"Não me interessa nada a vida interna de outros clubes, e muito menos as figuras, figurinhas ou figurões que escolhem para os dirigir. Nós cá estaremos para continuar a ganhar-lhes, seja com A, seja com B.
O que incomoda é o tratamento diferenciado dado aos vários emblemas, quer quando se trata de arbitragem, quer em casos de disciplina, quer nos perdões bancários, quer na comunicação social.
Neste último aspecto, o que se tem visto relativamente ao nosso vizinho e rival é espantoso. Um clube que investiu milhões no mais caro treinador de sempre do futebol português (e um dos mais caros da Europa), que fez inúmeras contratações milionárias, que se candidatava a ganhar provas internacionais, que ameaçava conquistar este mundo e o outro, e que em Janeiro já estava sumariamente afastado de todos os objectivos a que se propôs, tem sido obsequiado com uma espécie de tratamento VIP (ou tratamento médico, sendo mais preciso), que nada discute, nada coloca em causa, e nada questiona. Ao que parece, por lá está tudo bem, e a preparação da nova época corre lindamente, dentro do que era previsto.
Estivessem numa qualquer pré-época, e tivessem sido campeões (façamos o difícil esforço de imaginação), as notícias e comentários na imprensa desportiva não seriam muito diferentes. “Trabalho”, “pequenos ajustamentos”, “integração de atletas”, tudo na paz dos anjos, como se uma borracha tivesse apagado toda a temporada de 2016-17.
Se um dia tivermos a infelicidade de viver tempos assim, duvido que tenhamos direito aos mesmos cuidados paliativos prestados por este jornalismo decrépito e reverente."
Luís Fialho, in O Benfica
Grande texto.
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