"Terminou a semana em que a comunicação social portuguesa se debruçou incessantemente sobre as notícias do caso do pedido de bilhetes para assistir a jogos do Benfica por parte do ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo Mário Centeno, e também sobre a Operação Lex, o que possibilitou assim o julgamento premeditado por parte da sociedade civil.
Quanto ao pedido de bilhetes de Centeno, começando pelas notícias que surgiram logo após as buscas no seu gabinete, por indícios de eventuais recebimentos indevidos de vantagem - mas vantagem de quê? Assistir a um jogo de futebol? Desde a pressão sobre o primeiro-ministro para se pronunciar acerca do caso, sendo que o mesmo se aplica ao Presidente da República. É óbvio que o caso acabaria arquivado pois, se assim não fosse, aí sim, seria escandaloso. A comunicação social fez questão ainda de associar tal pedido a uma eventual isenção de IMI ao filho de Luís Filipe Vieira, não fazendo qualquer sentido, pois são os municípios responsáveis por tal.
É também penoso que as notícias sobre a Operação Lex sejam também associadas a um clube de futebol, neste caso ao Benfica. Pergunta-se: a quem foram devolvidos 80 milhões? Quem é o maior investidor individual do Sporting? É facto que estamos a falar de Álvaro Sobrinho. É facto também que, a confirmar-se este caso de corrupção, a justiça portuguesa, principalmente a magistratura, não mais será vista com os mesmos olhos. Como se costuma dizer, “há pessoas más em todo lado”, bem como corrupção, ainda para mais em Portugal, onde ser amigo implica favorecer. Há também que apurar a verdade absoluta dos factos e assim condenar aqueles que realmente forem corruptos, e deixar claro à sociedade civil que o crime não compensa, mesmo que se tenha de legislar para que tal aconteça.
Faz-se muito bom jornalismo em Portugal, isso é de salientar, mas também muito mau, e em determinados casos como os acima referidos é de deixar claro que já cheira mal!"
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