"Houve uma falha de energia geral na Luz, neste domingo. Um apagão do Benfica que só causou danos de reputação, mas que esteve muito perto de provocar estragos na pontuação no campeonato. Os jogos, é verdade, têm 90 minutos, mas são os 60 iniciais que merecem maior reflexão.
Há sempre demérito quando uma equipa maior não se impõe a um rival com menos argumentos individuais qualitativos. A esses, como o Rio Ave fez, é preciso ir lá pela estratégia e contar que o habitual desempenho do adversário não esteja no máximo.
Esses dois fatores estiveram em jogo na Luz. Um plano de Luís Freire a expor um Benfica fraco em relação às seis vitórias anteriores – isto no sentido da energia que teve em campo, claramente com menos pilhas do que o habitual nesta sequência.
O Rio Ave atirou muitas vezes à baliza de Trubin, atingiu-a, mas apesar de ferida a águia escapou ao tiroteio. O plano de Freire contou, provavelmente, com os minutos que o Benfica teve de jogar com o Braga, a meio da semana o que, vistas as coisas e, sobretudo, visto os 60 minutos da última noite, levam a uma conclusão: para além do plano estratégico a rever, Roger Schmidt tem de começar a rodar e a trazer novos músculos e pensamentos ágeis ao jogo encarnado.
O treinador das águias mexeu na equipa mais cedo frente ao Rio Ave, diferente daquilo que acostumou ao longo de 2022/23 e já esta época. Parece-me claro, porém, que os próximos onzes das águias, neste janeiro, precisem já de novos nomes pois essa foi a parte mais visível daquela hora encarnada, até pelos passes errados.
A falta de frescura só Benfica foi compensada pela falta de discernimento de Aderllan Santos, que com a mão na bola e segundo cartão amarelo (pode ler a opinião de Duarte Gomes sobre arbitragem) desequilibrou um jogo até aí dominado pelo Rio Ave. E depois de escapar ao tiroteio, a águia virou predador e acabou com a presa em três instantes.
Tiago Gouveia e Marcos Leonardo
Roger Schmidt lançou aqueles dois rapazes em jogo. O primeiro parece estar a ser mais ou menos preparado como o foi João Neves na época passada. Vai tendo alguns minutos, é aposta mais regular a sair do banco, beneficia, claro, da ausência de Neres e também de Bah – porque Aursnes poderia passar para o lado esquerdo do ataque, por exemplo.
Apesar de alguns bons indícios, o número 47 da Luz procura claramente maior protagonismo. Tudo certo, se um futebolista não tem ambição no início de carreira quando terá? A questão é mais sobre se essa sede está a deixar Tiago Gouveia a tomar as melhores decisões para a equipa e, até, para ele próprio.
Pela entrevista que vi na época passada, o 47 dos encarnados é um rapaz equilibrado, mas tem de dentro de campo saber que, neste momento, fazer o passe certo é tão ou mais importante que marcar um golo.
Marcos Leonardo começou com um golo e isso vai trazer-lhe confiança extra. Mas as palavras para Tiago Gouveia podem aplicar-se ao ponta de lança brasileiro. O melhor modo de cair nas graças futebolísticas é tomar a opção certa e não ir em busca de um registo estatístico."
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