"Segundo a lei de Murphy, nem sempre citada com propósito, «se alguma coisa pode correr mal, ocorrerá no pior momento». Ora, o Sporting parece fazer questão em comprovar essa teoria.
Esperava-se que um juiz viesse a decidir o que o povo leonino parecia impossibilitado de decidir. Porém, o juiz aos costumes disse nada e ao presidente da assembleia geral disse que não podia decidir sobre o que não lhe fora perguntado.
Trocando por miúdos: ao juiz não fora colocada a questão essencial: a de se pronunciar sobre a legalidade e a consequente legitimidade de Marta Soares continuar a exercer, de pleno direito, a magistratura do cargo máximo leonino. Por isso o juiz lembrou que sendo sua ideia que sim, não era essa a natureza da questão apresentada e por isso sobre ela não se pronunciava.
Era essa, no entanto, a única questão que verdadeira importava verificar do ponto de vista jurídico, porque dela resulta tudo o resto, incluindo a confirmação da ilegalidade da convocação das assembleias promovidas pelo Conselho Directivo e a confirmação jurídica de que só Marta Soares, no pleno gozo das suas funções, está neste momento em condições de convocar assembleias do Sporting, sejam elas destitutivas, ou não.
O facto da MAG ter falhado o alvo da disputa, levou o juiz a errar na pontaria da questão essencial. Por isso, da confusão gerada entre os alhos perguntados e os bugalhos respondidos nasceu a discussão patética a que logo depois se assistiu com correrias loucas pelos diversos canais televisivos. Da próxima, pelo menos perguntem ao juiz o que devem perguntar."
Vítor Serpa, in A Bola
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