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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Terceiro Anel: Diário...

Observador: E o Campeão é... - Entre Benfica e Sporting, quem tem mais gasolina depois do Natal?

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"O Benfica regressa à competição hoje à tarde em Braga (18h00). Este é o tema em destaque na BNews.

1. Estender o bom momento
Em antevisão à partida, José Mourinho expressa o que pretende da sua equipa: "Dar continuidade àquilo que de bom temos feito nas últimas semanas. Mostrámos ou sentimos evolução em diferentes aspetos do nosso jogo, e, por isso, a esperança de conseguir um bom resultado contra uma equipa que é muito boa."

2. Seja onde for
Apoio à chegada ao hotel em Vila Nova de Gaia.

3. Ceia de Natal solidária
A iniciativa aconteceu na Sala dos Campeões Europeus do Estádio da Luz e contou com a participação do Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa.

4. Entrega de presentes
Uma iniciativa conjunta do Futebol Profissional e da Fundação Benfica.

5. Marca redonda
Com o tento apontado ao Famalicão, Pavlidis alcançou a meia centena de golos de águia ao peito em competições oficiais. Veja a entrevista ao avançado do Benfica.

6. Calendário atualizado
Confira as datas e os horários dos jogos do Benfica relativos às 18.ª e 19.ª jornadas da Liga Betclic.

7. Benfica District – Sessão de esclarecimento
É hoje, às 11h00, na Casa Benfica Paredes, com o vice-presidente e CFO do Sport Lisboa e Benfica, Nuno Catarino, e com os vice-presidentes José Gandarez e Manuel de Brito. A sessão pode ser acompanhada em streaming no Site Oficial do Clube.

8. Outros jogos do dia
A equipa B visita o Académico de Viseu às 11h00. No basquetebol, a equipa masculina tem embate no reduto do SC Braga às 11h00, e a equipa feminina atua no pavilhão do Sanjoanense às 16h00.

9. Mais iniciativas natalícias
Os membros do plantel e staff do escalão Sub-23 trocaram presentes. Os jogadores da equipa B João Fonseca e Francisco Neto foram concorrentes em culinária. A avaliar o seu desempenho estiveram os colegas Tomás Cruz, Federico Coletta e Jelani Trevisan. O plantel do futebol feminino entregou presentes, e algumas das jogadoras participaram num quiz dedicado às festividades. A secção de basquetebol realizou o habitual jantar de Natal. A secção de futsal realizou um torneio com a participação de todos os escalões.

10. Entrevista
Em entrevista à BTV, o treinador de futsal do Benfica, Cassiano Klein, afirma que é "um privilégio treinar o Benfica" e acrescenta: "O dia em que recebi o convite para trabalhar no Benfica foi dos mais felizes da minha vida."

11. Sorteio
Equipas masculina e feminina de voleibol do Benfica já conhecem adversários nos oitavos de final da Taça de Portugal.

12. Benfica Goalkeeper Experience
Veja a reportagem da BTV sobre mais uma edição da Benfica Goalkeeper Experience.

13. Eusébio Bola de Ouro há 60 anos
O Pantera Negra é o único jogador galardoado com este prémio em representação de um clube português."

Melhor de todos os tempos!


"PRIMEIRO A GANHAR A "BOLA DE OURO" ÚNICO A CONSEGUI-LO A JOGAR EM EQUIPA PORTUGUESA

Hoje é dia de recordar Eusébio da Silva Ferreira. E ninguém melhor para o fazer do que António Simões, o seu "irmão branco", como a ele Eusébio se referia. Socorro-me do livro "António Simões - As Minhas Memórias" (Prime Books, 2024), que inclui inúmeros episódios do "Rei" - difícil é escolher! -, deixo-vos oito. A palavra a António Simões.

1. A minha imagem é vê‑lo a receber a bola perto do meio ‑campo, dar um passo para a frente, dois, vá, e atirar uma “pedrada” indefensável. A bola voou. Acreditem, voou.
Uma bola das antigas, de couro, daquelas com o pipo para fora, que machucava até uma pedra da calçada. O Eusébio arrancou um pontapé à Eusébio, foi a primeira vez que o vi ao vivo e a cores. E foi deslumbrante. Não me lembro da minha reação, nem dos meus companheiros, nem dos adeptos. Só sei que foi um golo do outro mundo. Se houvesse imagens, ainda hoje espantaria qualquer um. Em matéria de remate, nunca vi ninguém como o Eusébio. Nem cá em Portugal, nem lá fora.

2. Há uma zanga mais famosa que todas as outras e tem a ver com o Freitas, um defesa calmeirão do Belenenses, que depois se transferiu para o FC Porto, e era conhecido como “115”, em alusão ao número de emergência daquela época em Portugal.
Pois bem, o 115 chamou “preto” ao Eusébio e o Eusébio passou‑se. Passou por mim no relvado e disse ‑me: “Epá, sabes que este Freitas me chamou preto? Este gajo é maluco, vai levar uma bolada na cabeça, deixa vir um livre.” Ouvi aquilo, nem fiz caso por aí além e passou‑me no instante seguinte. Não é que há um livre à entrada da área do Belenenses e o Eusébio faz pontaria ao Freitas? A bola sai ‑lhe com força e bate mesmo na cabeça do Freitas. O homem ficou prostrado e só se levantou a custo.

3. Não sei se sabe ou não, mas o Eusébio foi o primeiro jogador a ter chuteiras especificamente desenhadas para seu pé e o seu estilo de jogo. A culpa foi de um senhor chamado Rudi Dassler, dono da marca Puma, e irmão de Adolf, dono da Adidas. A ideia da Puma era agitar o mercado dominado pela Adidas e a contratação de Eusébio foi um sensacional golpe de marketing. Porque o Eusébio era o Bola de Ouro em título [1965] e porque o Eusébio calçou essas chuteiras durante o Mundial de 1966, em Inglaterra, onde foi o melhor marcador do torneio, com 9 golos. Mais e melhor publicidade era impossível. O Mundial foi transmitido para todo o planeta e Eusébio calçava Puma. (...) A marca cresceu de forma indiscutível e ganhou mais fama que nunca.Lembro ‑me bem de Eusébio chegar à Luz com as botas novas, mais flexíveis que o normal, e lembro‑me também bem de Eusébio ir assinar o contrato a Munique, onde voltaria em Agosto de 1966, já coroado como rei do golo do Mundial e ainda como Bola de Ouro em título. 

4. O Eusébio arranca por ali fora, junto à linha lateral. Que jogada fenomenal, que controlo de bola. Passou por um, dois, três, quatro. E apanhou duas valentes pancadas no joelho direito, ao qual já tinha sido operado quatro vezes. Repito‑me para ver se percebem bem a dimensão deste senhor: o Eusébio já tinha sido operado quatro vezes ao joelho direito quando foi ao Mundial. E só tinha 24 anos de idade. E marcou quatro golos seguidos à Coreia. Foi ele quem virou o jogo. O penálti que resultou daquela jogada fabulosa é mais um remate seco e certeiro. O guarda‑redes até se estica de forma elegante. Em vão. As bolas do Eusébio eram autênticos petardos. Sem remissão.

5. Em Turim o Benfica garantiu a final europeia com outra vitória, agora por 1‑0. Eusébio, pois claro, de livre direto a mais de 30 metros da baliza. Nunca vi esse golo, a não ser ao vivo. E, acreditem, é um dos melhores de sempre. E vi muitos dele. O seu remate em Turim é de uma distância considerável, muito, muito, muito considerável. Tanto assim é que o guarda ‑redes da Juventus pediu uma barreira de apenas um, dois homens. À medida que o Eusébio ia recuando, o público manifestou‑se ruidosamente. Era de muito longe, na verdade. Quando a bola entrou furiosamente na baliza, sem qualquer hipótese de defesa, esse mesmo público rendeu ‑se à evidência sob a forma de silêncio. Foi um dos momentos mais belos do desporto.

6. O dirigente Fernando Neves esqueceu‑se do dossier no quarto e pediu ‑me ajuda. Deu‑me as chaves do quarto de hotel, fui ao sítio por ele indicado e levei o dossier, com umas folhas verdes. Abri por mera curiosidade e descobri que o empresário descontava 20 mil dólares se o Eusébio não jogasse e 10 mil dólares se os ausentes fossem eu e Torres. Com todos presentes, o valor era de 50 mil dólares para cima, uma fortuna para a época. Só o Santos, por ter o Pelé, claro, cobrava mais do que o Benfica, cerca de mais 20 mil dólares.
Esse episódio fez-me recuar no tempo e pensar nalgumas atrocidades que fizeram ao Eusébio naqueles jogos antes, a meio ou no final da época, em que ele jogava uns minutos só porque sim. Há-os aos montes. Em muitos, estava em forma. E em muitos outros, estava incapacitado – mesmo assim, conseguia fazer a diferença. Lembro ‑me de alguns em que ele marcava para agradar à assistência e “encostava às boxes”. Só nessa época 1970 ‑71, um em Lima a um combinado dos melhores jogadores de Alianza e Municipal e outro em Teerão. Exatamente, Lima e Teerão. Um em Janeiro, outro em Março. Isso mesmo: a meio da época da 1.ª Divisão. Nós íamos em digressão pelo mundo para dar a conhecer a marca Eusébio, a marca Benfica, e depois voltávamos para continuar o campeonato.

7. O Eusébio era uma força da natureza. Claro que há jogadores com números melhores, claro que há jogadores com mais anos de atividade, claro que há jogadores com melhor rendimento. Agora não me venham dizer que os jogadores desses rankings foram operados aos joelhos. E por sete vezes. Seis ao mesmo joelho, não me canso de assinalar esse ponto. E é verdade, sim senhor, algumas dessas operações foram mais ligeiras que outras. Mas, caramba, uma operação é uma operação. É sempre um risco. E se corre mal? E se o tempo de paragem é mais demorado do que o previsto? E se há uma recaída? E se? O Eusébio superou todos os “ses” com a categoria de um predestinado. Como ele, senhoras e senhores, nunca vi ninguém.

8. Há uma noite engraçada, na véspera de um dérbi com o Sporting, na Luz. Eu estava meio nervoso, entusiasmado, excitado com jogo. Era só mais um nas nossas vidas, e ainda estávamos em Outubro, no início de época, mas deu‑me para ali naquele dia.
Estávamos juntos no quarto, como sempre, e eu sempre, sempre, sempre a falar do dérbi. E temos de ter atenção a este jogador e àquele, e atenção àquelas jogadas tal e tal. Bem, o Eusébio cansou ‑se de tanto falatório e despachou o assunto: “Epá, cala-te, amanhã marco três golos e arruma‑se o assunto.” Sabem uma coisa? O Eusébio marcou um, dois, três, quatro! Foi 4 ‑1 para o Benfica, o guarda ‑redes do Sporting era o Damas, de quem o Eusébio era amicíssimo."

DAZN: Premier League - R18 - Golos

Grandes sob grande pressão


"Mais do que nunca, é proibido perder pontos na Liga e qualquer deslize pode ser fatal para os candidatos ao título; por isso, é tão 'final' uma visita a Braga como uma receção ao último

O Benfica vai a Braga, Sporting e FC Porto recebem adversários da segunda metade da tabela (no caso dos dragões o último classificado, que ainda não venceu), mas o nível de pressão que vivem nesta última jornada da Liga do ano civil é igual. O mesmo de sempre. José Mourinho definiu ontem, em conferência de imprensa, os jogos do Benfica no campeonato como finais, e são — mas não só os das águias.
A diferença de valores entre os três candidatos ao título e os outros é tal que qualquer deslize pode ser fatal, seja em Braga ou numa receção ao Rio Ave ou ao Aves SAD. Porque vão ser raros, e se no passado havia a ideia de que dois pontos perdidos em dezembro podiam bem ser recuperados, agora, pelo menos esta época, é fácil duvidar disso.
Basta ver: em 15 jogos, o FC Porto venceu 14 e só empatou, em casa, com o Benfica; o Sporting venceu 12, empatou com SC Braga e Benfica e perdeu no Dragão. E o Benfica, que ainda não perdeu, vê-se a oito pontos do líder, e a três do segundo lugar, culpa dos empates caseiros com Casa Pia, Rio Ave e Santa Clara, a juntar aos outros dois contra os rivais. Por esta altura, na época passada, 38 pontos (Benfica) chegavam para liderar o campeonato, Sporting e FC Porto tinham 37. Agora, os 38 pontos dos leões significam um atraso de cinco pontos para o primeiro lugar...
Seja em Braga, seja em casa contra adversários da metade inferior da classificação, é proibido perder pontos, e qualquer deslize pode custar o campeonato. E é com essa pressão que as equipas têm de saber conviver. Até ver, têm-no conseguido — no caso do Benfica, apenas nas últimas semanas, e a análise de Mourinho às melhorias da equipa, depois da lesão de Lukebakio, acertaram na mouche. Mas a verdade é que temos visto os grandes — os três — tremerem mais do que os resultados indicam.
Que o FC Porto só tenha perdido dois pontos no campeonato depois do que se viu nas receções ao SC Braga ou ao Estoril ou na deslocação a Moreira de Cónegos; que o Sporting tenha vencido 12 jogos considerando o que aconteceu nos Açores, com o Santa Clara, ou em Famalicão; que o Benfica não tenha perdido ainda mais pontos lembrando as dificuldades na Madeira, com o Nacional, ou na receção ao Gil Vicente — são sinais da força psicológica dos candidatos ao título.
Quem conseguir manter essa força vai ser campeão, mais do que quem jogar melhor ou pior, porque o pior é muitas vezes suficiente para vencer na nossa Liga."

O ponto de Angola na CAN...


"Escrevo, sexta-feira (26 de dezembro), a bordo de um avião da Azores Airlines, a voar entre Ponta Delgada e Lisboa, e exatamente após o final do segundo jogo de Angola na fase final da CAN-2025. A equipa agora treinada pelo francês Patrice Baumelle voltou a hipotecar pontos, após a derrota, na primeira jornada do seu grupo, frente à África do Sul, uma recorrente candidata aos lugares mais importantes das provas continentais africanas.
Depois de uma qualificação imaculada (quatro vitórias consecutivas, seguidas de dois empates, num grupo que integrava, entre outras, a seleção do Gana), as expetativas elevaram-se na exata medida das ambições e da paixão dos adeptos dos Palancas Negras, cuja reconciliação com a seleção nacional A havia acontecido, justamente, por força, engenho e mérito de uma ótima presença, em janeiro e fevereiro de 2024, na última edição da CAN, que a Costa do Marfim organizou e ganhou.
Aí, a chegada do combinado rubro-negro aos quartos de final, a carreira em ascendente exibicional, o espirito criado e passado aos retângulos de jogo não passaram despercebidos, e contribuíram de sobremaneira para retomar ligações antigas entre adeptos e a sua seleção mais representativa, talvez não tão fortes e marcantes desde a CAN-2010, realizada exatamente em quatro cidades angolanas.
Esta relação umbilical prepara-se, estimula-se e tem, claro, o fundamental respaldo os resultados, esse pormaior decisivo no desporto de alto rendimento, que redefine a história, cria protagonistas e marca gerações. Mas, afinal, o que é necessário para se ser uma equipa verdadeiramente de topo (e, aqui chegados, sublinho que Angola ocupa a 89ª posição do ranking FIFA, e é apenas número 18 na confederação africana)?
Planeamento, Estratégia, Organização. Tudo isto alicerçado numa visão que terá de respeitar dois aspetos distintos mas cumulativos: realismo e alcance.
O realismo de se perceber que um passo maior que a perna ou, sendo ainda mais objetivo, uma ambição desmedida e injustificada, pode condicionar todo o projeto estrutural e estruturante do futebol angolano. E o alcance de se projetar a médio e longo prazo, com a perspetiva temporal a marcar e definir todos os passos a dar, num plano pensado para que, finalmente, o futebol angolano possa evoluir sem demagogias, facilitismos ou reações epidérmicas do momento, que acabarão sempre por condicionar negativamente a questão de fundo: a evolução sustentada e sustentável da modalidade pelo respeito aos seus agentes, num quadrilátero que não pode, nem deve, queimar etapas de desenvolvimento: o jogador, o técnico, o dirigente, o plano.
A aposta numa rede de formação distribuídas pelas diversas geografias do território angolano, com a atenção às camadas jovens e ao seu processo de desenvolvimento pessoal, interpessoal e desportivo, é o primeiro e essencial passo para que, a médio e longo prazo, surjam valores. O diagnóstico precoce é essencial, na certeza de que, com ele, se dá sempre o primeiro passo rumo ao crescimento de cada indivíduo e da sua relação com o desporto e, particularmente, ao futebol.
Mas a modalidade não se desenvolve sem a metodologia adequada, portanto, sem os técnicos competentes e orientados para a criação e despistagem de talento. Não há, neste momento, uma matriz de jogador angolano, a não ser pela inegável propensão popular para o jogo, dos talentosos meninos de rua ao consumo de grandes competições internacionais. A colocação do talento de Angola nos grandes escaparates não se faz por decreto ou por indefetível desejo político. Faz-se por uma dimensão coordenada entre associações provinciais e clubes, por uma ligação estreita entre federação, técnicos e estruturas de desenvolvimento.
Bem sabemos que à chegada de novos dirigentes corresponde, quase invariavelmente, a necessidade de apresentação de medidas, muitas delas avulsas e de mero caráter conjuntural, visando o sucesso (ou tentativa dele…) imediato e não correspondendo a um plano de médio e longo prazo.
A gestão das competições profissionais (sobretudo no que concerne aos pressupostos financeiros que as devem balizar), a promoção do jogo entre novos players comerciais, a tentativa de venda de imagem do futebol de um país faz-se de modo integrado, tendo sempre como base os processos de organização interna e de formação de jogadores.
Só depois se atinge o auge, o topo da pirâmide, a cereja no topo do bolo, isto é, os principais patamares internacionais, com grandeza de espírito mas, igualmente, com trunfos apetecíveis para chegar às competições de ponta, ver e, talvez, vencer (sendo que este verbo não significa a obtenção de troféus, mas a consciência de que, no processo de desenvolvimento e de estruturação, finalmente se fizeram as coisas bem feitas).
Angola ainda pode continuar na CAN-2025, por força da qualificação dos quatro melhores terceiros posicionados em cada grupo, ou mesmo em melhor lugar. Basta vencer o Egito, uma das grandes potencias africanas, e que tem em Mohamed Salah e em Omar Marmoush dois dos seus principais trunfos, jogando apenas no Liverpool e no Manchester City…
Mas a maior vitória do futebol angolano acontecerá sempre quando se perceber plano e estratégia, pensamento de médio e longo prazo, tempo e espaço para que todos, e da mais qualificada forma possível, possam cumprir o seu papel e tentar concluir a sua missão.

CARTÃO BRANCO
Que o futebol português tenha um ano de 2026 cada vez mais pacificado, com rigor na planificação das competições profissionais, com respeito e agradecimento pelo extraordinário trabalho que as 22 associações distritais e regionais produzem, pelos jogadores que formam e pelos clubes que apoiam. Será o ano do Mundial mais desafiante da história, e em que Portugal, incontornavelmente, surge como uma das melhores equipas no cotejo das que se reunirão nas Américas, em junho e julho. Será também o ano da confirmação dos jovens valores campeões mundiais de sub-17, ou das qualidades do projeto da seleção feminina, ou da afirmação das seleções masculina e feminina de futsal no olimpo da modalidade. Mas que seja, sobretudo, um ano de tolerância e reconhecimento. De equilíbrio e de inclusão. Assim, será certamente um ano melhor…

CARTÃO AMARELO
O SC Braga não tem culpa nenhuma. Porém, a transferência do jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal entre o Caldas e os bracarenses, do Campo da Mata, nas Caldas da Rainha, para o Estádio Manuel Marques, em Torres Vedras, tem contornos estranhos. O processo de averiguação, o modo de ação e as reações dos protagonistas, tudo pareceu envolto em polémica. Como resultado, os caldenses jogaram sob protesto, os bracarenses ganharam como poderiam ter ganho no efetivo relvado do adversário, e a prova que supostamente será a festa do futebol ficou, no mínimo, embaraçada com a situação criada. Que todos os intervenientes diretos neste processo retirem as devidas conclusões…"

Obrigado, Prof. Artur Lara Ramos


"Há homens que passam pelo desporto. E há outros que ficam no desporto, mesmo depois de partirem. Artur Lara Ramos pertence, de forma inequívoca, ao segundo grupo. Liderou servindo e sendo exemplo. Foi, ao longo de décadas, um desses exemplos silenciosos e decisivos no desporto português, em particular no atletismo, que nas últimas horas se despediu de um dos seus grandes obreiros.
O seu desaparecimento, aos 78 anos, vítima de doença súbita, deixa o desporto português mais pobre, não apenas pela perda de um dirigente, treinador ou professor, mas pela ausência de uma figura estruturante, daquelas que constroem alicerces onde outros mais tarde erguem resultados, medalhas e histórias de sucesso.
Natural do Porto, Artur Lara Ramos viveu o desporto com uma paixão transversal. Foi atleta do FC Porto e do Sporting, num tempo em que representar grandes clubes significava, acima de tudo, compromisso e identidade. Praticou atletismo, mas também ténis de mesa, râguebi, futebol e hóquei em patins, revelando desde cedo uma visão ampla e humanista do fenómeno desportivo, algo que marcaria toda a sua vida.
Licenciado em Educação Física, encontrou no Algarve o território onde viria a deixar a sua marca mais profunda. Professor em várias escolas de Faro e Olhão e, professor universitário em Loulé soube ligar, como poucos, a docência à prática desportiva, a formação académica à formação humana. Para muitos alunos e atletas, foi mais do que um técnico: foi um educador no sentido pleno da palavra.
Como treinador, os resultados falaram por si. Conduziu o Liceu de Faro e a Farauto a múltiplos títulos nacionais e foi determinante no desenvolvimento de atletas como Ezequiel Canário, entre muitos outros que alcançaram patamares elevados a nível nacional e internacional. Mas, mais do que vitórias, deixou método, exigência e valores. Enquanto dirigente, o seu impacto foi estrutural. Vários mandatos à frente da Associação de Atletismo do Algarve, funções como diretor técnico nacional e selecionador nacional, e um papel decisivo na descentralização do atletismo português. Foi um dos grandes impulsionadores da primeira pista de atletismo fora de Lisboa e do Porto, nas Açoteias, em Albufeira, bem como da pista de Faro, infraestruturas que mudaram definitivamente o mapa da modalidade no país.
Eventos como o Cross Internacional das Amendoeiras e tantas outras provas que ajudaram a projetar o Algarve além-fronteiras são também parte do seu legado. Não por acaso, a Associação de Atletismo do Algarve eternizou o seu nome no circuito regional 'Prof. Artur Lara Ramos', uma homenagem justa em vida, agora carregada de ainda maior significado.
Num tempo em que o desporto vive muitas vezes refém da urgência, do resultado imediato e da espuma mediática, a vida de Artur Lara Ramos recorda-nos algo essencial: o verdadeiro progresso constrói-se com visão, persistência e serviço. O atletismo português deve-lhe muito. O desporto nacional também.
Despedimo-nos de Artur Lara Ramos com tristeza, mas sobretudo com gratidão. Porque os homens que fazem tanto pelo desporto nunca partem verdadeiramente. Permanecem em cada pista, em cada prova, em cada atleta que correu e corre, graças ao caminho que ajudaram a abrir.
Obrigado por tudo, professor. 
Sinceras condolências a toda a família."