"Alfredo e Blandina Cruz foram responsáveis pela introdução do tiro com arco no Benfica
No imaginário coletivo, quando se pensa em tiro com arco, é comum remeter-se para a Idade Média ou para personagens popularmente conhecidas, como Robin Hood, Hawkeye e Arrow. Esta modalidade desportiva estreou-se nos Jogos Olímpicos de 1900, em Paris, e começou a ser praticada no Benfica nos anos 40, através da acção de um casal de atletas benfiquistas, Alfredo e Blandina Cruz. E houve quem defendesse que foram os pioneiros a nível nacional e que 'tudo quanto existe hoje em Portugal relacionado com a modalidade a eles se deve'.
Certo dia, chegou às mãos de Blandina Cruz 'um livro intitulado Arqueiros de Inglaterra, onde trazia figuras de damas e cavalheiros na prática daquele desporto. O espírito investigador de Alfredo Cruz e esposa não se fez esperar e, depois de vários contactos mantidos através das embaixadas de França, Inglaterra e Polónia, começaram a receber literatura sobre o tiro com o arco, documentação vária, regras, etc.'. Rapidamente, levaram esta modalidade para o Benfica, tendo-se criado uma secção em 1948, sob a presidência de Alfredo Cruz, função que ocupou durante vários anos, acumulando-a com as de atleta e de treinador.
Este 'incansável benfiquista' foi responsável pela inauguração do 'primeiro recinto da modalidade - ao ar livre' do Clube, no Campo do Campo Grande, em 1949, e pela procura, ao longo do tempo, de melhorar as condições de treino e organização de provas. Dedicado, 'permanecia no Benfica horas a fio, ao dispor de qualquer criança que dele se acercasse e desde logo lhe propunha experimentar o tiro com arco'.
Figura incontornável do desporto feminino, Blandina Cruz, atleta encarnada em 'ginástica, atletismo e tiro', foi a primeira arqueira de seniores do Clube. Também trabalhou afincadamente pelo desenvolvimento da modalidade, tendo-se dedicado à captação de alunos e ensinado 'os rudimentos da modalidade às crianças e, sem descanso, corrige posições defeituosas, aconselha atitudes mais descontraídas, mais descontraídas, enfim, esforça-se para que naqueles pequenos corpos se forme uma grande alma de atleta e de benfiquista'. Assumiu a presidência da secção após a morte do seu marido, em 1984, tendo sido um pilar desta actividade até ao seu falecimento, seis anos depois.
Saiba mais sobre tiro com arco na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica
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