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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Bofetada respondida à marrada

"Agressão, benevolência e impaciência. O jogo mais aguardado da época que principiava surpreendeu mais do que o esperado.


No domingo dia 25 de Outubro de 1925, 'o encontro que mais publico atraiu foi o que se realizou no campo do Restelo'. Após quatro anos de interregno, o Benfica e o Carcavelinhos voltavam a defrontar-se, desta vez para a 2.ª jornada do Campeonato de Lisboa 1025/26.
Depois dos desafios de 2.ªs, 3.ªs e 4.ªs categorias, 'entraram finalmente em campo as primeiras linhas'. No relógio, marcavam 15 horas e 30 minutos. Citando A Capital: 'Era este um dos desafios que maior interesse estava despertando. Porém a surpresa foi muito maior do que se esperava'.
Por um lado, o facto das equipas já não medirem as suas forças, frente a frente, desde a 1.ª eliminatória da Taça Mutilados de Guerra, na época 1920/21. Por outro, 'pela rapidez das duas linhas de ataque', este adivinhava-se o jogo mais emocionante do dia. 'Todos os que iam presenciar o encontro tinham a impressão de ir assistir a uma verdadeira batalha'. Não erraram.
A violência começou desde cedo, sobretudo com 'os avançados de Alcântara (...) a carregar deslealmente' sobre o guarda-redes 'encarnados'. Francisco Vieira - classificado como 'um dos futebolistas mais leais e mais correctos' - ainda terá aguardado que 'o árbitro (...) reprimisse tais violências. Mas, impacientado, a uma carga mais violenta, perdeu a cabeça e esbofeteou um incorrecto adversário'. Este não se ficou e respondeu 'com uma autêntica «marrada»'. Como se não bastasse, segundo Os Sports, o público que se encontrava atrás da baliza, 'influenciado, envolve-se em grossa desordem'. De tal forma 'que a G.N.R. é quasi impotente para a extinguir'. Nem as coronhadas pareciam suficientes para acalmar a massa turbulenta.
O árbitro, até então bastante benevolente, 'para dar uma demonstração de energia, evitando que o jogo descambasse numa desordem de rua', expulsou os dois jogadores. Porém, 'o facto de (...) toda a multidão ter irrompido em alta grita (...) fazendo um barulho de ensurdecer' depressa o fez abdicar da sua decisão. O público serenou, os jogadores retomaram as suas posições e jogo continuou.
Foram inúmeros os episódios peculiares vividos pelo Benfica nos desafios do Campeonato de Lisboa. No Museu Benfica - Cosme Damião, na área 9 - Honrar a Cidade, encontram-se expostas as taças que simbolizam as conquistas do Clube na prova."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

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