"Conhecem algum atleta que esteja a entrar no mercado de trabalho e a iniciar a próxima fase da carreira, da sua vida profissional? Falem connosco! "Este deveria ser o mote de qualquer empresa que reconhece o impacto que os atletas têm no ambiente de trabalho. É claro que não é garantido que todos os atletas terão sucesso no mundo dos negócios e, por cada um que consegue, haverá outros que terão mais dificuldade em fazer esta mudança. Mas aqueles que o fazem possuem competências e traços de personalidade tão valiosos para as empresas, demonstrando uma série de características específicas, e uma capacidade invulgar para enfrentar situações de grande pressão.
Agora que começam a desvanecer as ondas do grande espectáculo que são os Jogos Olímpicos de Paris 2024, torna-se crucial que dentro de um plano estratégico para o desporto nacional, uma estratégia de pós-carreira bem definida consolidada, com uma legislação que não seja apenas bondosa, mas que tenha aplicabilidade, efeito prático e seja mensurável, ajudaria em primeiro lugar os nossos atletas a não desistirem e, por outro lado, a terem confiança no cada vez mais longo e absorvente processo que é a sua carreira desportiva. Com confiança e segurança transmitidas por quem de direito sobre o seu futuro profissional, o impacto positivo refletir-se-á no presente, mas também e muito na sua performance desportiva no futuro.
Enquanto sociedade que está sempre pronta para glorificar os nossos heróis, temos o dever de começar a refletir nesta componente deste caminho duro e desafiante que é o alto rendimento. As empresas, que muitas vezes utilizam, e bem, os atletas, com a sua aura de heróis nacionais, como imagem e também veículos para campanhas promocionais dos seus produtos, deveriam também considerá-los como potenciais candidatos a vagas de trabalho sabendo que, com a sua capacidade de envolvimento, e postura como role models, cada um deles pode oferecer vantagens adicionais, tornando-se um excelente investimento, quer do ponto de vista da rentabilidade, quer da responsabilidade social.
Também se torna evidente que existe um conjunto de competências transferíveis para o mundo laboral que, se forem bem aproveitadas pelas empresas, podem rapidamente transformar os atletas em ativos de extraordinária importância para as organizações. Ora vejamos, no que respeita à preparação — cada detalhe requer precisão, a atenção que os atletas colocam nos pequenos detalhes, resulta sempre em resultados maiores. São flexíveis, são ensinados a serem adaptáveis, o que pode trazer inúmeros benefícios no mercado de trabalho. Sabem lidar com o inesperado, é para isso que treinam. Sabem que pode sempre surgir algo inesperado que atrapalhe o plano estabelecido, mas isso não os impede de encontrar soluções e contornar os obstáculos. Recebem e aplicam o "feedback" como ninguém; desde muito cedo aprendem a aceitar a rejeição e a frustração e, sobretudo, a ouvir e a pôr em prática os ensinamentos ministrados. Sabem trabalhar com metas em direção aos objetivos, parte indissociável da sua preparação. Os atletas são excelentes a construir relacionamentos, habituados que estão a interagir e aprender com todos os que o rodeiam no mundo do desporto, sinónimo de empatia e liderança, mas também sabem como ninguém motivar as pessoas — pois fazem-no desde sempre!
Numa perspetiva de pós-carreira, as entidades competentes deveriam estabelecer formalmente um eixo de contacto com as empresas com foco na empregabilidade e formação, provando que esta é uma via importante para garantir uma maior adaptabilidade ao mercado de trabalho. Não cabe apenas ao Estado promover estas políticas, mas também às empresas, desde que saibamos apresentar uma proposta valor, compreensível e prática, com resultados palpáveis, numa lógica de "win-win".
São algumas as empresas e outras instituições que já entenderam as vantagens de percorrer este caminho, quer na formação, quer na empregabilidade, integrando estas ações e dinâmicas nas suas estratégias de responsabilidade social, exemplos disso a Fundação Ageas, os Jogos Santa Casa o ISEG, a BP a Intelcia, a Angelini, a Nestlé, a Egor, a Yunit, entre outras.
Para todas as empresas que têm na sua agenda estas preocupações de sustentabilidade, sendo estes, no nosso entender, motivos mais que suficientes para darem este passo, fica aqui o apelo.... Abram esta janela de oportunidade para os nossos heróis e dêem corpo a este mote "Conhecem algum atleta que esteja a entrar no mercado de trabalho e a iniciar a próxima fase da carreira, na sua vida profissional? Falem connosco! ".
Afinal são principalmente os atletas que inspiram e podem despertar uma nação!
P.S A legislação já atribui alguns benefícios às empresas (Lei n.º 13/2024, de 19 de janeiro, no seu Artigo 12.º Apoio às empresas considerado o contrato estabelecido com o atleta de alto rendimento, como contrato de trabalho celebrado com jovem à procura de primeiro emprego.)."
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