"«Nem tudo está mal quando se perde, nem tudo está bem quando se ganha». As palavras de Rui Vitória no rescaldo do jogo encerram uma das verdades mais esquecidas do futebol: uma equipa pode perder um jogo e deixar boa impressão, da mesma forma que é possível ganhar de forma fortuita.
É de elementar justiça que Rui Vitória tenha aproveitado a vitória folgada e a exibição morna para arrefecer os ânimos, em lugar de enveredar pela bazófia que é timbre de outros treinadores. Só lhe fica bem. Vale a pena, por isso, olhar para o que ainda correu mal no Benfica e para o que de bom aconteceu.
Uma vez mais, a equipa pareceu pobre de ideias de jogo ofensivo. O meio-campo surgiu vazio, com Fejsa a fechar muito perto dos centrais e a deixar Pizzi a grande distância. A organização atacante ressentiu-se e não se vislumbraram movimentações colectivas - Mitroglou, pesado, parecia um corpo estranho, incapaz de ligar o seu jogo ao de Jonas e, a defender, a equipa esteve muitas vezes mal posicionada, com Nélson Semedo a mostrar insuficiências.
Claro está, tudo ficou esquecido com os 20 minutos finais à Benfica. E aí emergiu o suplemento de classe de Gaitán, Jonas e Júlio César, a irreverência consequente de Victor Andrade e de Nélson Semedo e, acima de tudo, uma equipa que, solta das amarras (psicológicas?) que pareciam tolher os seus movimentos, se desinibiu. Pela primeira vez esta época, viu-se um caudal ofensivo vertical, capaz de aproximar o Benfica da baliza adversária. Agora, com um calendário favorável o desafio é consolidar esta libertação emocional."
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