"O argumento de que com este meio se vai gastar muito mais dinheiro faz-me rir... Coitada da UEFA, pobre e desamparada...
1. Esta é a minha última crónica a uma quarta-feira. A partir da próxima semana, passarei a escrever às terças-feiras. Como se diz em linguagem futebolísticas, tratou-se de «uma troca por troca» com, neste caso, Miguel Sousa Tavares. Aliás, pegando nesta expressão, confesso que sempre me fez confusão dizer troca por troca, quando sai um jogador de uma certa posição no campo e entra, em sua substituição, um outro atleta para a mesma posição. Segundo o Ciberdúvidas, esta frase até está dicionarizada, como expressão idiomática, mas com o significado de permuta de uma coisa por outra sem dar lugar a receber alguma quantia. Por exemplo: «não compararam nem venderam nada, foi tudo troca por troca». No caso vertente até será um pouco forçado dizer que se trata de uma troca pr troca. Para mim, como benfiquista e, certamente, para Miguel Sousa Tavares, como portista...
2. A semana foi a primeira semana europeia para os clubes portugueses que atingiram a fase de grupos. Tivemos os três resultados possíveis: vitória, empate e derrota.
O Benfica perdeu com alguma naturalidade perante os bávaros. Não é que tenha jogado mal, mas tenho de reconhecer que jogaram duas equipas de escalas diferentes. No fundo, defrontaram-se um sério candidato a ganhar a Liga dos Campeões e um putativo candidato a conquistar a Liga Europa, embora financeiramente seja melhor chegar aos oitavos da Champions. Renato Sanches foi a surpresa que baralhou a expectativa de alguma «arrogância» do Benfica, anunciada por Rui Vitória na conferência de imprensa antes do jogo. O ex-jogador do Benfica, que no jogo seguinte já não foi titular (contra o Schalke 04 também batido pelo mesmo resultado do SLB, 0-2), jogou bem, fez-me sentir saudades das suas arrancadas decisivas para o, na altura, tricampeonato e... marcou. O jovem português foi bastante discreto no meio do festejo de que se encarregaram os colegas e isso ficou-lhe bem. Bateram-se muitas palmas, desportivamente correctas. Eu, também a ver o jogo no Estádio, não o fiz, porque nunca bato palmas aos golos marcados ao meu clube, seja em que circunstância for. Agora e na segunda jornada, na Grécia, vem a melhor oportunidade de voltar a marcar golos e, pelo menos, não perder nesta importante competição, o que já sucede há 6 e 8 jogos, respectivamente.
O FC Porto teve um generoso resultado perante um inesperado vice-campeão alemão, com muita força física e uma falta de jeito bem visível, actualmente último classificado da Bundesliga com 4 derrotas em 4 jogos, e que está a anos-luz do campeão. No seu grupo, o adversário do pote 1 (Lokomotiv de Moscovo) levou 3-0 de um regenerado Galatasaray. Por fim, um árbitro penalteiro possibilitou à equipa portuguesa duas oportunidades para empatar ou ganhar o jogo. Uma curiosidade: imaginemos que a segunda penalidade assinalada (e convertida) tinha acontecido por cá, a favor do Benfica. Parece que já estou a ouvir o que diriam os anti-benfiquistas durante uma época inteira...
O Sporting venceu justamente um clube azeri com um nome estranho e que, por cá, andaria certamente na segunda Liga. Mas, ganhando, contribuiu para a soma de pontos necessários para melhorar o ranking.
Uma última nota sobre as competições europeias. Num tempo em que quase todas as competições em cada país (com excepção da Inglaterra) já dispõem de VAR, a UEFA não só insiste em não o ter, como continua a dar guarida a uns árbitros-turistas que se colocam na linha de cabeceira e dobram as costas como se estivessem a desempenhar um grande papel. A expulsão de Cristiano Ronaldo é manifestamente forçada e resultante de um sussurrar aos ouvidos do árbitro principal por uma dessas «múmias paralíticas» da linha de cabeceira. Bastaria haver VAR para que a decisão justa (talvez um amarelo) não provocasse qualquer celeuma. O certo é que a teimosia da UEFA se mantém, ainda que agora mais pressionada. É que, desta feita, não foram os «pequenos e médios» clubes da Champions que form prejudicados, antes um jogador como Ronaldo e um clube como a Juventus. Por isso, embora com prejuízo para o jogador português, assim se retirou um efeito positivo com vista a acelerar a dispensa daqueles auxiliares e a introdução do VAR. O argumento de que com este meio se vai gastar muito mais dinheiro, faz-me rir... Coitada da UEFA, pobre e desamparada...
3. Confesso que tive de fazer «revisões, chamadas» para me lembrar como estava o campeonato quando foi interrompido há algumas semanas. Depois deste largo soluço na competição, eis que com os jogos também regressaram as trocas espúrias de graçolas e parvoíces entre uma pretensa «conta» da comunicação do Benfica e uma outra protagonizada por um Jota do Porto. Assim se espicaçam os pobres de espírito, que ainda os há nos dois clubes, com este farto lixo tóxico que, aliás, tem um efeito «boomerang». Confesso que já não tenho paciência para estas derivas adjacentes aos jogos e só lamento que os jornais, nos quais se inclui A Bola, lhes dêem guarida e espaço a toda a hora. Deixem-nos falar sozinhos e apenas para os consumidores viciados nas mentirolas e cobardias das redes sociais.
Falando de futebol, gostei do meu Benfica. Contra o Desportivo das Aves e com uma assistência que não caberia em qualquer outro estádio português, viu-se futebol harmonioso e bem construído, ainda que demasiado perdulário. Soluções não faltam, sobretudo do meio-campo para a frente. Vejamos essa parte do plantel: Pizzi, Gedson, Gabriel, Krovinovic, Zivkovic, João Félix, Rafa, Cervi, Salvio, Jonas, Castillo, Ferreyra e Seferovic, dos quais Rui Vitória tem necessariamente de optar por apenas 5 (ou 6) para serem titulares. João Félix mostra quão prodigioso é, assim mantenha a cabeça imune às idolatrias da futebolândia. Continuo a apreciar a serenidade, discrição e maturidade do guarda redes Odysseas Vlachodimos que pegou de estava e dá estabilidade ao próprio quarteto defensivo.
4. Ao fim de 10 anos, foi interrompido «guerra» Ronaldo/Messi, por vezes demasiado obsessiva e doentia, medida em troféus de melhor jogador do ano. Desta vez o croata Luka Modric, da idade de Cristiano e mais velho do que Messi, venceu. Neste caso noutros casos, há sempre alguma justiça e há sempre alguma injustiça, a primeira das quais foi, para mim, o argentino não estar entre os melhores. Confesso que não me entusiasmo muito com este tipo de distinções, resultantes de factores bastante aleatórios ou até enviesados, seja na votação popular, seja nos treinadores e jogadores votantes. E sendo um título individual, o que acaba por o determinar é o sucesso colectivo. Por isso, qualquer grande jogador que não actue na Europa e nos 5 ou 6 clubes mais poderosos e vitoriosos não tem possibilidade de levar o troféu. E, quase como um regra intransponível, o escolhido tem de ser avançado ou médio de ataque, pois que sendo guarda-redes ou jogador recuado não tem chance nenhuma. Desde 1991, só um defesa F. Cannavaro o conquistou, neste caso, curiosamente, de um modo bastante discutível. Pena que Cristiano Ronaldo não tenha sido capaz de ter sido um senhor na (não) vitória, faltando à cerimónia da atribuição da distinção a um seu ex-colega no Real Madrid...
Contraluz
- Escolhas: Costuma-se dizer que, na política, o que parece é. No futebol, às vezes, dão-nos pretextos para quase se fazer essa dedução. No jogo Vitória de Setúbal - FC Porto, havia necessidade de o árbitro ser da AF do Porto e o VAR idem aspas? E o sempre poupado Felipe muito pode agradecer não ter visto o cartão vermelho. Creio, aliás, que foi por isso que o juiz Manuel Oliveira nem sequer assinalou a falta, não fosse mesmo ter de o expulsar. Rapaziada toda muito esperta...
- Vermelho: Também o central do Benfica Rúben Dias foi poupado a um cartão vermelho por cotovelada despropositada sobre um adversário. Trata-se, inegavelmente, de um jovem com grande futuro à frente, mas tem de aprender a conter-se em situações como a do jogo de domingo. Prejudica a equipa e prejudica-se a si próprio.
- Campeão: O Belenenses, volvidos 10 anos, volta a ser campeão nacional de râguebi. Neste desporto dominado pelos «clubes universitários» apreciei ver os azuis vencerem a prova."
Bagão Félix, in A Bola
Falar do suposto vermelho ao Rúben e não falar que outros nem lhes é marcada falta e cartão é muito ridículo!
ResponderEliminarPorque se formos a ver o Rúben teve a penalização mais dura de entre todos os infratores!
Igualmente ridículo é insistir no suposto vermelho a Rúben, por cotovelada, e não falar no vermelho, por pontapé na cara, que esse tal jogador que levou a cotovelada deu uns minutos antes em Rúben Dias.
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