"Não é difícil recolher na literatura especializada o reconhecimento de múltiplos valores do desporto no desenvolvimento das sociedades modernas. Ele é uma realidade incontornável. Neste mundo artificializado, o desporto é o principal artifício com que a população concretiza a actividade física, satisfazendo diversas necessidades: exercício essencial para uma vida saudável; socialização; sentimento de pertença; ocupação dos tempos de lazer, entretenimento, etc. Assim sendo, o interesse pelo desporto ganha um importante significado social, em especial nas sociedades ocidentais. São muitos os que defendem a democratização da prática desportiva, ou seja, a sua generalização a toda a população, criticando o desporto de competição, como uma marca da sociedade industrial e capitalista, onde o corpo se constituiu como um instrumento de trabalho produtor de performances. Esta preocupação pela prática desportiva generalizada leva a que alguns países encetem um conjunto de políticas com diferentes designações. Nos EUA recebeu o nome de “National Fitness” (na Austrália), “National Fitness Council” (no Leste Europeu) e “Desporto para Todos” (nos países da Europa). Se é verdade que o desporto é um “fenómeno social total” (significa que, ao pretendermos estudar um determinado fenómeno social, devemos considerá-lo na sua multiplicidade de aspectos e procurar as várias perspectivavas de análise que possam concorrer para uma melhor compreensão desse fenómeno, tendo em conta os vários aspectos económicos, políticos, sociológicos, etc.), tão presente na nossa contemporaneidade, não é muito fácil compreendê-lo. Ele não pode ser considerado como um fenómeno simples: deve ser visto como um fato sociológico complexo e contraditório, concentrando em si uma multiplicidade de dimensões."
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