como recordação da visita, uma salva de prata. Rinauto Agnisetta agradece o acolhimento e demonstra interesse em receber em Itália, para um tira-teimas, a equipa encarnada, repto que acolhe de Mário Madeira aceitação imediata.
Ao presidente ao Benfica Agnisetta oferece uma reprodução em prata da Mole Antonelliana de Turin e distribui lembranças aos jogadores benfiquistas e à equipa de arbitragem.
Depois do encontro de confraternização, a comitiva 'granata' regressa ao Estoril, onde se encontrava alojada no Hotel do Parque desde da sua chegada a Lisboa.
O dia seguinte amanhece cinzento. Pelas 8 horas, o grupo ruma ao Aeroporto da Portela. Sobre a pista, aguarda já o trimotor Savoia, da Avio Linee Italiane. Na despedida, o capitão Benfiquista, Francisco Ferreira, abraça, um a um, os convidados, oferecendo-lhes latas de atum, que sabia apreciarem muito. O ambiente é de alegria e satisfação. A derrota, essa, está já amenizada com a promessa de o Benfica se deslocar em Junho a Itália para um match-return. Após os cumprimentos finais, o capitão Mazzola, já na escada do avião, volta-se para os anfitriões e profere, crente num futuro certo, estas curtas palavras: 'Adeus, até Turim!'.
Já em território Italiano, o avião enfrenta um temporal violento. O altímetro avaria-se, marcando dois mil metros de altitude quando o aparelho se encontra, afinal, a 600 metros do solo... Turim está apenas a escassos dez quilómetros quando o avião embate na torre da Basílica de Superga, erigida sobre uma colina. O aparelho incendia-se de imediato e despenha-se em chamas, ao que se segue uma explosão, provocando a morte a todos os 31 ocupantes.


ECOS DA TRAGÉDIA
A notícia espalha-se. Milhares de pessoas acorrem ao local para testemunhar o desastre. No dia seguinte, os jornais Italianos fazem circular edições especiais dando conta do drama que acaba de enlutar o país e de propagar no mundo uma verdadeira onda de choque. Uma procissão de gente presta homenagem aos malogrados no Palácio Madama e meio milhão de pessoas toma parte no funeral de 6 de Maio de 1949. Os corpos seguem, aos pares à Catedral de S. João, atravessando as ruas de Turim apinhadas de gente e de lenços brancos.
No meio do infortúnio, cinco figuras emergem por terem escapado a tão negro destino: o guarda-redes suplente Renato Gandolfi, que cedera o lugar a Dino Ballarin; Sauro Tomá, que fica em Turim por se encontrar lesionado, e Lugi Gandolfi, um jovem que acabara de ascender à primeira equipa, proveniente dos juniores. Para além destes, também o presidente, Ferruccio Novo, acometido de uma broncopneumonia, e o telecronista Nicoló Carosio não haviam seguido para Lisboa.
À capital portuguesa a notícia chega dura e fria, atingindo profundamente o Benfica e os portugueses em geral. Nos primeiros instantes, o sentimento de camaradagem e de gratidão que resultara da vinda dos Italianos a Lisboa leva todos, no clube,a desejar que se trate de um erro. Mas o pior confirma-se. Na sede, a bandeira é hasteada a meia-adriça e a porta semifechada. A direcção do clube, contando com a presença de Francisco Ferreira, reúne-se estraordinariamente e decreta um luto de oito dias, adiando, de pronto, as festas comemorativas do 45.º aniversário.
A imprensa Italiana dá eco das manifestações de pesar em Portugal, particularmente em Lisboa e na Embaixada de Itália, e reproduz fotografias de Francisco Ferreira em estado de prostração, o que muito impressiona os Italianos.
O presidente do Benfica recebe do encarregado de negócios de Itália, Luigi Sabetta, uma carta marcante, em que este expressa a sua incredulidade e pesar sobre o sucedido. No documento, Sabetta salienta o facto de o Torino ter deixado o seu testamento desportivo, de juventude e de camaradagem no jogo com o Benfica, cuja 'bela equipa' designa de depositária desse testamento.
Privado de prosseguir o campeonato com a 'squadra' magnífica, o Torino faz avançar, em seu lugar, a equipa de juniores. Numa resposta solidária e desportiva, os clubes que a equipa grená defronta nas quatro jornadas restantes apresentam também as suas formações do mesmo escalão. O Torino vence todas as partidas e consegue o título, com 60 pontos, 5 de vantagem sobre o Inter, segundo classificado.

No dia 19 de Junho de 1949, o Estádio Municipal de Turim deveria encontrar-se cheio de público para assistir à partida de desforra entre o 'touro' e a 'águia'. Mas nas bancadas de fria pedra o vazio apenas. Um penoso e descomunal silêncio. Do Grande Torino, somente o vulto incontornável da memória."

Luís Lapão, in Mística

Os Reis da noite !!!

Benfica 2 - 1 Arsenal


A máquina parece estar afinada, segunda parte muito boa, num jogo demasiado durinho para amigável. O jogo ficou marcado pela estratégia inversa dos treinadores, enquanto o Benfica deixou os supostos titulares (do Javi para a frente!!!) no banco, o Arsenal ao intervalo deu descanso a alguns dos seus titulares.

O Arsenal na primeira parte teve demasiado espaço para jogar, eu sei que nestes jogos o 'estudo' do adversário é relativo, mas foi a defender, com quase todos os titulares desse sector a jogar, que o Benfica denotou maiores dificuldades...





Agora, é preparar o jogo da próxima Sexta-feira em Barcelos, sabendo que os particulares das Selecções vão atrapalhar bastante toda a semana de trabalho. O Eduardo não é 'problema', o Cardozo neste momento parece não ser primeira opção, mas a convocatória do Witsel 'incomoda' bastante...!!!