"Há razões para sportinguistas exultarem e benfiquistas estarem tristes. Para se compreender a dimensão do feito alcançado pelo Sporting, ao eliminar o Benfica da Taça de Portugal com arbitragem de Jorge Sousa, é preciso situar no tempo e na história os dois emblemas. Foi uma equipa que leva três do Skenderbeu que eliminou uma equipa que se apura para os oitavos da Champions antes da última jornada. Têm razão os sportinguistas para regozijo e devem corar de vergonha os benfiquistas por perderem com o Sporting de Esgaio, Tobias Figueiredo e João Pereira.
Mesmo que a época do Sporting tenha acabado, e espero sinceramente que não, ficará na memória dos leões aquela vez em que eliminaram o Benfica da Taça. Também é assim quando se vai a Gondomar e nos falam de feito idêntico. Desta vez, só é mais banal, porque nos últimos anos foi quase sempre Jorge Sousa a assinar o mesmo feito. Mas o Benfica não tem desculpas e resta-me dar os parabéns ao Sporting. Como nestas linhas já tinha previsto, foi sem surpresa que o Benfica se apurou na Champions e segue junto dos melhores. Sempre podemos dizer que nunca alguém foi tão longe na Champions (6000 km). Gostei muito de ver Jiménez de volta aos golos e Pizzi no meio-campo. No Benfica uma boa prova europeia não pode, nem chega, para desviar o clube do objectivo de vencer títulos. O Campeonato e a Taça da Liga são por isso o nosso futuro essencial. Queremos vencer estas provas e só assim teremos uma boa época, porque no Benfica há o culto da exigência.
O voleibol lidera, o basquetebol lidera, o hóquei lidera, o futsal lidera e a pergunta dos sócios é sobre o andebol. Exigência e insatisfação para ser sempre melhores. Em Braga, vai ser mais difícil que em Alvalade e em Astana. Por muitas razões, e a primeira é o valor do SC Braga. A nomeação de Hugo Miguel é uma provocação. Preferia Octávio Machado a apitar o jogo, é mais isento."
Sílvio Cervan, in A Bola