"Foi no regresso ao trabalho, na última segunda-feira. Os jogadores do Sporting voltaram à academia para treinos individuais. Ainda que do lado de fora, eu e o meu colega e amigo Carlos Rodrigues, lá os fomos vendo passar, à porta da academia leonina. Acredito que a ansiedade seria muita. Os jogadores precisam do cheiro da relva, de sentir o “gramado”, como dizem os brasileiros, de voltar a calçar umas botas.
Treinar em casa, mesmo que a de muitos jogadores tenha um jardim, nunca será a mesma coisa. E é por isso que Nacional e Sporting avançaram com este método. Parece que o Sporting de Braga estará a pensar no mesmo, ainda que o presidente do Marítimo seja contra: Carlos Pereira chamou espertos aos responsáveis dos dois clubes, afirmando que estão a desrespeitar o estado de emergência. Vejamos o caminho que seguirão os outros.
O presidente do Sindicato de Jogadores também queria os clubes reunidos, em torno de um regresso consensual. Eu por mim, e creio que como a grande maioria, prefiro esperar até que todas as condições essenciais, estejam asseguradas. O futebol, em Portugal, ainda vai ter de esperar.
Lá por fora as opiniões dividem-se e as decisões, seguem algumas, em sentido contrário. Na Alemanha há autorização superior para o regresso dos principais campeonatos a 9 de maio. As propostas apresentadas deixaram garantias aos responsáveis governamentais, mas claro que os jogos serão todos à porta fechada. O futebol não é isto, mas para já, não dá para mais.
Já na Holanda é quase garantido que o campeonato não vai ser retomado. O governo proibiu a realização de eventos públicos até ao dia 1 de Setembro, e assim sendo não haverá tempo para a conclusão da “Eredivisie”. A federação holandesa tem em mãos um problema, e vai comunicá-lo à UEFA. Já sabemos que o organismo máximo do futebol europeu não gosta de ingerências governamentais, mas neste caso não sei se não estará de mãos atadas.
O que se depreende destes dois exemplos antagónicos, é que a UEFA tem um grande problema em mãos. Desta vez, não sei se as suas decisões serão capazes de se sobrepor às decisões governamentais. E como, ao que parece, cada cabeça, sua sentença, não sei onde isto vai parar. Ou quando vai o futebol começar."
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