"Assim está bem, Benfica. Quem te viu e quem te vê. Parece que alguém clicou num interruptor que estava perdido no balneário, e a chama da equipa voltou a ganhar vida. A bola circula com qualidade, há criatividade no ataque, solidez na defesa, e o Seferovic já concretiza oportunidades sem precisar de 15 tentativas. Tudo está melhor. Embora esteja a perder algumas horas de sono, porque agora já não adormeço durante os jogos, sei que fico acordado por um motivo que vale a pena. Quem pode dormir durante boa parte dos 90 minutos é o Helton Leite. Com a frente da baliza vigiada pelo Otamendi, pelo Vertonghen e pelo Lucas Veríssimo, até poderia ser o maestro Victorino d'Almeida a calçar as luvas, e eu continuaria sossegado. Se o Jorge Jesus tivesse contratado estes três quando treinava o Sporting, aquela terrível confusão em Alcochete teria sido evitada. Mas teriam de ter contratos de trabalho para a categoria de segurança. Duvido muito de que os 50 delinquentes que invadiram a Academia conseguissem furar uma linha protegida por este trio imponente. Malandros, de vez em quando têm ciúmes de ver o Helton a repousar lá atrás, obrigam-no a interromper a soneca, e o guarda-redes brasileiro lá tem de encher a baliza e oferecer o corpo à bola como se o estivesse a oferecer a uma jovem donzela, bonita e sensual. O Helton tem uma coragem gigante. A enfrentar assim os remates dos adversários, se um dia destes tem um azar, é possível que fique impossibilitado de agendar actividades radicais com jovens donzelas, sejam elas sensuais ou não. É por isso que nas peladinhas com amigos eu dispenso ir à baliza."
Pedro Soares, in O Benfica
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