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domingo, 15 de outubro de 2017

Os fundos e a proibição de TPO (ainda)

"O direito a registar um jogador na respectiva federação, para que compita, é dado, em exclusividade, a um clube, direito esse que decorre do contrato de trabalho desportivo celebrado entre ambos. São os chamados direitos federativos.
Os direitos económicos são tipificados como a importância paga por um clube a outro em face da cessão dos direitos federativos do jogador. É um direito potencial que se gera na transferência do atleta. Os clubes cedem total ou parcialmente os direitos económicos que detêm sobre o jogador, o que faz com que quando os direitos federativos sejam transmitidos para outro clube (em virtude da transferência do jogador, pro determinado montante) aqueles que detêm direitos económicos sobre o atleta, recebem também uma determinada importância. A cedência destes direitos económicos a entidades terceiras (Third Party Owership - TPO), nomeadamente, fundos, intermediários, etc. foi fonte de financiamento para muitos clubes durante muito tempo mas foi proibida pela FIFA em 2015. O fundo Doyen e um clube belga contestaram, nessa altura, perante o tribunal de primeira instância de Bruxelas, a legalidade dessa proibição, tendo sido negado provimento à acção.
Os mesmos protagonistas apontaram à Comissão Europeia, pedindo que fosse analisado o caso à luz do direito europeu de concorrência, matéria à qual aquela instituição é particularmente sensível. A semana passada veio a Comissão a decidir não investigar o caso, por entender não existir matéria relevante do ponto de vista da concorrência e por entender que a existência de influência de entidades terceiras gera conflitos de interesse entre jogadores, clubes e investidores.
Terá sido este o ponto final deste tema?"

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

6 comentários:

  1. Concordo em absoluto com este acórdão da Comissão Europeia e espero bem, para bem do futebol europeu que a mesma coloque um ponto final sobre o tema.
    Os clubes devem ser os detentores dos passes económicos dos atletas.
    É imoral ver tanta gente a ganhar tanto dinheiro com o futebol e ver os clubes numa posição de subserviência.
    Para que existem as SAD afinal?
    Em boa hora o Benfica teve a visão de alterar o seu modelo de negócio e apostar em controlar toda a cadeia de valor.
    É esse o caminho a ser palmilhado.
    Pegar na matéria prima, trabalhá-la, aprimorá-la e transformar em produtos de excelência.
    O presidente e a SAD só têm de perceber que a valorização de toda a cadeira de valor está nas vitórias a nível europeu e que para isso os melhores valores têm de ser retidos na cadeia de valor por mais tempo até se tornarem atletas de eleição em ponto de maturidade que se atinge por volta dos 23, 24 anos onde passam a dar um retorno de investimento impar.

    Viva o Benfica!

    Redheart

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Obviamente que é preferível os Clubes terem a totalidade dos direitos económicos dos jogadores, e não existir terceiros a ganharem dinheiro, sem acrescentarem valor ao 'Jogo'!!!

      Mas existem outras variáveis, a FIFA só proibiu os Fundos devido à pressão dos grandes Mercados (Inglês e Alemão...).
      Para Clubes dos Mercados médios, os Fundos eram uma forma de ter jogadores, que de outra forma, era impossível. Era um fonte de financiamento alternativa, aos empréstimos tradicionais... ou ao ser 'comprado' por um Milionário!

      E por isso o Benfica lutou, contra a proibição dos Fundos, até porque chegámos a ter o Benfica Stars Fund...

      O modelo ideal de transferências, não incluiu Fundos, mas esta proibição só cavou ainda mais a diferença entre Clubes de Mercados Grandes, e Clubes de Mercados Médios e Pequenos...

      E por isso é que a Doyen, quis que a Autoridade Europeia da Concorrência apreciasse a questão.

      Isto é só mais uma daqueles problemas, que advém do actual Modelo competitivo Europeu, altamente desequilibrado, com Clubes Super-Ricos cada vez mais Super-Ricos...

      Abraços

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    3. Caro Abidos,

      O desfasamento entre os diferentes mercados de futebol é para mim uma questão distinta.
      Num meio onde a lavagem de dinheiro e a corrupção são problemas tão sérios ao legislador impõe-se em primeiro lugar tomar medidas para minimizar tais problemas e a proibição dos fundos é uma medida correcta nessa direcção.

      Outras deveriam também elas ser tomadas como sejam a partilha de passes entre clubes e a proibição de agentes desportivos poderem ser detentores de percentagens de passes como é no Reino Unido e por uma boa razão. Não é por acaso que eles têm o modelo de negócio mais auto sustentado.
      Qual o sentido de proibir fundos e permitir agentes desportivos?
      É evidente que os fundos passam a ter testas de ferro na pessoa de um agente desportivo.
      Outro modo é o "fundo" comprar a SAD de um clube e partilhar passes de atletas desse modo.
      Para mim, empréstimos de jogadores entre clubes seria o mecanismo aceitável para partilha de direitos de um jogador. Um clube detém os direitos económicos enquanto o outro usufrui temporariamente dos direitos desportivos.
      E quanto a este ponto sou completamente contra a inibição de jogadores defrontarem as suas próprias equipas. É para mim um absurdo tremendo colocar restrições desse nível. Só mesmo em Portugal.

      Viva o Benfica!

      Redheart

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  2. Os desequilíbrios entre os diversos Mercados têm de facto outras variáveis, mas o fim dos Fundos teve um impacto enorme na competitividade dos Mercados Médios e Pequenos:
    - Basta comparar os planteis dos Grandes Clubes, nos últimos 5 anos, dos Mercados Médios (Benfica, Gala, Fener, Anderlecht, Olympiakos, PSV, Brugge, Zenit... e mesmo o Basileia!!!), a única excepção será o Besiktas e isso deve-se ao Milionário dono do Clube.
    Estes Clubes eram perfeitamente capazes de 'atrapalhar' os Clubes dos Mercados Grandes, na Champions, à 5 anos, principalmente nos jogos em casa. Hoje, é impossível...
    E o fim dos Fundos, foi um dos factores decisivos...

    Os Ingleses em respeito a práticas financeiras, são os últimos a dar lições de moral a quem quer que seja, basta recordar que 80% dos Paraísos Fiscais a nível Mundial, são em territórios Britânicos ou Americanos!!!

    Neste caso especifico, os Ingleses falam de barriga cheia, como eles não precisam de financiamentos alternativos, querem limitar o acesso dos outros, a outras fontes de financiamento... Se os Direitos Televisivos, forem quase exclusivamente a principal fonte de rendimentos, então daqui a poucos anos teremos uma Champions totalmente inglesa, alargada ao Real ao Barça, à Juve e ao Bayern a disputarem jogos com o Brighton ou os Wolves, enquanto o resto da Europa ficará com as migalhas...

    Esta decisão, foi claramente motivada, por interesses desportivos dos Grandes Mercados, para 'abafar' os mais pequenos... Não tenho nenhuma dúvida!

    Abraços

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  3. Este é um debate muito interessante e essencial que pretendo abordar nas Redirectas.
    Penso que por aí vai passar muito do futuro do nosso Benfica.
    Creio que concordarás comigo?
    O futebol é cada vez mais um negócio global.
    O negócio é global mas a mentalidade dos diversos actores ainda é muito regional e sectarista.
    Nesse particular compreendo o discurso conciliador iniciado pelo Benfica nos últimos anos.
    Fala-se da indústria mas muitos olham o futebol como um conjunto de feudos.
    Em Portugal em particular as rivalidades doentias colocam entraves enormes.
    Somos campeões da Europa mas dentro do rectângulo a mentalidade da idade média impera.

    Aos ingleses podem ser atribuídos todos os defeitos que se quiserem dar mas é claro que nesta matéria eles estão anos luz à frente de todos os outros.
    Têm piores jogadores, piores treinadores mas possuem dirigentes que olham em primeiro lugar o negócio como um todo e nós devemos sempre olhar os melhores como um objectivo a superar.

    Pensem nisso.

    Viva o Benfica!

    Redheart

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