"Paulo Fonseca. Luís Castro. Ivo Vieira. Três treinadores portugueses cujas ideias aplicadas ao jogo levaram-nos a dar um salto qualitativo nas suas carreiras, num reconhecimento claro da qualidade de jogo apresentada pelas suas equipas. Um reconhecimento que atesta ainda o quão importante é ganhar aliando o desejo de vencer à arte de bem jogar.
Três anos recheados de títulos, recordes internos batidos, jogadores valorizados, elogios de Sarri e Guardiola, por exemplo, tudo isto e muito mais foi alcançado por Paulo Fonseca e pela sua equipa técnica em Donetsk. Mas mais importante do que isso foi o cunho pessoal que conseguiram dar a uma equipa que durante mais de uma década esteve às ordens de Mircea Lucescu, mítico treinador romeno, cujo estilo de jogo em nada se assemelha àquilo que viriam a ser os anos de reinado de Paulo Fonseca.
Essa terá sido, na minha opinião, a maior vitória do antigo treinador bracarense. Chegar, ver, vencer e convencer com um jogo tão atractivo, tão dominante, tão eminentemente ofensivo não está ao alcance de todos e a verdade é que ninguém ficou indiferente a uma caminhada que até nem começou bem (derrota na Supertaça e eliminação no play-off da Liga dos Campeões). De tal modo que, ao fim de três épocas, a Roma decidiu apostar, e bem, num treinador que desde o Pinhalnovense vem desenvolvendo um trabalho notável, com equipas que valorizam o espectáculo e que procuram vencer através dessa mesma valorização.
Se os títulos são, por norma, o reflexo maior da qualidade de trabalho de um treinador e o factor mais importante para quem contrata, não espanta que Paulo Fonseca tenha ido para a capital romana...
Mas Luís Castro não venceu qualquer título em Guimarães. Nem em Chaves. Nem em Vila do Conde. Porque terá sido então o eleito para suceder a Paulo Fonseca? A resposta é simples. Pelo menos para mim. Para além do trabalho de excelência ao serviço do FC Porto B, Luís Castro mostrou no Rio Ave, no Desportivo de Chaves e no Vitória Sport Clube o porquê de ser um dos melhores treinadores da nossa praça.
Futebol apoiado, ofensivo, atractivo, sempre em busca da baliza do adversário, sempre em busca da valorização colectiva para a potenciação individual dos seus jogadores, eis o que foi possível constatar nas equipas de Luís Castro nas três últimas temporadas. Sem títulos, é um facto, mas com razões mais do que suficientes para que acredite no seu sucesso em terras ucranianas e no elevar do seu nome e do seu trabalho por essa Europa fora.
Não vai ser fácil, certamente, mas os treinadores de qualidade tornam fácil aquilo que parece difícil. Tal como fez Ivo Vieira ao serviço do Moreirense na última edição da Liga NOS. Todos concordarão com o facto de a equipa de Moreira de Cónegos ter sido a sensação do campeonato. A vitória por 3-1 em pleno Estádio da Luz, por exemplo, foi uma das maiores provas da qualidade do trabalho desenvolvido pelo treinador madeirense ao serviço de uma equipa que, nos últimos anos, esteve sempre mais próximo do fim da tabela do que dos lugares europeus.
A forma desinibida com que se apresentou nos campos de norte a sul do país levou-o a granjear inúmeros elogios e inúmeros seguidores, tendo Ivo Vieira sido destacado e distinguido em inúmeros artigos redigidos e nos mais diverssos órgãos de Comunicação Social ao longo de 2018/2019. Distinções e elogios mais do que merecidos, que não passaram despercebidos a quem gosta de bom futebol e a quem gosta de ver as suas equipas a jogar bem, como foi o caso do Vitória Sport Clube.
A aposta em Ivo Vieira para suceder a Luís Castro, para além de revelar o rumo que os vitorianos querem percorrer, deixa antever ainda que o futebol português pode estar a caminho de um ponto de viragem na forma como se olha para o jogo e se analisa o trabalho dos treinadores. A ser assim, haveremos de ver mais “promoções” bem sucedidas e novos reconhecimentos da arte de bem jogar."
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