domingo, 14 de outubro de 2018

Foi pena...

Sporting 3 - 3 Benfica

Estivemos quase sempre em vantagem, marcámos logo de entrada... mas nunca conseguimos 'matar' o jogo, aquele livre directo desperdiçado pelo Adroher, para mim, foi decisivo!!! Mas além deste livre directo, tivemos várias oportunidades... Fomos claramente superiores...
E demonstrámos melhorias no equilíbrio defensivo...

Mais um jogo 'grande' onde o Benfica não beneficia da 10.ª falta... coincidências!!!



PS: Parabéns às meninas, pelo triunfo no Torneio de Abertura da APL.

Qualificação... contra boa equipa!

Hafnarfjordur 31 - 34 Benfica
(15-18)

Resultado idêntico à partida de ontem, mas o jogo hoje começou de forma diferente! Com o Benfica algo desconcentrado, o que deu uma boa vantagem aos Islandeses, que chegaram a acreditar na reviravolta...! Mas durou pouco... o Benfica reagiu, o Figueira ajudou na baliza, e rapidamente passámos para a frente...!!!
E ainda houve a arbitragem: foi preciso ter muita paciência para 'aturar' tantas decisões erradas!!!
Se tivéssemos ido jogar à Islândia, esta eliminatória teria sido complicada...!!! Os Islandeses tem 4/5 jogadores realmente acima da média, mas não tinham profundidade na rotação...
Agora, vamos esperar por um sorteio que não nos traga nenhum 'papão' (e existem vários papões no sorteio)!!!


Sabe sempre bem, vencer... aziados!!!

Benfica 3 - 0 Sp. Espinho
25-19, 25-23, 25-23

Foi mais complicado do que ontem, mas o resultado foi o mesmo...!!!
Estamos de facto a jogar muito bem...

Como eu previ ontem, a derrota do Sp. Espinho com o Esmoriz foi somente a 'preparação' para o jogo de hoje! Agora, se eu fosse 'adepto' do Sp. Espinho, teria que perguntar aos dirigentes e ao treinador do Sp. Espinho: será que valeu a pena fazer 0 pontos este fim-de-semana, na vã tentativa de 'sacar' pontos ao Benfica, para beneficiar o clubezinho do menino Maia?!!!
Autêntico comportamento de clube 'satélite'!!!
Já para não falar das constantes provocações dos jogadores e do banco, durante todo o jogo...

Sabe quem é? - O pé pastilha elástica - Bernardo Silva

"O avô era do Sporting e deu-lhe de prenda inscrição nas escolinhas do rival; Chalana salvou-o, Jesus enganou-se

1. De família endinheirada, andou por escolas finas. «O primeiro golo que marquei foi no Queen Elizabeth Scholl, colégio onde estive entre os 3 e os 10 anos». Todos os dias insistia no pedido: que o levassem aos treinos do Benfica. Dom no pé começara a notar-se-lhe no quintal dos avós em Sesimbra, onde havia uma balizinha na relva do jardim.

2. No dia em que fez 7 anos, cumpriu-se-lhe o desejo: o avô João (que até era sportinguista) deu-lhe de presente uma inscrição na Escolinha que o Benfica tinha nos Olivais (sim, era paga...) - e três semanas após Helena Costa, deslumbrada, puxou-o para a sua equipa de competição.

3. Se lhe perguntassem quem eram os seus ídolos, a resposta não variava: o Cristiano Ronaldo e o Rui Costa, o Maradona e o Zidane. Com o destino de cara amarrada a desafiá-lo, chegou a andar-lhe pela cabeça a ideia de deixar o futebol - que já não lhe bastava truque que aguçara para compensar o ser minorca: «pensar mais rápido, saber onde a bola ia cair um segundo antes dos outros»...

4. Acabrunhado estava, Chalana salvou-o: «Entre os 14 e os 17 anos joguei pouco. Fui-me abaixo. Mas quando um dos maiores jogadores da história diz que vais chegar ao topo, acredita em ti - isso só pode dar muita força e vontade de trabalhar ainda mais duro» (E deu-lhe mais do que a fé e o futuro na sua crença, o Chalana - deu-lhe umas chuteiras: «... umas Copa Mundial que eu ainda guardo religiosamente»).

5. De quando em quando, o Benfica punha-o, na Luz, a apanha-bolas (foi-o no dia do adeus do Rui Costa). E, ao longo daquele breve período em que Chalana foi treinador do Benfica, era sagrado o seu encanto: «Eu ficava sempre ao lado do banco de suplentes, para ficar perto dele» (E da boca do Chalana saiu cognome que lhe colou ao destino: Messizinho do Seixal).

6. Nunca deixou de ser aluno acima da média - chegou a inscrever-se na universidade, no curso de Estudos Europeus. (Arrebatante foi o modo como jogou o Europeu sub-21. Antes da final, o JN pedira a vários pais que escrevessem mensagens aos filhos. Maria João Mota Viegas, a mãe que é professora de História da Moda, escreveu: «Não há nada como um sonho para criar o futuro». E o futuro foi-se-lhe rasgando cada vez mais no sonho a não deixar de bailar-lhe no pé, no seu pé esquerdo - mas não só...)

7. Arrebatante já fora também o seu Europeu Sub-19 (e não deixou de sair de lá n Equipa ideal do torneio) - e Melhor Jogador da II Liga no Benfica B - a 19 de Outubro de 2013 Jorge Jesus abrira-lhe, assim, a equipa A num jogo da Taça, contra o Cinfães. Também o pôs, depois fugaz em campo, contra o FC Porto, na última jornada do campeonato que o Benfica venceu.

8. Em entrevista ao France Football revelou-o, desconcertante: «Tinha feito três jogos no Benfica, sempre a entrar nos últimos cinco minutos. Sim, treinava com a equipa principal, mas como lateral-esquerdo - e percebi que não tinha futuro ali». Pediu, pois, a Jorge Mendes que lhe descobrisse outro destino - e foi parar ao Mónaco.

9. No Mónaco não tardou que os companheiros começassem a tratá-lo por Chewing Gum - «porque diziam que eu tinha um pastilha elástica na chuteira para colar a bola ao pé». (E, só pelo azar de uma lesão, no último treino da época, Fernando Santos não o levou ao Euro que Portugal ganhou).

10. Para o contratar ao Benfica, o Mónaco pagou 15,75 milhões de euros. Por lá, com Leonardo Jardim, ganhou o campeonato francês de 2016-2017, partilhando destaque com Mbappé e Falcao - e João Moutinho aventou-o: «Messi, Eusébio, Cristiano Ronaldo, Maradona, Pelé, são jogadores que estão e permanecerão na história do futebol - e eu acredito que ele possa aproximar-se desse nível...»

11. Correu rumor de que Messi exigira que para renovar com o Barcelona, o Barcelona teria de ir buscá-lo. Não foi porque Guardiola o desviou para Manchester (em negócio que pode chegar a 60 milhões de euros) - e por lá largou num brado vincado: «no City é ele e mais 10». Os colegas também não tardaram a tratá-lo (como no Mónaco) por Bubblegum, a versão inglesa da pastilha elástica. E, por ter feito o que fez à Polónia, correu, em fogacho, de boca em boca: «parecia o Messi, naquele seu golo» (e não é só..)"

António Simões, in A Bola

Onze notas bem soltas

"Aquela nossa 'asa direita' - criada no Benfica - é 'do outro mundo'. O único sector que exige 'novas descobertas' é o eixo da defesa

1. Na passada quinta-feira frente à Polónia a nossa Selecção Nacional fez, na minha modesta opinião, um dos melhores jogos dos últimos tempos. Foi um colectivo impressionante. Trocou a bola com mestria, congelou o jogo polaco com sabedoria e combinou jogo bonito com momentos de elevada nota artística! Acredito que temos valores que nos darão imensas alegrias até, pelo menos, o Europeu de Alemanha! Aquela nossa asa direita  - criada no Benfica! - é do outro mundo! O único sector que exige novas descobertas é o eixo central da defesa. Pepe e Rúben Dias são indiscutíveis. Mas a idade de Pepe - e agora até a sua indisponibilidade para o próximo jogo - determina a busca de outras opções. Mas, aqui, Fernando Santos continuará a mostrar-nos a sua sabedoria e a sua ousadia. O que é, em si, um factor acrescido de muita confiança.

2. Acredito que a Federação Portuguesa de Futebol irá acolher a final four da primeira edição da Liga das Nações. Concebida a partir de um projecto do nosso Tiago Craveiro a final desta edição inaugural será atribuída, em razão das candidaturas existentes, ao vencedor do nosso grupo. E, assim, se hoje a Polónia e a Itália empatarem serenos, sentados no sofá, os vencedores do grupo. Em caso contrário teremos que fazer dois pontos nos dois jogos que nos falta realizar. E, logo, os organizadores da inédita fase final. Temos estádios que cumprem os requisitos exigidos. Só faltará decidir se será Lisboa ou Porto a receber outras três grandes selecções europeias em Junho próximo. E, já agora, os prémios são bem interessantes. E estimulantes para uma Federação que tem projectos e conquistas, é referência de excelência e tem, também, presença relevante nos principais palcos do futebol europeu e mundial.

3. Depois deste tempo de 'selecções' regressamos às competições domésticas e, agora, à primeira participação dos clubes da Liga principal na Taça de Portugal. E, aqui, o que se sente é que a bondade regulamentar que prevê que eles sejam sempre visitantes é transformada, por múltiplas circunstâncias, numa impossibilidade, seja objectiva ou mesmo subjectiva. Teremos jogos a partir da próxima quinta-feira para alegria da RTP e de todos aqueles que anseiam por jogos em canal aberto. A Taça de Portugal transformou-se, assim, não na referência do futebol de todos mas a competição que permite, desde uma precoce eliminatória, que todos vejam o futebol que opõe grandes marcas a emblemas do Portugal inteiro. Da Sertã a Loures, de Pedras Salgadas a Vila Real, de Felgueiras a Fátima, de Vildemoinhos a Mirandela esta eliminatória visita muitas localidades que vibram com o futebol e com muito fervor.

4. Leonardo Jardim foi despedido do Mónaco e para a nova equipa técnica entra João Tralhão. Sai do Benfica após anos de dedicação total e vendo crescer meninos que são grandes nomes do futebol português e europeu. Não esqueço o final de um jogo, na Liga jovem, em Istambul em que Renato Sanches fez uma exibição extraordinária. Se os olheiros que estavam perto de mim ficaram maravilhados não esqueço o sorriso concordante, mas diplomático, de João Tralhão quando lhe disse, à porta do balneário, que aquele menino chegaria, em breve, à equipa principal. Tal como Rúben Dias ou João Félix, entre tantos outros que o Seixal formou e continua e bem, a formar.

5. Convém acompanharmos o processo de corrupção que varre o futebol belga - 19 arguidos e nove deles em prisão preventiva - e a suspeita de viciação de resultado no jogo da Liga dos Campeões entre PSG e o Estrela Vermelha. Um alto dirigente do clube sérvio apostou bem alto na derrota da sua equipa e, logo, pela diferença de cinco golos. O resultado final foi 6-1... Coincidências... Esperemos pelo próximo dia 18 para sabermos o que decide o Comité Executivo da UEFA.

6. A Benfica SAD é a única que apresenta resultados económicos-financeiros positivos. Teve lucro, tem capitais próprios positivos e é aquela que, em relação a Futebol Clube do Porto e Sporting, tem os menores encargos com o pessoal. São números que importa realçar num momento em que a indústria do futebol em Portugal tem, com urgência, de repensar a sua estratégia de médio prazo. E o nervosismo que saiu da última Cimeira de Presidentes é só o primeiro sinal público. De um nervosismo que se sente e pressente.

7. Importa acompanhar a discussão no Parlamento da proposta de lei acerca da violência no desporto com atenção a acrescido cuidado. Tenho para mim, desde há muito, que inserir os GOA (Grupos Organizados de Adeptos) neste tipo de diplomas é entender, com todas as suas consequências, que os GOA nascem e organizam-se para actuarem violentamente. E a ser assim a solução legal só deverá ser como, com sagacidade salienta um ilustre, conhecido e conceituado jurista, a «sua óbvia proibição»!

8. Há precisamente cinquenta anos, nestes dias de Outubro, decorriam os Jogos Olímpicos do México. Da Cidade do México que havia vencido a disputa com Lyon, Detroit e Buenos Aires. Foi a primeira edição a ser transmitida por televisão e a cores. E foi também a primeira vez que houve controle anti-doping. Importa recordar momentos que ficam na história. Com a consciência que, na altura, alguns não queriam «uma olimpíada mas sim uma revolução»! E, em frente, do outro lado do Oceano, em Paris, continuavam os efeitos do Maio de 1968!

9. Arrancou, ontem, o Nacional de hóquei em patins. E hoje haverá um Sporting - Benfica. São catorze equipas e será uma competição continental já que não há representação das Regiões Autónomas. É, igualmente, um campeonato que atrai grandes nomes estrangeiros de uma modalidade regionalizada. Espanha, Argentina e Itália são referência e resistência de uma modalidade cuja atractividade, entre nós, é bem singular e evidência que a tradição desportiva deve ser acarinhada e ajudada. É que, também, no desporto, há localismos que não podem ser ignorados!

10. Ontem realizou-se um jogo particular de futebol bem sugestivo. Um China - Índia. Dois Estados que representam 2.800 milhões de habitantes. Foi um jogo de preparação para a Taça da Ásia. Cada um deles, na sua especificidade, está a descobrir o futebol. O jogado diria eu. Já que o apostado há algum tempo foi descoberto. Basta olharmos para as receitas mensais de algumas casas de apostas. Incluindo, na sua dimensão, algumas portuguesas... E, no final, empate!

11. Cristiano Ronaldo fora dos relvados tem de ser bem paciente e muito resistente. E ter presente uma máxima: «Não basta detectar o problema, é preciso agir para o resolver». Tendo presente o tempo, o espaço, o momento e as circunstâncias. Com a consciência que «ser fiel a si próprio é o maior dos êxitos»!"

Fernando Seara, in A Bola

Bernardo (Messi)

"Não, não se pode dizer que o Miguel Angel Lotina seja treinador que marque a história do futebol - mas uma coisa se sabe: que a marca por espirituosa tiradas, por exemplo:
- Comparar Cristiano Ronaldo com Messi é um exercício de ignorância futebolística, Messi é Messi, os outros são futebolistas, fantásticos ou não...
Não discordo, mas sempre que me lembro do dito solta-se-me a comparação: Messi é Messi porque nunca deixa de jogar com pés de artista (ou melhor: com a cabeça de artista que nunca lhe foge dos pés) e Ronaldo é Ronaldo por jogar cada vez mais com pés de atleta (ou melhor: como corpo de atleta perfeito que lhe dá o golo ao pé ou à cabeça).
Não o escondo: gosto mais do futebol do Messi (naquele sentido em que Figo o revelou num toque de poesia nua:
 - Ver jogar Messi é como ter um orgasmo - é um prazer extraordinário).
A cada dia que passa, mais vou apanhando (em deleite) sinais desse Messi no Bernardo Silva. Vejo-o no toque de pé em veludo, elegante e simples. Vejo-o no dom da antecipação de que falava o Armando Nogueira - que é pensar a melhor forma de jogar bem para si ou para a equipa antes de qualquer outro (sem que o corpo seja problema). Vejo-o no Bernardo a jogar não coma bola colada ao pé, mas com a bola dentro do pé - fazendo do passe um poema, fazendo do remate um tiro (fazendo uma coisa ou a outra, de modo mais útil e menos egocêntrico, retocado de classe, despojado de frivolidade). Vejo-o em outros traços e meneios - mas talvez a forma mais perfeita de sintetizar o que eu vejo no Bernardo seja olhar para o verso da Adélia Prado: «De vez em quando, Deus me tira a poesia: olho a pedra, vejo pedra mesmo» - e ver o seu contrário. Ver que no futebol do Bernardo (com o Messi que lá está) quando o pé que o joga olha a pedra, não é a pedra que vê: é a luz - a luz que lhe leva a bola do negrume do túnel para o arco-íris a estender-se pela linha do horizonte que a há de pôr no fundo da baliza (por ele ou por outro...)"

António Simões, in A Bola

Ainda sobre a validade do CAS

"O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) decidiu, recentemente, os casos de Cláudia Pechstein e Adrien Mutu. Ambos os atletas interpuseram recursos no TEDH em 2010 contra sentenças do Tribunal Federal Suíço, que confirmaram as decisões proferidas pelo CAS nos litígios que os opunham às respectivas federações em que se encontravam inscritos.
O acórdão do TEDH determina, em relação ao CAS, em suma, o seguinte:
- O TEDH entende que existe um interesse em permitir que os litígios desportivos, em particular os de dimensão desportivos, em particular os de dimensão internacional, sejam submetidos a uma jurisdição especializada, facilitando, dessa forma, uma certa uniformidade processual e reforçando a segurança jurídica. Tal é potenciado pela possibilidade de recurso perante um tribunal estadual de instância superior:
- As cláusulas obrigatórias de arbitragem para o CAS inseridas nos regulamentos das federações desportivas oferecem as garantias previstas no artigo 6.1 da Convenção Europeia dos Direitos do Homem:
- Não é possível concluir que existe falta de independência ou imparcialidade do CAS com base no seu sistema de financiamento;
- O sistema de lista de árbitros cumpre com as exigências constitucionais de independência e imparcialidade aplicáveis aos tribunais arbitrais;
- A natureza pública dos procedimentos judiciais é um princípio fundamental do artigo 6.º, n.º 1, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, pelo que no caso Pechstein, o CAS deveria ter permitido uma audiência pública, não havendo razões para o negar.
Este é mais um contributo relevante para a discussão da validade do sistema de resolução de litígios desportivos, em particular, do CAS."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Olimpicamente a caminho de lado nenhum

"Um modelo de desenvolvimento do desporto que não é alimentado a montante com novos praticantes, conhecimento, recursos e actividades dirigidas à generalidade da população, principalmente à mais jovem, de modo a produzir educação, cultura e hábitos de prática desportiva, por muitos campeões do mundo e olímpicos que possa gerar, é um modelo a caminho da entropia. 
Um modelo de desenvolvimento do desporto que equaciona as suas políticas exclusivamente a partir de resultados desportivos nas competições internacionais, sem se preocupar minimamente com o que se passa na base da pirâmide de desenvolvimento, é um modelo que até pode entusiasmar dirigentes desportivos de fraca cultura e, claro, dirigentes políticos de vistas curtas mas não passa de um equívoco social ao serviço das oligarquias político-partidárias que governam os países.
Um modelo de desenvolvimento do desporto que se limita a arrebanhar, para os grandes jogos de futebol, populações completamente alienadas por uma competição clubística e chauvinista só serve para destruir o próprio desporto e corromper a alma dos praticantes.
Nestes termos, a pergunta a fazer é simples:
Para o que é que serve uma medalha olímpica se ela não for promotora de desenvolvimento e de progresso do atleta, da modalidade, do desporto e do País? O que hoje é indesmentível é que:
1º - Políticas Públicas centradas na obsessão esquizofrénica de conquista de medalhas olímpicas, para além de não conduzirem a lado nenhum, ainda acabam por embaraçar o desenvolvimento de modalidades que, devido, fundamentalmente, ao esforço das famílias até conseguem resultados de excelência no alto rendimento;
2º - Políticas Públicas que proclamam os resultados desportivos internacionais como promotores da história do país, como se a história de um país pudesse estar na performance de um atleta ou num resultado desportivo, não passam de instrumentos que só servem para alienar as populações dos verdadeiros problemas nacionais em países que vivem num miserável padrão de cultura desportiva; 3º - Políticas Públicas, em regime de exclusividade, direccionadas para os Jogos Olímpicos acabam por transformar o estádio grego num circo romano, os dirigentes desportivos em lanistas, os atletas em gladiadores e a população, através do “efeito de manada”, numa massa acéfala de consumidores de espectáculos desportivos que fazem dos resultados das suas equipas a razão de ser da felicidade das suas vidas.
Pelos extraordinários resultados conseguidos nos últimos anos, uma das modalidades desportivas que melhor põe em evidência a mais completa e confrangedora ausência de Políticas Públicas em Portugal é, seguramente, a canoagem.
Vítor Félix presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), imediatamente depois de ter sido eleito, dizia ao jornal Record (2013-12-09): “A canoagem tem andado entre os 2000 e os 2500 atletas. Com as condições meteorológicas do nosso país, o aumento do número de praticantes deve ser uma meta desta direcção”.
Passado que foi o Ciclo Olímpico do Rio de Janeiro, através da consulta às estatísticas oficiais, podemos verificar que se, em 2012, existiam 2357 praticantes de canoagem em 2016, foram contabilizados 2588. Em quatro anos, a modalidade cresceu 231 praticantes o que dá uma média de 58 praticantes por ano. Ora, considerando que, em 2012, existiam 84 clubes significa que aconteceu um crescimento anual por clube de 0,69 praticantes.
Apesar das excelentes potencialidades da modalidade e os extraordinários resultados competitivos conseguidos, a conclusão que podemos tirar da situação em que a canoagem se encontra é a de que as Políticas Públicas determinadas entre a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto (SEJD) e o Comité Olímpico de Portugal (COP) desde 2004/2005 se traduzem num redundante fracasso. E o que se passa na canoagem passa-se noutras modalidades desportivas pelo que, em consequência, Portugal apresenta as mais baixas taxas de participação desportiva entre os países europeus e as prestações nos Jogos Olímpicos têm vindo a ser cada vez piores. E porquê?
Oiçamos, novamente, o presidente da FPC. Numa entrevista ao Record (2014-07-15), Vítor Félix alertava para a situação que se vivia na canoagem e dizia que a relação da generalidade dos políticos para com a canoagem era do estilo de “palmadinhas nas costas”. Dizia ele que o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o Secretário de Estado do Desporto e Juventude, entre outros, reconheciam os feitos da modalidade mas nada mais acontecia e “… a canoagem e os seus atletas não vivem de palmadinhas nas costas”. Realmente, não há resultado desportivo de nível internacional, da petanca ao futebol, que não ponha os políticos nacionais num estado de infantil euforia a proclamar o seu amor ao desporto com umas “palmadinhas nas costas” aos atletas, treinadores e dirigentes. O problema é que as “palmadinhas nas costas” não passam de um amor platónico que, raramente, chega a vias de facto, isto é, a Políticas Públicas minimamente consistentes para o desenvolvimento do desporto nacional.
Pelo contrário, Políticas Públicas de olímpicas “palmadinhas nas costas” não conduzem a lado nenhum. Todavia, tenho para mim que Vítor Félix, tendo razão, está a ver a questão só por um dos seus lados. No quadro da ausência de Políticas Públicas com alguma credibilidade são os dirigentes políticos e desportivos do vértice estratégico do desporto nacional que esperam receber umas “palmadinhas nas costas” dos atletas e dirigentes a quem, magnanimamente, atribuíram uns subsídios à conta do erário público. E, por isso, não existe Missão Olímpica que, em vésperas de grandes competições internacionais, reverentemente, porque o respeitinho é muito bonito, não se desloque a Belém e a São Bento a fim de cumprir o tradicional “beija-mão” tão do agrado dos políticos. E quando os dirigentes políticos do topo da nação não se dignam deslocar aos eventos desportivos, como se viu recentemente numa Missão Olímpica a Espanha, suas excelências os dirigentes desportivos choram convulsa e ridiculamente na comunicação social porque, também eles, não pensam noutra coisa senão em receberem umas “palmadinhas nas costas” das entidades que os tutelam. (Cf. Observador.pt, 2018-07-01)
Temos um Sistema Desportivo que, ao nível do vértice estratégico, vive a pensar no “dress code” das olímpicas festarolas e a distribuir “palmadinhas nas costas” sem nunca chegar a vias de facto de maneira a, decididamente, atingir as populações mais desprotegidas, sabendo-se que 25% das crianças portuguesas vivem abaixo do limiar de pobreza.
É evidente que neste quadro, em que todos vivem na lógica das “palmadinhas nas costas”, percebemos bem a angústia de Vítor Félix quando afirma ao jornal Record (2014-07-14) que a canoagem está a ser prejudicada relativamente a outras modalidades: "Existem outras federações que recebem muito, provavelmente o dobro de nós, e fazem metade”. E conclui: “A canoagem tem noção que se recebesse mais no que toca ao financiamento da administração pública e desportiva podia fazer muito mais".
Ora bem, das palavras do presidente da FPC conclui-se que existem dirigentes desportivos que são mais competentes do que outros no que toca à arte de darem “palmadinhas nas costas” pelo que conseguem melhores financiamentos do Estado.
Mas também não chega a um presidente de uma federação dizer que, com mais dinheiro, é capaz de fazer muito mais. É necessário, no âmbito das Políticas Públicas, numa estratégia integrada, definir, antecipadamente, aquilo que, realmente, deve ser feito de acordo com o posicionamento das várias modalidades desportivas no quadro do desenvolvimento do desporto no País. Quer dizer, nem a FPC nem o COP têm competência para tal. Por isso, percebemos as palavras de Vítor Félix mas não as aceitamos. Ele tem razão mas está enganado. Tem razão na medida em que, de facto, as potencialidades da modalidade estão a ser coartadas por uma visão olimpicamente vesga daquilo que deve ser o desenvolvimento do desporto no País. Está enganado porque, infelizmente, na ausência de Políticas Públicas, há muito que as Federações Desportivas vivem numa guerra financeira de “todos contra todos” numa lógica de soma nula em que, para que algumas modalidades possam sobreviver, outras têm de morrer, como está a acontecer.
Por isso, quando o presidente da FPC pede mais financiamento a fim de poder fazer mais não nos quer parecer que, à margem de uma estratégia integrada de desenvolvimento desporto nacional, tal possa ser aceitável sem que, à partida, esteja garantido um correspondente apoio ao crescimento na base da prática desportiva, sob pena da modalidade seguir o exemplo do atletismo nos anos noventa, princípios do novo século. Na realidade, o discurso do presidente da FPC faz-me lembrar a lógica do discurso dos anos noventa do presidente da Federação Portuguesa de Atletismo que conduziu a modalidade a uma situação de estagnação, ao ponto de, hoje, a esperança de ganhar uma medalha nos próximos JO, estar num português naturalizado “à la minute” que até já informou que se as condições que Portugal lhe proporcionar não lhe agradarem vai treinar para Espanha. (Expresso / Tribuna, 2018-08-06).
Nestas circunstâncias, pergunta-se:
Até que ponto é que uma Federação Desportiva, por iniciativa própria e à conta do erário público, pode crescer no alto rendimento sem que, correspondentemente, a base da pirâmide de desenvolvimento apresente um volume de prática desportiva correspondente ao número de atletas e aos resultados conseguidos no alto rendimento?
A oportunidade desta pergunta relaciona-se com o facto do diminuto número de praticantes da canoagem, de há muitos anos a esta parte, estar praticamente estabilizado apesar de, nos últimos anos, se terem construído infra-estruturas de grande qualidade, contratado técnicos nacionais e estrangeiros e obtido resultados de excelência ao mais alto nível.
O que acontece é que, na mais completa ausência de Políticas Públicas o desporto nacional está a funcionar em “roda livre” e ao estilo do salve-se quem puder.
E, há muito que este problema tem vindo a ser alertado. Por exemplo, em 2013, a canoagem, depois de ter ganho uma medalha nos JO de Londres (2012), ficou "chocada" com o "corte cego" de 20 por cento. Ao tempo, o presidente da federação Mário Santos, segundo a Agência Lusa (2013-05-22), dizia ser, tal corte, “muito desmotivante”. Quatro anos depois estava tudo na mesma ou pior. E de tal maneira que, em 2017, Vítor Félix manifestou a sua preocupação ao Jornal Record (2017-12-06). Disse ele: "Nós estamos muito preocupados com a preparação olímpica. Foi-nos comunicado por parte do Comité Olímpico de Portugal um corte de 50%, o que provoca constrangimentos financeiros às federações”. (…) Tendo em conta os resultados dos nossos atletas, essa dotação foi esgotada. É manifestamente insuficiente, …”. Neste particular, Vítor Félix engana-se completamento no alvo para onde deve apontar.
Não vale a pena ter ilusões. No actual cenário de desenvolvimento do desporto a única coisa que Vítor Félix bem como os demais presidentes de Federações Desportivos podem esperar é, na ausência de Políticas Públicas, cada vez mais “palmadinhas nas costas”, confusões e desilusões.
O Movimento Olímpico, para além do mero oportunismo político, está a funcionar à margem de qualquer racionalidade. Desde logo porque não faz qualquer sentido a duplicação de meios e o desperdício de dinheiros públicos que decorrem do actual Programa de Preparação Olímpica. O que deve existir é um programa de Alto Rendimento sob administração política, monitoragem e controlo da tutela Político Administrativa, gerido pelas Federações Desportivas e executados pelos clubes, perfeitamente integrado na lógica do processo de desenvolvimento do desporto nacional. Em consequência, e de acordo com a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto e a Carta Olímpica, é do programa de Alto Rendimento que deve resultar a organização da Missão Olímpica. 
No quadro do desenvolvimento do desporto nacional a canoagem não é a única modalidade com enormes potencialidades, dirigentes superiormente empenhados, técnicos sobejamente competentes e atletas de excelência, que vai a caminho de lado nenhum. E a canoagem, infelizmente, não é caso único. Se analisarmos as estatísticas oficiais das Federações Desportivas quanto ao número de praticantes desportivos, embora relativamente a algumas delas se perceba, à “vista desarmada”, terem sido “academicamente marteladas para cima” (o que não é o caso da canoagem) a situação é, no mínimo, preocupante. Tendo em atenção os vários ciclos olímpicos, através de uma desagregação por género, escalões etários, grupos socais e, entre outros, distribuição distrital, é possível constatar que o actual modelo de desenvolvimento do desporto nacional, instituído em 2004/2005, está a produzir estragos que só muito dificilmente e à custa de muitos anos poderão ser superados. Este estragos, nos diversos factores de desenvolvimento, até acabam por começar a ser estruturais. Por exemplo, o buraco financeiro de 650 mil euros do Programa de Preparação Olímpica do Ciclo Olímpico do Rio de Janeiro (2016) que, por decisão política, através de um adiantamento financeiro, deslizou para o Ciclo Olímpico de Tóquio (2020) sem quaisquer explicações ou assunção de responsabilidades (A Bola, 2017-12-05) levanta sérias questões acerca da gestão dos dinheiros públicos. E este facto é preocupante uma vez que significa que o Programa de Preparação Olímpica do Ciclo Olímpico de Tóquio (2020), mesmo antes de começar, já estava a funcionar com um défice de 650 mil euros e, muito possivelmente, pelo andar da carruagem, quando são anunciadas cinco Missões Olímpicas para 2019, o Ciclo Olímpico de 2024 já começa a estar em causa.
Perante este cenário, infelizmente, desconhece-se qualquer avaliação independente realizada por uma entidade competente e credível sobre os milhões de euros gastos nos Programas de Preparação Olímpica desde 2004. Pergunta-se: O Conselho Nacional do Desporto nunca sentiu necessidade de estar na posse de um relatório independente, exaustivo e circunstanciado, relativo aos Programas de Preparação Olímpica que, nos últimos catorze anos, gastaram, certamente, mais de cento e cinquenta milhões de euros? Se teve, onde está esse relatório?
Por isso, não estamos de acordo quando, na linha de outros dirigentes desportivos, Vítor Félix reivindica mais dinheiro do erário público. Porque, o que mais faz falta ao desporto não é mais dinheiro. Desde logo porque, não é atirando com dinheiro para cima dos problemas acerca dos quais se desconhece a solução que eles se resolvem. Quando tal acontece, fica-se sem o dinheiro e aumentam-se os problemas.
Em 2004 o Governo, através da tutela administrativa, entendeu assinar um Contrato Programa de Preparação Olímpica com o COP convencido que tinha descoberto a “galinha dos ovos de ouro”, quer dizer, uma máquina olímpica, à semelhança das democracias populares, capaz de, rapidamente, produzir medalhas olímpicas para honra e glória do País que o então Primeiro-ministro dizia “estar de tanga”. Então, os presidentes das Federações Desportivas não foram tidos nem havidos. Por isso, não é nem a Vítor Félix nem aos seus antecessores que se podem pedir responsabilidades. Nem à generalidade dos presidentes das Federações Desportivas. A quem se pode e deve pedir responsabilidades é ao Governo e ao COP, entidades que, respectivamente, no âmbito do Estado e no da Sociedade Civil são, perante os portugueses, responsáveis pelo que, em matéria de desenvolvimento do desporto, está a acontecer no País.
Assim sendo, só por ingenuidade se podem aceitar as declarações de Vítor Félix à TSF (2018-06-10), quando diz que “lamenta que nem sempre os meios de comunicação social concedam o mesmo destaque a todas as modalidades”; Que os “títulos não faltam, mas poderia haver mais visibilidade em Portugal”; Que “depois do título conquistado por Fernando Pimenta, vemos as capas dos principais jornais da imprensa desportiva e acabam por ser as contratações dos três grandes do futebol nacional em detrimento de um título de campeão da Europa"; E termina dizendo: "como se um título de campeão da Europa fosse uma coisa normal para o Desporto português".
É evidente que um título de campeão da Europa não é uma coisa normal para o desporto português. Mas, também, é mais do que evidente que a canoagem, com dois mil e quinhentos praticantes, num país com cultura desportiva que faz lembrar o belicismo desportivo medieval dos torneis e das justas, não tem massa crítica para provocar qualquer interesse mediático por uma medalha seja ela olímpica, mundial ou europeia. O empenho da comunicação social resulta da força das audiências. E a canoagem, quer se goste quer não, apesar das condições naturais do País e dos meios materiais, humanos e financeiros de que, de há diversos anos a esta parte, dispõe, não tem uma audiência capaz de entusiasmar a comunicação social. Mas o que é mais preocupante e os dirigentes da canoagem deviam estar bem preocupados, é que a modalidade está a ser ultrapassada por outros desportos que, devido a circunstâncias especiais do seu impacto social, estão a conseguir audiências significativas em consequência da prática desportiva que acontece para além resultados competitivos.
No estado de subdesenvolvimento em que o desporto nacional se encontra, o que mais faz falta não são medalhas olímpicas. O que mais faz falta ao desporto é: Mais massa cinzenta; Mais democracia participativa; Mais ética social. Porque, num desporto sem massa cinzenta, sem democracia participativa e sem ética social, uma medalha olímpica, para além do prazer e do orgulho dos próprios e entidades directamente envolvidas, em termos sociais, não serve para nada. E quando, em termos sociais, uma medalha olímpica, aos olhos da generalidade dos portugueses não serve para nada e os atletas que as ganharam são esquecidos e ostracizados pelas organizações desportivas, significa que o Movimento Olímpico está profundamente doente. Então, à semelhança daquilo que já aconteceu no passado, o COP corre o sério risco de começar a ser visto como uma edição pós-moderna da extinta Mocidade Portuguesa. Esperamos que tal nunca mais volte a acontecer.
O actual modelo de desenvolvimento do desporto:
1º - Focado no “dress code” das festarolas, serve, fundamentalmente, a uma olímpica socialite e não a um verdadeiro projecto de promoção da prática desportiva, do treino e da competição no País. Todavia, o que se verifica é que, quanto mais as coisas mudam, mais o desporto fica na mesma ou pior;
2º - Na dinâmica destrutiva de um jogo de soma nula vai involuir até ao ponto em que praticar desporto se torna num privilégio social. Todavia, a tolerância, a diversidade e a inclusão são direitos humanos que fazem parte dos princípios do Olimpismo;
3º - Cativo de uma lógica esquizofrénica de conquista de medalhas olímpicas apresenta uma configuração ideológica anti-social. Todavia, a verdadeira missão do Olimpismo é proporcionar à juventude as ferramentas necessárias para que possa, em plena liberdade, praticar desporto.
Há quem diga que, na base da “teoria da classe ociosa”, o desenvolvimento do desporto sempre foi apanágio de uma socialite egoísta e pouco educada que, num jogo de soma nula, não tem quaisquer preocupações de ordem social. Pode ser que seja verdade, porém, a degradação do desporto nacional nunca foi tão acelerada e evidente como se tem vindo a verificar desde 2004 /2005.
Se Vítor Félix deseja realmente prestar um serviço à canoagem e, por extensão, ao próprio desenvolvimento do desporto devia mobilizar os demais presidentes das Federações Desportivas a fim de:
1ª Alertarem o Governo, para o facto de, no desrespeito pela Constituição da República e da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, o desporto nacional não está a ser convenientemente alimentado a montante pelo que o trabalho das Federações Desportivas está a ser prejudicado pela completa ausência de Políticas Públicas destinadas a promoverem a prática desportiva, sobretudo entre as populações mais carenciadas;
2ª Exigirem ao Governo que assuma a responsabilidade política sobre o Alto Rendimento Desportivo restituindo às Federações Desportivas o pleno direito de, de acordo com o Regime Jurídico das Federações Desportivas, gerirem o Alto rendimento dos respectivos desportos e especialidades como sempre aconteceu, dispensando-se a inútil intermediação burocrática por parte do COP que deve centrar os seus esforços no cumprimento da sua verdadeira vocação que é a de promover os valores do Olimpismo e organizar a Missão (ões) portuguesa (s) aos Jogos Olímpicos;
3ª Sugerirem ao Governo e aos Partidos representados na Assembleia da República a necessidade de celebrarem um acordo de regime que explanado num Programa Estratégico de Desenvolvimento, projecte o desporto nacional num futuro a três / quatro legislaturas.
Em conclusão diremos que a última coisa que o desporto necessita é de uma visão egocêntrica e anti-liberal do desenvolvimento centrada numa organização fechada que não tem legitimidade democrática para gerir os destinos do desporto nacional que, infelizmente, vai a caminho de lado nenhum."

Brasil de costas para o mundo

"Leonardo treinou o Inter em 2010-11. E o que é que isso tem de extraordinário? Foi a última vez que um técnico brasileiro trabalhou num dos cinco principais campeonatos da Europa, ou seja, com a licença da portuguesa, as ligas inglesa, espanhola, alemã, italiana ou francesa.
E como e quando é que a escola de pensamento brasileira, que há oito anos não opera no centro do mundo do futebol, se tornou tão periférica? Porque é que ao contrário dos seus jogadores, que habitam como mais ninguém aquelas praças, os treinadores canarinhos deixaram de ter mercado? 
Recuemos no tempo: em Janeiro de 1947, Portugal bateu a Espanha, no Estádio Nacional, por 4-1 com bis de Travassos e Araújo, na primeira vitória portuguesa da história sobre os vizinhos. Era uma época em que na imprensa e nos cafés se discutia, não os benefícios ou contradições do VAR, mas se o futebol português deveria optar pelo profissionalismo, como quase todos os países europeus, ou por continuar semi-amador, uma vez que mesmo nessa condição deu para bater a profissional La Roja.
A discussão permaneceu mais ou menos empatada até Maio de 1947, quando naquele mesmo palco e mais ou menos com o mesmo onze, a selecção das quinas sofreu um violento 10-0 da Inglaterra. E mais nenhum jornalista ou debatedor de café teve coragem de defender o amadorismo. 
Profissionalize-se, então. Mas como? Seguindo que modelo? Quem está metodologicamente na vanguarda do futebol mundial e não se importe de ver cá ensinar?
É nesse contexto que anos depois chega ao futebol português o brasileiro Otto Glória para treinar os quatro grandes, Benfica, Belenenses, Sporting e FC Porto, por ordem cronológica, e a selecção que conquistou o bronze em 1966, na Inglaterra. Além de Flávio Costa, Dorival Yustrich ou Gentil Cardoso.
Por esses anos, o Brasil usou o Mundial-1958, que ganhou goleando quase toda a gente, para experimentar um esquema táctico inovador, baseado num 4-2-4 com posse de bola que se transformava em 4-3-3 em situação defensiva, usando o táctico Zagallo como extremo puro, no primeiro caso, e médio de cobertura, no segundo. Sim, Pelé, Didi ou Garrincha foram as principais razões do título, mas aquela variante táctica ajudou. Assim como o próprio Zagallo, já na qualidade de treinador, contribuiu para a vitória no México-70, ao encaixar Pelé e também os craques Gerson, Rivellino, Tostão e Jairzinho num quinteto de ataque altamente criativo e, ainda assim, organizado. 
De então para cá, apesar do cerebral Carlos Alberto Parreira, do intuitivo Vanderlei Luxemburgo ou do vencedor nato Luiz Felipe Scolari, a escola brasileira de treinadores contribuiu pouco para a evolução do jogo. Tite e mais um punhado de talentosos técnicos da actualidade até tinham condições de recolocar o Brasil nessa luta mas não arriscam a Europa.
Ou seja, além da falta de ideias, que afectou sobretudo os bancos nos anos 90 e primeira década do século XXI, mesmo os que as têm preferem ficar em solo brasileiro. Aí, entram razões de ordem econômica: no Brasileirão paga-se tanto aos treinadores como nas principais ligas europeias, razão pela qual eles preferem continuar nos clubes gigantes da sua terra a ousar ir para clubes do meio da tabela do Velho Continente – ao contrário dos vizinhos argentinos que, mal pagos em casa, se aventuram num Espanyol, como Mauricio Pochettino, ou num Catania, como Diego Simeone, antes de ganharem a justa fama que hoje ostentam. Ganhar mais nem sempre gera progresso – no caso, gera comodismo.
Por outro lado, num país em que só uma meia dúzia de privilegiados sabe falar inglês, os treinadores locais têm medo da barreira linguística. Mas mesmo assim, nem a Portugal chegam hoje em dia, com uma ou outra excepção irrelevante.
É do convívio com as diferenças culturais, no entanto, que se apressa o crescimento: por alguma razão as cidades mais avançadas dos EUA e do Brasil são as que mais imigrantes diversificados receberam, como Nova Iorque ou São Paulo; por alguma razão, o futebol inglês, poderoso no final dos anos 70 e até metade dos anos 80, perdeu o domínio quando se fechou sobre si próprio, na sequência de Heysel Park, perdendo o comboio da evolução para Itália ou Espanha nos anos 90. 
Enquanto os treinadores das principais ligas se diversificam – fora a comunidade espanhola, francesa, alemã, italiana, portuguesa ou argentina ainda há representantes isolados croatas, sérvios, arménios, suíços, chilenos, uruguaios – os técnicos brasileiros só trocam muito de clube mas não de cultura. 
Numa frase, “o futebol no Brasil está fora do circuito, fechado para o mundo, baseado apenas no lado empírico, acreditando que basta vestir a camisa verde e amarela para ganhar”. Quem a disse, Leonardo, sabe do que fala."

Vitória em Aveiro...

Esgueira 69 - 89 Benfica
19-27, 15-18, 15-19, 20-25

Vitória esperada, num jogo sempre controlado, já com o Fábio Lima, mas ainda sem o Xavi...
O Micah continua a confirmar todas as indicações, o Suarez também... Gostei hoje da atitude do Snider, melhor do que em jogos anteriores... E o Delgado, neste tipo de jogos, já conta !!!
O Cláudio, hoje, falhou mais de 10 lançamentos a menos de 1 metro do cesto!!! Tem estado bastante melhor esta época... mas mesmo assim, com um bocadinho mais 'arrogância', só tem que afundar sempre!!!