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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

O Benfica caiu na rede do Rio Ave mas ainda foi a tempo da goleada


"Durante 60 minutos, o Rio Ave foi a equipa mais organizada no Estádio da Luz, jogando na sua estratégia habitual e mesmo assim surpreendendo um Benfica que não soube reagir. Com a expulsão de Aderllan Santos, a equipa de Luís Freire foi abaixo, mas o 4-1 no marcador é um castigo demasiado pesado para os vilacondenses. Marcos Leonardo marcou na estreia

Os números da vitória do Benfica (4-1) frente ao Rio Ave contarão apenas parte da história de um jogo em que Roger Schmidt não se preparou para o que teria à sua frente. Só assim se explica os primeiros 60 minutos dos encarnados. Utilizando a iconografia marítima, que tanto apela ao coração do Rio Ave, o Benfica caiu na rede dos vilacondenses e nem se pode dizer que tenha sido por surpresa. Luís Freire entrou com o sistema habitual, a estratégia de sempre, e até à expulsão de Aderllan Santos, aos 58’, o verdadeiro acontecimento sísmico do jogo, os visitantes foram sempre a equipa mais à-vontade em campo. Com menos um e sem a qualidade individual do adversário, o desfecho seria inevitável e o marcador foi engordando, mas o Benfica não esteve assim tão longe de ser surpreendido em casa.
Os primeiros 25 minutos - e depois a entrada na 2.ª parte - são particularmente indecorosos para o Benfica, absolutamente dominado pelo Rio Ave, sempre em superioridade a sair, com Costinha e Fábio Ronaldo como alas muito projetados a acentuarem a vantagem. Aos 9’, o golo de Guga era um retrato fiel do jogo: há um primeiro cruzamento de Costinha ao qual Boateng não consegue responder, e a bola segue sem oposição ou reação para Fábio Ronaldo, que encontrou Guga livre, com os centrais do Benfica perdidos. O remate foi de primeira.
Sem reação palpável, sem adaptação ou uma pressão efetiva face à surpresa inicial, o Benfica continuou a sofrer após o golo do Rio Ave, sempre com muitas dificuldades em travar os avanços da equipa de Luís Freire. Aos 16’, Fábio Ronaldo apareceu com espaço, com Trubin a defender um remate que ainda foi desviado por João Neves. Aos 24’ foi mais uma vez o guardião ucraniano a salvar o Benfica, a parar a finalização de Boateng, que Miguel Nóbrega não teve dificuldade em encontrar na área. O golo do Benfica, numa transição em que Rafa encontrou Di María sozinho, aos 29’, apareceu num dos únicos erros de construção do Rio Ave e em contraciclo com o que o jogo transpirava até então.
Seria importante esse golo contra a corrente para o Benfica - continuou a ser a equipa menos esclarecida taticamente em campo, mas conseguiu equilibrar. Até ao intervalo, João Mário podia ter marcado num lance que Jhonathan resolveu bem e o pânico já não parecia rondar os encarnados a cada passe falhado ou bola perdida. A cada incursão do Rio Ave no ataque.
De uma equipa como o Benfica esperar-se-ia um regresso para a 2.ª parte com a lição bem aprendida e as alterações necessárias postas em marcha. Mas os primeiros minutos exacerbaram os problemas que a equipa de Roger Schmidt havia tido no primeiro tempo. Permitindo situações de vantagem ao Rio Ave no ataque, o Benfica viu a bola embater duas vezes nos ferros da sua baliza, aos 46’ e 49’, o que poderia ter mudado a história do jogo. Até aos 58 minutos, quando Aderllan Santos foi expulso, o Rio Ave foi a equipa mais organizada e mais perigosa em campo. Teve o mérito de quebrar o Benfica em pleno Estádio da Luz. A partir daí, tudo mudou.
Mudou não só pela inferioridade do Rio Ave como pelas alterações, tardias, de Roger Schmidt, lançando Florentino, Tiago Gouveia e Marcos Leonardo. O 2-1, num lance algo atabalhoado na área do Rio Ave após um canto e muito bem aproveitado por António Silva, matou desde logo qualquer plano de contingência de Luís Freire. A capacidade física esfumar-se-ia logo a seguir e os golos do Benfica apareceram naturalmente. Aos 80’, Marcos Leonardo estreou-se a marcar pelos encarnados ao primeiro remate, num golo magicado por Rafa, a trabalhar muito bem para o cruzamento de Aursnes, que encontrou a cabeça do brasileiro. Já nos descontos, foi de novo Rafa, numa das melhores fases da época, a aproveitar a quebra do rival e a cruzar de trivela para João Mario que, sozinho, só precisou de encostar para o 4-1.
E mais golos poderiam ter aparecido. Houve condições para a goleada ser ainda mais gorda, mas isso não deverá esconder uma primeira hora de jogo em que o Benfica se viu tantas vezes de mãos atadas, também por culpa própria, por não ter reagido a tempo nem feito qualquer adaptação ao futebol que o Rio Ave apresentou na Luz. Uma vitória de onde se devem retirar mais do que três pontos: também se devem retirar lições."

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