"António Figueiredo respondeu a Carlos Xavier e voltou a justificar a mudança do Estoril-Benfica para o Algarve.
António Figueiredo, antigo presidente do Estoril Praia, voltou a reiterar a necessidade do clube ter jogado no Algarve devido aos problemas financeiros atravessados pelo clube na altura e contra-atacou: "estranho foi o jogo contra o Sporting" no qual o Estoril promoveu alterações na defesa que considerou "estranhas". António Figueiredo vincou ainda que o recinto algarvio não foi sequer a primeira escolha da administração do clube, relembrando também que não foi apenas contra o Benfica, dos primeiros classificados do campeonato dessa temporada, que o Estoril perdeu pontos. As declarações, feitas ao Bancada, surgem na sequência das acusações feitas ontem por Carlos Xavier relativas ao encontro entre o Estoril Praia e o Benfica disputado no Estádio do Algarve em 2005.
“Parece que o anormal não sabia que os jogadores estavam com vários meses de salários em atraso. Parece que o anormal não sabe que eu falei com a equipa toda antes de irmos para lá. A decisão não foi minha, foi uma decisão do conselho de administração, não foi uma decisão individual. Parece que o anormal não sabe que isso permitiu pagar os salários. Parece que o anormal não sabe que se tentou jogar no Estádio Nacional e se estava a mudar a relva. Parece que o anormal não sabe que o Estádio do Restelo estava impedido pois estava cedido para os jogos da cidade e não pôde ser emprestado. Parece que o anormal não sabe que se tentou montar uma bancada provisória no sítio onde está agora aquela bancada, mas que razões de segurança não o permitiam”, contra-atacou o antigo presidente do Estoril Praia.
António Figueiredo explicou-nos ainda pormenores relativos à mudança do encontro para o Estádio do Algarve, reafirmando a decisão colectiva que foi tomada. “Foi pedida opinião ao treinador, aos jogadores… Sabe o que é os capitães de equipa me disseram? Disseram-me que para eles até jogavam no Estádio da Luz. Queriam era receber o dinheiro”. “O Estoril quando passou à primeira, tinha acabado o dinheiro. E assim que garantimos a subida, o Sr. Joaquim Oliveira adiantou metade do valor das transmissões televisivas do ano seguinte. Eu fico na primeira divisão e, entretanto, o Veiga vai para o Benfica. Vendeu acções a um grupo inglês que nunca entrou com dinheiro. O Damásio saiu. Fiquei eu, mais o Manuel Alves, mais o Laranjo, e ficámos agarrados com aquilo e com dinheiro para metade da época. Depois deu o que deu. Se não fosse aquele jogo tínhamos acabado a época recheados de dívidas. Se calhar no outro ano a seguir nem na segunda divisão competíamos”, acrescentou.
António Figueiredo reforçou ainda a ideia de que o jogo do Algarve foi uma bóia de salvação para o Estoril Praia: “Foi por milagre, já quando nos preparávamos para declarar falência, que eu lá convenci o João Lagos a entrar naquele negócio. Onde até perdeu um dinheirão, mas permitiu que o João Lagos tivesse negociado com a Traffic e o Estoril esteja agora onde está. Quando chegámos ao Estoril o clube estava na segunda divisão B e perto de descer. A prioridade era não descer da II B. Era só o que me faltava”.
O antigo líder do clube estorilista atacou ainda Carlos Xavier devido a decisões técnicas que apelidou de “muito estranhas” quando o Estoril recebeu o Sporting nessa temporada: “Eu nunca disse isto, mas digo-o agora. Tendo uma equipa técnica que ainda hoje eu estimo e de quem sou amigo, tendo o director desportivo do Sporting, o treinador do Sporting, adjuntos do Sporting, estranho muito que quando nós recebemos o Sporting tenhamos mudado a defesa toda e o Estoril tenha perdido em casa com o Sporting por 4-1. As maiores goleadas que o Estoril teve nesse ano foram contra o Sporting. Bastava ter empatado esse jogo. A defesa foi toda modificada, mudaram o capitão e o Sporting que estava a atravessar uma fase difícil conseguiu ir ali buscar três pontos o que endireitou as coisas por algum tempo”. “Não foram capazes de ganhar ao Sporting e no Algarve, onde o Estoril se bateu praticamente de igual para igual, onde o Benfica se viu aflito para ganhar o jogo com um golinho do Mantorras já a acabar, onde o Estoril vendeu a alma em campo e onde teve um jogador expulso por culpa do banco, que parecia uma gaiola de malucas, tudo a excitar os jogadores…”, acrescentou.
António Figueiredo assegurou mesmo que em mais nenhum encontro da liga nessa temporada o Estoril teve as mesmas condições de trabalho: “O jogo do Estoril foi aquele, não por parte do Estoril, que o prémio de jogo era igual ao do Sporting e FC Porto, e soube isto por eles, onde houve mais um prémio suplementar de mil e tal contos dado por um fulano qualquer que dava para que o Estoril roubasse pontos ao Benfica”. “O Litos foi uma semana antes para o Algarve preparar o jogo. Tiveram uma semana no Algarve. Tudo isso foi possível porque conseguimos encher o estádio. Porque o tempo estava bom e porque o Benfica tem essa dinâmica de levar muita gente atrás e nós facturamos 600 mil euros. Se é a isso que ele se refere, então sim, o jogo foi vendido. Mas era imprevisível. Quando a administração tomou essa decisão não sabíamos se íamos fazer muito dinheiro. Claro que mais do que se jogássemos no Estoril faríamos sempre”, acrescentou.
Por fim, António Figueiredo assegurou que o caso irá ser entregue às autoridades e será decidido na justiça. “A minha reacção só pode ser através da justiça. Isto realmente ultrapassou tudo. Ao fim deste tempo todo, esse cavalheiro que foi trabalhar para o Estoril por esmola e a pedido do Mário Jorge, por esmola, ainda tem a desfaçatez de dizer aquilo que disse… devem estar a pagar-lhe com certeza…”. “É ridículo. Eu já entreguei isto à polícia. Já mandei isto para o meu advogado. Eu realmente tenho de calar este anormal. Este individuo tem sido de uma insensatez… Veja só se o Litos mais alguma vez foi buscar este cavalheiro para o ajudar. Isto demonstra que, mesmo sendo amigos, mostra o desempenho que este indivíduo teve por lá. A maior parte das vezes nem sequer aparecia. Ao fim destes anos todos, porque lhe arranjaram também uma esmola no Sporting, veio ressuscitar uma coisa com tanto tempo que eu já expliquei tanta vez. Dei-lhe emprego por esmola, por piedade e por pedido dos amigos dele”, disse ainda.
“Se fizéssemos antes como fez o Salgueiros e cobrássemos 40 contos por bilhete era outro escândalo na mesma. Seríamos presos por ter cão e por não ter”, concluiu António Figueiredo ao Bancada."
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