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terça-feira, 14 de maio de 2024

O jeito que um Milan pode dar


"Ao endurecer o discurso perante a contestação, Schmidt reivindica posição de Rui Costa

A primeira semana de André Villas-Boas como presidente do FC Porto não trouxe grandes novidades relativamente ao futuro de Sérgio Conceição, e o tema nem sequer chegou a ser abordado na conversa pós-tomada de posse com a comunicação social. É verdade que o novo líder dos dragões está condicionado pela entrada retardada na SAD, adiada para o final do mês — para que Pinto da Costa possa sentar-se no banco na final da Taça de Portugal —, mas deixar correr o tempo parece favorável à gestão deste dossiê. O foco está colocado na decisão com o Sporting, que a ocasião pede união, mas os sinais reforçam a ideia de que o resultado no Jamor já não terá peso na decisão, aparentemente de fim de ciclo.
Até a mensagem deixada pelo braço direito, Vítor Bruno, nas redes sociais, após o último jogo caseiro, aponta para a porta de saída. O mais provável é que esse desfecho não esteja dependente do interesse do Milan, que ganhou força nos últimos dias, mas ambas as partes parecem desejar uma saída harmoniosa assim. Sérgio Conceição teria a possibilidade de sair pela porta grande, reconhecido pela capacidade de manter uma cultura vencedora no clube azul e branco, apesar dos enormes constrangimentos financeiros, e abraçar um desafio aliciante, nesse caso para um mercado onde tem valor acrescentado pela carreira de jogador, e com a possibilidade de continuar a enriquecer o palmarés.
Villas-Boas, por seu lado, evitaria o pesado ónus de iniciar o mandato com a responsabilidade de afastar o treinador que aceitou ser trunfo eleitoral, para iniciar um novo ciclo com a estrutura idealizada com Andoni Zubizarreta e Jorge Costa, possivelmente com um nome estrangeiro para ocupar o banco.
No Benfica os indicadores são de continuidade de Roger Schmidt, mas sem grande convicção aparente por parte de quem tem a responsabilidade de tomar decisões. Mesmo num contexto de goleada e despedida emotiva de Rafa, o técnico alemão voltou a ser fortemente contestado na Luz, e no final endureceu o discurso. Já admite, de resto, que possa ser problema e não solução. Schmidt não dá passos para um acordo de paz quando faz distinção entre adeptos bons e aqueles que têm demasiada atenção, mas tem razão quando diz que é impossível pensar na reconquista do título com o negativismo atual.
Ao assumir uma posição tão forte, mas totalmente adequada à realidade, Schmidt não deixa de reivindicar uma posição de Rui Costa. Se a decisão de manter o técnico fosse sólida, o presidente do Benfica já deveria ter vindo a público reiterar isso mesmo. Não conseguiria calar a contestação, perante o fracasso da temporada, mas iria enfraquecer aqueles que desejam ter voz na decisão. Ao prolongar o silêncio, Rui Costa está a deixar que a contestação ao treinador cozinhe em lume brando e passa a ideia que espera que seja o alemão a tomar a iniciativa, ou então que apareça um Milan qualquer."

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