"Nesta semana, não vou falar da mentira que se instalou no futebol português. Já não vale a pena, porque quem o vende e defende já perdeu toda a vergonha na cara. Lances iguais com decisões diferentes, uma associação de árbitros que só sai a terreiro para criticar os mais fracos, jogos da primeira categoria com pouco mais de 300 pessoas na bancadas, uma equipa-fantasma que continua a jogar na principal divisão (mas que não tem adeptos), bombas de fumo sobre o SL Benfica sempre que os rivais de Lisboa e de Porto perdem jogos ou são beneficiados... é à escolha do freguês. E depois admiram-se quando as crianças deste país querem as camisolas do Real Madrid, do Liverpool ou da Juventus e não querem ir para a escola com o equipamento de equipas portuguesas.
O cheiro a podre já está tão presente, que mais vale dedicar a crónica desta semana ao grande escândalo internacional desportivo do momento: Novak Djokovic. O tenista sérvio, número um mundial (e que está à beira de se tornar o tenista com mais torneios do Grand Slam conquistados) está a dar nas vistas na Austrália. Primeiro, foi-lhe negada a entrada no país por não estar vacinado, condição imposta pelas autoridades da ilha-continente. Depois passou umas noites no centro de detenção, apresentou recurso e versões contraditórias do seu passado recente quanto a viagens nos últimos dias e contacto com o vírus da covid-19. Tudo porque ele, a sua família e os seus seguidores defendem a não-vacinação.
Não vou sequer discutir tal realidade paralela em que estas pessoas parecem viver. Vou partir do princípio de que têm direito à sua opinião, mas também têm de saber viver com as consequências dos seus atos. Sem vacina, não entra. Se não entra, não joga. Se não joga, não ganha. Ponto final. Qualquer um de nós não entraria sequer num avião à partida para a Austrália sem teste e vacina, mas há sempre quem pense que está acima da lei. Djokovic perdeu por estes dias um fã - eu. Mas isso é indiferente para ele. Tal como é indiferente para quem manda no futebol português que os adeptos nacionais liguem cada vez menos à modalidade."
Ricardo Santos, in O Benfica
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